Eu Não Queria Um cão escrita por Costa


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Uma one que escrevi. Acho que alguns poderão se identificar com o personagem principal. hehe. Espero que gostem.



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Eu, depois de ter passado toda a minha vida trabalhando como professor numa cidade grande, com alunos ingratos que rezavam para que eu tivesse um acidente e faltasse toda a aula, resolvi mudar de vida.

Passei vinte e dois anos trabalhando como professor de ensino médio e doze como professor universitário, depois de uns anos, cansamos do ambiente turbulento de cidade grande. Enquanto fui casado, nunca me sobrou dinheiro nenhum, minha mulher se ocupava de gastar tudo. Depois de divorciado, o que restava eu pagava a faculdade do meu filho, meu orgulho. Agora com ele formado há dois anos, eu finalmente pude juntar uma grana e vender a casa na cidade e consegui realizar um sonho meu há muito adormecido: comprar uma casa em uma cidade pequena para fugir da loucura de tudo.

É uma casinha modesta de 2 quartos, sala, cozinha e banheiro em uma cidade de pouco mais que cinco mil habitantes, para quem viveu toda sua vida em uma com mais de trezentos mil, é uma mudança e tanto.

Arranjei um trabalho em uma escolinha pequena, não era grande coisa, mas, pela primeira vez, eu senti que os alunos davam valor ao meu trabalho. Até mesmo me pediam para ficar depois da hora para tirar as dúvidas que não deu tempo de esclarecer. Eu estava no paraíso!

Paraíso esse que mudou quando, depois de sete meses vivendo assim, eu encontrei um cachorro cheio de pulgas no portão da escola. A coisa peluda cismou comigo e veio me pulando como um louco. Levei duas tentativas até que eu consegui passar para dentro e o deixar do lado de fora. Na hora pensei que fosse algum cão dos meus alunos, era normal ver eles andando sempre com um cachorro do lado. Engano meu. Quando saí o cheio de pulgas ainda estava no portão, parece que me esperando. O bicho era tão sem noção que ignorou a todos e veio correndo para mim. Eu tentei espantá-lo, assustá-lo, mas mais o sarnento vinha me seguindo. Perguntei aos meus alunos que passavam se era um dos cães deles, mas todos negaram. Sem outra alternativa, ignorei o bicho e comecei a caminhar para casa. De principio, achei que tivesse me livrado dele, mas percebi que me seguiu até a casa. Tranquei o portão e o deixei na rua, uma hora ele teria que ir embora.

O Problema é que ele não foi embora. No dia seguinte, quando saí para trabalhar, ele me seguiu até a escola e depois voltou até a casa. Eu achei que uma hora ele se cansaria disso, mas depois de uma semana, perdi essa esperança.

Não era por que eu não gostava de cães que iria deixar o bicho com fome também. Eu me sentia mal de jantar sabendo que, do lado de fora do portão, ele estava com fome. Minhas sobras começaram a ir para ele. Comprei até mesmo um pratinho para não deixar a comida em sacos plásticos. Mas ele não era meu e ainda dormia na rua.

Tudo mudou, porém, quando o inverno chegou. Dentro de casa eu estava com frio e comecei a pensar em como o Chei (sim, eu apelidei o pobre animal de Chei, chei de pulga) deveria estar. Pela primeira vez, abri o portão para ele e permiti que ele dormisse em uma caixa de papelão na minha garagem. O inverno começou a ficar mais rigoroso e eu, em minha cama com três cobertores, tremia de frio. Comecei a pensar no Chei naquela garagem fria. Resultado: ele entrou dentro de casa, mas só tinha permissão para dormir na sala com um novo cobertor que eu dei para ele.

Em pouco tempo, porém, ele se tornou um companheiro inseparável de meus assaltos noturnos à geladeira. Teve até mesmo um dia que o meu despertador falhou e ele acabou latindo e me acordou. Depois daquele dia, eu mudei a caixa de papelão dele para o meu quarto. O tempo foi passando, ele foi ganhando espaço em meu sofá e, não sei exatamente quando aconteceu, em minha cama.

Hoje, quase dois anos depois, eu fui obrigado a comprar uma cama de casal já que a de solteiro se tornou pequena para nós. O nós que eu me refiro não é apenas eu e o Chei, há também o Sarnento e a Carrapenta, mais dois cães de rua que acabaram me adotando.

Para quem não queria um cão, estou bem mal. Hoje tenho três e percebo que, se mais algum aparecer, será quatro, cinco, seis e por aí vai. Espero parar só nos cães, porém. Outro dia eu tive que fazer um esforço dobrado para passar reto perto de uma moça que estava doando gatinhos na rua. Quando eu mudei tanto que não percebi? Até mesmo meus alunos me chamam de professor dos cães. Oh, vida!

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se quiserem, deixem um comentário. Aposto que muitos que hoje amam animais também não queriam um cão, não é?
Obrigada por lerem.
Um mega abraço!