Adão e Eva, do inferno ao paraíso escrita por Paloma Her


Capítulo 6
Andrei Sergueyovitch


Notas iniciais do capítulo

E de repente Andrei começou a enfrentar campeonatos esportivos. Sergey Nicolaivitch era dispensado na fábrica, para ver seu filho, e sentava com Ludmila nas bancadas. Seus irmãos, cada vez que subia ao pódio para ganhar medalhas esportivas, berravam mais do que seu pai. Mas o melhor de tudo dava alívio na sua mãe, pois agora ela tinha certeza que seu filho nunca seria enviado para longe dela. No dia em que Andrei foi classificado para ir às Olimpíadas de Roma, Ludmila não cabia em si de emoção.



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Adão nasceu em Moscou, no dia 2 de setembro de 1945, quando o Japão se rendera ao inimigo e marcara o fim da “Segunda guerra mundial”.

Foi uma ocasião de euforia popular em todos os cantos do mundo.

Em Moscou, as pessoas saíram às ruas para festejar, se abraçar, lembrar-se das vítimas, chorar por elas, e cantar músicas russas. O povo russo sofrera muito durante a guerra. Perdera muitos filhos. Foram tempos terríveis, de trabalho, mas jamais de falta de coragem. Se há uma qualidade que esse povo tem, é a fé em tempos melhores. Ao contrário da França, que não foi devastada pelas bombas, houve cidades da União Soviética que tiveram que ser reerguidas das cinzas.

E foi nesse dia de festejos, que Serguey Nicolaivitch chegou ao hospital com sua esposa, para dar a luz a seu quarto filho. Sua esposa Ludmila Antonovna teve um excelente atendimento médico, com atenção dedicada de uma enfermeira, cama limpa, boa alimentação, e resguardo. Adão nasceu gordão, forte, pesando 4 quilos e foi atendido pelos melhores pediatras desde que nasceu.

Ainda no hospital, Serguey Nicolaivitch o pegou nos braços, tascou-lhe um beijo barulhento, e falou para sua esposa:

— Eu acho que este garoto vai ser diferente... Olha como ri... Recém nasceu e já está gostando de mim!

— Eu também acho... Ele é um anjinho da paz... Dê-me para dar-lhe de mamar.

Ludmila Antonovna acariciou seu menino, beijou-o com doçura, e derramou uma lágrima. Dias depois regressou para seu lar, com hora marcada com o médico pediatra, que cuidaria da vida do filho dali em diante.

Adão recebeu o nome de Andrei Sergueyovitch e quando entraram na sua casa humilde, os camaradas da Célula Max Adler, do “Partido Comunista Russo”, já se encontravam lá, para festejar seu nascimento. Serguei bebeu vodca com os amigos, enquanto Ludmila era atendida pelas amigas, que já haviam esquentado o samovar. Beberam chá fumegante, comeram panquecas com manteiga, e uma geleia gostosa.

Enquanto os adultos conversavam, os três irmãos mais velhos de Andrei o tomaram no colo, um de cada vez, e riram encantados, pois Andrei dava gargalhadas, como quem dissesse: - Gostei de vocês!

Tarde da noite os camaradas partiram, e Sergey Nicolaivitch ficou em casa durante dois dias, para cuidar da esposa. Preparou o café da manhã eufórico, vestiu os filhos mais velhos para a escola, e depois levou leite quente para sua mulher numa bandeja. Ela, ainda acamada, deu de mamar ao guloso, que tinha fome de leão. Como a casa possuía apenas dois dormitórios, o recém-nascido estava dormindo com seus pais. Sergey Nicolaivitch sentou na cama, serviu uma xícara para sua esposa e falou com entusiasmo:

— Sabe, amor, os camaradas dizem que vamos ganhar uma habitação maior. Três dormitórios e uma cozinha separada. Vai demorar um tempo, mas antes de Andrei caminhar, eu acho que vamos estar mais bem instalados...

— Não há pressa, meu bem... Eu não trabalho mais... Então, qualquer lugar serve... Enquanto estivermos juntos, eu serei feliz...

— Amo você, minha querida! Sabia disso, não? Eu morreria por você, pelos guris, e pelo partido...

Ludmila deu uma risada. Sergey Nicolaivitch era comunista fanático, e líder entre a comunidade. Era na sua casa que os camaradas faziam reuniões, e discutiam os problemas do mundo.

