Valor Imensurável escrita por Crascutin


Capítulo 1
Voltando para Casa


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!!
Quando eu estou aqui... É pra postar algo, seu animal... kkkk
A propósito. Quase faço desta estória (foi mal pela nova regra ortográfica, mas acho mais “agradável” assim) um drama trágico. Espero agradecimentos.
Feito com carinho. Bem agradável.
Um romance juvenil, com foco em atitudes do nosso cotidiano.
Sem nomes, sem localização. Quase nada específico... Então se alguém se identificou, meus parabéns pela força e garra.
Os.: Eu era esperto e zoeira no ensino médio. Então, não é sobre mim... Só pra avisar.
Prossigamos...
Ah, sobre o título... O Valor Imensurável é em razão do sentimento. ^^
Não cobrem muito. Uma estória bem leve e enredo bem tranquilo.



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Em um dia comum de aula...

Em um colégio como tantos outros...

O sinal toca avisando que o período de aulas deste dia havia acabado.

Muitos jovens estudantes começaram a sair...

Teve os que se despediam e outros que seguiam com seus grupinhos.

Alguns com suas “brincadeiras” mais drásticas e outros simplesmente seguindo seu rumo...

Vamos nos focar em um grupo em particular.

— Tchau, amiga. Mais tarde eu vou sair com a tia Naty e vamos ao shopping comprar aquela mega bolsa que eu estava paparicando tanto...

— Ai, que inveja amiga... Também queria ir, mas estou proibida de ir ao shopping, por conta das minhas notas. Isso é um saco! Pra que vai servir mesmo terminar os estudos...?

— Beleza gatas. Vamos lá, Patrícia? Quero por logo meu bebezinho aqui pra rodar. Vou deixar ele ronronar um pouco.

— Ah... Amiga, só entre a gente... O Marcos é um mala! Acho que gosta mais do carro do que de mim. E olha que já estamos juntos há quase dois meses. Se ele não fosse o capitão do time, eu não sairia mais com ele.

— Tudo bem, já deu desses papinhos de vocês. Tu vem ou não? Se não for, eu te deixo aqui. Tenho que fazer uma manutenção no motor.

— Bahhh... Tá! Já estou indo. Tchau migas... Nos vemos amanhã.

— Depois vou contar sobre aquela biscate que deu em cima do meu Ruan. Ela pagou um mico grande... Onde aquela piranha pensa que tá pra dar em cima do meu gato? Eu tenho minha imagem como Team Leader!

Com esse comentário, elas deram mais um “gritinho” e foram em suas respectivas direções.

{intromissão do autor: não sei montar direito esses momentos das garotas, mas só que me pareceu necessário... Melhor que pude criar}

— Psiu... Ei amiga. Olha lá...! Naquele canto – Apontando para trás da amiga – Olha aquele esquisitão de novo.

— Putz. O que ele quer...

— Se você quiser, eu peço ao Ruan pra “conversar” com esse cara. Meu gato detesta esses tipinho NERD.

— Não sei. Acho melhor não... É um saco ele, mas nunca me incomodou. Vai ver é só o caminho da casa dele.

— E ele espera, quase todo dia, o mesmo horário/momento pra ir pra casa que o seu??? Já tentou despistar? Ir em outra hora? Ou ao menos seguir por outro caminho?

— Já... Ir em outro horário é um saco. Meus pais estão me controlando, como quero ter meu cartão de créditos, não posso vacilar... Sobre ir por outro caminho? Como vou fazer isso...? Se esqueceu que a rua pra casa é direta e eles não gostaram quando peguei carona com o Marcos. Você bem que podia me acompanhar.

— Ele é bem sinistro... Lembra quando eu te acompanhei e ele vinha logo atrás? Me senti muito sufocada!

— Então vai me deixar na mão? De novo??? Olha que não te empresto mais aquela minha sapatilha super fashion que você ama.

