Mentirosos escrita por Blair Herondale


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto que ainda posso e preciso melhorar bastante a história, mas ainda não sei exatamente como fazer isso. Então, o avanço na minha escrita se dará de forma bastante gradual (assim espero) e talvez nos capítulos futuros vocês consigam sentir tudo o que se passa em minha mente quando estou escrevendo. Me desculpem por ainda não estar em um bom nível, vou tentar melhorar, this is a promise.



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Dimitri estacionou seu Ford Mustang 1966 vermelho na frente da casa de Winter, após explicar todo o significado que aquele carro surrado tinha para si. De acordo com suas pesquisas, aquele modelo fora extremamente revolucionário no estilo de carros esportivos, por isso, ele o amava como a um filho.

June e Christian escolheram permanecer no carro enquanto o mais velho deixava a garota de belos cabelos loiros na porta da casa amarela e, como já era esperado, eles se beijaram.

—Eu nunca vi Dimitri tão feliz. -comentou Chris, não contendo o bocejo de tédio, ou cansaço, ao observar a típica cena do garoto beijando a companheira na despedida.

—Eu já. -retrucou June, porque o seu orgulho não podia ser ferido com a possibilidade de Dimitri estar mais feliz no começo daquele relacionamento do que durante os longos meses que permaneceram juntos - Mas preciso reconhecer que ele está bem feliz.

—Você precisa começar a esconder melhor. -Christian comentou, observando o nariz da garota levemente franzido com a cena típica de uma comédia romântica.

—Esconder melhor o que?- June perguntou, claramente confusa, ao direcionar o olhar para Chris. Naquele momento, pôde escutar o barulho da porta da casa de Winter bater, evidenciando que o casal havia entrado para ter mais privacidade.

—Que você ainda gosta dele.

June conteve o riso, embora seus olhos ainda brilhassem pelo divertimento. Com um gesto simples, ergueu a sobrancelha direita.

—Porque você realmente me conhece ao ponto de tomar uma conclusão dessa. -disse ironicamente- Connor, sinceramente, se não fosse pelo fato de dividirmos um apartamento, seríamos facilmente considerados estranhos um para o outro.

—Mas somos colegas de apartamento e eu acabei descobrindo muita coisa sobre você. Quero dizer, ia ser um pouco impossível conviver com você quase 24 horas por dia e não saber ao menos o básico. -explicou-se antes que Silver começasse a tirar conclusões precipitadas de suas palavras.

—Não interessa. Não é por causa de uma convivência rasa que você é capaz de me conhecer. -retrucou, sem perder a paciência- Eu não preciso esconder nada, porque não existe nada para esconder.

Chris soltou uma risada debochada.

—Vocês conversam mentalmente e tem todo esse hábito estranho de comer a comida do outro...Estão fazendo um péssimo trabalho para tranquilizar Winter.

—Aparentemente não. -comentou simplesmente, uma vez que ambos sabiam que Dimitri e Winter deviam estar dando fortes amassos contra a porta daquela casa amarela- Eu já estou fingindo namorar você, o que é um grande sacrifício. Agora não posso mudar nada em relação às nossas conversas mentais ou ao modo com que comemos. Um momento Winter precisará aceitar que eu e Dimitri tivemos uma história, mas isso não significa que eu ainda goste dele no sentido romântico.

—Se você diz… -respondeu simplesmente, a voz soando ainda mais baixa ao dar de ombros e, logo em seguida, tirar os cabelos negros dos olhos.

June estreitou os olhos na direção do garoto. Não sabendo decidir se ele realmente acreditava nas palavras que dizia ou se as falava simplesmente para irritá-la.

Entretanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Dimitri voltou. Os fios dourados completamente desalinhados e um sorriso orgulhoso que quase rasgava a sua face.

—O que você estava dizendo sobre já tê-lo visto mais feliz?- Chris perguntou provocativamente ao se inclinar sobre o banco de June e sussurrar as palavras em seu ouvido, deixando-a imperceptivelmente desconfortável pela aproximação.

A garota se limitou a erguer a mão, lhe mandando um gesto não tão educado.

Christian riu com sonoridade.

 

[...]

 

June adentrou, após uma rápida batida, no quarto de Dimitri. Embora a garota soubesse que já passava das 3 horas da manhã, não conseguia dormir. Como era costume dos dois, ela sempre possuía permissão para invadir o quarto do loiro em suas noites de insônia.

