um pouco mais

junho, 2 anos atrás.

—O que foi, Calum?

—Nada.

—Ca...

—Nada, ok? – repetiu ele. – Não é nada, eu estou apenas... irritado. Sem razão. Sem motivo. Apenas porque sim. Então não é nada. Então me deixe quieto por um momento e me deixe gritar e dizer que não foi "nada" o quanto eu... – Luke o puxou. – O que você está fazendo? – questionou, confuso.

Os braços de Luke circundavam ao seu redor, mantendo perto, próximo, protegido.

Preso.

Mas se Calum quisesse fugir ele poderia, ele sabia.

Ele não queria.

—Abraçando. – Luke deslizou as mãos devagar, para cima e para baixo pelas costas dos seu amigo, tentando acalmá-lo. – Você.

—Por quê?

—Porque sim – zumbiu Luke, calmamente. – Porque você precisa. Porque...

—Por que você não sabia mais o que fazer? – apostou Calum, levantando suas mãos e pousando-as lentamente na cintura dele, como se temesse vê-lo se desintegrar na sua frente.

—Porque eu queria – corrigiu Luke. – Emtão qual é o problema?

Calum balançou a cabeça.

—Nada – confessou ele, num sussurro, constrangido. – Não é nada – porque não era.

Não tinha nem uma problema, não havia nada de errado, não existia nada que pudesse ser feito – Calum estava com ciúmes e inveja e...

Luke era seu.

Apenas seu.

Calum aumentou o aperto de suas mãos, porque Luke era seu, apenas seu, e ele não queria dividi-lo com mais ninguém que não fosse Julie, que não fosse alguém que o valorizasse e soubesse o quão maravilhoso e especial ele era.

Luke era seu.

Apenas seu.

E era mentira.

E não era verdade.

Mas Luke estava abraçando-o e Calum se permitiu acreditar nisso por alguns segundos, por quanto tempo tivesse, por quanto tempo Luke o permitisse.

E um pouco mais.

—Você vai deixar eu me afastar? – questionou Luke, não se afastando e nem fazendo nem uma menção que iria. (Não querendo.)

Ele queria se afastar?, pensou Calum, mas não se afastou e não deixou que seus medos ou vergonha corrompesse tudo de bom que tinha dentro de si, porque ele não era um hipócrita (Calum tentava não ser) e porque ele acreditava em Luke para estar ao seu lado apesar de qualquer coisa – e era por isso que Calum não queria confessar o que sentia, porque não queria que seu amigo ficasse ao seu lado se estivesse desconfortável, se não fosse isso que ele queria.

—Não – respondeu Calum, esfregando seu nariz no pescoço dele e tentando não deixar que sementes de esperanças fossem plantadas em seu coração quando o viu se arrepiando e o sentiu se aproximando um pouco mais, suspirando. Um suspiro que podia ser tanto de satisfação quanto de cansaço, como se não pudesse acreditar que isso estava acontecendo na sua vida. – Ainda não.

Por favor, ele não completou.

Mas Calum sentiu que seu amigo o ouviu, porque Luke o apertou e o puxou um pouco mais perto.

Um pouco mais.

Só um pouco mais.

Deixe-o ficar ali só um pouco mais.