When I was six years old I broke my leg

I was running from my brother and his friends

And tasted the sweet perfume

Of the mountain grass I rolled down

I was younger then, take me back to when…

Estávamos a alguns dias do natal, e os meus pais tinham saído de casa para comprar os presentes em falta. Eu e o Hugo brincávamos na sala, vigiados sob o olhar atento da tia Hermione e o roncar do tio Ron. Os meus irmãos mais velhos divertiam-se lá fora juntamente com a minha prima Rose… Eu já estava a ficar farta de ser a pequenina da família! Para qualquer lado que fosse tinha de ser vigiada por alguém, segundo o meu pai, o famoso Harry Potter. Queria sair e ver as coisas lá fora; sujar-me de lama e poder voar mais alto do que 2 metro com a minha vassoura; brincar com os meus irmãos sem que eles me considerassem uma pirralha ou um duende ambulante! Mas para isso acontecer, primeiro eu tinha de provar que era capaz de fazer uma coisa que eu sabia que era errada: mentir.

—Tia Hermione – pedinchei eu, servindo-me da minha doce voz de menina – Será que podias preparar-nos um lanche?

—Claro minha querida! E que tal chocobolas caseiras?

—Perfeito – ainda bem que ela sugeriu algo que demorasse a ser feita.

A tia saiu para a cozinha, mas antes tentou acordar o tio Ron. Felizmente foi mal sucedida!

—Portem-se bem menino – disse ela num tom relaxado.

—Sim! – respondemos em coro, obedientes.

—Anda – disse eu para o meu primo.

—Onde?!

—Lá para fora! Não estás farto de brincar cá dentro?

—Sim, mas espera pela minha mãe, assim vamos com ela – falou a doce inocência.

—Se lhe dissermos ela vem connosco e eles não nos vão deixar brincar! – argumentei eu, bastante determinada, apontando para a família lá fora.

—Mas Lily…

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa eu agarrei-o pelo braço enquanto lhe tapava a boca e puxei-o para fora da sala. Imediatamente do lado de fora da porta senti o cheiro a relva molhada devido à humidade e o som do vento de inverno a soprar nos meus cabelos ruivos. O meu frágil corpo de seis anos obrigou-me a vestir o casaco que trazia à cintura para me proteger do frio. Aproximei-me da janela da cozinha e vi a minha tia a trabalhar arduamente no lanche que eu planeava comer… só que mais tarde. Odiava mentir à tia Hermione, ela era uma das minhas pessoas preferidas no mundo inteiro! Sempre que eu precisava de falar sobre alguma coisa ela estava lá; levava-me a passear pelo mundo dos muggles e a conhecer novos lugares; aconselhava-me quando eu precisava. Mas eu sabia que ela iria entender, de uma maneira ou de outra.

Quando olhei para o Hugo ele tinha uma expressão medrosa que dizia claramente “Vamos para dentro, por favor, imploro-te!”. Mas eu não iria ceder, de maneira nenhuma! O que está feito, feito está.

—Ei Albus! Eu e o Hugo podemos brincar?

—Então e a titi Hermione? – perguntou ele em tom de gozo.

—Esquece a tia! Eu… Nós! Queremos brincar.

—Hum… muito bem, vamos jogar às casadinhas então!

Perante esta sugestão todos nós nos mostramos entusiasmados, menos o Hugo, que para desgosto do pai, odiava voar. A Rose, o James e o Albus foram imediatamente surripiar as vassouras pelas janelas dos quartos, e trouxeram-nos as de brincar que, embora não voassem tão alto quanto eu gostaria, até eram relativamente rápidas.

3, 2, 1… PARTIDA! – iniciou James com um grito entusiasmado.

Eu era a perseguida e fazia o possível para provar o quão invencível poderia ser, sobrevoando o comprido lago azul, desviando-me das grandes árvores despidas e rasgando os campos verdes. Já lá iam mais de 7 minutos e ainda ninguém me tinha apanhado, mas eu estava a ficar cansada e a Rose estava a chegar cada vez mais perto. Olhei para um monte à minha frente e voei sobre ele… Nunca tinha estado tão alto! O impulso que consegui permitiu-me ter uma vista privilegiada da floresta inteira. Foi perfeito, como se o tempo tivesse parado só para me mostrar a beleza do mundo. No entanto isso não durou por muito tempo. Quando me inclinei para descer a colina calculei mal o ângulo, e ao tentar desviar-me da minha prima (mais próxima do que nunca) cai da minha little budget 2014 e rolei pela montanha abaixo. Durante alguns segundos só ouvi perguntas, pedidos de ajuda e choro dos meus primos. Eu estava meia atordoada e a minha perna esquerda doía-me bastante. O aroma a terra húmida intensificava-se tanto como as minhas respirações aceleradas. A última memória que tenho antes de adormecer é de ver a cara assustada da tia Hermione enquanto me examinava e a expressão culpada do meu tio Ron.

Escusado será dizer que tão cedo não voltei a montar numa vassoura…