Amor?! Escolhi o Teu escrita por Cari-chan


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Uma carta. Um telefonema. Uma mensagem. Podia terminar desta maneira.

 

 

Só não estaria a ser justa contigo. Connosco. Os dias que passamos juntos. A cumplicidade que tínhamos. Os sorrisos compartilhados. As lágrimas divididas.

 

 

Deixei-me levar pelo pecado. Sonhos que me iludiste. Palavras que me encheram de esperança. Atitudes de quem eu confiava cegamente. E, como vocês sabem, todos os pecados, têm o seu castigo.

 

 

Passei estes quatro anos a prometer a mim mesma que a nossa relação não mudaria. Sempre seriamos unidos. Nada, nem mesmo o tempo, seria capaz de desfazer o amor que nos unia. Fortificava.

 

 

"Nunca digas Nunca."

 

 

Ouvi esta frase inúmeras vezes. Fazia sentido para mim. Sempre faria. Não agora neste momento.

 

 

 

A única luz que me iluminava eram os ocasionais trens que passavam. Tudo o resto era me indiferente. Estava sentada. Como sempre. Á tua espera.

 

 

 

O amor é uma escolha. A partir do momento em que temos essa escolha, temos de nos comprometer, quaisquer que sejam as dificuldades, tentações, que surjam no percurso amoroso. Tudo fica melhor quando as coisas são feitas a dois. Seja o que for. Ou estamos ligados a esse alguém, ou simplesmente, não estamos.

 

 

 

Era só contigo que eu sonhava andar. Para todo o lado, e talvez um dia, quem sabe, casar.

 

 

 

Agora tu tinhas uma vida. E eu tinha a minha. Já nada nos ligava. Nada em ti pedia-me algo para que eu pudesse sobreviver. Água. Sol. Ar. Vindo de ti, já nada me enchia de vida.

 

 

 

A partir do dia em que decidiste mudar-te para outra cidade, em busca dos teus sonhos, disseste que não me deixarias de amar. Nesse momento não me apercebi que eu seria posta de parte desses teus sonhos.

 

 

E eu, perdidamente apaixonada por ti, acreditei que a tua ausência não faria que este sentimento que carregava por ti se desgastasse. Menti a mim própria. Afinal, acho que tinha direito a me iludir. Ou será que não?!

 

 

Já não tenho condições emocionais para tratar de ti. Esta é a verdade. Cuidar de nós os dois. Lamber as nossas feridas. Porque eu sei, por mais que queiras ocultar nesse teu sorriso que me aquecia em dias frios, que também já não me amas. Não como antes.

 

 

Não deixas de ser aquele alguém que nos encanta pelo efeito devastador que tem nas pessoas. É um dom. Sempre te disse isso. A maneira carismática como vês a vida.

 

Vi as pessoas a sair. Conseguia destingir-te por entre a multidão. Os teus cabelos loiros. A cabeça de um lado para o outro em busca da minha presença. Levantei-me. Fui até ti.  

 

- Oh, Sakura-chan. - sorriste - Estava cheio de saudades tuas.

 

 

O disco era sempre o mesmo. Saudades tuas. O que eu queria realmente ouvir, era que tinhas saudades nossas. Como eu senti. Infelizmente, agora, estavam feitas em farrapos. O tempo não volta atrás. Nunca voltou. Em todos os tempos verbais. E, apesar de tudo, não queria que voltasse. Se as coisas acontecem têm um propósito. Todas as pessoas que passam na nossa vida, levam um pouco de nós, deixam uma parte delas. É a lei da vida.

 

Aproximaste-te para me beijar. Apesar de sentir a garganta a arder e os lábios trémulos, não deixaria que uma única lágrima caísse. Coloquei a mão sobre o teu peito impedindo-te de continuar.  

 

- Passa-se alguma coisa? - olhas-te para a minha mão para de seguida o teu olhar encontrar-se com o meu. Os olhos que tentei evitar durante os poucos encontros que tínhamos. Tentando ocultar o amor que se desvanecia.

