Meu Eu Depois Dela escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 17
O Outro Lado


Notas iniciais do capítulo

Oooooiii! Chegando aqui mais cedo que o esperado porque sim, rsrs. xD
Feliz Ano Novo, leitores lindos! Espero que tenham passado a virada de forma tranquila e feliz! Que esse novo ano seja recheado de alegria, muita paz, amor e, claro, muitas histórias novas pra gente! ♥
Pessoas lindas, muito obrigada pelo apoio nesse retorno surpresa! ♥ Fui muito bem recebida e estou voltando a me sentir em casa de novo! ♥ Muito obrigada pelas críticas e elogios também! Foram muito importantes!

Mas vamos ao que interessa!
Esse capítulo é um pouco diferente dos outros: ele é completamente pelo ponto de vista da Hinata. Vamos ver o motivo das reações dela no capítulo passado.
Só avisando que os trechos em itálico são lembranças/pensamentos e trechos de música.
Espero que gostem!
Boa leitura! ♥



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Uma semana se passou desde que Hinata e Naruto terminaram o noivado. Ou melhor, quando ela terminou o noivado. O rapaz não teve forças para discutir após o discurso e das palavras inflamadas: “confie em mim, ao menos uma vez”. Ele apenas concordou, a consciência e o coração pesados demais para irem contra ela outra vez. Assinaram a quebra de vários contratos para o casamento – todos em sigilo, para que ninguém mais soubesse ou desconfiasse – e a moça arcou com todas as dívidas, garantindo mais de uma vez que poderia pagar tudo.

“Era o mínimo que eu podia fazer” ela pensava, principalmente por fazer Naruto sofrer tanto. A jovem vira o ex-noivo chorar quase todos os dias, sem que ele soubesse que era vigiado. Ela o via mais calado e comendo menos, sem ânimo até para comer os lámens que tanto adorava. Hinata desconfiava que sua constante presença, ainda no apartamento, piorava o estado do Uzumaki.

Mas não tinha outra escolha. Se saísse do apartamento, os Hyuuga descobririam em algum momento e desconfiariam do término do relacionamento, com a possibilidade de exigirem o retorno da possível futura líder de volta ao clã. Foi um consenso, então, entre ela e Naruto, que continuaria morando ali até o dia da sua partida. Quase tiveram outra discussão, por outro lado, na hora de decidirem onde ela dormiria. Naruto insistiu que a garota ficasse com a cama, enquanto ela teimou em dizer que seria injusto, como uma simples hóspede, tirar o conforto do dono da casa.

— Você não é uma simples hóspede e sabe muito bem disso — ele rebateu, amargurado.

Hinata hesitou, mas não voltou atrás. Juntou as poucas economias que lhe restavam e trocou o sofá de Naruto por um sofá-cama, alegando que o objeto seria útil quando ela partisse e Sasuke voltasse a se hospedar lá. O loiro não teve mais como discutir, aceitando quando ela aparecia à noite no quarto para buscar um travesseiro e seu edredom, dormindo a metros de distância dele.

Não que dormisse bem, é claro. Depois de meses compartilhando a cama, a morena sentiu falta, logo na primeira noite, de Naruto se remexendo e falando ao seu lado, meio sonâmbulo. Demorou a pegar no sono e, pela manhã, descobriu que ele teve a mesma dificuldade. E continuava assim, mesmo uma semana depois.

Bateu na porta do quarto.

— O café está na mesa.

Não esperou resposta. Hinata sabia que ele não sairia enquanto ela estivesse tomando café ou até terminando-o. O Uzumaki não gostava mais que a moça fizesse os serviços domésticos, mesmo que fosse para os dois. Proibiu-a de tocar em suas roupas, de fazer comida ou faxina, mas a jovem afirmou que poderia continuar fazendo os últimos, pois seria para o bem de ambos. Naruto comia, mas sempre mostrava seu desagrado antes de tocar na comida. E para evitar vê-lo tão cheio de mágoas, saía do apartamento assim que o chamava, voltando apenas quando tinha certeza de que ele não estava ou à noite, para dormir.

Naquele dia, porém, não tinha ideia se o rapaz sairia de casa ou não – isso estava ficando assustadoramente comum –, então era melhor que só voltasse à noite. Decidiu, portanto, passar a manhã perto de uma das pessoas que mais amava no mundo.

