Love lives by side - Em revisão escrita por Iset


Capítulo 14
Brinquedo quebrado


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, resolvi fazer a alegria de quem pediu um POV do Noah e ai está. Espero que gostem nos vemos nos créditos finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730305/chapter/14

Brinquedo quebrado 

 

Eu não sei por quanto tempo  caminhei, minha cabeça estava a mil, cheia de pensamentos desconexos e imagens distorcidas. De certa forma, não foi surpresa ouvir aquilo do meu pai, acho que sempre suspeitei que não era um Johnson, nunca me senti em casa com eles, nunca foi um lar de verdade.

Talvez a culpa seja minha, afinal se minha própria mãe me vendeu como um brinquedo, como queria que estranhos me vissem como algo diferente. Para os Johnson eu era um brinquedo quebrado, assim como era pros meus amigos e acho que até mesmo para a Carolina. Não sou bobo o suficiente pra acreditar que ela sinta algo mais que pena por mim. Afinal o que uma garota apaixonada por um cara que lê Tchaikovsky e Shakespeare vai querer com um idiota que o último livro que leu foi diario de um banana há uns anos atrás.

Passo por uma loja de conveniência e decido aliviar um pouco toda aquela loucura, que estava me deixando tonto. Eu sabia que não devia , mas alguns goles de vodka não iriam fazer mal. Compro uma vodka barata e quando percebo já tomei metade da garrafa, me sinto tonto e volto a andar pela cidade, pego o metrô e em poucos minutos estou no Bronx.

A essa altura eu já havia esquecido o que prometi a Carolina, ou simplesmente não importava mais, jâ estava alto. Não foi difícil encontrar um traficante no Bronx que me ofereceu uma variedade que eu mesmo desconhecia. Pego muito mais do que poderia usar, e ali mesmo arranjo companhia, um casal de namorados que falam alto e riem como loucos. Uma hora depois estamos num lugar que chamam de Covil, não era estranho a mim apenas maior do que qualquer um que já estive antes. No segundo andar do prédio havia uma espécie de festa, música alta, garotas dançando semi nuas enquanto outros cheiram cocaína sobre mesinhas ou cadernos. Eu nunca havia experimentado, não era muito comum no Canadá e mesmo que não pareça, eu tinha uma certa resistência a qualquer coisa que não fosse maconha.

— Senta ai branquelo, você nunca mais vai querer sair daqui depois dessa noite. - Te garanto diz um cara que acho que se chamava Brandon.

Ele prepara uma carreira sobre a mesinha e a aspira rapidamente com um canudo pelo nariz. Em seguida me entrega o canudo, resisto durante algum tempo, mas logo estão me chamando de “playboyzinho” e eu faço o mesmo que ele e quase me afogo. Todos começam a rir e me chamar de novato, pois desperdicei boa parte do pó. Mesmo assim eu entendi porque chamam a cocaína de “brilho” cerca de dez minutos depois eu estava eufórico, com a sensação de ser o cara mais poderoso do mundo, danço e bebo muito, mesmo assim não me sinto embriagado.

A música parece tocar em sintonia com meu corpo.

Come as you are, as you were, As I want you to be As a friend, as a friend, as an old enemy Take your time, hurry up The choice is yours, don't be late Take a rest, as a friend, as an old memory. Memory, memory, memory.

Uma garota me mostra como usar na seringa, o efeito é ainda mais rápido e intenso, era como estar numa montanha russa, saltar de big jumping, era extraordinário, não havia nada que eu não pudesse fazer na cerca de quarenta e cinco minutos, durava o efeito. Quando acabava, lá estava eu enfiando mais uma agulha no braço, seria só aquela noite, prometi a mim mesmo, no dia seguinte ia ligar para Carolina, nos encontrariamos no aeroporto, eu voltaria pra Flórida e com sorte meu “tio” não me expulsaria de casa. Arranjaria um emprego, uma pensão barata e viveria minha vida longe dos Johnson.

— Que tá fazendo ai parado vem dançar comigo gatinho. - Diz uma morena de cabelos curtos.

Come doused in mud, soaked in bleach As I want you to be As a trend, as a friend, as an old memory. Memory, memory, memory

O resto da noite são apenas borrões , acho que me meti numa briga com o namorado daquela garota, não sei… Hoje estou bem dolorido, com muitos machucados pelo corpo, devia ser por volta de dez ou onze da manhã, eu mal acordei e diferente da maconha,  da heroína ou de algumas pílulas que usei em festas antes, a cocaína já me chamava assim que abri os olhos e ver aquelas pessoas usando já cedo, não ajudava muito.

