Subaquático escrita por ohhoney


Capítulo 2
Pés na areia


Notas iniciais do capítulo

pqp eles são apaixonados demais um pelo outro eu não me aguento



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O suave balançar das ondas do mar embala os pensamentos de Suga enquanto ele olha sonhadoramente para a linha que divide o céu e o mar. Deitado sobre seus braços, ele olha para o garoto na outra ponta da prancha de surf; ele, que passa os dedos tão carinhosamente nos cabelos pálidos de Suga e o olha ternamente. Daichi, sentado na prancha, pergunta:

— O que você está pensando?

— Que eu gostaria de ter pernas.

— Virou a Pequena Sereia agora?

Suga ergue o olhar e uma sobrancelha.

— Quem?

Daichi cai na risada.

— Esquece. Mas me diga: por que você gostaria de ter pernas?

— Ah. Sei lá. - Suga se espreguiça, agitando sua cauda prateada na água - Gostaria de conhecer lá fora. Deve ser bem legal. A gente poderia ver um filme. Ou talvez você poderia me apresentar a essa Pequena Sereia.

— Mas você sabe que eu posso trazer meu computador e a gente assiste na praia, né? - Daichi sorri, tombando a cabeça.

— Você entendeu o que eu quis dizer. - Suga revira os olhos e Daichi passa os dedos em sua bochecha - Tipo, passear, andar no teu carro, comer umas comidas diferentes...

— Pensei que você gostasse daquelas algas roxas.

— E gosto. Só que aqui não tem muita coisa pra fazer. Você não pode ficar pra sempre dentro da água e eu não posso passar muito tempo fora também.

— Se você pudesse, eu te levaria num encontro.

Daichi sorri, e Suga sorri também, pegando na mão dele e entrelaçando os dedos.

— A gente comeria em um lugar legal, depois iríamos caminhar na praia, e aí iríamos para casa ver um filme.

— Ver um filme, é? - Suga manda um olhar sugestivo e sorri.

— Óbvio. Sexo no primeiro encontro é meio estranho pra mim, foi mal. Tem que ter intimidade e essas coisas...

Eles riem, e Daichi se abaixa e dá um beijo nos lábios salgados de Suga. Os dois se olham apaixonadamente por vários segundos.

O som do mar batendo nas rochas da encosta é rítmico e reconfortante. Gaivotas voam ao redor dos dois, algumas mergulham para pegar peixes. Eles flutuam na água a vários metros da praia, onde mesmo com a água cristalina e o sol forte não se pode ver o fundo. Os pensamentos voltam a pinicar a mente de Suga.

Ele oferece uma mão a Daichi, e ele pula na água. Daichi estremece de frio, e Suga o abraça gentilmente. Os dois flutuam sem esforço, e se beijam por longos minutos. Suga afasta o rosto levemente.

— E... - ele encara os olhos castanhos de Daichi, tão próximos dos seus - E se eu te falasse que tem um jeito de eu ter pernas?

— Quê? - Daichi junta as sobrancelhas.

— Eu descobri um jeito. De ter pernas. Aí eu posso sair da água contigo.

Suga pensava que Daichi ficaria bravo - "você não pode mudar quem você é por minha causa! Está louco?" - mas ele ficou positivamente surpreso com o que ouvira.

— Como assim? É sério?

— Sim...

— Mas não é nada muito extremo, né? Nada de serrar tua cauda nem nada do tipo...?

— Não, não é extremo. Mas.. Você tá de boa com isso?

— Claro! Seria ótimo!

Os dois sorriem.

— Como que você descobriu isso?

Suga põe Daichi de volta na prancha e apoia o queixo nos joelhos dele.

— Lembra semana passada quando fui dar um rolê com as tartarugas? Então. Elas me levaram em um lugar cheio de polvos, porque elas adoram comer polvos. Aí elas me contaram a história da "mãe de todos os polvos" e como ela vivia numa caverna e que ninguém nunca tinha ido lá. E claro que eu fui ver, né.

"Mas lá embaixo é escuro demais, e eu não enxergo tão bem quanto as tartarugas, então voltei no dia seguinte com aquela lanterna que você me deu, e eu achei a entrada da caverna. Demorou algumas horas pra eu conseguir tirar todas as pedras do caminho, mas consegui.

"Quando cheguei lá, tinha um monte de alga bioluminescente nas pedras, na água, em todo lugar. Era lindo. Tinha uns corais enormes e brilhantes...

