noite longa

setembro, uma semana depois

—Eu vou te dar essa chave, Luke - anunciou Michael, esticando-as com um tintinliar  - só porque é para você. Mas - ele as puxou para si - se você quebrar algo, eu te quebro a cara.

—Claro. - Luke revirou os olhos. - Porque você é um lutador nas horas vagas.

Michael sorriu. Porque devia ser uma piada. Porque ele não tinha horas vagas. Porque ele era um lutador, mas não nas horas vagas.

—Eu só estou dando porque é para você - disse Michael novamente, embora estivesse mais sério. - Se algo quebrar ou sumir, eu vou ser responsabilizado. E porque eu acredito que Liz sabe disso e que você vai ficar de olho em Calum e que ela não vai cair em cima de mim.

—Hum... - Luke hesitou. - É melhor você ir embora antes de ouvir algo que não goste.

—Pegue. - Michael jogou algo para ele. As chaves do seu carro. Luke o encarou meio que chocado, embora soubesse que seu amigo não era materialista nem ciumento pelo carro. - Se depender de Calum, vocês só vão sair daí amanhã. Então, por favor, saia enquanto ainda for cedo, não quero receber uma notificação da diretora.

—Mas como você - balbuciou Luke.

—Ashton vai me dar uma carona - respondeu ele. E sorriu antes de confessar: - Eu também estou na aposta.

—É, eu deveria ter imaginado - disse Luke, desgostoso. Todos estavam nessa aposta, menos ele?

—E Luke? Não caia nos olhos fofos de Calum e não acredite nessa história de "só mais uma partida". Por favor.

Luke acenou sem dizer uma palavra, sem fazer promessas que não podia cumprir (não cair nos olhos fofos de Calum... meio tarde para isso) e fechou a porta, ouvindo apenas o som da bola quicando contra o piso de madeira e o som do tênis rangendo, a respiração ofegante de Calum e a certeza de que aquela noite seria longa. Muito, muito longa.