"Temer a morte? Não. Eu não temo a morte... Apenas não quero ser derrotada por um ser inexistente"— Kay Cohen

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Desde à muito tempo que acompanho a evolução da Audácia. A minha mãe era a líder. Todos a adoravam, ela era respeitada e era conhecida como a Madame de Ferro, pelo simples facto de ela não mudar suas decisões e por impor respeito sem muito esforço.
Mas ela não era má pessoa. Era a pessoa mais carinhosa que eu alguma vez pude conhecer...

— Aposto que você não tem coragem de saltar para dentro do comboio daqui do topo do prédio! - era típico de Uriah me desafiar para fazermos coisas perigosas.
 Desde sempre que ele é o meu melhor amigo e fazemos tudo juntos. Inclusive coisas perigosas. Afinal somos livres para fazermos o que quizermos, somos da Audácia.
— Apostado! - socamos nossos punhos e nos levantamos. 
O comboio vinha muito depressa, mas nenhum de nós sentiu medo disso. Tomamos balanço e corremos velozmente para a suposta morte. Deixei minha mente aberta e saltei sem sequer pensar no medo. Abri a porta do vagão e agarrei a mão de Uriah que me puxou para dentro. O comboio balançou e caímos no chão às gargalhadas.
— Viu? Eu consegui... - respirei fundo enquanto me ria.
— Foi bem legal. Temos que repitir! - Uriah comentou entusiasmado.
— O que raio vocês fazem aqui, minorcas? - fomos surpreendidos pela voz de Zeke.
Olhamos em volta e demos de caras com os iniciados-Intrépidos e as transferências. Pelos vistos, tinhamos escolhido uma péssima altura para nossos desafios mortais.
— Oi Zeke! - não pudemos evitar felucidade ao ver ele. Cada um de nós agarrou um dos braços dele e o mesmo nos puxou pra cima. 
— Parece que o dia das decisões foi hoje. - Uriah sussurrou, deixando escapar uma risada. 
Zeke abanou a cabeça e se riu. Colocou as mãos nas nossas costas e nos conduziu até os outros da Audácia que nos cumprimentaram alegremente.
— Oi Little Boss! Oi Uriah! - Shauna nos cumprimentou, com um sorriso. - o que vocês fazem aqui?
— Oi Shauna! Estavamos fazendo desafios mortais de novo. - respondi alegremente.
— Sim. - Uriah sorriu. 
Um dos nossos gritou que era a hora e sem pensarmos eu e o Uriah saltamos do comboio e aterramos a rir. 
— Kay! - olhei para trás e sorri. Minha mãe me chamava. Nos levantamos e corremos até ela. - Se você não fosse minha filha e eu não te conhessece eu juro que teria um ataque cardíaco. Olhe para o seu estado...
Ela usou o polegar para limgar um fio de sangue do lado direito de meu rosto sujo. Depois beijou o topo de minha cabeça e bateu palmas para chamar a atenção dos iniciados.
— Muito bem pessoal, para quem não me conhece me chamo Johanna Cohen e sou a líder da Audácia. A primeira fase da vossa admissão já foi passada. Vamos para a próxima... Saltar lá pra baixo. - minha mãe sorriu animada com as expressões dos iniciados transferidos.
— O que tem lá embaixo? - um transferido da Amizade perguntou.
Eu e Uriah fomos surpreendidos por uma figura atrás de nós.
— Max! - coloquei a mão no peito. - Que susto...
— Venham pra baixo. - ele falou calmamente. - Assim conseguem ver se apresentando.


Eram bons tempos.
Mas como tudo o que é bom acaba, isto não foi exceção.
A três meses de completar meus 15 anos, me deparo com um obstáculo na minha felicidade. A morte da minha mãe. Ninguém sabe o que aconteceu ao certo, mas com toda a certeza que ela não se suicidou como suposeram. Eu a conheço e por pior que sua vida estivesse, ela não colocaria fim na sua vida. Ela não me abandonaria desse jeito.
— Kay? - senti a mão de Uriah em minhas costas. - Está na hora...
Limpei uma lágrima que teimou em aparecer e me virei para trás. Uriah e Marlene estavam ali comigo, ambos me abraçaram e descemos juntos para o funeral da minha mãe. Nunca tinha visto tanta tristeza nem tanto silêncio no quartel general da Audácia. Mas que poderia mais ser? A minha mãe era adorada por todos os Audaciosos.
— Kay... - Uriah sussurrou ao meu ouvido, pois eu mantinha a cabeça baixa e tinha colocado o capuz em minha cabeça. - O Max está se dirigindo pra cá. Você quer mudar de direção?
— Não, vamos continuar. - funguei e endireitei minhas costas, olhando diretamente para Max.
Max parou à nossa frente e nós fizemos o mesmo.
— Kay. Lamento pelo que aconteceu à sua mãe. Você tem a minha palavra de como farei de tudo para descobrir o que aconteceu. - Max colocou a mão sobre meu ombro.
— Agradeço por isso Max. - falo calmamente. - Se precisar de ajuda no seu novo posto, fale comigo.
Max fora oficializado como o novo líder. A verdade é que isso será apenas até eu concluir minha iniciação, mas o que interessa é que nem passaram 24 horas desde a notícia da morte de minha mãe e já a substituiram.
Max fez um aceno de cabeça e saiu de perto de nós. Antes de seguir ele, Eric me olhou e se limitou a bater em meu ombro. Não havia muito que ele pudesse dizer. 
(...)
Era a primeira vez que estava em um funeral, e tinha logo que ser o de minha mãe. Eu estava perto de Eric em silêncio escutando Max e outros membros da fação prestanto honras a minha mãe e olhando o corpo morto dela. Parecia tranquila. Parecia que estava apenas dormindo profundamente.
Escondido no meio da multidão, estava Quatro, que me fez um sinal com a cabeça ao qual respondi do mesmo jeito.
— Você está bem? - pela primeira vez naquele dia, Eric falara comigo.
— Sim... - de certo modo eu estava mentindo, mas não importava.
Minha mãe estava morta e nada mais seria como dantes.