Crônicas de um caderno engavetado escrita por Mary


Capítulo 45
Rabiscos na calada da noite




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Você pode correr de si mesma por um bom tempo, negar seu destino e fugir por aí, mentir até se convencer de que cada sílaba proferida é tão verdadeira quanto à farsa que existe por trás desse sorriso com ar de deboche.

Você até pode se enganar e se convencer de que a felicidade é frívola e tudo não passa de um grande e estúpido jogo onde quem perde é quem se apega, mas nada dura para sempre porque um dia o seu destino te encontra e ninguém no mundo poderá te salvar de ser você.

O reflexo no espelho te atordoa. Tudo bem, você não está só nessa roleta russa. Seu destino te encontrou e você está perdida. Você sabe onde está porque se encontra num interminável monólogo com essa parte destroçada de você, mas aí é realmente o seu lugar? Você é quem é? Por que você é o que é? E o que você pretende fazer daqui por diante?

Você não é uma marionete que se move para lá e para cá. Seu destino poderia ser substituído por sua essência e seria mais pertinente, mais cabível ao contexto.

Se você almejou enterrar sua essência foi porque algum evento no passado te fez crer que seu eu não era o bastante para alguém. Você se cansou de ser avulsa no dom da vida, de não ser o amor da vida de ninguém, a melhor amiga, a filha preferida, a melhor aluna. Você sempre tentou conquistar seu espaço competindo com os outros para que te notassem e as derrotas te derrubaram porque ninguém te disse que você não tinha que viver em função dos outros.

Então, eu te digo com conhecimento de causa. Também estou num fogo cruzado que parece não ter fim, a mente fervilha de angústia e não há ninguém que realmente me entenda. Também tenho medo do futuro. De não viver o bastante para me libertar de tudo e de todos que em algum momento da vida me oprimiram.

Corri do meu destino por tanto tempo que quando me dei conta do que significava abrir mão de mim, muitas coisas perderam o sentido, fingir perdeu a graça porque almejei mais do que sofrer sem razão por desejar o que nunca me traria felicidade. Passei a querer viver em plenitude e em paz com o meu coração.

Os desafios estão aí!

Então, por que correr do seu destino e negar quem você é?

Sofrimento e dor existem em todos os caminhos, mas quando você se descobre, se aceita e aprende a se respeitar, sua mente se abre para aprender com a vida e esse aprendizado não cessa jamais, porque todo dia alguma lição nova haverá de manter seu interesse sempre desperto.

E é isso aí!

Cabeça erguida, menina!

Não corra de si mesma, esse é o conselho que te dou, porque o medo de ter medo é tão vicioso quanto à tristeza.


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