— Oi gatinho. Você desmaiou fiquei preocupada.

— Desculpa, mas eu conheço você? - Pergunto.

— Amanda não lembra? Te ajudei depois que o Brandon e o Simon expulsaram aquele idiota daqui.

— Ah eu acho que lembro. Eu preciso ir sabe que horas sao?

— Quase onze.

— Sabe onde posso tomar um banho?

— Se quiser pode ir até meu apartamento eu divido com umas amigas, a gente pode curtir mais um pouco lá, de dia esse lugar fica chato.

— Não, eu vou pra casa.

— Tem certeza? Eu ainda tenho muita diversão aqui… - Ela diz levantando um saquinho com o pó.

— Não, eu tenho que pegar um avião e a minha namorada não pode me ver assim. Ela me mata.

— Você tem uma namorada?

— É mais ou menos. Minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor.

— Você bebeu um bocado e vomitou naquele canto ali, em cima da minha jaqueta por sinal.

— Ah. Desculpa.

— Tudo bem gatinho. Mas que tal um último tapa enh? Vai ajudar com sua ressaca. - Ela diz balançando o saquinho. Eu tento resistir, mas seria só mais uma vez.

— Tá bom só mais uma. - Digo, afinal eu não era um viciado certo, era só diversão e com certeza ia ajudar a não estar com a cara de quem foi atropelado por um caminhão, quando fosse me encontrar com a Carol. O problema com a cocaína é que você só consegue parar de usar quando está dopado demais pra fazer ela descer pelo seu nariz ou no meu caso pelas minhas veias. A sensação que ela traz é incrível demais pra você abrir mão, acho que entendi porque overdose de cocaína é a mais popular em todo o mundo. Você simplesmente não consegue parar de querer sentir aquilo, o nirvana total e absoluto. Que só é cortado pela voz estridente de Carol horas mais tarde, eu demoro para reconhece-la, e não tenho ideia de como ela me achou. Ela deveria estar voando de volta pra Flórida. Eu nem tento me explicar, não há nem como, o efeito da última dose estava passando e eu só tinha mais uma e a única coisa que consigo pensar em como vou conseguir a próxima sem ter um centavo no bolso e em mandar ela embora dali. Aquilo não era lugar pra ela, ela não merecia aquilo, muito menos um imbecil como eu. Um brinquedo quebrado.

Discuto com ela, grito e mando ela embora, é o melhor que faço por ela. Carolina é boa demais pra mim. Ela tenta me convencer a ir, mas desiste assim que percebe que estou mais interessado na seringa na mão dela no que em suas palavras. Ela a joga no chão e eu vejo ela sair correndo brava. Pego a dose e ouço um barulho nas escadas de ferro fundido, Carol desde rolando até o térreo onde bate a cabeça com força contra o poste do corrimão, eu desço correndo enquanto vejo uma poça de sangue se formar em torno da sua cabeça.

— Carolina! Socorro! - Eu grito desesperado enquanto levanto tento levantar ela do chão, mas mal posso com minhas próprias pernas. Os rostos magros e mal encarados nos olham apreensivos, enquanto eu clamo por ajuda. Ela está sangrando muito e eu não sei o que fazer, quando um cara se aproxima e me ajuda a levar ela para fora. Ele pega o celular e chama uma ambulância, mas minha mãe aparece eu não sei de onde e começa a gritar como louca. Ela diz pro cara que levará Carol para o hospital, a colocamos no banco de trás, a minha mãe manda eu comprimir o ferimento na nuca dela com as mãos enquanto continua gritando e me xingando. Eu não consigo entender nada do que ela fala, mas minha calça e minhas mãos estão cheias do sangue dela, eu começo a chorar em desespero. Carolina estava morrendo e a culpa era toda minha.

Minutos depois estávamos a frente do hospital, dois paramédicos a atendem ainda no carro a imobilizam e a levam para dentro, somos barrados na porta da emergência.

Eu me sinto destruído, encosto a cabeça contra a parede e começo a chorar, minha mãe me sacode e manda eu me acalmar.

— Olha aqui,  o que aconteceu? O que aconteceu com ela lá dentro?