— Bom dia, Neji-niisan. — Ela depositou no túmulo as flores que comprara na loja de Ino. — Espero que não se incomode com a visita tão cedo. Eu... não tenho mais para onde ir. — Ajoelhou sobre o túmulo e fez uma pequena prece, sentando ao terminar e admirando a fotografia do Hyuuga mais brilhante daquela geração. — Queria tanto que estivesse aqui! Tenho certeza que saberia como me aconselhar. Saberia o que fazer para me ajudar. — Lágrimas vieram sem se dar conta. — Estou tão perdida, meu irmão! Tão sem chão! Como posso me livrar desse problema sem prejudicar, ainda mais, Naruto-kun ou Hanabi? Como me livrarei daquele homem sem fugir?

Abaixou o rosto, desconsolada, lembrando mais uma vez daquela manhã que a fez mudar todos os seus planos e sonhos.

 

“Desistiu de tentar dormir naquela noite e levantou da cama de uma vez. Naruto ainda dormia profundamente, e ela o invejou por estar tão alheio ao seu problema. Respirou fundo e decidiu tomar um banho quente, disposta a ser forte e contar tudo ao seu noivo. Ele merecia saber, afinal.

O tratamento não funcionou, Hinata’ a voz de Tsunade ecoava em seus pensamentos há quase dois dias. ‘E não funcionará. Seu problema é mais grave do que eu esperava’.

Chorou mais uma vez durante o banho, inconformada. Como poderia contar a Naruto algo assim? Ele ficaria desconsolado em saber que não poderiam formar uma família no futuro. O rapaz cresceu sozinho e chegou a dizer, mais de uma vez, que gostaria de ter uma família grande um dia.

Ele ainda pode ter’ uma parte de sua consciência a lembrava, machucando-a. ‘Não com você’. Ah, mas ela queria tanto ser a esposa de Naruto! Há tanto tempo...

Saiu do banho quando ouviu barulhos do lado de fora, indicando que o loiro já acordara e procurava fazer o café. Respirou fundo mais uma vez, se enxugou e se vestiu, procurando a melhor forma de contar a péssima notícia.

— Chegou uma carta para você, Hina! — ele gritou da cozinha. — Não tem remetente!

Ela estranhou, chegando no cômodo e recebendo o pergaminho das mãos do namorado.

— O café ficará pronto em alguns minutos.

Hinata confirmou com a cabeça, indo para a sala e abrindo o pequeno rolo.


‘Cara, Hinata.
Quem lhe escreve é Hyuuga Koji. Creio que se lembra de mim.
Precisamos conversar. Agora pela manhã, em meu escritório. Recebi uns exames muito interessantes ontem e gostaria de ouvir da sua boca se são mesmo seus.
Venha o quanto antes, pelo bem de sua querida irmãzinha, ok?’

 

Os olhos perolados se arregalaram. Koji, o Hyuuga que deu a ideia de cobrar um herdeiro Uzumaki para provar a veracidade do casamento dela, descobriu sobre seus exames? Como? E ainda ameaçava Hanabi?

Suas mãos tremiam ao segurar o pergaminho.

— Na-Naruto-kun... que horas devemos estar nos portões?

Ele apareceu com o cenho franzido, desconfiado de sua gagueira repentina.

— Ao meio-dia. Por quê?

— Preciso... ver Hanabi. Estou sentindo falta dela. — Levantou-se de repente, se esforçando para não gaguejar, e calçou as sandálias. — Nos encontramos na saída da vila, ok?

— Hina, espere! — Ela não o fez, e ainda o ouviu gritar quando fechou a porta: — Você ainda não tomou café!

Correu até o clã que menos gostaria de visitar. Os guardas não se incomodaram em abrir passagem, apesar de demonstrarem uma ligeira surpresa por vê-la. Desviou da mansão principal e seguiu até o prédio administrativo, não se dando ao trabalho de bater na porta antes de entrar no escritório de Koji, o semblante sério como nunca.

— O que quer? — falou entredentes.

— Bom dia, Hinata-sama. — Ele mal se assustou com sua entrada repentina, deixando papel e caneta de lados para olhá-la. — Sente-se, por favor.

A jovem não se mexeu.

