A Cabana do Demônio escrita por Levigarian


Capítulo 3
O Arlequim




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Passos leves se aproximavam e os bruxos permaneciam com suas varinhas apontadas para a direção de onde viera a voz.

— Quem está ai? Wey olhava em direção a escuridão que se levantava a frente.

— Vamos lá camarada, identifique-se.

Ramon sentiu a presença, o desespero começou a tomar conta de seu corpo, frio, medo, angústia.

— É ele Wey.

Wey olhou do amigo para a escuridão, conseguiu sentir a presença maligna que se aproximava, mas se manteve firme, viu a varinha de Ramon tremer.

— Mantenha o foco Ramon.

O bruxo respirou fundo e tentou controlar seu medo.

Os passos estavam cada vez mais próximos, um estalido de galho, folhas sendo quebradas a cada passo dado. O primeiro indicio foram as pontas da bota com guizos, aparecem na luz do feitiço que ainda estava ativo, aos poucos foi se revelando.

A criatura trajava uma roupa de jester em cores laranja e verde, seu rosto estava branco como se tivesse usado maquiagem circense, seu sorriso ia de um lado ao outro do rosto e exibia dentes pontiagudos, seus olhos eram vermelhos como o sangue e sua aura ansiava a morte. Sua cabeça estava adornada por um chapéu de jester com três pontas, em cada ponta possui um guizo como as dos sapatos, porém os mesmos não emitiam som algum.

— Boa noite mágicos.

Sua voz era suave como uma brisa de inverno, embora podia-se sentir a maldade por trás do sorriso.

Ramon permanecia petrificado, não conseguia falar, Wey se adiantou diante do estado do amigo.

— Quem é você?

— Creio que vocês estão com algo que me pertence.

Wey olhou para o chão atrás, onde o outro ser se encontrava inconsciente.

— O que quer com essa pessoa?

O arlequim olhou para Wey com sede de sangue nos olhos e levantou o dedo indicador fazendo um sinal de negação, balançando para um lado e para o outro.

— Vocês nunca aprendem, criaturinhas chatas os mágicos, sempre querendo se intrometer em assuntos que não lhes são de direito.

Wey preparou sua varinha, sentiu a maldade da criatura.

*Protego Horribilis*

Um escudo se postou a frente protegendo todos.

— Acha que essa mágica pode me deter? Tsc tsc.

— Novamente, quem é você?

— Ora, o mágico quer mesmo saber, então deixe eu me apresentar.

Com um gesto de mãos, tirou o chapéu e levou a frente do corpo fazendo uma reverência.

— Eu sou o Arlequim e este humano atrás de você me pertence e eu vou leva-lo de volta.

Com um movimento rápido a criatura rompeu o escudo de Wey, arremessando os dois bruxos para os lados com o abrir das mãos.

— Não tão rápido.

Um relâmpago caiu em direção ao Arlequim fazendo-o parar antes de chegar até seu alvo.

— Ora, ora, veio se juntar a festa, andarilho?

O Arlequim olhou para a frente, e uma silhueta encapuzada apareceu.

— Como se atreve a vir até aqui, demônio, esta terra não pertence a você.

Com um cajado em mãos outro relâmpago foi conjurado acertando o Arlequim nas costas e fazendo cair ao cão.

Wey foi até o ser caído e o arrastou para longe da disputa, conjurando um escudo a sua frente, Ramon parecia que estava voltando ao normal e ajudou a fortificar o escudo.

— Maldito, como ousa me atacar? O Arlequim falou em fúria. _ Sabe o que farei com você? Vou estripa-lo com minhas mãos e fazer seu sangue jorrar, ficarei torturando-o sempre e sempre e sempre.

Com um sorriso diabólico no rosto, o Arlequim virou a cabeça de lado e começou a rir da cara do homem das sombras.

— Apareça andarilho, vamos brincar, saia das sombras para que eu possa mata-lo.

Outro relâmpago acertou o Arlequim.

— Maldito! Pare de se esconder, venha brincar.