— Não faz isso... Olha, eu sei que devia te ajudar nisso, mas é que já estou atrasada. Daqui a pouco a tia Naty vai me ligar cancelando por eu chegar tarde. Ai já viu, não é? E também... Eu não iria conseguir andar tranquila com aquele “carrapato” nos seguindo.

Ambas riem e se despedem.

A mais ou menos um mês, um estudante da mesma sala lhe segue pelo percurso de sua casa.

A garota popular saindo do colégio.

Um rapaz quieto, tímido... Da mesma sala. Sempre a espera do lado de fora.

Ela nunca lhe deu atenção ou se preocupou em saber quem é ele...

Mesmo assim, todo dia ele a espera sair e a acompanha no caminho de alguns quarteirões. Na direção da casa dela...

Ela sempre vira a primeira esquina e ele segue a rua direta...

 

O rapaz sempre mantém uma distância ‘segura’ quando estão caminhando. Ela sempre voltava para casa sozinha, a pé. Isso porque era bem próximo ao colégio e suas amigas iam na outra direção.

Ele nunca disse nada. Nunca puxou conversa ou tentou bajulá-la para conseguir algo, um encontro talvez... Foi isso que a garota pensou nas primeiras vezes que ele a “abordou” assim.

Com o passar dos dias, ela ainda estranhava porque toda vez que a aula acabava, o garoto a esperava. Já chegou a pensar que era um maníaco, um stalker ou até mesmo um sem noção. Mas foi conhecendo-o melhor. Via que ele se divertia ao ver pequenas ações do cotidiano, como gatinhos correndo um atrás do outro, ou crianças brincando de amarelinha...

— “Urg. E-ele gosta de ver gatinhos brincando?” – Fez uma careta virando o seu rosto em outra direção e começou a andar mais rápido – “Que cara mais esquisito”.

Depois de andar com ele mais algumas vezes, ela começou a pensar nas atitudes e gostos do rapaz, quando ia se deitar.

— Ele é muito diferente dos outros garotos. Não estou acostumada a achar divertida a paisagem de crianças brincando... Talvez tenha algum valor, afinal. Bom, por que não? Vale a pena tentar notar o que ele acha de tão “divertido” nessas pequenas coisas do dia-a-dia. Quem sabe entendendo-o um pouco não dou um jeito de me livrar desse nerd esquisito!

Em um desses “passeios”, algumas crianças o pararam, tentando chamar sua atenção para uma brincadeira. O rapaz atendeu, mas não levava o menor jeito... A garota sentiu vontade de “observar” a cena. Decidiu esperar até ele acabar para seguir em frente, até a esquina de sua casa, mais a frente no quarteirão.

Ele acabava fazendo algumas palhaçadas sem querer e isso arrancava um monte de gargalhadas dos moleques. Quando ele sorriu e se despediu das crianças, notou que ela o olhava, com um semblante “contente”. Só que a garota logo notou a própria atitude tão estranha, afinal: quando foi que ela ficou observando um rapaz brincar com crianças? Ainda mais esse que é tão estranho.

Ficando desconfortável com o rumo de seus pensamentos, ela se virou e voltou a andar, mas com um “curto” sorriso ao ouvir os passos dele caminhando logo atrás dela, com os poucos raios solares que restavam do por-do-sol. Afinal, foram quase meia hora! - “Onde eu estava com a cabeça? Vou receber bronca em casa...” - Isso logo lhe tirou o sorriso.

Esses momentos foram lhe dando uma nova impressão do rapaz. Com o tempo, ela foi se acostumando com sua presença e secretamente foi gostando de sua companhia... Ansiando a hora de ir para casa...

Certo dia, quando a aula acabou, ele saiu da sala e foi esperá-la... Ato comum em sua rotina diária. Mas para sua surpresa, ela já tinha saído, mais rápido que ele, e o aguardava para seu tão “especial” voltar para casa.

Essa foi a primeira vez onde ela tomou a iniciativa...

— Olá... Demorei?

— O-oi. Não. É que me deu vontade de vir mais cedo.

