Subaquático escrita por ohhoney


Capítulo 15
Vento no cabelo


Notas iniciais do capítulo

Eu me empolguei, basicamente.



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Daichi odiava, com todas as suas forças, pensar naquilo.

Mas deveria começar a aceitar a ideia de que Suga talvez nunca mais voltasse.

Do lado de fora de sua janela pequenas florezinhas brancas balançavam com a brisa morna. A primavera tinha começado gelada, mas finalmente estava esquentando. O começo de junho tinha trazido vários turistas à ilha por causa de uma onda de calor e promessas de ondas grandes.

Daichi jamais admitiria, mas só naqueles dez primeiros dias do mês tinha chorado mais do que os últimos anos de sua vida. Ele não recebera uma notícia sequer. E por esse mesmo motivo que sofria tanto.

Não tinha como saber se Suga decidira ficar em Nerida para sempre, ou se deveria continuar esperando, indo todo dia à praia espiar o mar e ver se ele estava de volta. Daichi estava de férias da faculdade e não aguentava mais tanta solidão. Comia pizza todos os dias, mas não que conseguisse comer muito. Talvez tivesse perdido alguns quilos até.

Jogado no sofá, ele olha a fotografia dele e de Suga no porta-retratos em cima da mesinha.

Talvez eu não precise esquecer totalmente... Só sair desse limbo.

—- Suga. – ele pega a foto e a coloca perto do rosto – Me diz o que fazer. Quando você disse "alguns meses", pensei que seriam dois ou três. Essa saudade tá me deixando louco da cabeça.

Ele deita na almofada e encara o teto, vendo o ventilador girar na velocidade mínima.

—- O pior é que eu nem sei se consigo seguir em frente.

Ele ri tristemente e sente os olhos se encherem de lágrimas.

Só... Só parar de esperar tanto.

Daichi pega a foto de novo e olha bravo para a cara de Suga.

—- Não acredito que você esqueceu da nossa promessa de casar.

Ele coloca o porta-retratos com um pouquinho mais de força do que o necessário na mesa. O vidro racha.

—- Seu puto.

.

.

Apoiado no batente da janela, ele olha o oceano azul. A casa de Daichi tem uma vista bonita de parte da praia principal da ilha, e na frente as ondas quebram nas pedras. Quando a maré está cheia ou o mar está muito violento, as gotas de água batem na janela do quarto.

O sol já tinha se posto e só o que restava eram raios alaranjados nas nuvens. A noitinha era quente e abafada, e as cigarras cantavam anunciando outro dia quente. O mar estava meio agitado, e fazia uma espuma bonita quando batia nas pedras. O cheiro do sal é gostoso e acolhedor.

Algumas semanas tinham se passado e ele estava em paz consigo mesmo. Agora, olhando aquela imensidão azul, sentia o coração bater forte no peito, mas não com tanta dor quanto antes.

—- Saudades dele. – diz para si próprio.

A saudade agora era um sentimento quente e gostoso, até confortável. Não sufocava mais. Não doía tanto. Ele fechava os olhos e imaginava os dois juntos, e o que vinha era um sentimento feliz.

Suga estava feliz em Nerida. Isso é o que importa. Daichi resolveu que sempre o estaria esperando em casa, e sempre o amaria, mas estava cansado de sofrer. Em vez de pensar em seus próprios sentimentos, tentava imaginar Suga feliz com pessoas queridas. Isso acalmava e dava paz ao coração de Daichi.

Ele larga a camiseta na cama e vai para o banho, aproveitando a água gelada no rosto. Começa a pensar nas coisas a fazer: sacar dinheiro, lavar a roupa, comprar desodorante, ligar para seus pais...

Daichi coloca uma bermuda de moletom cinza e seca o cabelo na toalha, até ouvir a campainha tocando.

A pizza.

Ele larga a toalha na cadeira e vai até a porta.

Suga está lá, com um sorriso simpático no rosto e uma camiseta furiosamente rosa.

—- Daichi! Oi!

Suga ri da cara abestalhada de Daichi, com os olhos quase pulando para fora das órbitas e a boca aberta. Ele está parado, sem camisa, com uma mão na maçaneta e a outra no bolso da bermuda segurando notas de dinheiro.

—- Oi! Oi! – Suga ri como uma criança e pulula – Oi! Oi, Daichi! Oi! Sou eu!

—- SUGA! QUÊ!

Daichi puxa Suga pelo ombro e o esmaga em seu peito, arrancando mais risadas divertidas dele. A pele dele tem cheiro de lar, e ele continua absurdamente quente...

Quando Suga consegue se afastar, ele tem os olhos úmidos e continua rindo feito bobo, segurando nas costas de Daichi.

—- Sou eu! Oi!

—- É você!

Ele puxa Suga para dentro de casa e bate a porta, espremendo-o contra ela e beijando a boca dele furiosamente. Suga se derrete por inteiro e fica mole nos braços de Daichi, soltando risadinhas gostosas. Daichi beija o sorriso dele muitas e muitas vezes, gargalhando também.

Daichi se afasta para olhar o rosto de Suga e o encontra chorando e rindo. Daichi deixa escorrer algumas lágrimas também, se engasgando entre um soluço e uma risada. Ele puxa Suga de novo e o abraça apertado, absorvendo a presença dele.

Suga treme um pouco e continua rindo e chorando, sentindo o cheiro tão humano e confortável de Daichi. O peito dele aperta e ele não consegue parar de chorar de felicidade.

—- Mas... Mas... – Daichi o segura pelos ombros e o examina de cima a baixo – Mas como você chegou aqui? E porque você tem pernas? E que roupas são essas? Suga.