— Ela caiu, caiu da escada, a culpa é minha mae, eu matei a Carol.

— Não, não… Olha pra mim, foi um acidente ela caiu, vocês estavam numa festa e ela caiu. É isso que você vai dizer quando te perguntarem entendeu? Olha pra mim Noah? É isso que você vai dizer entendeu?

— Eu não empurrei ela, ela caiu.

— Acha que alguém vai acreditar nisso quando souberem que ela foi te buscar naquele lugar Noah? Você vai pra cadeia! E se ela morrer você vai passar boa parte da sua vida lá, me escuta e faz o que eu mando uma vez entendeu? Eu vou ligar pro seu pai. Ele vai resolver isso.

Cerca de uma hora depois eu estou sentado, uma enfermeira diz que Carolina está estável, mas que tera de fazer uma cirurgia pois se não fizesse poderia ter sequelas graves. Minha mãe autoriza e alguns minutos depois meu pai chega na  na companhia de dois homens vestidos de branco.  

— Parabéns Noah você conseguiu mais uma vez, o que quer? Destruir o nome da nossa família?

— Não se preocupe sr Johnson. Assim que a Carol tiver bem você nunca mais vai saber de mim. - Digo já irritado.

— Infelizmente as coisas não são fáceis assim Noah, eu sou responsável por você e pelas merdas que você faz. Levem ele.

— Que? Eu não vou em lugar nenhum, eu quero ver a Carol!

— Levem ele. Agora. - Ele diz, quando os dois avançam na minha direção, eu os empurro e tento escapar, mas sou derrubado alguns passos a frente, mesmo com minha tentativa estava fraco demais para resistir um deles me prensa contra o chão e sinto uma picada e logo em seguida meus músculos relaxam tanto que não tenho nenhum controle sobre eles. Minha mãe falando que vou ficar bem é a última coisa que escuto.

Quando desperto estou num quarto usando um pijama de listras, a porta está trancada e eu começo a bater e gritar até que um homem vestido como um enfermeiro aparece.

— Vai com calma rapaz, se derrubar a porta seus pais vão ter que pagar.

— Que lugar é esse?

— Bem vindo a clínica de reabilitação  Saint Jones, meu nome é kevin sou o enfermeiro dessa ala. Eu vou te apresentar o lugar. Sugiro que se acalme, nosso psiquiatra não gosta de esquentadinhos e se ficar gritando e batendo nas coisas ele vai te deixar tão aéreo que não vai lembrar nem do seu nome e ai vai passar um bom tempo por aqui então comporte-se okay?

— Não podem me prender aqui, eu tenho quase dezenove anos.

— Internação compulsória já ouviu falar?   

— Eu não sou um viciado.

— Quatro vezes apreendido com drogas no Canadá, cumpriu quatro meses num reformatório por distribuir substâncias ilícitas na escola. Internado num hospital da Flórida quase morto cheio de porcaria no sangue… Ah meu amigo é mais que suficiente para uma internação, sinto muito. Agora pegue isso, se vista e tente não pirar no próximo mês, que quem sabe você sai daqui rápido.

— Mês? Eu quero falar com meus pais agora!

— Isso não será possível.

— Até presos têm direito a uma ligação porra!

— E você terá depois que conhecer o psiquiatra, sugiro que não fale palavrões na frente dele. Ao contrário de mim ele gosta de ver esse lugar bem cheio. Então não dê motivos pra ele te deixar aqui certo. Troque de roupa, daqui a pouco venho busca-lo.

Troco de roupa e uns minutos mais tarde kevin está de volta. Ele me leva até um jardim e manda que eu aguarde. Tudo que eu queria era saber da Carol, mas não havia muito que eu pudesse fazer. Olho ao meu redor e os muros eram altos e acima deles ainda havia uma cerca elétrica, pelo jardim um monte de gente mais doida do que eu noite passada.

"Ótimo brinquedo quebrado, você fodeu com a sua vida e talvez com a da única pessoa que você realmente gosta na vida. " - Penso. 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gostaram? Bom já vou avisando que teremos mais dois caps um do Alec e outro do Noah, enquanto a carol banca a bela adormecida okay? Aproveitem pra conhecer um pouco mais dos boys magia, antes que ela acorde....bjus! Deixem review, favoritem e quem sabe reservem um tempinho pra uma recomendaçao?? Hahah beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love lives by side - Em revisão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.