*Incêndio*

Ramon lançou um jato de fogo contra o Arlequim que saltou para desviar do ataque.

— Me de cobertura Wey.

— Pode deixar.

O Arlequim olhou para Ramon com fúria. _ Não se intrometa mágico. Com um movimento das mãos o Arlequim lançou duas pedras enormes tiradas do chão.

*Protego*

As pedras se desmancharam com o impacto no escudo que foi conjurado.

*Confringo*

Um jorro prateado saiu da varinha de Ramon indo em direção ao Arlequim que não conseguiu desviar em tempo, uma grande explosão fez com que uma nuvem de poeira se erguesse no campo de batalha.

Uma forte rajada de vento dispersou a poeira e o Arlequim estava em pé, com a roupa soltando fumaça porém não havia levado nenhum dano na explosão.

— Mas como é possível? Exclamou Ramon atônito.

Estalando o pescoço e limpando um dos ouvidos o Arlequim olha para Ramon.

— Como eu disse mágico, vocês não aprendem. E avançou contra Ramon, suas mãos se tornaram garras, o bruxo ergueu a varinha para se defender mas o Arlequim estava próximo demais.

*Salvio Hexia* *Abaffiato* *Oculto*

Uma névoa se formou na frente de Ramon, o mesmo não viu mais o Arlequim, Wey estava envolvido pela mesma névoa, assim como o corpo desacordado.

— O que está acontecendo? Eu morri?

Ramon olhava de um lugar ao outro, não entendia o que aconteceu, Wey observava o lugar.

— Fique em silencio Ramon, é um feitiço de ocultação, alguém nos escondeu.

— Muito bem observado, Wesley.

Wey olhou para as sombras das arvores com os olhos abertos em espanto, Ramon olhou para o mesmo lugar com a mesma expressão.

— Essa voz... Levi.. Levigarian?

Passos vinham na direção dos bruxos, galhos se partiam com a aproximação, um rosto encapuzado se aproximava, estava coberto por um manto marrom terra, ele caminhava lentamente, levando as mãos ao capuz, o tirou de sua cabeça revelando um rosto familiar porém diferente, um sorriso sem vida estampava o rosto do andarilho assim como uma barba que deixava de ser ruiva e apresentava sinais de certa idade, seus cabelos eram grisalhos, seus olhos antes verdes agora estavam sem brilho, era Levigarian mas ao mesmo tempo não era.

Wey observava sem entender a aparição a sua frente, apenas uma pergunta se formou em sua mente e foi pronunciada.

— Quem é você?

O andarilho sorriu com a pergunta e olhou para ambos os bruxos e o corpo caído ao chão.

— Sou um registro, uma recordação, algo que ficou no passado, porém não deixará de existir no futuro.

Ramon e Wey ouviam o ser em questão, porém não sentiam que ele mentia, nem que o mesmo era ruim, Wey dirige a palavra ao ser.

— Por que assume a aparência e forma de um velho amigo nosso?

Ainda olhando os bruxos ele responde.

— Assumo a forma que melhor se encaixa aos olhos e aceitação daqueles que precisam de minha ajuda.

— Como pode usar magia? Questiona Wey.

— Assim como vocês, sou dotado de um corpo, porém não da mesma substância que os compõe, uma forma diferente de existência, porém esse não é o assunto em questão, o que precisam saber é sobre o perigo que irão correr se decidirem seguir em frente.

Os bruxos ouvem atentos a cada palavra e se atem à questão de perigo.

— Que tipos de perigos? Pergunta Ramon.

— Esta floresta guarda abriga muitas criaturas e seres das quais vocês nem podem sonhar, sei que a capacidade mágica de você é alta, porém não estou certo se conseguiram chegar ao fim dessa empreitada.

— O que era a criatura que nos atacou, por que ela queria este ser? Aponta Ramon ao corpo ao chão.