—- Calma, Daichi – ele sorri feito um anjo e o coração de Daichi fica completamente curado – Vou explicar tudo, ok? Mas será que posso tomar um pouco de água antes? Tô com muita sede...

—- Claro! Claro, senta no sofá.

Daichi corre até a cozinha e enche um copo com água gelada da geladeira. Enquanto isso, Suga deixa sua bolsa no canto do lado da porta e senta no sofá, pegando o porta-retratos e admirando a foto com carinho.

—- Eu amo essa foto nossa.

—- Toma. – Daichi lhe entrega o copo d'água e senta ao seu lado, puxando-o para seu colo. Suga bebe grandes goles – Então você chegou a ver as fotos?

—- Claro! Todo mundo do recife amou! Asahi disse que mandou, ahn, plastificar ou algo do tipo e agora todas elas estão na parede da biblioteca!

—- Suga! E o Kageyama?!

Os olhos dele brilham de empolgação.

—- Deu certo! Deu certo, Daichi! Demorou alguns dias mais depois que você foi embora, mas agora ele tem uma cauda tão brilhante e azul... E consegue respirar embaixo da água, e o Hinata parece tão feliz! Eles dois estão tão felizes que o Noya e o Tanaka fizeram uma festa que durou uma semana!

Daichi observa Suga falando, completamente embasbacado, e se pergunta como existia tanto espaço em seu coração para se apaixonar mais e mais vezes por Sugawara.

Ele passa os dedos nas pernas pálidas de Suga, e sente vontade de chorar de novo.

—- Como...? Como...?

Suga pega nas bochechas de Daichi e afaga o nariz no dele, olhando-o carinhosamente.

—- Ok, vou contar tudo! – Suga se ajeita no colo dele e passa os braços em seu pescoço – Foi a coisa mais louca que fiz na minha vida.

—- Meu deus do céu...

—- Depois que você foi embora, tratei de aprender tudo o que podia com a Aouli e o Asahi, e vamos dizer que agora eu sou um craque em fazer bolhas! – Suga ri e o coração de Daichi incha no peito – Ao mesmo tempo eu fiquei procurando por todo canto aquela alga preta que vossa mãe me deu. Demorou um pouco, mas achei algumas em uma caverna subaquática em uma das ilhotas ao redor do recife. Então eu a levei para a Aouli e o Loi e a Kelp e eles estudaram tudo o que podiam, mas a quantidade de alga era muito pequena... Aí, enquanto eu continuava aprendendo várias coisas legais, também me juntei com a Natsu e o Hippo pra aprender a plantar essas algas! Demorou muuuuuuito tempo pra gente entender a quantidade de luz certa, o tipo de solo e a temperatura ideal pra que elas crescessem, mas no final deu tudo certo! Então quando a Aouli disse que eu já tinha aprendido tudo, eu pensei "Ah, agora que eu tenho bastante alga preta, vou poder morar com o Daichi! E a gente vai poder ir naquele encontro no parque de diversões que ele prometeu!".

Daichi solta uma risada gostosa. Suga realmente tinha boa memória.

—- Mas eu não queria voltar sozinho pelo mar porque tinha medo de me perder... Então eu e o Asahi montamos um plano genial! Eu comi a alga e criei pernas, e ele foi até uma casa na ilha e roubou uma camiseta e um shorts pra mim de um varal qualquer.

—- Suga! Você não pode fazer isso!

—- Eu sei, eu sei! – ele ri e acaricia a bochecha de Daichi – O Asahi disse que ia comprar uma roupa nova quando ganhasse dinheiro do grupo. Ele vai devolver, ok?

—- Ok...

—- Hahaha! Aí nós compramos uma passagem de ônibus na cidade até aqui. Demorou pra caramba pra chegar. Nessa parte eu fui sozinho! E me dei super bem! Desci naquele lugar que fica um monte de ônibus e vim pra cá.

—- Mas, Suga, como diabos você sabe onde eu moro?

—- Eu lembrei daquele dia que a gente comeu hambúrguer e andamos naquela praia grande. Dali era só pegar a rua da esquerda, virar à direita e seguir reto até o prédio laranja. Aí tem que atravessar o parque e virar na ruazinha da esquerda! Sua casa é a com a porta amarela!

Daichi está de novo com a boca aberta de surpresa. Suga realmente tinha boa memória.

—- Eu... Eu...

—- Nossa, Daichi, foi uma experiência muito legal. Nem consigo acreditar que consegui me virar sozinho no mundo dos humanos! Todo mundo foi tão simpático comigo! – ele pega na lateral do pescoço de Daichi e faz carinho em sua nuca, admirando as sardinhas no nariz dele – Finalmente eu tô aqui contigo de novo...

Daichi amassa a boca na dele e o espreme contra si, suspirando de prazer.

Suga coloca as mãos em seus ombros e o afasta, olhando para baixo.

—- Daichi... Posso te perguntar uma coisa?

Ele fica em silêncio, observando os olhos úmidos e a expressão de tristeza em seu rosto. O nó no estômago de Suga o sufoca, e ele quer urgentemente se livrar daquele peso no peito.

—- Você ainda me ama?

O primeiro impulso de Daichi foi querer chacoalhar Suga violentamente para tentar fazê-lo cair na real. Mas ele se contentou em pegar a mão dele e passar o dedo gentilmente no anel de madeira.

—-Lembra quando eu te dei esse anel? Eu fiz uma promessa.

—- Duas, na verdade.

—- Ah, é?

—- Sim... Que você não ia esquecer de mim, e que a gente ia se casar um dia.

