Quando acordei já estava na base, deitado em uma manta no chão, mera um pouco difícil tentar abrir os olhos, mas já conseguia ouvir com clareza o que as pessoas ao meu redor comentavam.

 -E Como vamos explicar a todos a morte da senhorita Kim? Não poderiam ao menos ter tentado salva-la? – Era uma voz familiar, mas não conseguia identificar quem era.

 -Eu estava desacordado, quando acordei já era tarde, não pude fazer nada. – Certamente era Chanyeol tentando se defender num certo tom de culpa.

 -Acalmem-se, temos que continuar sem ela, vai ser uma notícia difícil para todos, principalmente para as amigas do grupo que ela liderava, mas temos que ter a consciência de que temos feridos que precisam de socorro. – Essa certamente era a voz de meu líder, Suho.

 -É verdade, me desculpe Chanyeol, sei que você não tem culpa. – Era a mesma voz que reclamara anteriormente.

 -Ei vejam, ele está acordando! – Quando uma voz aparentemente mais ao fundo da sala disse isso, consegui abrir meus olhos.

 Suho foi o primeiro a vir até mim, como sempre foi um líder preocupado, começou a me olhar da cabeça aos pés, para ter certeza de que eu estava bem.

 -Consegue mexer seu braço esquerdo? – Ele perguntou.

 -Não se... – Comecei a sentir muita dor em todo meu braço, o ferimento era bem mais grave do que eu imaginava, não havia percebido até então o quão grave era a situação – Isso realmente dói haha. – Eu tentava segurar o choro.

 -Bom, acho melhor partirmos agora, muitos estão feridos, pode ser perigoso permanecer por muito tempo, vamos enfaixar o braço do Baekhyun e partir, não quero controvérsias, preparem-se, rápido! – O líder da EXO parecia nervoso em sua fala.

 Suho parecia muito mais “determinado” que o normal, parecia que quanto mais pessoas próximas morriam, mais pressionado ele se sentia.

 Não demorou muito até Amber vir até mim para improvisar um curativo em meu braço esquerdo.

 -Fica tranquilo, isso vai melhorar quando voltarmos, te garanto, pode levar um tempo, mas vai ficar novo em folha! – Apesar de tudo, Amber parecia animada.

—Você era próxima da Tae também não é? – Fiz uma pergunta um tanto quanto inconveniente.

 Por um tempo, ficamos em silêncio até ela terminar de enfaixar meu braço.

 -Olha, eu conhecia ela a bastante tempo, eu sei o quão determinada aquela menina é, e também sei o quanto ela te amava. - ela parou um pouco e me encarou - Sei que mesmo que isso que ela fez custou a vida dela, por você ela faria mais e mais vezes, exatamente igual, sei que ela não se arrepende do que fez, então, não seja um babaca que vai fazer com que o ato dela seja em vão, ok? Não quero que minha garota tenha ido por um cara idiota, faça por merecer, entendeu?

 Fiquei surpreso com as palavras dela, realmente não esperava que ela fosse dizer tudo aquilo, foi realmente impactante e um tanto quanto importante para mim, porém senti uma certa pressão em relação ao “não seja um babaca que vai fazer com que o ato dela seja em vão, ok?”, não sabia ao certo como iria evitar fazer isso, mas levei em consideração.

 -Vamos, não temos mais tempo, é hora de partir, peguem suas coisas! – Suho apressava a todos.

 -Bom amiguinho, espero que tenha entendido o que eu disse. – Amber abriu um grande sorriso.

 -Obrigado, muito obrigado mesmo! Farei por merecer, mesmo sem saber ao certo como.

 -Apenas continue sendo aquele cara q ela se apaixonou, tenho certeza que isso já basta, não mude por causa dela, pois ela já te amava do jeito que você é.

 Cada vez mais Amber me surpreendia, como era possível ser tão sabia? Eu estava boquiaberto.

 -Entendi! Vou fazer isso, por ela! – Eu estava determinado em cumprir isso, não seria difícil, afinal, sempre sou eu mesmo.

 -Deixa que eu ajudo ele daqui pra frente, obrigado Amber. – Certamente era Chanyeol.

 Amber concordou com a cabeça e foi pegar suas coisas para partirmos.

 -Você vai comigo, eu tenho que cuidar de você, agora que está todo machucado. – O meu alto companheiro dizia.

 -Deixa disso, haha, quando chegarmos, quero falar com você sobre algo que me fez questionar o propósito, mesmo que por pouco tempo. – Fui direto.

 Ele engoliu em seco e respondeu com um “Ok!” e um sorriso meio preocupado.

 Logo após isso ele me levantou para e me deu apoio para chegar até seu cavalo. Já do lado de fora, todos já estavam prontos, era hora de partir.

 -Vamos lá, todos protejam os feridos a todo custo, iremos direto sem paradas. VAMOS LOGO! – Suho estava liderando como nunca.

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 O caminho até a muralha em que morávamos foi tranquilo, mas nossa chegada foi tensa, haviam muitas pessoas nos esperando, todas elas olhavam confusas, estava tudo tranquilo até ouvir um grito desconhecido dizendo “Onde está a senhorita Kim?”, e foi ai que a tensão subiu para todos, nesse momento Tiffany não conseguiu se conter e começou a chorar pela perca da amiga, todos ficaram em silêncio, desde as crianças que brincavam até pessoas de outras tropas que nos esperavam.

