I Will Never Forget escrita por A Souza


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Holaaa pessoas!
Espero muito, muito mesmo que vocês gostem.
Boa Leitura.



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Alguém uma vez me disse que sou uma garota afortunada e que mesmo quando eu estou triste algo bom sempre acontece. Quem disse isso foi minha mãe e confesso que comecei a duvidar um pouco desde o dia em que ela partiu.

O céu estava escuro naquela segunda-feira, o vento estava frio e forte e nuvens pretas se aproximavam, devia estar fazendo uns 2°C, no máximo.

Estávamos no auge do inverno, minha estação favorita.

Muitas pessoas acham estranho o fato de o inverno ser a melhor estação para mim, mas eu realmente gosto. Gosto da solidão e da tranquilidade dos parques quando ninguém tem coragem de sair, gosto da sensação de que tudo está frio ao meu redor, mas eu estou aquecida com as roupas que parecem os braços quentes de minha mãe se eu fechar os olhos e me concentrar. Mas, acima de tudo, eu gosto mesmo é de enrolar-me em um cobertor, com uma xícara de chá de maracujá, e assistir a dramas asiáticos. Parece loucura, mas o que me faz amar tanto esses dramas é a possibilidade de esquecer as coisas ruins que se desencadearam depois que minha mãe morreu e poder imaginar que, em algum lugar do mundo, alguém pode, verdadeiramente, amar outra pessoa.

A chuva desabou assim que entrei na sala de aula, eu estava atrasada, o que geralmente me deixava furiosa, mas aquele não era um dia comum. Naquela segunda-feira fria e chuvosa faziam dois anos que minha mãe havia morrido.

Provavelmente a sala toda sabia disso pela reação deles quando cheguei e, quando a professora mandou fazer duplas, eu fui uma das três pessoas que ficaram sozinhas.

Mal prestei atenção quando alguém puxou uma mesa e sentou ao meu lado.

A pessoa falou algo que fez minha mente saltar, eu estava ficando louca? Não era português, mas identifiquei o idioma mesmo sem entender o que foi dito.

—Desculpe. – Falei. – Eu não falo coreano.

—Mas ainda assim, você sabe em que língua falei. – Ele sorriu.

Era um garoto de cabelo escuro, olhos claros e traços delicados, quase caí da cadeira ao ver que ele era asiático.

—É um prazer conhecê-la, pode me chamar de Mark.

XXX

Passado algum tempo, Mark se provou um amigo incomparável. Ele parecia saber tudo o que eu precisava no momento e começou a me distrair dos pensamentos ruins.

Descobri que seu nome era Kim Yong Woo e que ele havia trocado quando veio para o Brasil.

Mark achava realmente difícil falar meu nome, Úrsula Martins, e começou a me chamar de Choi In Ha, personagem de uma série que assistimos.

Ele dizia que combinava comigo porque a personagem tinha uma síndrome e não podia mentir, ele me fez jurar que nunca mentiria para ele.

XXX

Era véspera de natal quando encontrei alguém que não deveria.

Uma frase de Pierre Corneille veio à minha cabeça: “Evitai um inimigo que está a par dos vossos defeitos”.

Era ele, Jorge Campos, também conhecido como “tio Jorge”.

   Descobri um mês depois da morte de minha mãe. Estávamos na casa de tio Jorge, eu precisava terminar um trabalho no computador e peguei emprestado o dele, foi quando ele recebeu um e-mail.

   “É um vídeo realmente divertido, esse eu ainda não havia visto, é uma pena que sua irmã morreu e não pode mais nos divertir.”

   O remetente era anônimo.

   Procurei os e-mails enviados e achei o tal vídeo. Reconheci minha mãe, ela devia estar com uns quinze anos na época. Estava sentada em uma cadeira com os braços amarrados e chorava. Tio Jorge, com dezessete anos na época, começou a rir e falar algo a ela. Seja o que fosse que ele falava parecia assustá-la, foi quando ele deu o primeiro soco. E depois veio mais. Ele batia nela sem a menor pena.

   Continuei procurando por mais e-mails. Não havia só aquele, mas vários vídeos de minha mãe, em todos eles ela sofria algum tipo de lesão, um dos e-mails dizia que ela ficou em coma por dois dias depois da agressão.

   -Ah... O que está fazendo aí? – Era tio Jorge. – Não, não, não. Você não deveria estar vendo isso, mocinha. O que terei de fazer com você agora? – Ele me olhava de um jeito assusto e balançava a cabeça negativamente. – Escute só, uma palavra sobre isso e eu acabo com você. Viu o que aconteceu com sua mãe? Ela se metia onde não era chamada, assim como você, e viu o que aconteceu com ela?

   -Vo... Você causou o acidente?

   Ele apenas sorriu:

   -Nem um pio. Estamos entendidos.

O choque ao vê-lo passou quando ouvi sua terrível voz.

—Úrsula, querida. Venha dar um abraço no seu tio, faz tempo que não lhe vejo.

Aquilo queria dizer "espero que você não tenha aberto a boca”.

—O que faz aqui? – Perguntei contendo a vontade de atacá-lo com qualquer coisa próxima.

Era isso o que ele me causava, e ele sabia disso.

Eu sabia que eu não era assim, mas algo mudava em mim à simples menção do nome dele. Era como se algo terrível acordasse no fundo da minha mente e eu desejava fazê-lo sofrer.

—Ora essa! É véspera de natal, temos que reunir a família.

—Engraçado. – Sorri um pouco nervosa. – Isso me faz pensar ainda mais no porquê de você estar aqui.

Ele agarrou meu braço, o que fez com que o terror se espalhasse.

—Você é uma garota muito insolente. Faz-me lembrar de sua mãe. – Um lampejo de maldade passou por seus olhos.

Tentei desvencilhar meu braço, mas não consegui.

Ele sorriu, estava satisfeito.

—Está entrando em pânico? Ora, querida, o titio Jorge não é mau.

Ele tinha um sorriso perverso nos lábios e soltou meu braço.

—Você é um monstro. – Minha voz estava embargada.

—E com esse seu ódio, o que te faz diferente de mim? – Ele parecia prestes a cuspir na minha cara. – Você também é um monstro.

O choque de realidade foi forte de mais.

Ele estava certo. Eu era um monstro.

Não consigo lembrar exatamente o que aconteceu em seguida. Só lembro de encontrar-me em uma rua deserta no meio de uma tempestade.


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Notas finais do capítulo

E aí?? Quero saber a opinião de vocês sendo boa ou ruim, comentem ok?
Bjbj



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