—- Suga. – Daichi levanta o rosto dele – Eu não te esqueci. Não teve um dia nesses oito meses que você ficou fora que eu não pensei em você. Eu disse que ia te amar pra sempre. E eu amo. E vou amar até a gente ficar bem velhinho.

—- Eu amo tanto você, Daichi. Amo você pra sempre.

—- Amo você pra todo o sempre.

.

.

Suga respira bem fundo, tremendo de leve com o arrepio que desce sua coluna, e absorvendo o cheiro impossivelmente gostoso da pele de Daichi. Ele esfrega o nariz pela clavícula e sobe pela lateral do pescoço, parando no osso do maxilar.

Daichi afaga suas costas e suspira, puxando-o para mais perto.

Os dois mal conseguem manter os olhos abertos. O quarto está escuro e é confortável debaixo dos cobertores da cama de Daichi. Suga estica a mão e passa os dedos gentilmente na bochecha de Daichi, fazendo-o abrir levemente os olhos.

O coração de Suga bate dolorosamente no peito. Mas, pela primeira vez em oito meses, é uma dor boa. É uma dor gostosa.

—- Suga... Minha vez de perguntar uma coisa. – a voz de Daichi é rouca e baixinha, e ele pisca seus olhos castanhos. Suga consegue ver um pouco de tristeza neles.

—- Hm.

—- Por que você nunca deu notícias?

—- Essa é uma história engraçada, na verdade.

—- É mesmo?

—- Sim. – Suga deita a cabeça no travesseiro bem pertinho de Daichi, enrolando o cabelo dele no dedo. – O Asahi tinha um celular. Um dia, acho que uma semana depois que você foi embora, ele disse que ia te ligar, mas infelizmente não tinha sinal. O Noya e o Tanaka meio que invadiram a casa do Asahi e pegaram o celular dele, e vieram até mim perguntando como que fazia pra ligar pra alguém. Eles apertavam a tela preta assim e gritavam "essa porcaria não tá funcionando!". O Asahi chegou, deu um grito e disse "é porque não funciona debaixo da água, seus idiotas!!!".

—- ... Eles tentaram usar o celular debaixo da água?

—- Sim! O Asahi ficou bravo porque o celular estragou, e ele não tinha dinheiro pra comprar outro. – Suga suspira e aperta os lábios juntos – Desculpa, Daichi... Eu queria muito ter falado com você.

Daichi solta uma risada boba.

—- Tá tudo bem, Suga. Nossos amigos são uns idiotas. Mas só me promete que nunca mais vai ficar sem me dar notícias, tá?

—- Nunca mais vou sair do seu lado, então vou te dar notícias todos os dias.

—- Promete?

—- Prometo.

Daichi junta a boca na dele e Suga perde o fôlego. Eles suspiram juntos, se abraçando.

—- Então você realmente quer fazer isso, hm? – Daichi sussurra.

—- Isso o quê? – Suga desce os lábios pela bochecha até o pescoço dele, onde beija delicadamente.

—- Ficar aqui comigo...

—- Quero. Quero muito. – Suga ergue a cabeça e olha fundo nos olhos de Daichi – Quero ficar aqui com você todos os dias...

Daichi enrola os dedos no cabelo da nuca de Suga e o puxa em sua direção, enfiando a língua na boca dele e amassando os lábios juntos. Suga solta um gemido do fundo da garganta.

—- Daichi...

—- Quê?

—- Meu pinto tá duro.

—- Quer transar de novo?

—- Quero.

.

.

Suga desce do carro e agita os dedos dos pés na areia.

A textura é engraçada e faz cócegas, mas é agradável. O mar se estende na frente dele, bem azul e brilhante. Suga vai até a beira da água e ri com as bolhinhas se formando entre seus dedos. Ele respira fundo, com um sorriso, e coloca as mãos ao redor da boca:

—- MÃE! PAI! SOU EU!

Faz-se silêncio por alguns segundos. Daichi, apoiado contra a porta do carro, observa tudo com os braços cruzados sobre o peito.

Ali ao longe duas coisas pretas surgem da água, e Suga ergue as mãos e acena, gritando:

—- MÃE! PAI! EU VOLTEI! SOU EU, O SUGA!

—- SUGA!

—- SUGA!

As vozes deles ecoam na praia e Suga ri gostoso, caminhando para dentro da água.

—- Não vai muito fundo, você não sabe nadar – avisa Daichi.

Suga fica de joelhos, com a água no peito, e abre os braços no segundo que dois peixes pretos pulam para fora na direção dele. Suga os aperta em seus braços, gargalhando. Eles logo são cercados por vários outros animais, e conversam animadamente. Suga levanta os braços e agita as mãos, explicando em detalhes vívidos todos os cantinhos de Nerida. Ele tira uma foto plastificada do bolso da bermuda e mostra para todo mundo.

De longe, Daichi sente um quentinho gostoso se espalhar pelo corpo inteiro. A praia não estava mais deserta; Suga está lá, em toda sua glória e irradiando felicidade, sentado na água mas com pernas bem humanas, conversando com o pessoal que considerava sua família mas sempre olhando para trás e sorrindo para Daichi. Ele sabe que Suga pertence ao mar, mas se sente impossivelmente feliz de tê-lo ao seu lado todas as horas do dia.

Eles passaram o resto da tarde na praia. Suga encontrou um lugar bom para plantar as algas que trouxe em sua bolsa, e fez uma redoma transparente ao redor dela.

—- Pronto! Assim acho que elas vão crescer bem. – ele diz, agarrado na pedra.

—- Você realmente ficou muito bom nisso, né?

—- Hehehe, fiquei.

A redoma controlava perfeitamente a temperatura e a salinidade da água ao redor das algas. Suga disse que elas deveriam crescer em algumas semanas.

