A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 79
G’artler, a Cidade dos Monstros.




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Porcelana encostou a cabeça na janela, dormiu e sonhou. Acordou no sonho, e viu que estava no meio de uma terra deserta. O céu era laranja, e toda a paisagem era em tons castanhos e alaranjados. Levantou-se do chão, e percebeu que mais à frente havia um enorme vale. No meio dele, uma cidade escura, e duas grandes figuras em pé, altas como prédios, guardando seu único portão.

Foi de cima do vale até embaixo num piscar de olhos, e chegou à entrada da cidade. Os dois grandes guardas a encararam com seus únicos olhos. Havia uma lança atravessada em cada uma de suas cabeças, mas ela não parecia incomodá-los. Parecia que estava ali há muito, muito tempo.

— Que lugar é esse? – perguntou Porcelana.

— Cidade das tristezas... – disse um dos ciclopes.

— Das amarguras... – continuou outro.

— G’artler. – suas vozes grotescas soavam muito pior juntas.

Os pelos de Porcelana se arrepiaram todos de medo.

— Como foi que eu vim parar aqui... – sussurrou para si mesma.

— O que quer aqui? – perguntou um dos ciclopes.

— Aqui quer o que? – repetiu o outro.

— Nada! Não quero nada de uma cidade tão tenebrosa. – respondeu a menina

— Então por que veio? – perguntaram os dois.

— Sei lá! Procurava respostas pra saber o que eu tinha a ver com monstros, aquelas pessoas amaldiçoadas, mas não consigo me lembrar de nada!

— Beleza tu tens... – disse um dos ciclopes.

— Ousadia também... – continuou o outro.

— Mas memória, que é bom, nada! – os dois riram de Porcelana.

— Olha aqui! – ela bateu o pé no chão. – Vocês não falem mal da minha memória! A culpa não é minha se ela não funciona!

— Não rimos de desgraças. Somos uma delas. – disse um deles.

— Da sua falta de inteligência, nós rimos. Sua memória é questão de... – continuou o outro.

— Prestar devida atenção. – responderam os dois.

 – Estão dizendo que eu sou desatenta?! – ela franziu a testa, inconformada.

— Sim, ha ha. – responderam os dois, rindo até do mesmo jeito. E apontaram para os pés de Porcelana. – Não vê o que está debaixo do nariz.

Porcelana olhou pra baixo e viu que uma estranha planta enroscara no seu pé. Quando tentou se livrar, a planta cresceu e se espalhou pela sua perna. A garota começou a entrar em desespero.

— Não nos reconhece, Porcelana? – disseram os dois. As suas vozes, já grotescas, começaram a se distorcer ainda mais. – Somos nós...

Porcelana olhou pra frente. Os ciclopes sumiram. Agora só sobravam duas figuras que conhecia muito bem: Adilson e Amaldiçoado. Os dois sorriram com uma maldade tenebrosa, e abriram os portões da terrível G’artler. Porcelana ouviu um choro terrível, gritos de ódio e suspiros de cansaço. A cidade era nada além de um grande abismo vazio. A garota sentiu-se puxada para dentro dele.

— O QUE É ISSO?! – ela gritava enquanto um vento arrastava aquele sonho inteiro pra dentro de G’artler.

Se a luz que está em ti se torna trevas... — disseram as vozes, que já não sabia se eram de Adilson e de Amaldiçoado, ou se de qualquer outra pessoa deste mundo. – Quão terríveis serão elas...

E Porcelana caiu no abismo.

...

A garota acordou toda suada, respirando com rapidez, tremendo de medo. Nazaré tentou consolá-la com um abraço, os policias deram-lhe uma água, mas isso não impediu de que Porcelana começasse a chorar. Não de medo. Mas com todas as lembranças que agora tinham vindo à tona, e que doíam no seu coração.


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