— O arlequim invadiu esta floresta e contaminou a energia do lugar, sua presença não é bem-vinda, ele tem meios de manipular a terra e contaminar tudo que toca, sua maldade é sem precedentes, porém acredito que vocês tenham a resposta para a pergunta do que ele é.

O andarilho prossegue enquanto os bruxos mostram expressões intrigadas com a sua colocação.

— Ele tomou posse de uma região mais ao leste da floresta, tomou controle de uma região que antes era usava por agricultores e famílias que viviam da terra, esse corpo desacordado é um desses pobres coitados que conseguiu fugir, um ser humano com talentos mágicos um tanto peculiares, por esse motivo conseguiu escapar da prisão do Arlequim.

— Prisão? Pergunta Wey olhando fixamente o andarilho.

— Sim, tudo que o arlequim possui ele conquistou pela força ou por sua capacidade de enganar e persuadir, pobre criaturas, não sabiam o perigo que corriam.

— E você não pode fazer nada, você o atacou.

— Minha magia é limitada, tenho forças nesta área da floresta, ao leste não detenho tamanho poder, seria capturado e aprisionado e isso não seria bom.

— Mas tem algo que podemos fazer, alguma coisa pode ser feita?

O andarilho olha Wey, observa por breves momentos o rosto do jovem, sente sua aura, sente sua energia e sorri.

— A algum tempo um jovem feito você veio até esse lugar, ele emitia a mesma aura que você, o mesmo desejo de ajudar, posso lhes indicar a direção, porém a proteção que pus sobre vocês se dissipara conforme irão caminhando, estarão sujeitos aos ataques do Arlequim.

Com um movimento da mão um escudo se materializou em torno dos bruxos.

— Eu conheço essa magia! Exclama Ramon. _ É um escudo para afastar inimigos e esconder aquele que quer ser escondido.

— Muito bem Ramon, aprendeu corretamente as propriedades do feitiço fiel.

— Como sabe nossos nomes?

— Como disse, a algum tempo conheci alguém como vocês e pude ter acesso a suas lembranças, vocês estavam presentes nelas, os reconheci de lá.

— Essa pessoa que você diz ter conhecido, como se chamava?

— Ele era jovem quando veio ao meu encontro, gostava de estudar plantas, porém teve um fim do qual temo ter sido pior que a morte, era um bom rapaz, tinha a forma como me apresento a vocês, chamava-se Levigarian.

Wey se levanta de súbito, Ramon continua sentado, decidiu amparar o corpo desacordado prestando os primeiros socorros ao mesmo.

— Como pode falar isso? Como pode falar dele com essa falta de consideração, Levigarian foi um grande homem, um professor, mestre, amigo fiel, não ouse falar dele como se o conhecesse.

O andarilho olha sem espanto para a reação do jovem bruxo.

— É compreensível a sua dor, e a respeito, porém as pessoas fazem escolhas, nem sempre as melhores, mas ainda assim a fazem, não acredite que falo com falta de respeito, mas que entenda que a escolha partiu dele, todavia, deveriam se adiantar em seu caminho.

Wey respira fundo, controla suas emoções, Ramon termina de preparar os –curativos e fala com o andarilho.

— E quanto a esse homem, não poderemos leva-lo conosco, irá atrasar nosso -caminho.

O andarilho vai ate o homem desacordado, o pega nos braços.

— Eu cuidarei para que ele saia da floresta em segurança, agora partam, antes que o tempo mude novamente.

Olhando para Wey e Ramon o andarilho fala uma última vez.

— Tomem cuidado com o tempo, ele muda conforme sua vontade, lembrem-se de quem são, para não se perderem.

E parte deixando os dois bruxos para trás.

— Cara, que loucura! Exclama Ramon

— Nem me diga, vamos logo, precisamos chegar logo a esse vilarejo a qual foi mencionado.

Ramon coloca a varinha em sua mão e utiliza o feitiço dos quatro pontos para saber onde ficava o leste. A varinha se direciona para a esquerda e para.

— Por aqui.

Os bruxos tomam caminhada, seguindo para o leste da floresta.


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