—Está acordado?- perguntou com cautela, mais para informar sua entrada do que por qualquer outra coisa.

Os cabelos dourados do garoto estavam completamente bagunçados e o sono era grande demais para permiti-lo formar uma frase. Ao invés disso, se limitou a erguer o edredom para que June pudesse se aninhar no conforto da cama de casal.

—Insônia de novo. -ela murmurou, se deitando de lado para poder observar as feições do mais velho, mesmo sobre a penumbra do quarto.

—Sem problemas. -Dimitri respondeu, permitindo que June se aproximasse ainda mais, aninhando-se contra ele tal qual um gatinho.

Ela sempre fora assim com as pessoas mais próximas e gostava do fato do garoto permiti-la manter tal hábito mesmo com o término do namoro, porque, apesar do que muitos poderiam pensar, aquilo nunca fora visto com estranheza por eles. June era uma pessoa carinhosa com os mais próximos, gostava de abraços e afagos e carinho e atenção. Não importava de quem fosse.

—Você gosta realmente de Winter?- perguntou, após alguns minutos em silêncio, suas palavras não passando de um sussurro.

Todos os prévios gestos feitos por Dimitri haviam sido automáticos. Ele havia levantado o edredom, permitido a aproximação de June e depois, passado o braço sobre sua cintura, em uma posição que era confortável para ambos. Ela tinha a cabeça apoiada sobre seu peito e ele não precisava lidar com a estranha posição de conchinha.

Conchinha. Aquele era um dos poucos hábitos que eles não mantinham mais, pois seria constrangedor, tanto para June, quanto para Dimitri, acordar em uma posição tão íntima.

Entretanto, no momento em que o nome de Winter foi citado na conversa, o loiro abriu os olhos, abaixando o rosto para poder observar June com intensidade. O brilho amendoado se encontrava com a tempestade azulada.

Pela fresta da janela, entrava um vento frio que congelava o momento. As cortinas batiam sobre a escrivaninha, criando uma sonografia que deixava o momento ainda mais dramático.

Dimitri sorriu.

Um sorriso pequeno, mas significativo.

June viu uma de suas covinhas aparecer com delicadeza, a felicidade e sinceridade evidenciadas no olhar.

—Gosto. -afirmou, a voz rouca pela falta de uso.

—Eu sei. -Ela havia soltado a pergunta por mera formalidade. -O que a torna tão especial?

Remexendo-se contra o colchão, Dimitri afastou os fios dourados que caiam sobre seus olhos para poder observar com uma maior clareza os lábios franzidos, as sobrancelhas levemente erguidas, os olhos brilhando em uma pergunta muda e a feição curiosa e June.

—Era uma vez, uma garota que era capaz de falar com dragões, parar guerras com sorrisos e alegrar até mesmo o pior dos feridos. -Dimitri dizia em um tom que acompanhava o balançar do vento sobre os fios negros do cabelo de June - Era uma vez um garoto que acreditava que os contos de fada se limitavam a livros de criança, mas um dia ele se apaixonou e tudo que ele costumava acreditar já não importava mais. -O garoto deu uma pausa dramática, a fim de abrir um sorriso para a ex-namorada encolhida em seus braços- Winter é esse tipo de garota. Ela parece ter vindo de um conto de fadas para a minha vida.

—Mas você nem a conhece o suficiente, ela é apenas a atendente da biblioteca. Não tem como você saber disso tudo. -contrapôs, porque o lado racional de June estava falando mais alto do que qualquer coisa. Ela temia precisar lidar com um coração partido e todos os seus cacos.

—Mas eu sei disso. Eu sinto isso. -corrigiu-se em forma de sussurro, buscando uma das pequenas mãos de June para colocá-la contra seu peito, sobre a blusa de flanela branca que servia como pijama- Bem aqui, no fundo do meu coração. Já tivemos tantas conversas incríveis e profundas sobre tantos assuntos, que é impossível que eu esteja errado sobre isso.

—Você não está sendo nada racional quando se trata de Winter.

E, embora ela quisesse ter usado um tom sério, era impossível conter um sorriso quando via a felicidade transbordando dos olhos de Dimitri em forma de brilhos amendoados.

—Eu sei. -respondeu e, naquele momento, ele parecia um personagem saído de algum filme do Wes Anderson, sem qualquer constrangimento pela sua tolice. Seu sorriso brincava no canto dos lábios. O vento continuava compondo uma melodia dupla com o balançar das cortinas. As luzes da rua bruxelavam sobre as paredes amareladas do quarto do garoto, criando uma atmosfera melancólica.

