"Quando as coisas pareciam andar bem, eu simplesmente me entregava ao fracasso, ao cansasso, às vozes. Eu sinto muito Steve, pois quando eu tive aquela enorme queda em meio a todo aquele branco eu sabia que de mim, você teria apenas as lembranças de um homem corajoso que ajudou a salvar a sua nação. Ou ao menos tentou."

Steve desviou de um golpe cego vindo de Bucky; os olhos estavam vidrados e Tony tentava de alguma maneira segurar o atual "amigo".

"E me entregar àquelas banalidades era mais fácil. Eu não precisava de mais sentimentos para me sentir mal ou consciência. Quanto menos dela, menos vozes."

— Ele não nos ouve, vovô.

— Não me diga o óbvio Stark! - o Capitão pegou o escudo bem a tempo de proteger o tórax coberto de uma malha fina azul - Você deve saber o que fazer.

— Eu? - Tony foi lançado para o outro lado do seu laboratório - Capitão, você é quem sempre tem as respostas!

"Vozes como os gritos da criança que eu havia matado, da mulher que eu havia torturado, dos homens que trucidei. Como as vozes dos jornais, das pessoas nas ruas. Julgando-me por algo que tanto tempo eu lutei contra."

— Bucky pare! Sou eu, Steve. Você está a salvo, não há perigo aqui.

"Então havia a voz de Steve lá no fundo, que me expulsava daquele topor e me empurrava para uma realidade alternativa completamente fora do comum e que me aliviava em noites de tormenta..."

Bucky aos poucos foi fixando os olhos em objetos com mais tranquilidade até que por fim caiu no chão.

"... feito uma criança em meio a um pesadelo que recorre ao colo da mãe. Havia escape sem covardia, havia amor sem ser se mentira."

Os olhos de Bucky voltaram-se para o Homem de Ferro e o mesmo preparou uma nova pose defensiva.

— Desculpe Tony... oh Céus, me desculpe! - as lágrimas escorreram gordar pelo rosto magro, o braço metálico acariciou o de pele, músculos e ossos e tão logo Steve ajoelhou-se ao seu lado.

— Não... ah- não chore pra mim, Soldado.

Mas no fundo o homem de olhos castanhos temia pelos dois encolhidos no chão. Uma parcela de culpa era sua e toda a sua vida ele temia coisas como essas a sua frente. Em um momento estavam ajustando o braço de Bucky, no outro...

— Faz parar Steve, faz parar por favor - Bucky tampou os ouvidos e então era Soldado Invernal, Bucky e um simples garoto amedrontado do Brooklyn.

Era uma infinidade de galáxias em si.

Quando Steve o abraçou, na verdade todos foram abraçados. Quando o medo foi embora, todos se acalmaram. Quando un chorou, todos choraram.

Então Bucky se cansou de chorar e adormeceu encolhido no chão gelado, nos braços de Steve.

"Eu, o garoto do Brooklyn, sempre te amei. Hoje eles também queriam dizer que te amam. Com amor, Bucky."