Já era noitinha quando Daichi estacionou o carro na frente de casa e puxou Suga consigo.

—- Queria tomar milk-shake...

—- Posso fazer milk-shake pra você.

—- Sério?!

—- Sim, e batata frita tamb-

Daichi congela no lugar e agarra o braço de Suga.

Sentados no sofá estão uma mulher e um homem, ambos parecendo bem sérios.

Daichi puxa Suga e o coloca atrás de si, sentindo o coração disparar no peito. Suga arregala os olhos e agarra as costas da camiseta de Daichi, espiando por cima de seu ombro.

—- Daichi, quem são eles? Como eles entraram?

O homem, que não deve ter mais que 30 anos, levanta do sofá.

—- Você é Sawamura Daichi?

Daichi sente a boca ficar seca e toma um pouco de ar.

—- Sou. Quem quer saber?

—- Ahhhhhh que bom! Hahahaha! – o homem coloca a mão no peito e ri, imediatamente se desfazendo da postura séria – Imagina que estranho seria se a gente invadisse a casa de outra pessoa!

—- Asahi-kun disse que era a casa com a porta amarela – a mulher, também na faixa dos trinta, sorri.

—- Particularmente não concordo que essa porta possa ser considerada amarela...

—- Tá desbotada. – Daichi ainda segura o braço de Suga – É amarela sim. Quem são vocês? E como diabos vocês entraram aqui?

A moça levanta do sofá e para do lado do homem, colocando uma mão no ombro dele.

—- Meu nome é Surati, esse é o Leo. Nós somos da ACASE.

Daichi e Suga permanecem em silêncio.

—- Vocês sabem... Ativistas Pela Causa Sereiana...? O grupo do Asahi-san?

Suga passa os olhos pelas duas novas pessoas à sua frente. O homem, Leo, está com uma camisa de botões e jeans escuros; a moça, Surati, veste uma camiseta roxa bonita com decote em v e shorts brancos. Ali no peito dela, Suga vê linhas compridas e vermelhas.

—- Daichi, ela é sereiana – Suga diz baixinho, apertando a mão dele.

—- Como vocês entraram aqui? – pergunta Daichi.

—- O Leo meio que arrombou a fechadura.

—- Quê!

—- É uma habilidade útil. Estava calor lá fora. Espero que você não se importe, mas nós comemos o resto do cereal que tava na caixa.

—- S-Sem problemas...

Daichi fecha a porta da frente e puxa Suga consigo até a cozinha, encostando no balcão.

—- Então... O que vocês estão fazendo na minha casa?

—- Ah! – Surati enrola um cacho no dedo – O Asahi-san ligou pra gente ontem e disse que você é um estudante de Direito, certo? E que estava interessado em se juntar à causa?

—- Desculpa pela demora, mas a gente só conseguiu mandar um celular novo pra ele ontem. Ele disse que alguns amigos estragaram o último.

Suga solta uma risadinha.

—- Então! Que tal explicarmos um pouco da ACASE pra vocês? – Leo sorri, juntando as mãos.

Suga e Daichi sentam-se no chão na frente deles, ouvindo atentamente.

—- Como vocês viram, a Surati também é uma sereiana! Ela ficou presa em um parque aquático como atração por quase dez anos. Então um dia nós pulamos o muro, socamos os seguranças na cara e tiramos ela de lá. Desde então ela está com a gente e nos ajuda a procurar outros sereianos presos por aí.

—- Sim! Já libertamos mais de dez.

—- Nosso grupo sai por aí tentando brigar judicialmente com os "donos" dos sereianos presos, mas quase nunca dá certo porque ninguém sabe nada sobre Direito e contratar um advogado é muito caro, então a gente faz as coisas meio que ilegalmente.

—- Ilegalmente...? – Daichi ergue uma sobrancelha.

—- Hmmmm... – Surati sorri timidamente – Pulando muro, arrombando porta, socando gente na fuça, invadindo os lugares e pegando os sereianos nós mesmos.

—- Ahhh, estamos com tantos processos... – Leo joga a cabeça para trás – Por isso mesmo que precisamos de um advogado no grupo! Nós sobrevivemos de doações, então não temos tanta grana assim.

—- A gente também mantém um centro de reabilitação para os sereianos capturados – Surati menciona.

—- Se bem que chamar de "centro" é um exagero...

—- Ok, é basicamente um casarão abandonado com uma puta piscina onde os sereianos machucados e que não estão prontos pra voltar pro mar ficam. Lá a gente tem biologista, médico, psicólogo e psiquiatra, fisioterapeuta...

—- Todo mundo é mais ou menos voluntário – Leo dá um sorriso de desculpas – Tentamos pagar os serviços com as doações, mas não é o suficiente. Então a maior parte do pessoal também trabalha tempo integral. Eu e a Surati somos os únicos que ficamos lá todos os dias.

—- Então se você pudesse ajudar a gente seria ótimo! – ela abre um sorriso enorme na direção de Daichi e apoia os cotovelos nos joelhos – Se a gente pudesse abrir processos contra os proprietários ilegais dos sereianos, poderíamos ganhar muito dinheiro! E também acabar com os nossos processos! E aí poderíamos contratar todo mundo oficialmente!

—- Eu topo.

Daichi aperta os dedos de Suga e solta o ar vagarosamente, olhando firme para Surati e Leo.

—- Q-Quê...? – a moça recua um pouco, genuinamente surpresa.

—- Eu topo. Eu quero me juntar a vocês.

—- M-Mas você ouviu o que eu disse, né? – Leo aperta as mãos em punhos – Que a gente não consegue pagar todo mundo direito? Que...