— Muito bem... — O homem se levantou, passando por ela e fechando a porta, voltando para seu lugar atrás da mesa logo depois. Remexeu em alguma gaveta e, assim que encontrou o que procurava, deixou sobre a mesa, bem visível para Hinata. — Creio que são seus.

Ela se esforçou para não arregalar os olhos. Sim, eram mesmo seus exames. Os mesmos que Tsunade lhe mostrou há poucos dias. Como Koji obteve aqueles papéis?!

— Eu tenho braços longos, Hinata-sama — disse como se adivinhasse seus pensamentos. — Não há nada que eu queira que não consiga.

— O que quer? — repetiu.

— Eu quero que assuma para mim que está infértil! — Ele bateu na mesa, perdendo a falsa calma, assustando-a.

— Quer que eu diga algo que já sabe? — Não perdeu a postura, no entanto.

— Quero que me diga que não cumprirá o acordo para aceitarmos seu casamento!

— Eu irei.

— Como?

— Darei um jeito — falou firme. — Tsunade-sama é a melhor ninja médica que conhecemos. Ela saberá o que fazer. Não desistirei do meu casamento.

Aos poucos um sorriso maquiavélico surgiu no rosto do Hyuuga. Hinata sentiu um calafrio.

— Esse é o problema, querida Hinata... você não irá se casar. Também não irá assumir a liderança desse clã. Eu não vou deixar.

A moça franziu o cenho.

— Está ficando louco?

— Oh, não... nunca estive tão lúcido! — Ele voltou a se sentar, assumindo a calma de quando ela chegara. — Eu poderia fazer um enorme discurso de como dou a vida por esse clã, e de como admiro o líder, seu pai. Poderia falar sobre minha decepção ao saber que, aquele que eu planejava colocar na liderança depois de Hiashi-sama, sacrificou sua vida para salvá-la. Poderia exaltar as qualidades de Neji e até mesmo de sua irmã mais nova... mas não vou. Irei direto ao ponto: eu tenho nojo só de imaginar que alguém fraca como você poderá assumir esse clã!

Dessa vez ela não pôde deixar de mostrar surpresa.

— A ideia de um herdeiro Uzumaki para que eu pudesse fugir da liderança desse clã foi sua.

— E eu fiquei realmente chocado que concordasse. Você nem completou dezoito anos e já pensa em filhos? Eu não esperava por essa. Mesmo que o casamento não fosse uma fachada, imaginei que iria esperar alguns anos antes de pensar em herdeiros.

— Você me subestimou.

— Por um momento, sim. — Ele voltou a sorrir, enigmático. — Mas não o farei mais. Agora tenho perfeita noção de seus pontos fracos. — O mais velho tirou do bolso um pequeno frasco. — Sabe o que é isso? — Ela negou. — Veneno.

— Pretende me matar aqui? — Ela abriu um sorriso irônico.

— Não seja tola. Eu não ganho nada matando-a. Não... minha ideia é muito melhor.

Disfarçou o quanto pôde o tremor. Olhando bem o frasco, era possível ver que não estava cheio, que já poderia ter sido usado antes.

— Todos os dias, ao fim da tarde, sua pequena irmãzinha recebe seu chá preferido no quarto. E, todos os dias, há quase uma semana, ela tem tomado com uma gota desse veneno.

— O quê?! — Os olhos brancos da garota se arregalaram.

— E será assim até que cancele seu casamento com o Uzumaki.

— E eu assuma o clã?

— Você é surda? — ele quase gritou, mas conteve o tom a tempo. — Eu não a quero como líder! Esse clã não merece uma líder fraca como você!

— Se não me quer como líder, como meu casamento o desagrada?

— Porque você matou aquele que poderia ser o melhor líder que esse clã já viu! Porque você é uma ameaça para aquela que também tem potencial de ser uma boa líder! Porque eu odeio você, sempre arruinando meus planos! — Ele respirou fundo antes de concluir. — Porque somente a possibilidade de vê-la feliz me dá ânsias, Hinata-sama.

Ela engoliu em seco.

— Então é bem simples: enquanto você não cancelar seu casamento com o Uzumaki, sua irmã continuará recebendo uma gota de veneno por dia. E será assim enquanto continuar a me desafiar... quanto tempo será que ela aguenta? — Ele riu sozinho. — Depois você arrumará suas coisas e sairá de Konoha, antes que se espalhe a notícia de que está infértil e os idiotas a coloquem na liderança mesmo assim. E, é claro, não contará nada ao seu noivinho, ou darei um jeito dele tomar umas gotas desse veneno também.