Essa foi a primeira vez que ele falou com a garota... Pensando bem, essa foi a primeira vez que ela ouviu sua voz.

...

 

Aos poucos, ela foi lhe pedindo ajuda nas matérias... Havia notado que ele era bom nas aulas. Mas, por ele nunca ficar se “achando” o maioral, como muitos dos amigos de seu grupinho popular, a maioria dos alunos nunca o notaram.

Sempre que a garota tinha dúvidas, ele respondia calmamente e lhe ensinava com muito cuidado e atenção...

Pouco a pouco, ela foi notando o quanto o rapaz era incrível. E mesmo assim, praticamente ninguém lhe dava o devido valor...

Em mais um de seus dias de volta para casa... Após algum tempo.

— Como está se saindo na matéria?

— Bem! Muito obrigada... Vamos?

— Claro! – Disse ele com um sorriso “tímido”.

Foram andando a passos lentos... Os mais lentos até o momento.

— Então... Onde você mora? Porque todo dia você segue por esta rua direto e nunca te vejo pela região...

— Ah... É porque esse é o caminho mais fácil para mim.

— Ah... – Com um som desmotivado, ela falou.

— Eu ainda tenho que andar um pouco até em casa, só uns três quilômetros...

— T-três??? O quê? – O choque foi arrebatador. – Mas, como? Todo dia? Não é muito, não?

— Há-há-há... Tudo bem, já me acostumei. Seria um desperdício não aproveitar ir até a cidade do lado, até em casa, do jeito certo...

— Só que, a cidade do lado... – Disse ela, pensando no pouco de “situação geográfica” que tinha em sua mente – Mas só tem uma cidade próxima daqui!

— Sim, essa mesmo...

— Mas... Se você for por esse caminho, vai acabar andando... Mais que o dobro do necessário, por causa do contorno! Pra quê fazer isso? Tem algum parente por esse lado?

— Não, não... É que... Me acostumei a seguir por esse caminho. – Falou um pouco hesitante.

— Bem, desculpe a indelicadeza... Mas, não é por falta de recurso, certo? Que você não pega algum transporte?

— Bom... Não quero ficar gastando a toa se posso contornar, mas não é por isso. Só me é agradável fazer esse percurso.

— Tudo bem, então.

Com esse choque de realidade, a garota preferiu se calar e tentou ver o que tanto ele apreciava nesse seu caminho...

Passam-se alguns dias, e eles alternam entre quem espera primeiro e quem acompanha na hora da saída.

Por conta do “convívio” com ele, a garota foi mudando aos poucos. Até o ponto dos “amiguinhos” notarem.

Muitos passam a notar isso e começam a comentar e perturbar um pouco os dois, tentando “entender” e obter respostas da situação.

Ela não falava mais em coisas fúteis como shopping, noitadas, torrar as economias dos pais, ou menosprezar os outros. Por tais novas atitudes, passou a ser “rejeitada” e até tachada como amiga dos NERDS.

Isso a incomodava um pouco, essa pressão em cima dela. Em pensar que já fora tão esnobe quanto eles.

O rapaz pouco dava atenção e respondia educadamente que eles simplesmente seguiam em direção às suas respectivas casas. Ele falou assim, pois não queria prejudicar a garota...

Aos poucos, os estudantes foram se conformando e assumindo que era besteira e que não se precisava dar tanto valor a algo tão inútil.

Após esses fatos, a forma como foi tratada e tachada... Após esse choque de realidade, ela finalmente se tocou em quem são esses seus amigos. Percebeu a triste farça que a cercava e viu que não havia futuro por esse caminho tão tolo, egoista e imaturo...

Se não tomasse jeito logo, seria abandonada a esmo por esse mundo indiferente. Sem sentimentos de alegria e felicidade. Não verdadeiros, pelo menos.

Chegam as provas semestrais e a maioria tomou “bomba”.

O rapaz, como sempre, se saiu bem...