—- Não ligo. Qualquer dinheiro pra mim tá ótimo. Eu quero ajudar vocês. – Daichi sente o coração batendo nas veias – Eu e o Suga vimos pessoalmente um sereiano em cativeiro e não quero ver coisa parecida de novo.

—- A gente também meio que soltou ele ilegalmente – Suga dá um sorrisinho --, mas não socamos ninguém na cara, felizmente.

—- Oh! – Surati junta as mãos no peito – É aquele menino que o Asahi-san falou? O Hinata?

—- Ele mesmo!

—- Ahhhh, que ótimo! Que ótimo! – Surati levanta do lugar e pega na mão de Daichi e Suga, chacoalhando entusiasmadamente – Bem-vindos! Vocês vão nos ajudar bastante! Mal posso esperar pra apresentar vocês pro resto do pessoal!

—- Então como um presente de boas-vindas, vou dar isso pra vocês!

Leo se estica na direção de sua bolsa e pega uma pasta marrom de dentro, entregando nas mãos de Suga. O garoto abre e Daichi solta uma exclamação de surpresa.

—- O que é tudo isso? – pergunta.

—- Parabéns! – Leo sorri – Agora você é um cidadão legalizado!

Suga encara os papéis dentro da pasta. Tem um chamado certidão de nascimento, outro com vários números, um pequeno com uma foto dele e alguns dados importantes.

—- Suga! Suga, agora você tem documentos! – Daichi arranca a pasta da mão dele e lhe dá um abraço apertado.

—- O-O que isso quer dizer?

—- Que agora o governo reconhece que você existe! Você é oficialmente uma pessoa!

Suga continua levemente confuso – "oficialmente" uma pessoa...? -, mas resolve sorrir também porque Daichi está tão feliz.

—- Mas, por favor, não vá sair por aí espalhando que você é um sereiano. Ainda é perigoso. – Surati esfrega as mãos juntas – Muita gente odeia nossa organização, apesar de estarmos ganhando cada dia mais visibilidade.

—- Como vocês conseguiram isso?! – Daichi encara os papéis, maravilhado.

—- Temos um contato na Receita Federal. – Leo pisca um olho – Não é exatamente um processo legal, mas agora o Suga pode fazer o que quiser sem medo.

Daichi abraça Suga de novo.

—- Obrigado, gente. – Suga diz – Sério. Tô muito feliz em fazer parte da ACASE com vocês.

—- Eu também. Podem nos chamar pra qualquer coisa.

—- Maravilha! – Surati dá pulinhos – Depois passem para conhecer o centro, tenho certeza de que vão gostar!

.

.

Suga esconde-se atrás de Daichi, espiando por cima de seu ombro, vendo aquela pessoa muito colorida com cabelo engraçado e um nariz enorme.

—- Aquilo é...

—- Um palhaço.

—- Aterrorizante.

Daichi cai na gargalhada e Suga se encolhe mais um pouco.

—- Pede pra ele ir embora.

—- Não.

—- Daichi.

Daichi simplesmente ignora e vai até o palhaço, esticando a mão e cumprimentando-o alegremente. O palhaço faz uma careta engraçada que o faz sorrir, e Daichi sussurra alguma coisa enquanto aponta para Suga.

—- OI AMIGUINHO! VAMOS BRINCAR!

O palhaço começa a correr na direção de Suga, e Suga corre para o outro lado como se sua vida dependesse disso. Daichi quase cai no chão de tanto rir e perde Suga de vista. O palhaço também olha ao redor, procurando-o, mas logo é abordado por algumas crianças.

Com dificuldades para andar por causa da dor nas costelas, Daichi vai até o lugar que Suga sumiu e começa a procura-lo antes de ser agarrado com força no braço.

Os olhos de Suga estavam absurdamente arregalados e ele tinha pipoca no cabelo.

—- Eu vou te matar.

Daichi agarra a barriga de tanto rir.

—- Para! Não teve graça, aquela coisa é horrorosa! Eu te odeio.

—- Odeia não. – Daichi pega na mão dele e a aperta carinhosamente – Você me ama.

—- Não no momento!

Daichi beija o rosto bravo de Suga e começa a puxá-lo na direção da montanha-russa. Eles entram na fila e discutem coisas como palhaços, esculturas de bexiga, cachorros-quentes e refrigerante.

Suga fica empolgado. Essa coisa chamada montanha-russa era só um carrinho amarelo divertido, e ele parecia ir bem devagar. Várias crianças também estavam na fila, então só podia ser muito seguro e agradável.

Eles são chamados e sentam-se na primeira fileira, lado a lado. Suga tem um sorriso animado que desaparece quando a moça abaixa a trava de segurança sobre seus ombros.

—- O que é isso?

—- É pra você não cair.

—- Cair? – Suga franze a testa, confuso. Ele começa a olhar ao redor, ficando levemente assustado – Cair? Como assim?

Daichi só lhe dá um sorriso malvado e volta os olhos para o trilho também amarelo que se estende a frente e faz uma curva.

—- Daichi.

—- Calma, Suga. Tenho certeza que você vai gostar.

—- E-Eu quero sair.

—- Tarde demais.

A moça aperta o botão e o carrinho começa a andar bem devagar, tremendo um pouco. Ele faz a curva e o coração de Suga quase explode para fora do peito ao ver a gigantesca subida.

—- DAICHI

Ele volta a rir, segurando na mão de Suga quando o carrinho começa a subir e eles são espremidos contra o banco, encarando as nuvens no céu e ouvindo alguns gritos ao longe. Quando o carrinho chega ao topo, eles têm uma bela vista do parque. As pessoas atrás deles começam a gritar de emoção, e Suga se segura para não fazer xixi nas calças.

