"Quando eu chegava em meu pequeno apartamento, definitivamente ninguém estava lá me esperando; da mesma maneira que enquanto eu buscava alguma forma de me camuflar entre as pessoas e não perder o resto de minhas memórias, ninguém nunca chegaria..."

Steve havia saído ao meio dia. Bucky comeu o ensopado que Clint havia feito e Céus, ele se conteve para não comer o resto: apesar de que Ste iria almoçar na torre de Tony.

O filantropo e playboy, não o gato.

Bucky perguntou o motivo de Steve estar indo para lá, sentado na tampa da privada enquanto o Capitão tomava banho.

— Apesar de tudo ele é meu amigo. Acho que não conseguimos nos entender por que... somos praticamente irmãos— Steve havia falado - O pai de Tony me fez um escudo para me proteger, da mesma maneira que ele cuidou do filho a sua maneira — ele começou a enxaguar os cabelos.

— Mas vocês quase se mataram!— exclamou baixinho, quase para si, Bucky. O chuveiro parou de fazer barulho e Steve puxou a toalha do outro lado do vidro fosco.

— Nós temos força e opiniões diferentes. Muitas vezes isso e mais a pressão exercida pelo governo e população assustada gera conflitos internos que nós, infelizmente, resolvemos com brigas — quando Steve abriu a porta de vidro, sua silhueta era contornada de vapor e ele pingava - Além disso, eu nunca deixaria ele machucar você.

"... até aquele dia. Um furacão de coisas se passou na minha cabeça e eu poderia simplesmente apanhar o meu cachorro e ir embora dali, assustado demais, mas ele me fez ficar e encarar os seus olhos; eu estava em casa."

Naquele momento, Bucky apenas corou. Mas enquanto ele esperava na sala, ansioso pela volta de Steve, ele pensou que talvez Tony o tivesse convencido de algo. Talvez fosse certo matá-lo e ali era a hora perfeita para um plano.

Sua respiração se dificultou e ele pensou no que poderia fazer: fugir não era mais uma opção, mas ele não queria machucar Steve ou Tony - o gato - em um conflito cego de qualquer racionalidade de sua parte. Steve tinha esse e muitos outros motivos para brigar com ele.

"Então quando eu fechava os olhos ou não conseguia os ver, eu voltava a ser a máquina de guerra que por aquele tempo me assombrou: o Soldado Invernal, com aquela maldita estrela vermelha estampada no braço e toda aquela sede de completar a missão inexistente."

Bucky se sentou no sofá e Tony miou. Ele empurrou o gato, incapaz de demonstrar qualquer coisa além de desespero. Steve tinha que chegar às quatro e meia, mas eram seis horas.

"Abra os olhos Bucky, ele pedia, e eu abria. Então lá estava a minha casa, o meu lar. Eu não precisava de mais nada além de um abraço."

De repente a porta foi aberta e Steve entrou com um sorrisinho envergonhado. Bucky, incapaz de dizer algo, apenas se levantou. Não havia escudo em mãos, raiva nas feições do Capitão, Tony atrás dele ou algo com que se preocupar.

— Estou em casa - Steve aproximou-se de Bucky enquanto Tony rodeava suas pernas - Bucky? - chamou preocupado, ao não receber resposta. O moreno se aproximou, os cabelos escorregandi dos ombros e finalmente deitou na clavícula de Steve.

— Você está atrasado.

Houve silêncio; depois, um choro baixo e um acalento nas costas nuas de Bucky, para então um sorriso contido dele.

Ambos estavam em casa.

"Eu sinto muito te acordar pelas noites, Steve. Mas você é minha segurança, meu lar, a lembrança do que eu já fui um dia. Você é o que sempre me foi e agora me restou. Não fique longe de mim. Com amor, Bucky."