Crônicas de um caderno engavetado escrita por Mary


Capítulo 24
02 de Outubro




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A força para enfrentar os desafios que se apresentam não é física, diz respeito à capacidade de sobreviver aos desmontes de ilusões e amanhecer com esperança.

Os obstáculos testam a resistência. O olhar úmido se deságua na calada da noite. A poesia nasce nesse entremeio para exprimir o que diz meu coração.

O formato do verso nós podemos discutir outro dia se me sobrar tempo e paciência. Por hoje quero escutar os pingos de chuva tocando o solo e desanuviar a alma daquele sentimento de menos valia.

Fez-se necessário o ato de gritar para me fazer ouvir, pois uma vida de silêncios consentidos me transformou num capacho andante, logo a primeira réplica daqueles que não têm argumentos para contrapor os fatos é denegrir a minha livre expressão.

Gritei na exasperação de injustiças enterradas, as cordas vocais arderam por conta do esforço, os olhos queimaram de indignação, o queixo tremeu, os tambores dentro do peito rufaram. A menina que eu era finalmente se orgulharia da minha tardia, mas válida reação.

O silêncio me guarda agora num potinho de ouro. Enquanto gritava a minha dor para quem demonstrou com todas as letras não se compadecer dela, aprendi uma valiosa lição que quando apenas lida não convencia tanto: a audição das pessoas é seletiva e não importa o quanto a verdade seja escancarada, para quem não me ama, tudo não passa de mentira. Um impassível meneio de cabeça é a resposta.

E qual deveria ser a tréplica?

Responder ao ignorante é atribuir-lhe um poder desnecessário.

Diante de gigantescas provações, o maior gesto de sabedoria é fechar os olhos para ouvir o coração. Ser forte diz respeito a se permitir ser fraca de vez em quando e não me envergonho em dizer isso.

 


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