— Você está louco... — disse devagar, chocada.

— Já disse que nunca estive tão lúcido. Faça o que eu digo, Hinata-sama. E lembre-se: não há nada que eu não queira que eu não consiga.”

 

— E Hanabi confirmou que realmente toma os chás que recebe todos os dias, meu irmão... — continuou, chorosa. — Eu pedi que não tomasse, mas Natsu-san me confirmou que ela ainda o toma quase todos os dias, porque adora demais aquele maldito chá. E eu... eu fui covarde! Não tive coragem de acusar Natsu-san de envenenar o chá! Ela está conosco há tantos anos! Não posso acreditar que faria mal à Hanabi! E minha irmãzinha jamais acreditaria que sua tutora... que ela...

Não teve coragem de terminar a frase. Controlou a respiração e teve esperanças de que o chá poderia não receber mais o veneno há uma semana, quando terminou o noivado com Naruto e contou a Koji o que fizera. Ele gargalhou por um minuto inteiro antes de prometer pensar quanto ao veneno, e que era hora dela começar a pensar em sair de Konoha para sempre.

O plano estava pronto... bastava esperar seu aniversário, dali a pouco mais de dois meses.

— Me dê uma luz, Neji-niisan... alguma ideia do que fazer...

Soltou um suspiro antes de limpar o rosto e fazer uma última prece para seu primo e irmão. Arrumou suas roupas e saiu do cemitério, o estômago roncando. Ela se surpreendeu ao perceber que era quase hora do almoço. Mesmo quase não o fazendo mais, ainda se pegava planejando o que preparar para a refeição, imaginando o sorriso de satisfação de Naruto ao provar cada nova comida dela.

Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Lembranças dos bons tempos que passara ao lado de Naruto sempre teimavam em aparecer, mas ela não podia se render a elas... só a faria sofrer ainda mais.

Estancou alguns passos depois, reconhecendo facilmente a camisa laranja berrante no Ichiraku Lámen. Estava sozinho e Hinata pensou seriamente em fazer-lhe companhia, mesmo que ficassem calados durante todo o tempo. Só de estar ao lado dele, já se sentia melhor...

Suspirou mais uma vez, entendendo facilmente a mensagem de Neji.

Naruto era sua luz.

Deu meia volta, decidindo escolher outro restaurante para almoçar. Sabia que o loiro hiperativo número um poderia ajudá-la com seus problemas, mas preferia garantir sua segurança do que enchê-lo com mais preocupações.

Sentiu uma pontada no baixo ventre. Imaginou que deveria ser algo no útero, de novo, então não deu importância. Continuou a caminhar.

 


Abriu os olhos devagar, grogue.

— Hinata? — Olhou para o lado, encontrando o semblante doce de Sakura. A mais velha se levantou da poltrona e tocou sua testa delicadamente. — Boa noite, dorminhoca. Como se sente?

Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto.

— Um pouco mole — falou rouca. Sakura prontamente pegou um copo com água e a ajudou a se sentar para tomar. — Estou no hospital? — A outra confirmou. — Como vim parar aqui?

— Você desmaiou no meio da rua. Alguns ninjas a viram e a trouxeram para cá. — Ela respirou fundo antes de enfim revelar: — Tive que fazer uma pequena cirurgia em você. Não tem tomado seus remédios, não é? — A morena desviou o rosto, envergonhada. — A inflamação estava avançando novamente. — A hesitação de Sakura fez Hinata voltar a olhá-la. — Hinata, em casos como o seu, eu teria removido seu útero, para evitar que ele continue lhe fazendo mal... mas por conhecer os seus sonhos, eu fiz um tratamento paliativo. Não irá curá-la, mas a deixará sem dor por algum tempo.

Os olhos perolados marejaram.

— Obrigada...

— Mas me ajude também, ok? — Sakura acariciou seus cabelos, como uma irmã mais velha. — Tome seus remédios. Cuide-se melhor. Só assim teremos alguma chance de reverter esse problema.

Hinata tinha perdido completamente as esperanças depois das palavras de Tsunade, mas confirmou para a amiga mesmo assim, para acalmá-la. Iria tomar os remédios e parar de dar trabalho.

— Quer que eu chame Naruto?

