Enquanto eu saia de mais um dia de trabalho na loja dos Newton uma forte brisa passou por mim. A rua estava vazia e escura. Chegava a dar medo. Bem, eu precisava chegar ao estacionamento, que ficava atrás da loja. Dei a volta na loja e fui em direção a picape. Entrei, pus minha bolsa na cadeira do carona e tentei ligar o carro. Mais o estrondo do motor de minha picape não fez barulho algum. Tentei de novo, nada. Tentei outra vez, nada. De novo, nada. De novo, de novo de novo e nada, nada, nada. Então é isso, a picape não quer pegar, vou ter que voltar pra casa a pé. Tirei a chave da picape e a pus dentro da bolsa, peguei a bolsa e fechei o meu casaco. Saí e fui andando pela calçada na noite fria. O vento forte batia violentamente em meu rosto, as árvores balançavam fazendo barulho por causa do vento. Estava realmente a noite de um filme de terror, só o que faltava eram os lobisomens e os vampiros. Eu ri com esse pensamento. Vampiros nem lobisomens existem.

-Vampiros - Falei baixo num tom de deboche e comecei a rir baixinho. Quem passasse e me visse nesse momento pensaria que eu sou maluca. Der repente o vendo mudou de direção e eu senti uma sensação estranha. Como se eu estivesse sendo perseguida por alguém.

Aumentei os passos. Eu sei que o meu medo era inútil, mais era o que meu corpo dizia pra eu fazer. Pra eu sair o mais rápido possível dali. E assim eu estava tentando fazer. Minha respiração estava ofegante. Logo à frente eu vi um pequeno bar, fui até ele e sentei na porta apenas para recuperar um pouco do fôlego. A sensação de perseguição passou, então retomei o meu caminho. Porém a falta dessa sensação foi embora rapidamente quando virei à esquina, eu comecei a respirar fundo. O medo que eu sentia era muito, muito grande.

Quando virei à terceira esquina que ficava a frente do hospital da reserva comecei a ouvir passos. Não era só um passo eram vários. E eu aumentei a velocidade dos meus. Quando eu vi eu já estava correndo. Mais algo me dia que era inútil, que o jogo já estava perdido, que aqui seria o meu fim. Enquanto eu corro em direção à praia ouço uma delicada voz e sinto uma mão em meu ombro.

-Aonde vai?-Perguntou uma delicada voz feminina.

Eu não consegui responder. Eu sabia que eu tinha que correr e foi isso que eu fiz corri dali em direção ao estacionamento da praia. Mais sinto que estou sendo seguida e quando chego ao estacionamento dou de cara com dois homens, com tal beleza inumana.

-Por que está fugindo?-Perguntou um.

Eu dei um passo pra traz quando senti mãos em meus ombros de novo.

-Fique um pouquinho conosco. -Sugeriu a voz feminina.

-N-ã-ã-o e-e-u t-e-n-h-o-o q-u-e-e- i-r-r-Gaguejei nervosa.

Outro riu e disse:

-Calma princesa. -Calma?Calma como?Como um estranho quer que eu fique calma uma hora dessas da noite perto deles?Eu nem os conheço!

-Me... Desculpem-me, mais eu preciso ir. -Quando me viro não sinto mais o chão e vejo as árvores passando por mim. Depois só sei que senti uma profunda dor nas costas.E uma dor insuportável!

Eu não fazia idéia de quem ou do que era. A única coisa que estava convicta era de que doía!Doía muito!A dor era agonizante, a dor que estava sentindo. . .Parecia que eu ia morrer. Eu queria gritar, mais eu sabia que não ia adiantar de nada!Ao longe avistei uma luz, tentei segui-la, mas doía muito!Desisti e me larguei na escuridão. Numa escuridão que eu nunca imaginei existir. Ela era fria. Era, era fria como gelo e coberta, completamente coberta de sangue. De muito sangue.