— Oh, meus parabéns, minha jovem. – Disse a professora à garota, observando a nota. – Pelo visto tem se aplicado corretamente. Talvez tenha mais futuro do que esses jovens inconsequentes que rondam a sala. Busque firmemente o que importa e se distancie do que lhe afunda.

Após o comentário profundo, a professora vai a outra mesa, entregar a prova e a nota a outro estudante desleixado...

A garota se vira na direção do jovem e lhe dá o primeiro sorriso de agradecimento até agora, pois sem sua ajuda ela ainda estaria no grupo dos “inconsequentes”.

Ele retribui o sorriso, um pouco acanhado, balançando a cabeça em concordância...

Com a conclusão do período letivo, mentalizou uma nova postura para si. Ser mais verdadeira e franca. Só buscar o que importa realmente e ser amiga de quem lhe faz bem.

Como primeiro ato dessas novas atitudes, ao tocar o término da aula, ela foi de encontro apressadamente até a carteira do amigo e lhe agradeceu “abertamente” (aos olhos de toda a sala) por sua ajuda. Ela não se aproximava dele... Não em frente ao seu grupinho.

Quando buscou por ajuda com as notas, sempre buscava um lugar reservado, discreto. Muitas vezes, na biblioteca. Com a desculpa da facilidade em buscar o material do conteúdo nos livros dispostos pela mesma. É claro que o rapaz percebia, mas não dizia nada e entendia o ponto de vista da garota. Afinal: quem gostaria de ser vista com um cara comum, quando se é tão popular?

O jovem não se irritava ou se intimidava, mas a tratava bem e ajudava com esmero...

Esperando-o, em pé ao seu lado, até ele ajeitar suas coisas (material escolar) em sua mochila, até que ele lhe desse atenção, ela agradeceu.

— Olá.

— Oi. – Falou a garota. – Vamos juntos até a saída?

— Claro, vamos.

Foram caminhando... Lado a lado. Os mais próximos até agora. O que causou espanto e admiração a muitos e reascendendo tal curiosidade sobre essa “volta para casa” deles.

...

— Pelo visto, suas notas foram bem satisfatórias. Correto?

— Mais é claro! Não viu minha animação lá? Acho que será a primeira vez que me exibirei por conta de minhas notas. Minha família que o diga...

— Há-há-há... Isso é bom. Muito bom.

— E você? Nem deveria perguntar, mas... Também foram boas notas?

— Sim, foram... Satisfatórias.

— Entendo. Não devia esperar menos...

Então um silêncio, um pouco constrangedor para ela, se inicia...

Com uma grande vontade, um ímpeto que já havia lhe afligido antes, de lhe perguntar uma única coisa, ela retoma o diálogo.

— E-então... Sabe – Coloca as mãos atrás da costa, em sinal de grande constrangimento.

— Sim? – Olha para a garota.

— P-por que você me espera do lado de fora da sala todos os dias? – Disse ela com mais vergonha ainda. – Sabe... Nós nunca fomos sequer amigos... Eu nunca lhe dei atenção, nem nada... Desculpe por isso. Eu era uma idiota.

— Tudo bem. Quanto a sua pergunta... Eu não sei lhe responder corretamente. Só me vem uma boa lembrança quando penso nisso.

— E qual seria essa “boa lembrança”? – Disse ela interessada e com um sorrisinho interessante.

— S-sabe. – Disse ele, agora envergonhado também. – Teve uma vez em que eu estava concentrado, lendo um livro e um barulho me incomodava na sala. Quando elevei minha vista até o centro do tumulto, estavam alguns alunos tendo uma conversa animada, eu diria, pela forma como estavam se divertindo. Bem, acabou chamando-me a atenção, principalmente uma garota que sorria no meio desse grupo. A partir dessa cena, decidi que seria muito agradável conhecê-la melhor, ouvir algumas de suas história divertidas, principalmente no caminho de volta para casa... Seria muito bom... – Disse ele sorrindo, com um ar nostálgico. – Acho que é isso. Não foi bem um grande motivo, mas me inspirou a tomar essa decisão.