Ela negou com a cabeça, disfarçando com um sorriso.

— Não quero incomodá-lo.

— Não é questão de incomodar, Hinata. Não é bom que fique sem companhia pela noite.

Hinata ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— Oh, não, não passarei a noite aqui.

— Hinata...

— Já estou me sentindo melhor, juro. — Tirou de cima de si o lençol, respirando fundo e buscando firmeza nas pernas. — Irei para casa. Já faz muito tempo que estou aqui. Até anoiteceu! E... não quero preocupar Naruto-kun.

— Ele pode muito bem ficar aqui com você. — Sakura colocou as mãos na cintura, desconfiada de sua teimosia.

— Pode, mas eu não quero. Onde estão minhas roupas?    

 


A caminhada até o apartamento foi penosamente longa. Sakura lhe recomendara repouso – outro motivo para passar a noite no hospital – e nenhum esforço. Hinata ouviu atentamente, prometendo andar devagar até em casa. A ninja médica estreitou os olhos para ela, mas a deixou ir mesmo assim. As pernas bambas garantiram a falta de esforço por parte da morena, que levou mais de meia hora em um percurso que normalmente faria em menos de dez minutos de corrida.

Para piorar, seu estômago roncou audivelmente quando enfim chegou ao prédio. Respirou fundo, decidindo que faria algo para comer mesmo com as caretas de Naruto.

Era quase nove da noite quando abriu a porta do apartamento, tentando disfarçar a respiração ofegante por conta das escadas. Naruto estava na sala assistindo televisão, como todos os outros dias.

— Boa noite.

— Noite...

Ele parecia distraído, e Hinata não quis chamar a atenção, passando, o mais rápido que suas pernas moles permitiam, diretamente para o banheiro, a fim de livrar-se do cheiro de hospital. Porém, antes de entrar, um aroma incrível a atingiu. Deu uma olhadela para a cozinha e viu uma panela no fogo. Tomaria seu banho e perguntaria a Naruto se poderia comer o que quer que ele estivesse fazendo. Seu estômago quase roncou alto de novo só de pensar que até lámen ela comeria agora.

Quinze minutos depois e se sentindo mais quente, se dirigiu à cozinha. Naruto já tinha apagado o fogo.

— Fiz uma sopa — ele disse da sala. — Tome um pouco.

“Não precisa pedir duas vezes” pensou a moça, logo pegando um prato e se servindo. A sopa tinha bastante legumes e carne, ideal para recuperar as forças que perdera por passar o dia sem comer. Havia uma sacola de pães – aparentemente nova – no balcão e ela não hesitou em pegar um para acompanhar. Repetiu o prato mais duas vezes, sentindo-se mil vezes melhor. Sorrindo consigo, agora teria dificuldades para andar por causa do estômago cheio.

Lavou sua louça e parou na entrada da cozinha. Naruto ainda estava no sofá e ela ficou com vergonha de pedir para armar a cama para que pudesse voltar a dormir.

— Sente aqui — ele pediu sem olhá-la, em um tom que a jovem não soube identificar. Não era irritado ou magoado, e isso bastou para aliviá-la e sentar ao lado dele.

Na tevê passava um programa que nunca viu antes, em um canal que não estavam acostumados a assistir, fazendo-a crer que o loiro sequer prestava atenção no aparelho, ainda distraído com algo. A moça não teve coragem de pedir para mudar de canal, então tentou se concentrar naquela comédia estranha, em vez do perfume amadeirado do homem que amava tão perto de si. Longos minutos se passaram antes dele enfim voltar a falar:

— Sakura-chan me ligou e contou que passou o dia no hospital. — Hinata fechou os olhos. “Droga” pensou. — O que houve?

— Não lembro bem — confessou, meio nervosa. — Sakura-san disse que eu desmaiei no meio da rua e que uns ninjas me levaram para lá. Foram... — Hesitou. — Foram aquelas dores de novo.

— Ela me contou que passou por uma cirurgia também.

“Eu pedi para não o incomodar, Sakura!”.

— O útero estava inflamado... de novo. Ela fez passar as dores.

— Ótimo. — Ele respirou fundo antes de levantar e estender a mão para ela. — Vamos.

— Para onde? — perguntou confusa.

— Para o quarto. Sakura-chan disse que precisa de repouso e você teimou em vir a pé, sozinha, de volta para casa.

