Mulher Gavião, a série escrita por darling violetta


Capítulo 1
Mais Que Um Rio No Egito


Notas iniciais do capítulo

Bem, este seria como o episódio piloto da minha série sobre a Mulher Gavião. Apenas como um teste, sabe?
Me digam o que acham.



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O calor chegava a ser insuportável naquela época do ano. Eles estavam no fim de junho, e isso significava que o verão predominava no Egito. Mas eles tinham um trabalho a ser feito. Um trabalho muito importante.

            Carter estava em uma seção ainda inexplorada da pirâmide. Ele era um homem alto, de cabelos escuros e olhos azuis. Tinha um porte físico agradável, um pouco trabalhado em músculos. Ele acreditava estar prestes a fazer uma grandiosa descoberta, afinal, aquele poderia ser o local de descanso de deuses egípcios. Aquela escavação era a sua vida, ou metade de sua vida, pois sua outra metade era sua esposa, Shayera, que trabalhava a seu lado.

            A mulher ruiva, em torno dos trinta anos, avançou na caverna, alguns passos atrás do marido. Ela tinha os cabelos compridos presos em um rabo de cavalo, e carregava uma lanterna na mão esquerda.

            Shayera se aproximou de um hieróglifo, tentando decifrá-lo. Estendeu a mão, mas seu marido a impediu de tocá-lo. Ela o encarou, questionadora.

            ─É uma armadilha. ─Ele disse.

            ─Não, não é. Carter, eu sei quando estou certa. Isto é uma porta. E o que queremos está do outro lado.

            ─Como sabe?

            Ela deu de ombros.

            ─Apenas sei.

            ─Não faça nada estúpido. Este é o ponto alto da minha carreira.

            Cruzou os braços enquanto Carter seguiu em frente.

            ─Sua carreira? ─Murmurou. ─Você não seria nada sem mim.

            Shayera logo percebeu que estava sozinha. Ela chamou seu marido, mas não obteve resposta. Apontou o feixe da lanterna para a entrada onde Carter passou, e havia uma garota, com roupas antigas, segurando uma bandeja, parada ali. Balançou a lanterna algumas vezes e a garota se foi.

            ─Estou ficando louca aqui. Deveria ter aceitado o emprego no museu, mas não, Carter tinha que me convencer a vir. ─Ela se voltou à porta. ─Bem, vamos às descobertas.

            Como se encontrava sozinha, Shayera certa de ter encontrado uma porta, tocou deliberadamente o símbolo egípcio. Todos dentro da pirâmide sentiram o tremor. Carter, percebendo a falta da esposa, voltou correndo pelo caminho. A poeira cobria o lugar, e impedia sua visão.

            ─Shayera!

            ─Estou aqui, Carter.

            Aos poucos, a poeira foi baixando e Carter viu a enorme sala, ricamente decorada. Viu também uma Shayera sorridente, no meio de sua nova descoberta.

            ─Eu disse que era uma porta.

            ─Ainda não entendo como consegue. ─Ele desceu as escadas e se juntou a ela. ─Poderia ser uma armadilha.

            ─Mas não era. Confie em mim um pouco. Eu sei o que faço.

            Carter começou a olhar ao redor. Havia mais hieróglifos dos possíveis deuses, e ele estava em êxtase.

            ─Um obrigado Shayera seria bom às vezes.

            ─Oh, desculpe-me, querida. Mas isto aqui é incrível.

            Shayera olhou ao redor e franziu o cenho.

            ─Sou só eu, ou você também sente que já esteve aqui?

            ─Eu não sei, amor. Olhe para isto!

            ─Há uma outra câmara abaixo desta... ─Sussurrou. Shayera se abaixou e começou a dar leves batidas no chão. ─Carter, me ajude aqui.

            Carter parou seu trabalho e se voltou para a esposa.

            ─O que pensa estar fazendo?

            ─Eu sinto isso. Tem alguma coisa aqui embaixo. E me chama.