— Isso é... – Disse ela com lágrimas ameaçando vazar de seus olhos. – Obrigada.

— Ahh... Me desculpe pelo que falei, foi sem pensar. N-não chore.

— Não. – Disse a garota secando os olhos. – Tudo bem, não se preocupe. É que nunca ninguém me disse algo tão bonito. Espero ansiosa para voltarmos a andar para casa no final das aulas, quando elas retornarem...

— Ah... – O semblante “preocupado” dele foi substituído por um triste. – Quanto a isso...

— Uh? – Ela notou a mudança na fisionomia dele.

— Eu não sei se poderei cumprir com essa promessa.

— Oi? C-como assim?

— S-sabe... É que eu tenho certas “coisas” para fazer nessas férias e não sei quando irei e se irei terminá-las...

— Ah... – Disse decepcionada. – Entendo. Você tem suas obrigações... Não poderá mais ficar “vadiando” por aí, não é? – Disse ela com falso sorriso ao encará-lo.

— Claro que não é isso... Eu gostaria muito mesmo de continuar andando ao seu lado. – Disse ele tímido por não ter segurado a língua. – É só que se eu não fizer logo esse tratamento... Será irreparável...

— Ah? Que... que tratamento? – Disse ela preocupada.

— Bom. S-sabe... Desde muito antes da época em que lhe vi conversando com os outros estudantes, eu passo por... Esse problema. – Disse ele triste novamente. – Bem... O nome é complicado. O que eu sei é que é algo terminal...

O chão dela “caiu”...

A garota olhou o rapaz tão assombrada, que nem forças mais para andar tinha.

Ele parou junto a ela, esperando que o choque inicial lhe saísse dos olhos.

— E-então...

— Sim. Os médicos disseram que eu teria, no máximo, mais um ano... Bem. Isso já tem quase ano e meio, então... – Disse ele com um sorriso sem brilho.

— Mas... Como? Por quê? V-você... Tem alguma saída? – Disse ela com os olhos úmidos novamente.

— Bem. Essa minha caminhada no último semestre, enquanto te acompanhava até em casa, já é parte do tratamento experimental...

— Sendo assim tem uma saída?

— Sim e não. Vai depender se meu corpo está preparado e com resistência para o tratamento. Eu precisava ficar em forma e não havia mais motivação em minha mente para seguir em frente. Sendo assim, devo lhe agradecer. Foi graças ao seu lindo sorriso, que eu pude me motivar a continuar vivendo, a seguir em frente e andar quilômetros e mais quilômetros... Preparar meu corpo e resistir... Superar para viver... Obrigado por me re-ensinar o que é a alegria de estar vivo.

Silêncio... Dor e aperto no peito.

Com o processamento de tantas informações, agiu como seu âmago lhe impulsionou...

Correndo em sua direção, largando todo seu material escolar, que carregava, de qualquer jeito e lhe abraçando apertado. Ele largou a mochila, que carregava pendurada em um só ombro, e devolveu o abraço.

Quando ela lhe soltou um pouco, o encarando... Segurou seu rosto e lhe depositou um beijo desesperado nos lábios.

Com o choque do espanto, ele havia ficado estático, mas recobrou a razão, a apertou mais perto de si e intensificou o “carinho”.

Ficaram assim algum tempo, até se sentarem no meio-fio da calçada, de mãos dadas e suas coisas recolhidas, ao lado deles.

— Obri-obrigada por compartilhar isso comigo... Esses momentos tão preciosos. Agora sou eu que me sinto viva. – Disse chorando um pouco.

— Quem deveria agradecer sou eu... Você que me motivou a viver mais de seis meses, além do “combinado”. – Disse ele sorrindo sincero.

— B-bobo... Agora. Quero que me prometa!

— S-sim...?

— Não é para me abandonar! Não ouse me fazer passar por algo assim sem se desculpar.