June soltou um resmungo baixo digno de uma criança mimada, buscando se aninhar ainda mais contra Dimitri.

—Eu estou com ciúmes. -afirmou baixinho, erguendo os olhos azuis na direção do garoto. Memorizando, imperceptivelmente, os detalhes daquele momento.

Ela gostava bastante de colecionar instantes e fazia isso de forma tão natural, que já nem reparava neles, até que meses depois, uma gavetinha de sua memória se abria, apenas para evidenciar o meio sorriso que havia aparecido devido à sua declaração ou ao modo como algo pareceu amenizar nos olhos de Dimitri. Eram milésimos de segundo, mas ela os guardava como se fossem tesouros.

São memórias. Momentos. Minha vida.

—Não precisa disso. Você sempre será a garota que bagunçou completamente a minha vida com seus problemas complexos, suas danças sobre os azulejos da cozinha, seus dengos impossíveis. -Ele sorriu, erguendo a sua mão para tirar uma mecha negra de cima dos olhos azuis, que deixavam de ser tempestades e se tornavam uma calmaria, como o mar após uma noite de tormenta. -Sua pele está fria. -murmurou, sentindo o contraste entre o aconchego morno que havia debaixo do edredom e a frieza típica do final de outono.

—Você deveria ter sido o garoto da minha vida. Eu queria que você fosse o garoto da minha vida, mas nós não demos certo. Não dava mais para continuarmos juntos, porque nosso namoro estava se tornando mais uma amizade do que qualquer outra coisa. -afirmou o que ambos sabiam, mas que nunca haviam parado para discutir de forma tão clara e franca- Se o amor fosse algo que escolhêssemos, com certeza teria escolhido você.

—Eu também. -Dimitri respondeu com sinceridade.

Tudo aquilo fazia June se sentir pequena demais. Haviam muito sentimentos dentro de si, mais do que ela era acostumada a aguentar, porque, ao deixar claro que eles estariam juntos se o amor fosse uma questão de escolha, ela sentiu uma tristeza azul, uma melancolia salgada, uma nostalgia doce e uma alegria pura. Porque seu peito doía e ela não era capaz de dizer exatamente o motivo daquilo.

Eu não o amo. Pensou com certeza.

Ela já havia o amado. Muito. Intensamente. Inteiramente. Loucamente.

Mas o amor havia acabado e não por uma escolha sua. Ele simplesmente não existia mais. Ao invés disso, Dimitri se tornara um de seus melhores amigos,  um irmão que a vida havia lhe dado.

—Mas agora você tem uma domadora de dragões para aquecer seu coração e eu tenho um vida para explorar. -June disse, rindo baixinho.

—Sim.- o loiro concordou, compartilhando a risada.

E, por alguns segundos, o som das risadas abafadas, misturada com o bater das cortinas e o cantar do vento foi tudo que poderia ser escutado dentro do quarto.

 

[...]

 

Quando June despertou, horas depois, o sol já havia nascido, embora o cansaço ainda estivesse bastante presente nos músculos de seu corpo.

Lentamente, tirou a mão de Dimitri da sua cintura e se moveu para longe dele, tomando todo o cuidado para não acordá-lo.

Em algum momento da conversa deveriam ter caído no sono. Imperceptivelmente.

June deu uma rápida olhada no garoto, para garantir que ele continuava dormindo, antes de abrir a porta do quarto para caminhar na direção de seu próprio. Entretanto, mal havia dado duas passadas e seu corpo estancou.

Christian estava parado no final do corredor, com um copo de água na mão, observando-a atentamente. Ambos permaneceram parados por alguns dez segundos, antes do garoto continuar o caminho até adentrar o quarto reservado para ele.

Com uma lentidão extenuante, a garota saiu de seu transe logo depois, correndo para se esconder no conforto da própria bagunça.

E, mesmo sabendo que o fato de ter ido para o quarto de Dimitri não tinha nada de errado, June se sentiu culpada ao receber o intenso olhar de Christian.

Maldito garoto.


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Notas finais do capítulo

Acho que vocês já perceberam que estou postando todas as segundas, não é? Talvez isso se torne algo constante (espero). Quando eu terminar de escrever tudo, talvez poste com mais frequência.
POR FAVOR COMENTEEEM!!! BEIJOOS!



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