 Comecei a me sentir culpado, uma mágoa começou a dominar meu peito, se eu não tivesse permitido, ela poderia estar com todos nós, nem o corpo fomos capazes de encontrar, a região do incidente estava coberta de sangue quando passamos, para mim isso já era um sinal claro que ela realmente foi explodida.

 -Posso saber o que aconteceu? – Senhor Lee Soo Man chegou rápido enquanto empurrava as pessoas ao nosso redor.

 -Senhor, foi uma decisão dela, não pudemos impedi-la. – Suho tentava se explicar.

 -Foi minha culpa. – Interrompi meu líder e fiz com que toda a atenção ficasse voltada à mim- Eu concordei e não impedi, ela morreu tentando matar aquele maldito... – lágrimas começaram a escorrer em meu rosto – Se alguém tem culpa, sou eu, que não impedi isso, façam o que quiser comigo, eu sinto muito.

 Todos aparentavam chocados, me olhavam com caras de horror e espanto, como se eu tivesse cometido um crime, mas ao olhar para Amber ela balançou a cabeça em sinal de negação, finalmente eu havia entendido, Tae não iria gostar que eu fosse fraco e me mostrasse submisso. Eu estava sendo um babaca ao me culpar, mesmo sabendo que Tae não se arrependera de seu ato.

 -Perdoe-me senhor, mas temos feridos, podemos falar sobre isso depois, mas agora devemos tratar os necessitados. – Suho disse com uma postura muito robusta, ele parecia ter o controle da situação.

 -Entendido, abram caminho para eles, depois falamos sobre isso. – Senhor Soo Man entendeu exatamente as palavras de Suho.

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 Quando todos nós chegamos ao hospital, senti que as percas estavam difíceis para todos, Amber não perdeu só Tae, ela e Victoria haviam perdido Krystal também. Olhando diretamente, todos perdemos companheiros, mesmo que não muito próximos, isso desconfortável, até quando isso se estenderia? Será que conseguirei viver até o final? Será que Sehun vai se render por não ter mais Lu, mesmo que ele pareça ter superado? Muitas perguntas sem resposta.

 -Os feridos podem entrar. – Disse o médico logo após de abrir a porta de sua sala.

 Com ajuda, Sehun, Lay e eu entramos na pequena sala do médico. Sehun parecia finalmente sentir a dor de seu pé extremamente machucado. Lay parecia mais tranquilo mesmo com grandes ferimentos em sua perna, já eu, estava desconfortável e com movimentos extremamente limitados.

 -Vamos resolver isso logo. – Foram as palavras do médico.

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 -Você se sente melhor? – Xiumin perguntou enquanto sentava do meu lado e me entregava uma caneca com chocolate quente.

 -Sim, obrigado por perguntar.

 A noite estava fria, Xiumin havia se candidatado a passar a noite comigo, mas logo mais Chanyeol chegaria com Comida para nós três.

 -Fazia tempo que só nós dois não passávamos um tempo juntos, para descontrair, depois que as missões começaram eu me pergunto se fizemos a escolha certa ao nos juntarmos à equipe. – Xiumin falava com um tom de arrependimento.

 -Também me pergunto isso as vezes, mesmo que eu queira a vingança, ainda sinto que estou fazendo algo errado.

 -Tenho medo de perder mais alguém, de perder você, de perder o Chen... – Meu amigo parecia chateado.

 Nesse momento, Chanyeol entrou com duas sacolas na mão no quarto de hospital que eu e Xiumin estávamos.

 -Trouxe a comida! Vamos animar vai, eu sei que é difícil, mas façam um esforço.

 Todos nos sentamos em uma mesa no canto na sala e pegamos nossas respectivas “marmitas” e começamos a comer.

 -E então. – Xiumin falava de boca cheia – Vocês estão realmente namorando ou não?

 Essa pergunta fez com que Chany engasgasse e corasse, eu havia me esquecido de avisar a ele que Xiumin sabia de tudo, mas como se fosse difícil alguém notar nossa relação. Felizmente pude responder com tranquilidade.

 -Eu não sei, ele nunca me fez um pedido decente, então acho que não.

 -Ei, como assim você considera isso como um nada, não era o que você deixava a entender quando estávamos só nós dois entre quatro paredes, hehe. – Chanyeol parecia inconformado com minha resposta direta.

 -Não seja por isso, tenho a solução. – Xiumin falava empolgado enquanto eu e Chanyeol nos entreolhávamos confusos.

 O meu amigo pegou sua mochila e começou a revira-la, depois de um curto período de tempo ele disse “Achei um!”, um o que? Eu e Chan não estávamos entendendo.

 Quando ele finalmente retornara a mesa, ele estava com as mãos fechadas.

 -Já que vocês ainda não se assumiram, vou casar vocês dois agora! – Finalmente ele abriu suas mãos, nelas haviam um anel de madeira em cada. – Chany, faça as honras! – Ele pegou um dos anéis da mão do Xiumin enquanto ria. – Park Chanyeol, você aceita Byun Baek-Hyun como seu legitimo esposo? – O mais alto soltou um simples “sim”.

 Peguei o anel que havia sobrado e Xiumin repetiu as mesmas coisas que ele disse para Chan, e igualmente concordei.

 -Então os declaro marido e marido, podem se beijar! – Meu amigo mais velho disse rindo.

 Foi um momento bem reservado e descontraído, perfeito, agora só me faltava beijar meu noivo, certo!? Foi um beijo simples e significativo, para evitar o desconforto de nosso amigo.

 -E agora vamos ao jantar, haha. – Foram as minhas últimas palavras antes de voltar a comer.