"Fiquei com medo, porque senti umas vibrações estranhas na água. E do meio dos corais saiu um polvo azul gigantesco. Meu Netuno, ela era maior do que meu barco. Ela ficou tão feliz em me ver. Disse que fazia décadas que ninguém aparecia por lá. Então meio que a gente botou o papo em dia, eu falei sobre você, sobre como você era um humano, e ela disse que tinha uma alga muito rara que fazia com que a gente pudesse sair da água, com pernas e tudo.

A boca de Daichi está aberta de surpresa. Suga termina de falar e solta uma risada.

— E você não me falou disso antes por quê?! - Daichi cutuca a bochecha de Suga furiosamente.

— Achei que você não fosse gostar, nem querer.

—Ah, cala essa sua boca.

— Mas, sabe, o efeito da alga dura só alguns dias. Não é permanente.

— Melhor ainda. - Daichi abre um largo sorriso. Suga olha para ele, confuso - Gosto muito da ideia de um Suga terrestre, mas um aquático tá ótimo também. E mais, não queria que você virasse humano para sempre por minha causa.

— E o que você acha dessa ideia de eu ir pegar a alga com a mãe dos polvos?

— Eu acho uma ideia genial.

 

~~~~

 

Suga cavuca a areia branca e quente da praia com a ponta dos dedos, tentando conter o nervosismo. Outro dia perfeito e quente, sem uma nuvem no céu. As gaivotas cantam e ciscam a areia ao seu redor, e um pequeno siri cutuca as escamas de Suga com suas garrinhas. Ele foge para longe ao ver Daichi se aproximando.

— Pronto. Já está tudo certo. - o garoto joga a mochila na areia e ajoelha ao lado de Suga - Ninguém vai vir, trouxe um shorts pra você, água, comida, toalhas... Acho que estamos prontos. - ele sorri e pega nos dedos do outro.

— Bom, ela já deve estar chegando. Marcamos no rochedo da ponta da praia quando o sol estivesse alto.

— Já é quase meio-dia.

— Melhor irmos, então.

Suga rasteja de volta para a água e puxa Daichi atrás de si, na prancha. O mar está calmo e quente. Alguns peixes pululam aqui e ali, e outros nadam ao redor deles.

O rochedo, surpreendentemente, está deserto quando eles chegam. Sem baratinhas do mar, caranguejos ou ouriços. Daichi acha tudo estranhamente quieto. Ele escala as pedras mais próximas e senta, os pés na água, a mão na de Suga.

— Ela tá vindo. Ahn... - Suga morde a boca - Não se assuste, ok? Ela é grande, mas é legal. Prometo.

— Ela não pode ser tão grande assim.

— Ela é.

De repente, as gaivotas param de gritar. Daichi olha para a água, meio aflito, meio com medo. Uma sombra se aproxima rapidamente, e um tentáculo azul sai da água, e depois outro. E outro. Daichi perde todo o ar ao ver um polvo gigantesco meio para fora da água. É maior que seu carro. Pro inferno, é do tamanho de uma casa. O garoto treme e larga a mão de Suga, recuando. Um par de olhos pretos aparece sobre a água, escaneando ao redor.

— Vossa mãe! Eu falei pra não chegar assim! - Suga nada até ela, e ela o pega com um dos enormes e gordos tentáculos, aproximando-o de si. Ele lhe dá um abraço - Estou bem, e a senhora? Ah, sim, aquele é o Daichi.

Os olhos do polvo se voltam ao garoto assustado no meio das pedras. Ele tenta fugir para longe, mas outro tentáculo azul o pega pela cintura e o ergue no ar. Paralisado de medo, Daichi deixa-se levar até perto do animal, que está metade fora e metade dentro da água. Daichi chega bem perto do olho da criatura, tremendo, até que ela o afasta e lhe dá tapinhas na cabeça.

— Oh, mas ele é mesmo uma graça.

Daichi grita e começa a se debater, mas o polvo não o solta.

— Calma, calma! - Suga estica os braços para cima e tenta alcançá-lo - Calma, Daichi, ela só-

— Um polvo falante! Ela tá falando!

— Oras, mas é claro que estou falando. - ela puxa Daichi para perto de seus olhos e o encara - Você realmente achava que os seres humanos foram os únicos que desenvolveram a fala? Acalme-se, meu bem. Cuidado com as minhas ventosas.

O polvo o abaixa de volta para as pedras e ele cai sentado.

— M-Mas... Mas se vocês podem falar... Por que nunca disseram nada?

— Porque iria acontecer exatamente isso. - Suga explica, cruzando os braços - Não se preocupe, são só os polvos que falam.

— Só os polvos...?