 

 

- Naruto lamento muito. A culpa não é tua. A culpa não é de ninguém. Só não podemos prosseguir com a nossa relação. Assim não dá. Não funciona. - sentia a garganta apertada. Naquele momento parecia um enorme buraco de tão larga que a sentia. Vomitei as palavras todas de uma vez.

 

 

 - Sakura sentes-te bem?! - o espanto veio-te á boca.

 

 

 - Não faças isso. - tirei a minha mão que se encontrava ainda impregnada no teu tronco no qual deitei-me um dia depois de muitas juras. - Tu já não me amas. Eu já não te amo. Estamos somente juntos por uma coisa. - olhei para ti. - Carência. - fiz uma pausa. -  Tu foste a razão por eu acordar durante muito tempo. Os momentos que tivemos foram preciosos. Só que eu... eu não posso ocupar o vazio que tu sentes junto com o meu. Eu sei que tu tentaste de tudo assim como eu. Nós esforçamo-nos para conseguir manter a chama acesa. Agora este amor é angustioso, sufocante. Ao mesmo tempo que quero ver-te já não quero. Isto não me trás felicidade. A ti. A mim. Eu não quero magoar-te. Só não posso prologar esta situação, porque, já não há nada para a prolongar. - sentia o coração palpitante. Agoniado de certa forma.

 

O silêncio foi arrebatador. O teu olhar desceu como relembrando algo do passado. Suspiras-te levemente. Sentido leveza ao meu ver. Olhas-te para mim sério, mas, não com rigidez.

 

 - Obrigado por tudo. - senti no levantar dos teus lábios para os lados algo sincero.

 

 

Desta vez deixei que as tuas mãos descem-se pelo meus ombros. Fechei os olhos. Senti o roçar dos nossos lábios. Um último beijo. Aquele beijo que nos ficaria na memória para relembrarmos o quanto o que tivemos um dia foi especial e único. Nunca te esqueceria. Por mais que digam, por mais que insistam, os amores passados nunca são esquecidos. Iremos sempre querer saber como é que eles estão. Nem que seja secretamente. Será com grande alegria que saberei que ficarás bem. Estarás bem.

 

 

 

Um último sorriso. Um último aceno. Um último adeus. Foi tudo o que restou. Vi-te entrar no primeiro trem. Já nada te prendia aqui.

.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.

 

Percorria as ruas sob o céu estrelado. As luzes dos carros. A iluminação ofuscante das lojas. Abri a porta de entrada do edifício onde se encontrava o meu apartamento. O som da cidade parecia abafado agora. O silêncio era mortífero por entre os corredores. Somente ouvia o tilintar das chaves enquanto as ponha na porta. Não acendi as luzes. Joguei a bolsa sobre onde sabia que estaria o sofá.

 

 

 

Dirigi-me para o banheiro. Abri a água quente. Deixei a banheira encher.

 

 

 

Não conseguia deixar de me sentir culpada. As dúvidas amedrontavam-me. Será que tínhamos feito tudo o que era possível? Haveria alguma chance de recuperar os sentimentos que nutrimos?! Teríamos lutado o suficiente? Haveria mais alguma coisa por fazer?!

 

 

 

Sentei-me na beira da banheira. Transbordava. Coloquei uma perna para depois seguir-se a outra. Uma boa golfada de água caiu sobre o chão. Deixei-a até ao meu pescoço. Uma sensação superior ao meus sentidos apoderou-se do meu ser. Queria morrer. Não me sentia capaz de viver neste Mundo. Precisava de procurar por algo mais. E pensei que a morte me daria a vida que parecia morrer. Ironia?! A minha mente dizia que nunca mais seria capaz de amar outra pessoa. Sentia-me oca. Sem vida. Agora era livre. A carência só me tinha feito ocultar a minha necessidade de me encontrar.