Escondeu o rosto, corada.

— Não queria incomodá-lo — disse baixinho.

— Não fiquei incomodado, Hinata. Eu estou preocupado.

Hinata voltou a olhá-lo, trêmula, se esforçando para que os olhos não marejassem de emoção.

— Desculpe...

Ele insistiu para que agarrasse sua mão estendida.

— N-Não precisa. Eu vou ficar bem aqui.

— Não perguntei sua opinião.

Ela soltou um suspiro.

— Naruto-kun, eu...

— Não, Hinata, chega. — O loiro sentou ao seu lado novamente, olhando profundamente em seus olhos. — Eu vou cuidar de você pelos próximos dois dias, o repouso mínimo que Sakura-chan pediu. Você gostando ou não, só se livrará da cama e das minhas sopas em quarenta e oito horas. Estamos entendidos?

O rapaz não brigava, mas falava sério o suficiente para que ela não contestasse e ainda identificasse o tom de voz dele: estava carregado de carinho e preocupação. Não pôde evitar mais os olhos de lagrimarem.

Hinata confirmou com a cabeça, aceitando a mão que ele oferecia. Naruto passou um braço por sua cintura e a ajudou a caminhar lentamente para o quarto, onde encontrou o dobro de travesseiros do que no dia anterior.

— Você comprou mais travesseiros? — Ela não evitou a pergunta.

— Repouso por 48 horas. — Ele deu de ombros. — Eu não estava brincando.

A jovem sorriu pequeno, andando até a cama. Tirou o robe e pendurou no cabide antes de Naruto a rodear de travesseiros e cobri-la com o edredom. O cansaço a atingiu instantaneamente.

— A sopa estava boa? — ele perguntou baixinho, ao seu lado, fazendo-a abrir os olhos e se virar na direção dele.

— Estava excelente. Qual é o seu segredo?

— Eu peguei seu livro de receitas.

Ela estreitou os olhos, em brincadeira.

— Não tinha o gosto das minhas sopas.

— Eu coloquei mais carne.

Os dois riram.

— Fez toda a diferença.

 


Naruto cumpriu a “ameaça” e cuidou bem dela pelos dias seguintes. Quase a liberou dois dias depois, quando Kakashi o chamou para uma missão, mas ao perceber que Hinata ainda tinha as pernas fracas para andar, recusou o trabalho e passou o resto da semana cuidando da ex-noiva. Ele a fazia comer nos horários certos, responsabilizou-se pelos remédios e não saiu de seu lado, para garantir que as dores estavam de fato sumindo.

Porém, o loiro ainda tinha suas aulas semanais com o Hokage, e hesitou muito para decidir se faltava aquela semana ou não. Hinata decidiu por ele:

— É claro que você vai! Você já abriu mão de uma missão por minha causa!

Ele sorriu ao vê-la de novo com ar mandão e com as mãos na cintura.

— Você ficará bem?

— Claro que sim. — Amenizou o ar severo. — Já fui mimada por cinco dias. Ficarei ótima me livrando de você por algumas horas.

Naruto saiu para sua aula, então, deixando-a sozinha naquele apartamento que parecia dobrar de tamanho quando o loiro não estava. Hinata foi para o quarto, puxando os travesseiros do rapaz para si.

Ah, aquele perfume... pôde aproveitá-lo e matar as saudades por cinco dias inteiros, mas nunca parecia o bastante. E quando o estômago roncou no meio da tarde, levou o travesseiro dele consigo enquanto fazia um lanche, segurando-o até enquanto comia no sofá. No entanto, largou-o quando começou a anoitecer.

Iria retribuir todos os cuidados que recebera preparando uma panela cheia de lámem de porco!

Demorou mais do que esperava e agradeceu mentalmente por Naruto se atrasar, mas o cozido ficou pronto e delicioso. Hinata apenas o provou – ainda receosa de comer porco após a cirurgia – e imaginou, sorridente, os olhos brilhantes de Naruto ao provar também. Por precaução, para que ele não reclamasse, fez um lámen à parte, de legumes, apenas para ela.

A reação dele, porém, não foi nada do que ela esperava.

— Não devia ter feito esforço, Hinata! — Ele negava com a cabeça, desesperado, puxando-a de volta para a cama.