            ─É loucura fazermos isso sozinhos. Vamos procurar o resto da equipe e voltamos.

            ─Não! Posso fazer isso.

            ─Não, não pode.

            ─Carter. ─Ficou de pé. ─Já tocamos no assunto e...

            Shayera deu alguns passos e pisou numa pedra, que imediatamente afundou.

            ─Isto é uma armadilha. ─Ele disse e segurou sua mão.

            As pedras ao redor começaram a afundar, e os dois foram sugados para baixo.

*****

            Carter foi o primeiro a acordar. Ele sentia seu corpo todo doer. Olhou ao redor. Estava claro, apesar de ter perdido a lanterna. Shayera estava caída mais a frente e foi até ela. Balançou-a com cuidado. Ela apenas gemeu, mas não acordou.

            Decidido a procurar ajuda para a esposa, ele se pôs de pé, apesar da dor, e se arrastou pela câmara, procurando uma saída, ou algo que pudesse ajudá-los. À medida que caminhava, o brilho ficava mais forte. Encontrou uma abertura e parou.

            Seus olhos não acreditavam no que viam. Uma espécie de nave, com desenhos que lembravam um pássaro, um gavião. Seria aquela a descoberta do século. Uma nave, no antigo Egito! Por mais preocupado que estivesse com Shayera, uma parte dentro dele dizia para explorar a nave.

            Ele então o fez. Havia um painel de comando, com muitos controles e ele não entendia nada a respeito. No entanto, havia uma espécie de cruz ankh, em ouro maciço e com uma grande pedra no meio. Estendeu a mão, maravilhado, e tocou-a. O choque o atingiu de imediato. Carter gritou e foi jogado contra uma parede.

            Shayera acordou a tempo de ouvir os gritos de seu marido. Com dificuldade, ela se levantou.

            ─Carter! Carter!

            Girou ao redor. De algum jeito, ela conhecia aquele lugar. Sabia onde aquelas passagens levariam. Seguiu em frente, seguindo também a luz. Parecia uma direção obvia a seguir. Logo encontrou a nave, contudo, não parecia tão surpresa. Fez o mesmo caminho que Carter e encontrou seu marido desacordado.

            ─Carter! ─Ele abriu os olhos. ─Oh, céus! Eu pensei que tivesse perdido você!

            As sombras projetadas nas paredes da nave dançavam, e então a sombra de Shayera aumentou exponencialmente.

            ─Shayera... Sua... Sua sombra...

            Ela ajudou Carter a ficar de pé e juntos eles viram a sombra adquirir a forma de um homem. Ele se curvou.

            ─Ainda não fomos apresentados, sou o Ladrão das sombras. Agradeço por encontrarem este tesouro para mim. Agora terei que matá-los.

            Carter pega alguma coisa pesada e atira contra o Ladrão das sombras, mas o objeto atravessa seu corpo como se fosse nada. Ele então puxa a mão de Shayera e os dois se põem a correr.          Um riso ecoou pelo local. Quase ao mesmo tempo, Carter solta um gemido. Ele então começa a sangrar. Shayera grita com horror, ao ver uma sombra atravessar seu marido. Carter cai, ainda vivo e sangrando. O ladrão das sombras aparece.

            ─Acharam que seria fácil? Eu me movo através das sombras.

            ─Corra. ─Foi a ordem, e também o último suspiro de Carter.

            Ela não tinha muitos lugares para ir, no entanto. Como esperado, o ladrão das sombras foi atrás dela. Sem seu marido, ela também queria morrer. Não suportaria a vida sem ele. Ela se ajoelhou.

            ─Vamos, acabe com isto.

            ─Ou você é muito corajosa, ou muito burra. ─Sua mão se transformou numa enorme lamina. ─Mas gosto de vê-la se humilhar. Quero que suplique por sua vida.

            Shayera olhou para baixo, para o chão. Outra armadilha. Se a câmara toda caísse, como esperava que fizesse, todos seriam soterrados, junto com o ladrão das sombras e o tesouro. Parecia um destino justo.

