Vinte e nove de setembro de 1980. Foram complicados esses últimos dias, me meti nesta enrascada só pra ter um dinheiro extra. Para distrair um pouco a cabeça, após a aula, caminho até o parque, compro um sorvete e fico sentado na praça que há ali perto.

Fim de tarde, o dia tá meio nublado, porém ainda está calor. Pensativo e distraído por causa daquele tiroteio. Acabei nem ligando qual era o sabor do sorvete.

Ao me levantar para pegar o rumo de casa. Vejo distante, me vigiando, o mesmo Passat verde, achei que aquele tiroteio tinha acabado com a vida daqueles caras, será que são outros? Nem reparei quanto estavam dentro do carro, no entanto, quando o avistei, eles saíram de maneira rápida do local.

E agora? Desde quando será estou sendo vigiado? Será que os caras sabem onde eu moro? Deu muita merda.

Vou pra casa através de um caminho alternativo, já se faz noite, quase nunca chego tão tarde em casa. Entro numa ruazinha meio escura, porém não passa nenhum carro por ela.

Falha minha, ao entrar na rua, o tal do Passat verde estaciona do outro lado da ruazinha, a bloqueando, e nisso, sai do carro um carecão, alto pra caralho, musculoso e parece andar em minha direção, ele está armado. Merda.

Sem pensar duas vezes, corro pelo lugar onde saí. O cara entra direto no carro. Não tenho muito que fazer. Preciso me esconder daquele Passat. Vou contornando virando em quadras, andando pela contra mão, e acabo entrando numa rua vazia. Aí que está o erro. Vejo o Passat Verde acelerando em minha direção.

Ao vir, noto que ele está abrindo a janela e engatilhando o revolver enquanto dirige. Quando passa por mim, me jogo no chão e ele dispara três tiros.

Escapo de todos os tiros, mas de joelho ralado. Embora estivesse vazia a rua, ele não vai voltar, os moradores daquela região notariam quem fez os disparos.

Chego em casa, acabo mentindo pra minha mãe, inventei que tinha machucado jogando bola. Ela deve ter caído nesta, mas não ligou muito. Bem, estou em sérios problemas.