— Sim, querido. - a voz da mãe de todos os polvos é gentil e suave, como se ela fosse uma velhinha - Se bem que os golfinhos também sabem falar um pouco... Bom, somos animais muito inteligentes, você vê. Se me permite, acho que mais do que a sua espécie.

Ela e Suga soltam um risinho divertido. Daichi começa a deixar o medo de lado e fica cada vez mais curioso. Vossa mãe é um animal muito, muito intrigante.

— Suga, meu bem, eu trouxe o que você pediu. - ela ergue mais um tentáculo. Na ponta dele há uma concha grande e branca. Vossa mãe abaixa na direção dos garotos e a coloca nas mãos de Suga. Daichi aproxima-se, espiando - Peço desculpas, isso fui tudo o que pude encontrar.

— Uma alga preta? - Suga levanta o pequeno pedaço de alga, não muito maior do que uma caneta - Você tem certeza, vossa mãe?

— Sim, querido. Mas agora desejo que vocês prestem atenção, sim? O efeito dessa alga deve durar duas luas. Não é muito, mas acho que dará para aproveitar. Quando você comê-la, demorará alguns minutos para começar a fazer efeito. Você precisa estar sozinho, está bem? Será um processo um tanto doloroso...

— Sozinho? - Daichi pergunta, inseguro - Doloroso?

— Sim. Afinal, ele vai ter que fazer crescer novos ossos e perder todas as escamas.

— Suga, não sei se...

Suga não dá ouvidos e logo engole o pedaço de alga. Ele olha para Daichi e dá um sorriso.

— Você tem certeza...?

— Claro, vai ser legal. E também já foi, né.

— Oh, meu amor. Melhor irmos. - vossa mãe ergue os dois no ar, mais a prancha, e nada na direção da praia - Você tem só alguns minutos.

— Obrigado, vossa mãe.

— Não há de quê, querido.

Vossa mãe leva os garotos até as pedras perto da praia, numa formação que faz uma caverna. É escuro e frio lá dentro. Daichi pergunta:

— E agora?

— Temos de esperar fazer efeito. Deve ser em breve.

— Daichi - Suga pega na mão do outro, meio envergonhado - Você vai mesmo me levar a um encontro?

— Claro que vou. E a gente pode tomar sorvete também. Lembra quando eu te trouxe um?

— Aquela coisa gelada? Gostei muito. Podemos ver filmes, e passear pela cidade.

— E ir ao circo, e conhecer novas pessoas... Suga?

Suga está com a cabeça baixa, com a mão na barriga.

— Você está bem?

— Está começando. - vossa mãe diz, surpresa.

Suga se contrai todo de dor e começa a arfar. Seus braços tremem. Vossa mãe passa um tentáculo na cintura de Daichi e o ergue no ar.

— Não, espera. Ele está mal. Vossa mãe, por favor.

— Não posso, querido. Ele deve ficar sozinho.

Daichi entra em pânico ao ver Suga agonizando, mas não tem força para escapar. Ele deixa-se ser levado para fora da caverna. Vossa mãe o deixa na praia, de onde conseguem ouvir Suga gritar na caverna.

— Não se preocupe - a voz dela é reconfortante. Ela dá tapinhas gentis nas costas de Daichi.

— Quanto, ahn... Quanto tempo costuma demorar?

— Depende muito de cada um, não sei dizer.

Suga começa a gritar mais alto, e Daichi morde a boca de preocupação, olhando na direção da caverna.

— Não acho que foi uma boa ideia...

— Vamos conversar, que tal? - vossa mãe arrasta-se um pouco para fora da água e segura Daichi perto de si - Meu querido Suga me contou um pouco sobre você. Se me permite perguntar, como vocês se conheceram?

— Ah... Bom, um dia eu me perdi a caminho da praia em que sempre surfo e vim parar aqui. Como o mar daqui é bonito e calmo, fui nadar. De repente, vi o Suga me espiando por cima de umas pedras. Pensei que fosse alguém se afogando, então fui ver, mas quando cheguei não tinha ninguém. Voltei no dia seguinte e o vi de novo, e foi assim por vários dias. Até que eu trouxe minha prancha e fiquei procurando por ele, mas desisti e estava voltando para a areia quando ele apareceu na minha frente. No começo achei que fosse outra pessoa, por isso tomei um susto quando vi que ele tinha um rabo de peixe.

— E ele nunca tinha encontrado outro ser humano?

— Pelo o que eu saiba, não. Ele me contou que vive aqui sozinho desde que se lembra. Foi criado pelas tartarugas e pelos golfinhos.

— Oh, tadinho...

Vossa mãe conta que se escondera na caverna depois de ser ameaçada por um grupo de tubarões. Desde então, vive sozinha e ficou surpresa ao ver Suga em sua caverna. Os dois conversaram por uns bons 20 minutos antes de o silêncio tomar conta da praia. Daichi olha esperançosamente para o polvo.

