A Cabana do Demônio escrita por Levigarian


Capítulo 1
A Floresta do sussurro




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Era um dia como qualquer outro, eu estava em minha cabana cuidando das minhas criaturas quando meu alarme de intrusos dispara. Alguém havia passado pela barreira mágica que lancei em torno da propriedade porém não parecia ser alguém com má intenção, quem sabe apenas um visitante.

Esperei na porta da cabana, olhando em direção ao caminho que seguia para a entrada da propriedade, ao longe começo a avistar a silhueta de um jovem, estava trajando roupas de viagem e um manto com capuz azul noite cobria sua cabeça, não conseguia daquela distância ver quem era o viajante.

Ele foi se aproximando, por mais que eu estivesse certo que ele não faria nada, discretamente segurei minha varinha, ela estava no bolso de trás de minha calça, toquei ela de leve e mantive contato visual com o viajante que se aproximava, afinal se prevenir nunca é demais.

O viajante me olha e consigo enxergar um sorriso por entre a sombra que cobria seu rosto, ele levanta a cabeça e joga o capuz para trás, revelando um rosto familiar, aquele sorriso debochado que a muito não via.

—Ramon! Exclamo em voz alta já indo em direção a ele para um saudoso abraço.

— Olá Wey. Abraço apertado meu amigo de longa data, fazia algum tempo que não nos víamos e sua visita foi uma grande surpresa.

— O que o traz a minha humilde residência, vamos entre, vou preparar algo para bebermos.

— Seria ótimo.

Ao entrarmos na cabana indiquei uma das cadeiras a mesa para que Ramon se acomodasse, ele estava com uma expressão cansada.

— A sua viagem deve ter sido longa, sua expressão entrega isso.

— Como sempre analisando os outros. De fato estou cansado, foi um longo trajeto até sua cabana, a propósito achei interessantes os feitiços de defesa que utilizou em torno da propriedade, criação sua?

Solto uma gargalhada.

— Alguns, outros aprendi com um velho professor nosso.

Ramon olha com sentimentalismo.

— Sinto muito por sua perda, ele era um grande bruxo.

— Sim ele foi.

Termino de preparar um chá de ervas do campo e sirvo com biscoitos de aveia.

— O que o traz aqui Ramon, não acredito que seja uma visita rotineira, afinal não o vejo desde que partiu em busca de conhecimento para as florestas do leste.

— Acho que se eu falar que é apenas uma visita mesmo não lhe convenceria.

—Não, sinto que há mais a ser dito.

Ramon sorri.

— Estive muito tempo em busca de informações sobre um lugar que foi amaldiçoado, porém sua localização nunca foi certa, dizem que você só encontra esse lugar quando não o quer encontrar.

— Prossiga.

— Durante essa minha jornada, cheguei a um lugar diferente, com uma magia diferente, algo mais familiar com o seu tipo de magia.

— Minha magia?

— Sim, você aprendeu muito com ele, tenho certeza que concordaria comigo quando fosse lá, vai poder sentir no ar o que estou falando, não é algo bom Wey, senti maldade naquele lugar.

— E que lugar seria esse?

— A floresta do sussurro.

Wey esboça espanto, seus olhos se arregalam com o que acabo de falar, percebo uma certa inquietação, sua mão treme de leve, algo o fez entrar em estado de alerta.

— Impossível, esse lugar não existe.

— Eu também achava que não, até chegar na entrada dela, ela existe Wey e esse é o motivo de minha visita, preciso de sua ajuda para entrar lá e conseguir descobrir o mistério que cerca essa floresta.

— Não posso.

— Mas, eu preciso das suas habilidades, sei que ele te ensinou muito bem sobre as florestas do mundo, ele era um excelente professor e um especialista nisso.

— Eu não sou tão bom quanto ele e nem tão capaz, ele era um mestre nessa área.

— Levigarian foi um excelente herbologista, sei disso e te ensinou bem, só penso em você para me ajudar nessa busca, já que o mestre das plantas não está mais em condições de seguir conosco.

— Não ouse, ele, ele.

Wey bate com as duas mão na mesa, vejo sua frustração, percebo que atravessei um limite.

— Me desculpe, mas preciso de sua ajuda, sabe que não tenho a quem recorrer.

— Você se tornou um auror para auxiliar na quebra de maldições, por que precisa de um magizoologista?

— Você sabe muito bem que está acima da minha especialização, não sou um mestre em animais e muito menos em plantas, sou bom em detectar certos tipos de magia e achar uma forma de reverte-las, mas a floresta, senti algo nela que tenho certeza que você poderia me ajudar, por favor Wey, venha comigo, me ajude nisso!

Olhei sua suplica, senti sua necessidade, vi que ele não tinha mais opções.

— Sabe que não vou poder ajudar muito, mas farei o possível, se o que diz for verdade e que esse lugar é de fato a floresta do Sussurro, teremos um certo problema em entrar lá.

— Eu gosto de desafios.

— Não estou brincando, Levigarian já me falou sobre ela, já tentou desvendar seu mistério, mas nem ele conseguiu chegar muito longe, tenho os registros dele em algum lugar.

Noto que ele procura por algo em sua cabana, tomo meu chá e como um dos biscoitos enquanto ele começa a vasculhar sua casa em busca de algo.

Noto que retira um livro velho de uma estante e retorna a mesa.

— Aqui esta, um dos livros de registro dele.

— Você ainda guarda as coisas dele?

— Sim, são boas fontes de informação e sei que um dia podem ser usadas novamente. Deixe-me ver o que tem sobre essa floresta, minha memória é falha com relação a ela.

Folheio o livro em busca da informação, encontro uma página intitulada com o nome da floresta em questão.

— Não é muito, mas já é um começo.

Mostro a Ramon, ele lê em silencio, por uns minutos fico observando meu chá esfriar.

— Interessante, ele chegou mais longe do que poderia imaginar, mal tive coragem de avançar da entrada, a energia que o lugar emana não é algo que faça você se arriscar na primeira visita.

— Então você ficou com medo do que poderia enfrentar?

— Não ria, você também teria pensado duas vezes se estivesse lá, o lugar é estranho Wey, nunca senti tal energia.

— Interessante, como eu disse vou te ajudar até onde minhas habilidades forem úteis.

— Será o suficiente, tenho certeza.

— Tudo bem, vamos planejar essa viagem.

Ramon permanece lendo os registros, vou até a janela e olho para o horizonte, o que eu faria se não pudesse resolver isso, será que estava apto a tal feito, queria que meu mestre estivesse aqui, ele saberia o que fazer.


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