Mas essa casa maior demorou alguns anos para entrar na vida de Sergey e de Ludmila.  Andrei cresceu dormindo num beliche, enquanto seus outros irmãos dormiam da mesma forma. Quatro homens num cômodo minúsculo, onde os cheiros de chulé se misturavam. A água era racionada. Portanto, somente uma pessoa da família tomava banho por dia. Os demais se lavavam com panos molhados para tirar o suor e a sujeira do dia a dia. Depois colocavam mais uma vez a mesma camisa, pois os homens usavam por baixo uma camiseta. E essa camiseta cheia do suor diário, Ludmila lavava a mão num tanque comunitário.

Em Moscou e em toda a União Soviética todas as coisas eram racionadas. Havia  dia em que a família comia carne, o dia em que ganhavam manteiga para o pão, o dia que chegava arroz, ou seja, o cardápio familiar na hora da janta quem decidia era o Estado. O que a União Soviética possuía, dividia para o povo da melhor forma, num sistema social que fazia dos russos serem todos eles igualmente pobres.

Ludmila enfrentava filas de duas horas, para ganhar os suprimentos da semana.

Depois, ela se virava. Fazia pão em casa, bolachas, pastéis, e possuía uma pequena horta familiar. Vasos com cebolinhas e ervas medicinais, salsa, que ficavam na janela de sua cozinha. Também ela aprendeu a fazer trocas com amigas. Quem possuía farinha sobrando, trocava por macarrão, ou ovos, ou o que fosse mais útil. E desta maneira, o povo não reclamava, pois a economia era controlada, e não existia desperdício em lugar nenhum.

Mas Andrei nunca fora tão feliz. Vivia nos braços do pai, que o enchia de beijos, no colo da mãe que o tratava como bebezinho, e ao lado dos irmãos quando faziam os deveres de casa. Oscar lhe dava uma folha e um lápis, para que rabiscasse. Mas, Andrei os espionava e copiava tudo que eles escreviam. Sergey Nicolaivitch dava boas risadas com isso. Seu caçula era precoce, e mostrava os escritos para os camaradas com orgulho.

Quando Andrei fez cinco anos, ele foi levado para o Pré-Escolar. Ludmila levantou cedo, vestiu-o com um casaco grosso, um boné de cossaco, cachecol, e o deixou na porta dessa Escolinha. Em seguida, foi encarar alguma fila.

Andrei entrou numa sala, onde uma professora o fez sentar em redor de uma mesa, com cadernos, lápis, para fazer desenhos. Ele esboçou o rosto de sua mãe, de seu pai e de seus três irmãos. Em seguida, escreveu o nome de cada um deles, embaixo das figuras, sem nenhuma falha de ortografia.

Quando Ludmila chegou para buscá-lo, ela foi levada imediatamente para a direção dessa escola. Os psicólogos haviam descoberto que Andrei era um “gênio, de QI inimaginável”.  Ludmila podia pedir o que quisesse. Cuidar de um gênio, na União Soviética, era algo que o Estado fazia com prazer. Com certeza, estavam na frente de um novo Einstein, e ele seria educado em Escolas especiais.

Ludmila só pediu uma casa maior, para que seu filho gênio tivesse seu próprio quarto. E foi feito. Eles se mudaram para um apartamento, com vista para o rio Volga, num condomínio onde a maioria era militar, ou pessoas chegadas ao partido comunista.

Embora Sergey Nicolaivitch, operário de construção, continuasse a ganhar o mesmo salário, a merenda do Estado melhorou bastante. Desta vez Ludmila enfrentava filas menores, ganhava maiores quantidades de suprimentos, e nunca mais necessitou trocar nada com ninguém.

A parapsicologia na União Soviética era uma ciência levada muito a sério. No Ocidente, quem se preocupava com prodígios eram os homens de igrejas. Na Rússia, um mundo governado pelo materialismo dialético, os fenômenos paranormais saíam da mente, e os milagres não existiam. Em Moscou havia homens que dominavam a telepatia, a hipnoses, mexiam objetos com a mente, e Andrei já havia demonstrado sinais de possuir todas essas faculdades psíquicas.

Dali em diante, Andrei estudava muito, algo que ele adorava, e em casa brincava com seus irmãos, aos quais amava com paixão. Pela sua vez, seus irmãos nunca reclamaram das mordomias de Andrei, o único com aposento próprio, pois entendiam que ele era um menino especial. Andrei era tão distinto de seus irmãos, que aos sete anos, quando Sergey Nicolaivitch ficou doente, colocou-lhe uma mão sobre o peito, e pouco a pouco o aliviou de um enfarte como por arte de magia. Além do que, ele ficou são para sempre. Sergey Nicolaivitch nunca mais teve outra dor no peito.

Após esse incidente, numa tarde, em que mãe e filho estavam sozinhos em casa, Ludmila chamou Andrei para junto dela. Deu-lhe um abraço, sentou nas suas pernas, e falando bem baixinho lhe disse:

— Filho, sabe o que vai acontecer com você?