— Deve ter terminado. Fique aqui, vou trazê-lo.

Daichi anda para cima e para baixo impacientemente. Ele aguarda na ponta esquerda da prainha, onde os primeiros metros de mar são sombreados pelas grandes folhas das árvores ao redor. Peixinhos passeiam por entre suas pernas.

Vossa mãe aparece, carregando Suga em seus tentáculos cuidadosamente. Daichi entra no mar até a água ficar na altura do peito.

— Ele está desacordado. - ela o coloca nos braços de Daichi - Desculpe, querido, preciso ir. Não posso ficar aqui fora por muito mais tempo.

— Mas...! Vossa mãe, eu...

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Por favor, diga que sinto muito quando o pequeno Suga acordar. Espero que aproveitem esse tempo em terra firme.

— O-Obrigado. - Daichi sorri, ainda meio sem jeito - A senhora é muito gentil.

Vossa mãe solta uma risadinha e afunda na água, nadando para longe.

Daichi olha para o garoto em seus braços e mal consegue acreditar no que vê. As guelras no pescoço de Suga tinham se fechado, e suas escamas sumiram. No lugar de sua cauda prateada, duas pernas pálidas e compridas flutuam gentilmente na água morna.

— Suga. - ele chama baixinho, puxando-o para mais perto de si. Ele continua quente como sempre - Suga, acorda.

Um som leve sai da boca de Suga. Parece estar acordando. Ele balança um pouco a cabeça e pisca os olhos lentamente, olhando para Daichi.

— D-Deu certo?

— Bom -  Daichi abre um largo sorriso - Vejo por você mesmo.

Suga ergue a cabeça e vê um par de pés na outra ponta de seu corpo. Ele suspira de surpresa.

— Eu tenho pernas. - ele sacode os pés, sorrindo - De verdade. Meu Netuno do mar.

— Que tal tentar ficar em pé?

Suga sacode a cabeça energeticamente. Daichi solta seu corpo e segura em suas mãos. Suga põe os pés na areia e agita os dedos. É uma sensação maravilhosa. E ele está de pé. Seus joelhos tremem um pouco, mas ele consegue.

— Consegue andar? Vamos para casa comer alguma coisa.

— Sim. Estou com fome. Me ajude.

Os dois começam a caminhar lentamente para o raso. Daichi o orienta. Um pé na frente do outro, use os joelhos, equilibre-se. Suga ri sem parar. Quando a água está na altura das coxas, ele para.

— O que é isso?

— Isso o quê?

— Isso aqui. - Suga, apoiando-se no ombro de Daichi, estica o braço e pega suas bolas. Daichi solta uma risada.

— É o seu saco. Cuidado, ele é sensível.

— Mas é tão feio. - Suga olha para ele com a maior curiosidade, e depois começa a mexer em seu pênis - E eles ficam assim mesmo, pra fora? Não tem onde guardar?

Daichi cai na risada.

— Não tem onde guardar. Suga, você já me viu pelado. Nunca reparou?

— Bom, já... - ele fica levemente corado - mas pensei que fosse uma particularidade sua. Não sabia que todos eram iguais.

— É a primeira vez que te vejo assim.

— Assim como?

— Assim, completamente pelado. Bolas pra fora e tudo.

Suga, envergonhado, olha para o outro lado e Daichi ri novamente.

— Foi mal. Consegue se equilibrar? Vou pegar o shorts pra você.

Suga abre os braços, tentando ficar estável. Ele olha para baixo novamente, encarando suas novas pernas - a sensação da água correndo, da areia nos pés e de joelhos que dobram é totalmente demais. Suga sorri para si mesmo. Ele dá um pequeno passo, e depois outro, mas se desequilibra e cai. Daichi chega correndo com o shorts preto na mão, oferecendo ajuda.

— Não, não. Deixa eu tentar sozinho.

Plantando os pés no chão com firmeza, Suga retoma o equilíbrio e começa a se erguer. Daichi o orienta - "dobre os joelhos, agora estique devagar" -, e logo mais ele está de pé sozinho. Suga repete em sua mente imagens de Daichi andando na beira da água e tenta imitar os movimentos dele. Um passo, outro, e mais outro.

— Suga, você conseguiu!

Rindo, o garoto caminha lentamente para fora da água e para de frente para Daichi.

— Eu não tô nem acreditando. - diz baixinho.

— Vem, deixa eu te ajudar a colocar a bermuda.

Vestido e seco, Suga vira para olhar o oceano. Um pouco mais alto do que normalmente é quando está na areia, Suga vê como sua praia realmente é bonita. Ele observa o mar e as pequenas ondas que se formam, e, por mais que o ame e a tudo que há nele, agora não sente um pingo de saudades.

 

