Pedaços Transformados escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 141
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maio, 2 anos atrás

Luke queria saber como terminou ali. Com Ashton. Com Ashton de todas as pessoas. O que ele fez para merecer isso: um tempo bêbado, ao lado da piscina, com Ashton?

Marque a opção que mais se aproxima da realidade:

a)Ter nascido;

b)Ter se livrado da sua irmã na primeira oportunidade;

c)Ter ignorado Calum porque estava muito bem, obrigado, beijando Lydia;

d)Ser um idiota.

Luke estava marcando a alternativa d, porque era a que mais se aproximava da realidade, porque ser um idiota era meio que a compilação das letras a, b e c, porque estar agora com Ashton era a consequência de ter se livrado de Julie e de ter ignorado seu melhor amigo depois que ele o ignorou.

Luke estava marcando a alternativa d, porque era um idiota e porque tinha conseguido o que queria e agora estava colhendo o que plantou.

—Então... – disse, balançando os pés dentro da piscina e vendo a água se mover. – Você vem sempre...

—Nem comece, Luke. Vá atrás da Julie ou do Calum ou do Michael ou... – Ashton sorriu. – Ou da Lydia.

Luke escolheu não ouvir – ele não tinha ouvido nem entendido a sugestão indecente do que Ash tinha dito, seus ouvidos já estavam acostumados a descartar 90% do que ele falava sem ao menos processar o que foi dito.

—Como um alcoólatra experiente – começou Luke – me diga... num pergunta completamente hipotética – ressaltou, para não ter dúvidas.

—Diga logo o que você quer saber – disse Ashton, bocejando. – É sobre Lydia ou...

—Como assim sobre a Lydia? – assustou-se Luke. – O que você sabe sobre a Lydia? O que você sabe que eu poderia...

—Você não sabia? – questionou Ashton, surpreso. – Eu pensei que você fosse soubesse. Bem, eu e Lydia...

—Eu não sei mais se eu quero – murmurou Luke, de repente enojado. Ele não queria mais ouvir o que achava que iria ouvir.

—Você está bêbado – disse Ash primeiramente. – Você vai se esquecer, não se preocupe. Ou então você pode fingir que tudo é um sonho e você nunca ouviu o que eu disse, então... Eu e Lydia – disse finalmente. – Eu e Lydia – repetiu para ter certeza que estava sendo entendido, ressaltando desnecessariamente o “e” de “eu e Lydia”.

Luke não precisava desse ressalte, porque estava ecoando na sua mente.

—Temos aula amanhã, não é? – falou Luke mais alto do que sua consciência.

Oh, Deus, isso não podia estar acontecendo. Luke sentia-se imundo. Quer dizer que ele e Ashton tinha... Ah, céus, ele iria vomitar e (provavelmente) não era apenas por causa do álcool no seu organismo, porque ele podia não ser acostumando que nem Julie, mas também não era nem um iniciante.

—Nós estamos de férias, Luke – relembrou Ash, divertindo-se. – E vamos para uma nova escola.

—Oh, é mesmo! – exclamou, aproveitando de bom agrado a chance de não falar sobre isso. Ele iria esquecer isso. – Nós não vamos mais para... – Uau, Luke não conseguia acreditar. – Vamos para o ensino médio agora.

—Julie não vai mais ter Klaus passando a mão na cabeça dela, você quer dizer – traduziu Ashton, balançando a cabeça em negação. – Mal posso esperar para ver como ela se virará sem Klaus para ocultar as coisas erradas que ela faz.

Luke estava em outra tradução menos literal e mais verdadeira, sem tanto simbolismo e coisas que não entendia – ele preferia ficar sem saber como se despedir, quer dizer... Ashton e ele eram amigos, mas não eram amigos, amigos, profundamente amigos, para sempre amigos... a amizade deles não era tão profunda assim.

Luke gostava dele, (na maioria das vezes), do quão sincero ele era (quando essa sinceridade não tinha relação com sua irmã), do fato dele ser um canalha, mas um bom amigo (Luke confiava razoavelmente bem nele longe da sua irmã), mas não gostava tanto assim de Ashton Irwin para querer continuar estudando com ele, aguentando ele, aguentando ele dando em cima da sua irmã e ela retornando o flerte.

—Você vai... – Luke piscou, surpreso. – Para a mesma escola que a gente?

—Mamãe acha que uma nova escola, um novo cenário, vai fazer Julie e eu nos apaixonarmos – zombou Ashton. – Você vê isso acontecendo?

—Não – respondeu Luke. E nem queria. Era simplesmente traumatizador. – Você sabe que Julie é assexual, certo?

—Você sabe que eu não acredito nisso, né? – questionou Ash em retorno. – Quer dizer... Não estou chamando Julie de mentirosa, mas... Eu simplesmente não entendo.

—Existe... – Luke hesitou. Como dizer o que ele queria dizer?

—Não se preocupe, Luke – tranquilizou Ashton – não vou seduzir sua irmãzinha. Não vou fazê-la se apaixonar por mim e depois quebrar seu coração em pedacinhos.

Luke suspirou, ciente desse fato e não o odiando e o odiando por não odiá-lo.