 

 

 

Deixei a minha cabeça submergir. A água entrava-me pelos ouvidos. Covarde maneira de se matar. Sustive a respiração até quanto pude. Comecei a sentir-me leve. A água começava a entrar-me pelo nariz e pela boca invadido pouco a pouco os meus pulmões. Pensei que me encheria para passar a outra vida que ninguém ainda conhecia. Até algo dentro de mim despertar. Alguém parecia chamar-me. Coloquei as mãos ao lado da banheira para dar impulso e assim levantar a cabeça.  

 

- Sakura! Sakura! - ouvi as batidas violentas na porta. - Eu sei que estás aí! Por favor! Diz-me alguma coisa! - conhecia aquela voz que esteve comigo todos os dias enquanto me via afundar na nossa relação.

 

Levantei-me cambaleante. Sentia a cabeça á volta. O impulso de tossir não me permitia falar. Não me preocupei em vestir alguma coisa por cima. Enchia o chão do banheiro bem como o do resto da casa de água. Estava demasiado perdida para fazer alguma coisa. Só queria chegar àquela voz que parecia me querer salvar.

 

 

 

 Abri a porta. Não tive tempo de reagir. Os braços fortes envolveram-me de seguida. O calor daquele abraço. Conseguia sentir como o seu tórax descia e levantava depressa. Tinha-o deixado em alvoroço. Levantei os olhos em busca dos olhos negros. Sentia dificuldade em abri-los. Ardiam. Certamente estariam vermelhos. Nem me tinha apercebido que tinha chorado. Que ainda chorava.  

 

 

 

- Nunca mais faças isto. Ouviste?! - agarrou-me pelos ombros com força falando o mais calmo que podia. - Nada nem ninguém merece que dês cabo da tua vida. As coisas não vão mudar se o fizeres. - suspirou.

 

 

 Eu fui tão cega. Sasuke, aquele garoto que te falei, das vezes que falamos ao telefone. Na realidade, sabes bem, falava a toda a hora praticamente. Foi tão estúpida ao ponto de não perceber que ele se preocupava. Sempre estava comigo nos momentos difíceis. Que eu sorria com sinceridade quando estava com ele. O meu lado esquerdo enchia-se de contentamento quando aparecia. Um sorriso seu era tudo o que precisava para perceber que valia a pena ver o sol nascer todos os dias. Estava tão obcecada em tentar juntar os vidros partidos da nossa relação que esqueci-me que estava a amar. Nas marcas evidentes.

 

 

 

Levantei-me nas pontas dos pés e beijei-o. Ele não me correspondeu logo de seguida devido ao meu ato repentino e inesperado. Depois sentia a sua língua quente e aveludada pedindo permissão para intensificar aquele unir de almas. Tentei colocar naquele toque de lábios o sentimento que tinha guardado dentro do baú e que agora dava ar da sua verdade. Quando o ar nos faltou deixei-me ficar de olhos fechados para desfrutar o máximo daquela sensação. Sentia-me novamente viva.

 

Consegui ver-lhe um sorriso esperançoso. Nunca o esqueceria. Apercebi-me finalmente do que está a acontecer e é bom e principalmente verdadeiro.

 

Por um lado tinha um amor saudoso. O teu. Por outro lado tinha um amor autêntico. O dele. Sabia a minha escolha. Tudo fazia sentido.  - Sakura... - aquela voz despertou-me dos meus devaneios, mas, não deixei que prosseguisse.

 

 

 - Amor?! Escolhi o teu. - e com um sorriso resplandecente, beijei-o novamente.

Não quero que penses que não te amei. O que tivemos foi forte. Não permitiria que alguém pusesse isso em causa. Sempre estarias na minha memória por entre as recordações mais doces que vivi. Só quero que saibas que não há amores idênticos, mas que também, não é preciso fazer comparações. Tudo no final não é obra do destino, mas, simplesmente, uma questão de fé.

 

 

Obrigada por tudo. Obrigada por nada. Só espero que sejas feliz, assim como eu estou a sê-lo agora.

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Olá a todos!

Foi um momento insano quando escrevi a one. Fato.

Só espero qe tenham gostado .. e qe tenham desfrutado de cada linha! =D

Mereço review? *.*


Um grande beijo,

Cari.



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