~~~~~

 

Suga está impressionado com a cidade. Os prédios super altos e as casas, carros, pessoas, animais passeando na rua, e até coisas comuns, como um canudo e o cheiro de gasolina.

Daichi estaciona o carro na grama de casa e os dois descem. Ainda andando com os braços meio abertos, Suga é guiado para dentro da casa de Daichi e para no meio da sala, olhando ao redor meio embasbacado.

— Pra que serve aquilo?

— É um fogão. A gente cozinha nele.

— E aquilo?

— É um tapete, uma decoração.

— O que é aquilo?

— Uma televisão. Normalmente vemos filmes e programas nela.

Suga se aproxima do armário de pratos com a boca aberta.

— Parecem conchas, mas têm um formato tão estranho... Onde você conseguiu? Nunca vi nada igual.

— Ok, ok. - Daichi pega o rosto de Suga nas mãos e o olha carinhosamente - Eu te explico tudo o que você quiser depois. Vamos tomar um banho e almoçar primeiro. Estou com fome e aposto que você está também.

— Banho? - Suga ergue as sobrancelhas.

— É. A gente se lava com água e sabonete, senão ficamos fedidos. Não reparou que tua pele está grudenta e seu cabelo está duro?

— Nunca fiquei assim - ele passa a mão nos braços e no torso, parecendo espantado - É meio nojento. Esse banho parece uma boa.

— Beleza, tira a roupa.

Suga abre a boca de surpresa e cora. Daichi explica que banho se toma pelado, e no banheiro explicou o que era e pra que servia um vaso sanitário. Suga ficou feliz ao ver que aquele produto que passou no cabelo gerou bolhas e uma espuma fofinha. E a água era quente!

Daichi observa enquanto Suga tira o shampoo do cabelo. Ele segura um riso nervoso.

— O que foi? - Suga pergunta.

— É que... - Daichi solta uma risada nervosa e fica com as bochechas vermelhas - Eu nunca, ahn, tomei banho com alguém antes.

De primeira, Suga não entende muito bem o que Daichi quis dizer com aquilo, mas logo interpreta que tomar banho junto não deve ser uma prática muito comum, talvez até especial. Ele ri um pouquinho, sentindo o rosto ficar quente. Ambos desviam o olhar.

— Então... - Suga pergunta, encolhendo os ombros - O que a gente faz agora?

— Quer beijar?

— Quero.

Os dois se beijam, sorrindo de felicidade. É uma sensação estranha, essa. Eles não estão flutuando na água, ou sentindo o vai-e-vem das ondas, ou o cheio do sal. Estão agora em pé, em um lugar apertadinho e quente que cheira a lavanda. De certo jeito, parece um lugar muito mais reservado e íntimo do que as cavernas subaquáticas ou mesmo a praia. Dá até um nervoso diferente.

Pela primeira vez em algum tempo, Suga não se sente sozinho.




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Notas finais do capítulo

Não tem previsão pro próximo capítulo, principalmente agora que as aulas vão voltar. Imagino que não deva demorar muito tho

Obrigada por ler até aqui!



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