            ─Não! ─Ficou de pé. ─Posso não sair viva, mas você também não escapará.

            Jogou-se contra ele. O ladrão das sombras pisou na armadilha e o chão se abriu.

            ─Vadia!

            O chão da câmara caiu, levando junto a nave, o ladrão das sombras, Shayera e Carter. Seria seu fim.

*****

            Shayera acordou e não demorou muito para perceber que estava de cabeça para baixo. Seu corpo doía, assim como sua cabeça. Ela também descobriu que estava viva, mas se encontrava num lugar escuro, sem paredes ou teto. Esticou a mão e também não sentia um chão. Ela estava flutuando?

            Havia algo preso em sua bota. Algo sólido. Seja o que for, foi o que a impediu de afundar junto com o resto do lugar. No entanto, ainda precisava descobrir onde estava e como sair daquele lugar.

            Com dificuldade, conseguiu se mover. Seu corpo todo parecia mais leve, apesar da dor, e ela pode segurar o objeto. O choque veio em seguida e percorreu seu corpo. Ela tentou gritar, mas perdeu a voz.

            Shayera então se viu com roupas egípcias, e enormes asas douradas. Ela conseguia voar e seu nome era Chay-ara, a deusa alada, esposa do deus-gavião. O nome pairou em sua mente: Chay-ara.

Quando acordou, sabia como e porque flutuava. Sem querer, descobriu a armadura da deusa alada. Mais além, em outra vida, ela foi a deusa alada. Ela e Carter exploravam seu próprio túmulo! Por isso a sensação de ter vivido naquele lugar. Agora precisava apenas sair.

*****

 

Midway City, dois anos depois...

Os quatro assaltantes de banco estavam amarrados na calçada quando os policiais chegaram. A enorme sombra alada flutuou sobre eles antes de desaparecer. Os policiais olharam do céu para os homens presos.

─Uma ajuda é sempre bem-vinda. ─Comentaram.

─Bem, eu não sou a favor dos vigilantes. ─Agente Stewart mostrou-lhes o distintivo.

O agente John Stewart era um home alto, de pele negra e cabelos curtos. Vestia um terno azul marinho e não parecia contente.

─Ainda descobrirei a identidade desta vigilante a quem chamam Mulher Gavião. ─Fitou os homens presos. ─Agora levem-nos.

*****

A Mulher Gavião pousou sobre a janela de um pequeno apartamento. Ela entrou, não sem antes ter certeza que ninguém a viu. Ela tirou a máscara em forma de gavião e o comprido cabelo vermelho caiu sobre seu rosto. Era Shayera.

Jogou a máscara sobre o sofá e começou a despir seu uniforme. Tirou o cinto, as pesadas asas de metal e por último as botas. Aquela era a armadura de Chay-ara, tudo que sobrou de sua escavação egípcia. Ela não queria doá-la para um museu, e a única coisa útil a fazer com ela seria lutar contra o crime. Afinal, vigilantes mascarados existiam em todos os lugares.

Apenas de calças e blusa verdes, examinou seu corpo. Alguns arranhões aqui e ali, nada muito grave. Após escapar da pirâmide, seu corpo doía, assim como seu coração. Estava sozinha e sem seu marido. Tudo que restou a ela foi aquela armadura, sem a qual não teria escapado.

Ela então decidiu lutar por justiça, após se mudar para Midway City, uma cidade com grande número de criminalidade. Enquanto cuidava dos ferimentos, ouvia o radio improvisado da polícia que usava para se informar dos crimes.

─Central, há um incêndio ocorrendo...

Shayera suspirou e ficou de pé. Mal chegou em seu lugar de descanso e precisava sair. Não podia reclamar, no entanto. Era a vida que escolheu para si. E agora tinha trabalho a fazer.


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Notas finais do capítulo

É isso. Capítulo Dois - Sangue Derramado
Gratidão!!!



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