— Não, mãe...

— Seu destino é ser prisioneiro do Estado... Um dia, você vai ser levado para a Sibéria, e obrigado a pesquisar alguma arma mais devastadora...

— ARMA? Bombas atômicas?

— Isso! Bombas que destroem tudo. Não estude nunca as matérias de física, matemática nem química... Aprenda idiomas, e seja bom nos esportes... Seja atleta, filho... Ou, seja um bailarino clássico, um musicista, ou um grande pintor... E eu nunca disse nada disto para você... Seu pai não pode saber desta conversa, filho...  E muito menos os camaradas do partido. Sequer seus irmãos.

Andrei deu-lhe um beijo no rosto. A seguir se sentou à mesa para tomar o chã da tarde, e mostrou para sua mãe suas lições da Escola. Ludmila levou um susto. Isso ali, seus outros filhos só haviam aprendido com 13 anos.

Uma vez sozinho em seu dormitório, Andrei concentrou a mente para os exercícios de telepatia, que deveria fazer essa noite. Os professores na Escola haviam realizado com ele testes de vidência com cartas, testes de levitação, testes de adivinhação. E agora teria que tentar falar com alguém de longa distância. E começou a falar com ele mesmo. Previu seu futuro. Viu-se isolado num lugar desconhecido, fazendo um trabalho chato. Ler a mente de supostos opositores do Estado. Depois, observou esses dissidentes sendo torturados, mortos, em lugares com neve. Ficou tão horrorizado que começou a chorar. Entre soluços, a miragem de uma menina lhe chegou com nitidez. Ela estava na França. Pintava quadros, era linda, possuía um sorriso de anjo, e nunca olhava para seus paqueradores, pois sonhava só com ele.

Levou um susto desta vez. Até onde ia seu poder mental?

E pouco a pouco, foi se acalmando e dormiu profundamente.

Enquanto Andrei sonhava com Eva, num lugar muito distante da União Soviética, Paulo o espionava através do Espelho, numa cidade desconhecida. Paulo mexia seus dedos, e como um mágico lhe apagou todo o poder de vidência, telepatia, adivinhação, e realizou mais uma coisa, esfriou sua libido. Seu velho só ficaria viril no dia em que ficasse frente a frente com sua mãe Eva. E só então, recobraria também os poderes psíquicos. Afinal, o velho havia encarnado para trabalhar pela paz mundial.   

Ao amanhecer, Andrei sabia finalmente o que deveria fazer para se livrar de sua cruz. Se dedicaria somente ao esporte, pois, em alguma Olimpíada, ele  conseguiria fugir, encontrar a menina de seus sonhos, e ser feliz para sempre.

Nos meses subsequentes, os mestres dessa Escola para gênios fizeram de tudo para devolver a Andrei sua faculdade psíquica. Mas era como se ele tivesse ficado amnésico. Fotografaram sua aura com a máquina Kirlean, e viram que todos os pontos brancos de genialidade, de fotografias anteriores, desapareceram como por encanto. Adão era agora apenas um menino normal. Inclusive, começava a fazer provas de matemática com nota mínima. Havia ficado burro do dia para a noite.

Mas uma sábia em parapsicologia, muito famosa, que cuidava pessoalmente da saúde do Secretário Geral do Partido Comunista, o examinou pessoalmente. Em seguida, ela deu seu diagnóstico. O poder mental de Adão era tão alto, que podia enganar até a ela mesma. Adão era uma criança prodígio capaz de apagar sua mente, por si só, para não ser usado por ninguém. Na verdade, ele era mais perigoso do que se pensava.

E por esse motivo, passaram a espionar sua família.  

Os irmãos de Andrei foram retirados de sala de aula, e levados para exame médico especial. Colocaram-lhes o soro da verdade, e uma vez anestesiados perguntaram tudo. O que Andrei comia, o que falava, a quem mais amava, e se Sergey Nicolaivitch era um comunista fervoroso. E para manter essa família sempre na mira, o irmão mais velho, Oscar, foi convidado para trabalhar de auxiliar nos escritórios da KGB. Mas os mestres e parapsicólogos mantiveram Andrei na “Escola para gênios”. Agora os mestres não podiam disser que Andrei perdera a inteligência para ninguém. Ficou como segredo entre seus professores. Afinal, o Estado já o escolhera para ser membro da KGB quando fosse adulto.