Por mais que Luke estivesse... daquele jeito, não entendesse o que era aquilo (Ciúme? Inveja? Ou apenas... tristeza?), ele sabia que Ashton não era esse tipo de pessoa e que era um bom amigo para Julie – ele era um canalha, mas um bom canalha; o melhor canalha que sua irmã poderia ter encontrando para ser amigo.

—Não que o coração de Julie fosse quebrar em pedacinhos – reconheceu Luke, tardiamente. – Acho mais o fácil o seu ser reduzido a pó.

Ashton sorriu, meio rindo, meio chorando antecipadamente, porque, por mais sem lógica que fosse (ela se apaixona e o coração dele que se quebra?), ele sabia que o seu não-cunhado tinha razão – era mais fácil ele quebrar o próprio coração do que algo acontecer ao da Julie.

—E o seu? – questionou Ashton. – Intacto?

—Por Julie? – zombou Luke, porque essa parecia ser a fraqueza dele. Ash parecia ficar desestruturado sempre que Julie relembrava seu amor (não fraternal) por ele. Luke não o culpava, sua irmã era bem convincente quando queria. E estava bêbada.

—Não – disse Ashton, sem hesitar. – Por Lydia.

Luke deu de ombros, sem medo quanto a isso. Lydia quebrar o seu coração? Estava difícil. Você podia não saber quem o tinha, mas com certeza você sabia que não o tinha nem nunca o teria – Lydia era uma dessas pessoas; ela não era nem uma o´pção. Seu coração estava a salvo, Luke não tinha dúvidas quanto a isso.

Se ele dependesse de Lydia.

—Oi – cantarolou Julie engatinhando para o espaço entre seu irmão e seu amigo. – Oi – repetiu ela, suspirando ao enfiar os pés dolorido dentro da água fria, jogando seus sapatos em algum lugar atrás de si. – Você vem sempre...

—Luke já me jogou essa, Julie – avisou Ashton, num suspirou desanimado. – Ele e todas essas outras garotas que estavam aqui. Tente de novo.

—Humm... – Julie estreitou os olhos, fixando-os naquele garoto estranho. Antes de se virar para o seu irmão. – Eu não o vi. Onde você estava?

—Hã... eu... – gaguejou Luke, sem nem uma ideia.

—Você sabe, Julie, ele estava... como foi que você disse antes? – refletiu Ashton, sorrindo para Luke e para o seu olhar desesperado. – Um momento de ligação? Acho que você pode dizer que foi isso que ele estava fazendo.

—Um momento de ligação? – repetiu Julie, cética. Ela tinha acertado? – Se é tão indecente quanto você está fazendo parecer, eu não quero ouvir.

—Então...  – disse Calum, tropeçando na direção deles enquanto se desviava do... uou... Tudo estava girando ou era só ele? – Ashton? – Ele piscou, surpreso. Ash tinha vindo com eles ou... – É você mesmo ou...

Calum caiu de joelhos, vomitando.

—Julie – clamou Luke, virando-se para sua irmã, horrorizado. – O que você deu a ele?

—Eu não dei nada a ele.

Luke não desistiu.

—O que você não deu a ele?

—Nada! – exclamou ela, ofendida. – Eu nem...

—Julie – avisou Luke.

—Eu não dei nada a ele – insistiu ela. E murmurou tão silenciosamente que seu irmão nem ouviu: – Mas ele pode ter pegado algo duvidoso sozinho e eu não fiz nada para impedi-lo.

—Você não deu nada a ele como "é seis por dez"? – adivinhou Luke.

—É seis por dez – respondeu Julie. – É. Seis. Por. Dez. São seis laranjas por dez reais, não são dez laranjas por seis reais.

Tinha sentido, Luke tinha que concordar. Era seis laranjas por dez reais, mas... Ele estava certo. E era dez por seis. Luke não estava concordando com sua irmã. Ela podia ser muito inteligente e saber coisas difíceis em matemática, mas ele era o irmão que sabia as contas fáceis nessa matéria. E ele estava certo.

—Faça uma regra de três – sugeriu.

—Eu vou mesmo – assentiu Julie, levantando-se. – Eu vou atrás de uma caneta e de um... Uou. – Ela cambaleou. – Eu vou... – Julie piscou, vendo tudo rodar, vendo ela girar... ca... ir...

—Sente-se, Julie – ordenou Ashton, segurando o braço dela e a estabilizando, impedindo-a de ir nadar na piscina. – Você está bêbada.

—Eu não estou bêbada – Julie cuspiu as palavras para fora, como se fosse uma ofensa, e caiu sentada.

Luke suspirou. Menos de uma hora numa festa e ele já estava se arrependendo de ter ouvido o convite de Michael. Ou sua mãe que, praticamente, os colocou para fora de casa. Ou a si mesmo por ter confiado em sua irmã, nem que fosse por um segundo.

—Eu vou pegar um copo – disse Luke. – Com água. Não, dois – reconsiderou, estremecendo ao ver o estado de Calum. O quanto o seu amigo tinha bebido?  – Para vocês. Fique de olho neles, Ashton. Por favor.


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