—- Meu Netuno. – o carrinho começa a inclinar para frente, mostrando todo o caminho entrelaçado e voltas e curvas. Eles são espremidos contra a trava de segurança, praticamente pendurados no vazio – MEU NETUNO DO MAR ME AJUDA POR FAVOR DAICHI ME TIRA DA-

Mas as súplicas dele são levadas pelo vento forte quando eles começam a descida, e Daichi começa a gritar de empolgação e medo junto com todo mundo. Suga somente agarra a barra de ferro perto de seus ombros, aterrorizado, sem conseguir emitir um barulho sequer.

Meros minutos depois eles estão de volta ao lugar inicial, parando na frente das catracas. A moça aperta o botão e as travas soltam.

Daichi finalmente olha para o lado, sentindo o coração martelando no peito. Suga está pálido como uma folha de papel, olhos esbugalhados e tremendo por inteiro. Ele o ajuda a levantar do banco, agarrando-o pelos ombros, e Suga dá alguns passos antes de cair de joelhos na plataforma de metal, apoiando os braços no chão e respirando alto pela boca. O pessoal da fila começa a rir dele.

—- Você tá bem? Segura em mim. – Daichi passa a mão em suas bochechas e o ergue, praticamente arrastando Suga pelas escadas até o banco de madeira mais próximo.

Suga se joga no banco, abraçando o próprio corpo e encarando o chão. Daichi ri um pouco e se sente culpado, ajeitando o cabelo arrepiado de Suga e colocando uma mão sobre a sua.

—- O que achou? – ele pergunta baixinho.

Suga treme tanto que balança o banco, e a pele dele está mais quente do que o normal.

—- Suga?

Ele tenta abrir a boca para dizer alguma coisa, mas nenhum som sai. Ele só coloca a mão no peito e fecha os dedos sobre a camiseta. Daichi ri de novo, puxando-o para perto e dando-lhe um abraço gentil.

—- M-M-M-Meu co-coração.

Daichi coloca o dedo na veia no pescoço de Suga.

—- Calma, é só adrenalina. Você não vai morrer nem nada. Toma. – ele se estica na direção da mochila e tira uma garrafa de água – Bebe um pouco.

As mãos de Suga tremem tanto que ele derrama água em toda sua camiseta e bermuda. Ele respira fundo várias vezes, finalmente conseguindo se controlar.

—- F-Foi...

Daichi acaricia sua nuca.

—- F-Foi bem legal, até...

Ele é esmagado num abraço apertado, ouvindo o peito de Daichi rugir com uma risada feliz. Suga esboça um sorriso também.

—- Ah, Suga, eu amo você. Sério. Você é a melhor coisa que me aconteceu.

—- Não vem com esse papinho pra cima de mim, seu puto. Eu odeio você e essa sua cara feiosa por me ter feito ir naquela coisa.

.

.

Daichi e Suga passeiam no carrossel, no barco viking, de trenzinho pelo parque, vão à casa de sustos e no túnel do amor, tudo isso se enchendo de pipoca e algodão doce.

—- Qual você mais gostou? – Daichi pergunta, ajeitando o boné de Suga na cabeça e recebendo um sorriso lindo de volta.

—- Da casa dos sustos! E do brinquedo dos aliens! E o negócio de água! Ah, Daichi, podemos ir de novo?! Por favor!

—- Claro, Suga. Podemos fazer tudo o que você quiser.

O coração de Suga bate muito feliz no peito e ele passa os braços pelo pescoço de Daichi, aproximando o rosto do dele.

—- Esse deve ser o dia mais legal da minha vida! Eu amo você!

—- Jura? Já me perdoou pela montanha-russa, então?

—- Não. – ele diz sério, mas seu riso divertido o trai. Ele faz menção de se afastar, mas Daichi o puxa para mais perto é dá vários beijinhos na boca e pelo rosto dele – Não me beija, eu não te perdoei totalmente ainda!

—- Se eu te der um presente você me perdoa?

—- Posso pensar no assunto.

Daichi o beija mais uma vez e pega na mão dele, levando-o até a praça das barraquinhas. Eles param na frente de uma delas e Daichi entrega algumas fichas para o rapaz, que coloca cinco bolas vermelhas a sua frente.

—- O que você tá fazendo?

—- Tá vendo aquelas latinhas ali no fundo? Eu tenho que derrubar elas com essas bolinhas. Quanto mais latinhas eu derrubar, maior o prêmio.

— Ohh!

Daichi mira com cuidado e derruba três das cinco pilhas de lata, recebendo aplausos de Suga.

—- Você pode escolher qualquer coisa dessa pilha – diz o rapaz, apontando para a pilha de bichinhos de pelúcia numa mesa verde.

—- Você escolhe, Suga.

—- Eu?!

—- É meu presente pra você. Escolhe qualquer um.

Suga abre levemente a boca de empolgação e se apoia no balcão, observando as pelúcias, entortando a cabeça por não reconhecer nenhum dos animais.

—- O amarelo!

O rapaz lhe entrega o bichinho e Suga o aperta nos braços, sorrindo para Daichi. Ele se derrete totalmente.

—- Podemos ir no negócio que gira de novo?

—- Claro, Suga.

Eles caminham pelo chão de areia batida, com Suga praticamente pululando.

—- O que é isso, Daichi? – ele estica o bichinho na frente do corpo.

—- É uma girafa. Sabe o que é?

Suga balança a cabeça, e Daichi pega seu celular. Ele procura uma imagem na internet e mostra a Suga, que franze as sobrancelhas.

—- Nossa! Que pescoço enorme!

