chorou

CALUM, 13 ANOS.

Julie estava no hospital.

Liz pensou nele.

E Calum chorou.

Ele não deveria estar feliz por ter recebido aquele presente.

Ele estava triste por Julie não estar ali com ele, para dividir esse momento.

Ele estava feliz por ter esse presente.

Colocando as mãos no rosto, apertando o material suave contra seus dedos, Calum respirou o cheiro de novo, respirou tudo o que havia acontecido, e chorou, porque...

Julie estava no hospital.

E Liz pensou nele.

E – mais importante do que qualquer coisa, do que si mesmo – Julie estava no hospital.

Calum chorou.

Chorou por sua irmã, por si, por Julie, por todas as pessoas que eram importantes para ele e pareciam ter sido arrancadas da sua vida, como se ele não as merecesse, como se fosse sua culpa, seu castigo.

Mas...

Calum sentiu o material frio e molhado do blinder e, por mais que soubesse que não era sua culpa, ele se culpou mesmo assim, porque, ao menos, haveria uma razão por todas aquelas desgraças na sua vida – ter um motivo era melhor do que ser o acaso; do que ter as pessoas arrancadas de si por puro prazer; do que não ter nada, ninguém, para culpar.

Se culpar.

Calum chorou.

E levantou-se, porque chorar não faria diferença, não traria sua irmã de volta ou Andrew, chorar não faria tudo se resolver – ele chorou, mas não choraria mais.

Calum chorou – e podia ser que chorasse novamente, mais pela frente, porque chorar não era uma fraqueza (se tinha aprendido algo com Andrew era isso), porque chorar tornava sua alma mais leve. Tornou sua alma mais leve . E agora ele seria forte, porque Julie estava no hospital e Liz pensou nele e era sua vez de pensar na sua família, porque ela importava.