— Pois me desc-

— Nada disso! – Disse secando as lágrimas e o encarando mais nitidamente. – Só vou aceitar tais desculpas, quando for me visitar em casa, depois de um delicioso jantar que vou te preparar, e que você me diga que já está curado...

— Há-há-há... Tá bom... Vou tentar.

— Mais... Mais uma coisa.

— Sim?

— Quero saber onde mora. Quero acompanhá-lo nesse “processo”.

— Mas é muito “traumatizante”.

— Acha que eu me importo? Seria mais angustiante ficar sem saber de nada! E quanto as aulas? Sei que suas notas lhe garantem passar, mesmo sem o resto das provas... Mesmo assim-

— Eles já sabem. Desde o início do ano, eles foram informados do meu atípico caso e estão preparados. Também haviam sido instruídos a serem o mais discreto sobre... Por isso, ninguém notou nada.

— S-seu... Por que guardou algo tão doloroso só para si? Eu poderia, eu queria... Arf! Não... Eu era muito ingênua e hipócrita antes para me incomodar. Mas agora estou do seu lado e não permitirei que me afaste. Tudo bem? – apertou mais a mão.

— Certo. Contrato feito... Onde assino os termos?

— Bobo... – Voltou a rir depois de algum tempo.

— Está ficando tarde, não vai se atrasar em chegar em casa?

— Não ligo... Se pra você estiver tudo bem, eu queria conversar mais um pouco... Só até essa minha tremedeira nas pernas passar...

— Há-há-há... Tudo bem. Por onde eu começo minhas incríveis histórias do “desbravador”...

— “Mentiroso”...

— Sim... Desbravador mentiroso... Já sei. Teve uma vez em que eu, passando pela rua, encontrei algo brilhante. Eu pensando que fosse alguma moeda, mas era algo mais interessante e bonito... Olha. – Ele mostrou um pingente em uma corrente envolta do seu pescoço. – Está escrito: Siga em frente...

— N-nossa! Isso é sério, mesmo?

— Não!

— Ahhh... Seu chato.

— Há-há-há... Desculpe.

...

Três meses depois...

 

— Muáaahh...

— Bom dia!

— Bom...

— Como foi?

— Fui bem... Deu tudo certo. A propósito. A “mocinha” não deveria estar na aula?

— Eu não... Seria chato, logo hoje, eu estar lá.

— Por quê? Hoje tem algo importante?

— Não sei... O que seria?

— Há-há-há... Tudo bem, me rendo. Esse é um dia muito especial.

— Sim! Sua alta daquí... A propósito. E sua mãe? Ela não está aquí? Logo hoje?

— Bem... Ela precisou fazer uma viagem e meu pai só chega a noite... Então, estou sozinho. Ops. Quase esqueci. Eu tenho a minha incrível e compreensível namorada. – Ela o olhou emburrada e com sorriso “sínico” querendo esganá-lo por esquecê-la.

— Tudo bem... Eu te ajudo a ir para casa.

— Sim. E depois eu vou querer daqueles deliciosos bolinhos salgados que sua gentil mãe já fez...

— E os que eu fiz, não estavam bons? Hum...?

— B-bem... Os bolinhos dela têm experiência e sabor culinário, mas os seus são saborosos por outro motivo...

— Nada de frase clichê... – Fez beicinho.

— Há-há-há... Obrigado por estar aqui, comigo hoje. Obrigado.

Com um carinhoso abraço, eles esperam a hora de poder sair do quarto do hospital e recomeçarem a viver suas vidas...

Juntos.

 

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Meu primeiro original!!!
E fruto de um sonho.
Impressionante como muitas estórias minhas “brotam” quando estou desligado...
Abraços e até um próximo surto criativo.
Meu foco nessa estória foi em “aproveitar as simplicidades da vida”. Espero que não tenha ficado muito bizarro.



One-shot, que pode ganhar “especiais”, dependendo do agrado geral...
Particularmente... Gostei. Acho que foi bem completa.



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