—- Sim. Elas são muito altas também.

—- Altas quanto?

—- Mais ou menos do tamanho daquela árvore. – ele aponta para frente e Suga abre a boca.

—- Uau! Será que podemos ver um dia?

—- Hm... Difícil, mas quem sabe?

—- Por quê?

—- Não tem girafas aqui, só em um dos continentes. Talvez possamos ir até lá um dia, mas acho que vamos ter que nos contentar com o zoológico por enquanto.

—- O que é zoológico?

Daichi passa a mão no cabelo de Suga e sorri.

—-Você vai ver quando formos lá. Agora vamos no próximo brinquedo, ok?

—- Ok!

.

.

Suga respira bem fundo.

O céu já começa a ficar escuro. O sol tinha desaparecido atrás da montanha, e o parque esvaziava rapidamente.

—- Ok, vamos lá.

—- Tem certeza?

—- Tenho.

Eles entram de novo na fila da montanha-russa e Suga esfrega as mãos juntas.

—- Dessa vez, tenta não pensar na altitude. – Daichi aperta seus dedos e Suga junta sua girafa ao peito – Presta atenção na velocidade e no vento, e sente a adrenalina pelo seu corpo. Vê como seu corpo se comporta nas curvas e nas voltas, principalmente quando estivermos de ponta-cabeça. Assim fica mais divertido.

—- Ok. Confio em você.

Eles entram no carrinho e sentam-se na última fileira. Daichi deixa a mochila no canto. A moça chega e abaixa a trava, sorrindo na direção dele.

—- Não vomite, ok? – ela ri e se afasta.

—- O-Ok...

Ela, então, aperta o botão no painel e o carrinho começa a se mover. Suga balança os pés nervosamente, apertando o pulso de Daichi. Eles começam a subir.

—- Aproveite a vista, Suga. Olha – ele aponta para a esquerda – Ali é a casa dos sustos. E veja esse pôr-do-sol.

—- É-É bonito...

—- Sim!

Eles observam as pessoas pequenininhas lá embaixo, e os carros no estacionamento, e o sol sumindo atrás das árvores na montanha.

—- Pronto. É agora – Daichi começa a ficar empolgado quando eles chegam ao topo e a frente do carrinho começa a descida, fazendo o pessoal gritar. A velocidade aumenta e eles despencam – SUGA LEVANTA AS MÃOS!

Daichi ergue as mãos para o alto, rindo escandalosamente enquanto chacoalha. Suga agarra a barra de ferro e sente o coração disparar.

Na primeira curva ele é tomado por uma onda gostosa de adrenalina e começa a rir também, levantando as mãos. O vento no cabelo e no rosto é gostoso, e Suga gargalha como uma criança ouvindo os gritos dos outros passageiros. Quando eles viram de ponta-cabeça, ele se diverte ainda mais sentindo o corpo ficar muito leve e depois ser esmagado contra o banco, jogado de um lado para o outro nas curvas fechadas. Ele olha para o lado e vê Daichi rindo também, o rosto vermelho e o cabelo espetado para cima.

Quando eles descem do carrinho, os joelhos de Suga ainda tremem como gelatina, mas ele continua rindo enquanto se apoia nos ombros de Daichi.

—- VAMOS DE NOVO! DE NOVO!

Eles vão na montanha-russa mais cinco vezes.

Suga pula ao redor de Daichi, abraçando sua girafa e rindo feliz.

—- Hoje foi o melhor dia da minha vida!

—- Você ainda odeia eu e minha cara feiosa?

Daichi ergue uma sobrancelha e Suga pula na frente dele, agarrando seu rosto com as duas mãos.

—- Eu amo você e essa sua cara linda, maravilhosa. – Suga espreme a boca na dele.

Eles caminham felizes até o estacionamento e Daichi abre a porta traseira, entrando e puxando Suga consigo e colocando-o em seu colo, beijando seu sorriso bobo. Ele fecha a porta e puxa os cabelos da nunca dele.

Suga desliza para frente, enrolando a língua na de Daichi, sentindo o peito martelar dolorosamente de tanto amor. Eles suspiram na boca um do outro, beijando-se euforicamente, e Suga mexe o quadril, arrancando um gemido do fundo da garganta de Daichi.

Suga tira a camiseta deles com pressa enquanto Daichi abre os botões e desce os zíperes das bermudas. O pinto de Suga sobe na velocidade da luz ao sentir dedos passando de leve no tecido. Ele geme gostoso e Daichi chupa o lábio dele.

Eles afastam as cuecas e começam a se masturbar juntos. Suga engole os gemidos de Daichi e estremece quando ele junta os dois pintos juntos e esfrega-os bem gostoso. Suga agarra o rosto dele e mexe o quadril. Daichi lhe dá um tapa na bunda.

—- Ah! – ele exclama, ficando completamente vermelho, e Daichi amassa a boca na dele, sorrindo. Ele desce os lábios pelo queixo e maxilar, lambendo e chupando o pescoço de Suga bem nas cicatrizes de suas guelras. – O-Oh...

Suga consegue se controlar por mais alguns segundos antes de gemer bem alto e gozar, fechando os olhos. Ele mexe o quadril instintivamente e Daichi suspira alto, acelerando o ritmo da mão e gemendo longamente ao gozar também.

Eles ficam em silêncio por poucos minutos, recuperando-se. Daichi limpa a barriga deles com uma das camisetas e beija a testa dele.

—- Pronto pra ir pra casa?

—- Pronto.

Daichi estaciona o carro na frente de casa. As cigarras cantam alto no começo daquela noitinha quente, e a água do mar espirra suavemente ao bater contra as pedras na praia mais para baixo.

