Durante as aulas... escrita por Sarah


Capítulo 6
Triângulo amoroso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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Ele a observava de longe, da maneira mais disfarçada possível.

 Não que fosse adiantar, afinal, todos esperavam por isso, como se fosse um fato inegável (e talvez fosse mesmo), e portanto, ficavam atentos aos seus movimentos como se ele fosse uma bomba relógio prestes a explodir, embora ninguém soubesse exatamente quando.

Internamente, ria com essa comparação, porque de certa forma era verdade: nem mesmo ele tinha a mínima ideia de como iria reagir ao revê-la cara a cara. Os vislumbres rápidos durante as trocas de sala não contavam: o contorno de seu corpo, o longo cabelo liso e vestígios de sua risada entre os outros alunos não eram o suficiente para que ele tivesse certeza de como ela estava depois de um ano.

Um ano.

Pode até parecer pouco tempo, principalmente para os chamados adultos, mas para ele havia sido uma eternidade.

Fazia uma eternidade desde que ela havia terminado com ele da forma mais humilhante possível, uma eternidade em que não se viam nem em fotos em redes sociais aleatórias (ambos haviam se bloqueado completamente e excluído fotos compartilhadas), e uma eternidade sem falarem um com outro.

Depois do término (que ocorreu na frente de toda a escola, do jeito frio possível), ele ficara mal. Extremamente mal. Chorando pelos cantos, recusando o consolo dos amigos. Com o tempo, se reconstruiu, pedaço por pedaço (mesmo que alguns pedaços tenham ficados perdidos em algum canto escondido), mudou de escola, voltou a se divertir com os amigos, descobrira uma obsessão, o karatê, e sim, conseguiu até uma namorada nova (que o traia com metade da escola, mas ele tentava não pensar nisso, porque ela também o apoiava).

Às vezes, as velhas feridas reabriam, mas então ignorava e seguia em frente, ou ao menos tentava.

E última notícia que teve de sua ex-namorada era a de que ela havia se mudado de país. Algo a ver com uma tia viúva levemente depressiva que queria a companhia da sobrinha. Fingiu não se importar com a mudança dela, mas em casa chorou até pegar no sono.

A última notícia até, é claro, descobrir que ela havia voltado. E que iriam estudar juntos na mesma escola. Não era lá muito religioso, mas agradeceu a Deus por não terem ficado na mesma sala. Não que fosse adiantar muito: tinha a perfeita noção que iriam acabar se vendo novamente em algum momento.

Descartou completamente a possibilidade de terminar com a sua namorada (afina, conseguia perdoar algumas/várias traições), e passou a andar grudado nela, atormentado pelos vislumbres da ex.

E foi durante o intervalo do almoço que as suas vagas noções de como estava a ex se tornaram concretas. Dolorosamente concretas, diga-se de passagem, pois ela estava tão linda quanto ele se lembrava. Naquele momento, seu coração pareceu ter paralisado, assim como todos ao seu redor.

O mundo havia pausado só para os dois se olharem.

E naquela pausa, ele percebeu que ainda gostava dela, apesar de tudo. Gostava dela mais do que gostava de qualquer outra pessoa, e isso o encheu de raiva, desespero e medo, além de completa resignação: não havia nada que pudesse fazer para mudar esse sentimento.

Então a pausa acabou, e percebeu que todos encaravam ele, inclusive a sua atual namorada. Sorriu e a beijou, quase que no modo automático e com a imagem da ex-namorada gravada em seus olhos.

Estava completamente perdido. E o pior: tinha a perfeita noção desse fato.


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