Quando Andrei entrou no segundo grau escolar, deu início a sua genialidade, mas desta vez em todos os esportes.  Ele dominava cada músculo do corpo, e era capaz de exercícios esquisitos. Jamais tombava e nunca se machucava num salto. Na ginástica no solo, inventou cinco piruetas “impossíveis”. Nos saltos nos cavaletes, nunca machucou sequer um dedinho. Nas cabriolas nas argolas, ficava em cruz, sem fazer mais esforços do que em caminhar.  Nas artes marciais ele era capaz de enfrentar 20 rivais, de olhos fechados, sem que ninguém o derrubasse. Mas na esgrima, era onde dava o melhor espetáculo do mundo. Possuía estilo próprio. Poses do corpo diferentes. Adivinhava cada movimento do desafiante. Se ele fosse um samurai reencarnado, ele era o próprio.

A KGB o analisava e se questionava, pois Andrei era tão perigoso dentro como fora do Estado. E não existia um, sequer um motivo para destroçá-lo. Nada. Ficha impecável. Não possuía vícios, pois não bebia álcool, jamais frequentara prostitutas clandestinas, pois não era viciado em sexo, e era o orgulho da família. E para o cúmulo, Andrei adivinhava os pensamentos. Não existiam segredos para ele.

E foi assim que ele continuou a viver. Driblando tudo que viesse prejudicar sua família. Sem Oscar perceber, Andrei afugentava os espiões em seu redor. E sempre soprava no ouvido de Oscar as pessoas que deveria evitar. Principalmente namoradas, pois era através do sexo que a KGB descobria os traidores do Estado.

E de repente Andrei começou a enfrentar campeonatos esportivos. Sergey Nicolaivitch era dispensado na fábrica, para ver seu filho, e sentava com Ludmila nas bancadas. Seus irmãos, cada vez que subia ao pódio para ganhar medalhas esportivas, berravam mais do que seu pai. Mas o melhor de tudo dava alívio na sua mãe, pois agora ela tinha certeza que seu filho nunca seria enviado para longe dela. No dia em que Andrei foi classificado para ir às Olimpíadas de Roma, Ludmila não cabia em si de emoção.

Mas numa tarde em que mãe e filho estavam sozinhos em casa, Andrei chegou  perto, sentou ao seu lado, e falou para ela bem baixinho:

— Mãe, o que vamos falar hoje, eu nunca disse.

Ela começou a rir.

—Fale, filho, vai ficar só entre nós...

— Vou fugir, mãe! Vou pedir asilo político...

— Mas para quê?

— É por causa de uma mulher, mãe. Ela está na França. Não sei onde, mas eu tenho que achá-la, mãe... Ou vou morrer solteiro... Ela me aparece em sonhos, desde que sou garotinho... Ela sempre me disse que está esperando por mim... E eu estou com medo de perdê-la...

— Pode fugir! Eles têm planos para você! Espionagem! Estão examinando-o se você é bom nisso... Se cuide, meu querido... Eu vou aguentar... Pode ir...

Em seguida, se abraçaram chorando, pois Andrei amava sua família com ardor.

Os atletas da delegação começaram a analisar as mulheres russas antes da partida. Dimitry Vladimirovich, o melhor amigo de Andrei desde os dias da Escolinha infantil, escolheu uma loira exuberante, e falava que ia paquerá-la desde já.

Em todas as excursões internacionais, os esportistas russos descontraiam da rígida disciplina soviética, e os namoricos eram o mais delicioso passatempo, em todas as turnês. Todo mundo queria transar e transar. E como Andrei não se interessou por ninguém, uns amigos gays o convidaram para uma festa só de machos.

— Obrigado, mas dessa fruta eu não gosto, não...

— Então, cara... Não é mulher, não é homem, então é o que?

— Mistério... E não vou contar... Mas existe uma mulher... Um dia mostro para vocês...

— E ela está onde, cara?

— No meu pensamento...

Em seguida, começaram a se dar tapas, golpes, como quem está lutando. Só para se divertir.

Uma vez no avião com destino a Roma, Dimitry Vladimirovich pegou revistas italianas e mostrou para Andrei ao seu lado:

— Esta aqui eu acho que combina com a mulher de teus sonhos... Olha que peitos, cara... Olha a bunda, cara...

E Andrei caía na gargalhada. Mas as examinava, pois eram lindíssimas. Bem vestidas, elegantes, maquiadas, próprio de um povo capitalista, onde a riqueza governava.

 


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Notas finais do capítulo

A memória de Andrei sobre suas vidas passadas voltou como num raio de luz, e soube, naquele instante, quem é que ele era de verdade, e porque estava nesse lugar.
Em seguida Andrei sentiu uma pontada no peito, forte, depois todo seu braço esquerdo ficou duro, doendo muito, e soube que estava enfartando. Caiu ao chão e começou a se concentrar no seu coração e a se falar para si mesmo:- Calma, Andrei, calma, calma, já vai passar, vai, vai, calma...



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