Há uma caixa de papelão encostada na porta, e Daichi abaixa para pegá-la.

—- Olha, Suga. Tem seu nome nela.

—- É pra mim?

Ele pega a caixa e a vira para todos os lados, procurando alguma coisa que ajude a identifica-la. Daichi abre a porta e acende a luz. Eles entram e sentam no sofá. Suga puxa a fita adesiva e abre as abas.

A primeira coisa que ele vê é um pedaço de papel dobrado ao meio, escrito Sugawara e Daichi em cima.

.

Queridos Suga e Daichi,

Oi! Faz tempo, né? Estou escrevendo para dizer que todo mundo no recife sente muitas saudades de vocês, e esperam que vocês possam voltar logo.

Fico feliz em dizer que o Kageyama está se adaptando muito bem à nova vida subaquática e o Hinata está mais feliz do que nunca na companhia dele e da irmã. Eles sentem muito sua falta, e estão pensando em uma viagem para a ilha no final do outono.

Venho informar que estou deixando Nerida por um tempo para repassar todo o material que escrevi, e quem sabe publicar livros sobre o assunto. A falta de informação sobre o mundo sereiano é preocupante, e ensiná-las ao público deve nos ajudar a preservar essas vidas que já foram tão maltratadas pelos seres humanos. Contamos com a ajuda de vocês para isso. Felizmente volto à Nerida em breve. O recife é como se fosse minha segunda casa.

Enquanto eu estiver fora, Hippo ficará com meu celular e irá à praia uma vez por semana caso queiram falar com ele. Ele é o único que posso confiar para não deixar Tanaka e Noya estragarem outro celular. Fiquem à vontade para ligar para ele quando possível para receber notícias dos outros.

Nesse pacote juntamos algumas coisas que podem ser interessantes. Esperamos que gostem.

Sentimos muitas saudades e desejamos todo o melhor.

Asahi.

.

Suga sorri para a carta e a coloca na mesinha, voltando a olhar dentro da caixa. Há uma sacola plástica transparente grande cheia de algas pretas dentro, e um bilhete colado escrito colocar na geladeira; dois colares de conchas muito bonitas e coloridas; uma pedra branca redonda do tamanho de uma bola de tênis, com várias páginas coladas nela; o livro de Biologia Celular repleto de novas fotos; e uma caixinha pequena embalada num papel de presente vermelho, com um laço branco em cima, e um bilhetinho colado escrito para ajudar sua experiência no mundo humano! -ACASE.

Suga abre a caixinha e se vê refletido numa tela preta.

—- Olha, Daichi, você tem um desses. Qual o nome? – ele tira o aparelho da caixa e o examina.

—- É um celular!

—- Não sei como funciona, mas você gosta muito do seu – Suga sorri e Daichi aperta o botão na lateral. A tela acende.

—- Primariamente o celular serve para se comunicar com outras pessoas. Se você tiver o número delas, você pode ligar e mandar mensagens.

—- Oh!

—- Então se eu estiver na aula e você precisar falar comigo, não precisa ir até lá, é só mandar uma mensagem. – Daichi sorri de volta, vendo Suga apertar a tela e abrir aplicativos – Você também pode acessar a internet e procurar coisas, ver vídeos, tirar fotos, jogar joguinhos, usar o mapa para não se perder, salvar informações importantes...

—- Maneiro!

Daichi conecta o celular no wi-fi e liga para Suga, vendo-o ficar radiante ao ouvir a voz dele no aparelho, e até do lado de fora da casa. Ele deixa Suga explorando as profundezas do Google e do Youtube e vai colocar a roupa para lavar.

Suga se diverte muito vendo vídeos dos mais variados assuntos: como nasceu e como funciona a eletricidade, a invenção do plástico moderno, como um avião é construído, a ciência por trás do micro-ondas; e pergunta ao Google várias coisas, desde girafas e elefantes e Pikachu até Leonardo Da Vinci.

Quando Suga tira os olhos da tela, ele está sentado no escuro, sozinho. O relógio do celular diz que são 20h. Não há sinal de Daichi na sala nem na cozinha.

Suga deixa o celular na mesinha e procura Daichi pela casa, parando na porta do quarto. Daichi, deitado de lado, amassa a própria bochecha com a mão e dorme com a boca um pouco aberta, suspirando profundamente. Suga sorri para si mesmo, sentindo o peito quase explodir de tanto amor, e vai com cuidado até ele.

—- Daichi? – ele coloca uma mão em seu braço gentilmente – Ei, Daichi.

—- Hmm...

Daichi abre os olhos devagar e pisca algumas vezes.

—- Daichi?

—- Suga...

—- Vamos tomar um banho? Estamos fedidos de suor.

—- Hm... – Daichi fecha os olhos de novo e se aconchega mais um pouco – Suga... Eu amo você...

Suga coloca a mão na bochecha dele e a acaricia gentilmente, sorrindo.

—- Eu amo você também, Daichi. Levanta. Vamos tomar banho.

Suga insiste mais um pouco antes de Daichi se espreguiçar e finalmente segui-lo até o banheiro, onde eles se enfiaram debaixo do chuveiro e tomaram um longo e gostoso banho antes do jantar.


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Notas finais do capítulo

Na verdade eu tinha começado a escrever uma coisa totalmente diferente no meio do capítulo, mas resolvi não prolongar as coisas. Adiar o fim só deixa as coisas cansativas, e eu nem estava empolgada. Então resolvi deixar tudo bem simples, como sempre.

Espero que tenham gostado! Se sim, deixe um comentário; vai fazer uma autora muito feliz. Obrigada pela leitura e até a próxima! ♥



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