— Não deu trabalho algum. Eu queria agradecer seus cuidados, só isso.

— Poderia se recuperar primeiro!

— Eu estou bem! — insistiu, puxando a mão dele para que a olhasse. — Por sua causa...

As mãos trêmulas se aproximaram do rosto masculino.

— Juro que estou melhor. Eu queria agradá-lo um pouco... por tudo que fez por mim esses dias. Mesmo que...

Hesitou, mas ele soube, de alguma forma, que a jovem se referia ao relacionamento desfeito.

— Obrigada, Naruto-kun... de verdade.

O beijo a pegou de surpresa, mas ela não tinha forças ou vontade de se afastar daquele abraço, daquele carinho e dos lábios que tanto sentiu falta. E quando Naruto abriu a boca para aprofundar o beijo, Hinata achou que poderia morrer com a enxurrada de emoções que a tomaram. Intenso, apaixonado, avassalador... nunca era de outra forma com eles dois.

— Não vá... — ele pediu ao se afastar. — Por favor, eu te...

— Já conversamos sobre isso, Naruto.

Ele abriu os olhos com sua interrupção e novamente a ausência do sufixo. Foi proposital... ela não teria forças para se afastar se ouvisse aquela declaração.


“Não! Você não gostaria que tivéssemos tentado?
Você sente o que eu sinto por dentro?
Você sabe que nosso amor é mais forte que o orgulho
Não! Não deixe a raiva crescer
Apenas me diga o que você precisa que eu saiba
Por favor, converse comigo, não feche a porta
Porque eu quero te ouvir,
Quero estar perto de você”

 

— Não, somente você falou! — O garoto segurou o rosto dela, em aflição. — Eu sequer tive como escolher qualquer coisa! Eu sei que errei, mas estou arrependido, acredite em mim! Hinata... eu quero ficar com você!

— Por favor... — Tentou se afastar, mas ele não permitiu que saísse de seus braços. — Não deixe tudo mais difícil.

— Você está tornando difícil, Hinata! Eu quero você! — Naruto voltou a aproximar seus lábios, e ela estava quase se rendendo de novo. — E sei que me quer também.


“Não lute! Não discuta!
Apenas me dê a oportunidade de dizer que estou arrependido
Apenas me deixe te amar
Não me despreze, não me diga para ir”
(Don’t – Shania Twain)

 

Ela o impediu de beijá-la ao colocar uma mão sobre seu peito.

— Não... eu não posso fazer isso.

— Não pode ou não quer?

Os olhos perolados marejaram ao reconhecer o desapontamento na voz dele.

— Não posso...

Naruto se afastou, magoado, andando devagar até a saída do quarto. Porém, parou ao segurar a maçaneta.

— Você tem segredos demais, Hinata... — Um arrepio a percorreu quando ele a fitou, amargurado novamente. — Como consegue dormir à noite com todos eles?

“Eu não durmo” pensou imediatamente, mas se conteve antes de responder:

— Eu não sei...

 


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Notas finais do capítulo

Então... é isso, pessoas. ^^" Espero que esse capítulo tenha esclarecido um pouco as coisas. ^^"
Peço desculpas pelo exagero do capítulo anterior. Recebi muitas reclamações sobre isso, mas eu meio que precisava da discussão. Desculpem mesmo. ^^"

Mas vamos aos agradecimentos!
Muito obrigada de coração aos 167 acompanhamentos e 54 favoritos! ♥ E também a NHsol, coronelsherman, Aiták Arieugon, Carla de jesus Tavares, Tatay e Pollyanna pelos comentários no capítulo anterior! E também a Lua de Cristal por ter comentado no capítulo 2! ♥ Vocês são demais, viu? Obrigada pelos puxões de orelha, pelo carinho, pelos elogios e por todo apoio! ♥
Quero agradecer também a UzuKitsune, que mesmo negando, me ajudou demais a sair do bloqueio e me livrar dos furos que a história poderia ter! Eu queria ter feito isso no capítulo anterior, mas eu tava tão ansiosa por postar um capítulo novo que eu acabei esquecendo! Desculpa mesmo, moça! E muito obrigada! ♥

Acho que é só isso. Se eu esqueci algo, não hesitem em me dizer.
Muito obrigada por tudo mais uma vez! Sintam-se abraçados até perder o ar! ♥
Até o próximo capítulo! =* ♥



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