Forbidden Game escrita por Periwinkle


Capítulo 3
E namorado?




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Tay ® POV

Creio eu que quase ninguém goste de mudanças, conhecer novos lugares e pessoas. Na maior parte das vezes parece assustador, pois você nunca sabe o que vai te esperar do outro lado. Se será algo bom ou se serei aceito pelas outras pessoas. Mas quando recebi a proposta da paiN não tive como negar, é uma oportunidade que quase todos os players deseja, jogar para um dos melhores time do Brasil e ao lado de grandes nomes do cenário do e-sport.

Isso dava um enorme frio na barriga só de imaginar. Mesmo tendo conversado e visto o pessoa do time poucas vezes, não seriam totalmente desconhecidos por mim. Por tanto vim para a game house um pouco mais calmo, e ainda mais em saber que eu não seria o único novato, iria ter a companhia do Loop. Um jogador que eu já conhecia um pouco fora do mundo competitivo. Então não seria tão ruim assim, estava mais calmo e sossegado quanto a isso.

A primeira impressão é sempre a que fica. Pelo menos é o que dizem, mas não é bem assim que funciona. Até porque quando vi os garotos pela primeira vez naquela sala comigo no time. Eu sentia que o clima iria ser bem complicado. Por isso preferi ficar na minha pelo menos por enquanto. E sabia que eu iria ser o foco deles, principalmente do Kami, porque ele poderia se sentir ameaçado com a minha presença, por eu ter sido mid laner pela G3X. Mas eu não fui contratado para ser o mid, e sim como ADC. Substituir o Brtt iria ser uma enorme responsabilidade. Porém eu iria fazer meu melhor e principalmente esperava que os fãs me aceitassem e não me visse como um inimigo. Eu apenas fui contratado, não podia recusar a oferta independente de quem fosse para a reserva.

A casa era muito agradável, melhor do que a casa da G3X. Os meninos também me receberam muito bem, principalmente o Kami se disponibilizando para nos mostrar a casa. Apesar da pequena briga que tiveram no minuto que pisamos na casa, mas parecia mais um caso isolado ou talvez não. Ou talvez foi apenas algo que preferi acreditar. Viver em uma casa cheia de conflitos e brigas é a pior coisa que existe. Se você briga demais com seu irmão é uma coisa, já que nunca vão deixar de serem irmãos ou pararem de se falar. Agora quando briga com outra pessoa, mesmo ela sendo sua melhor amiga ou amigo e começam a ter constantes brigas, isso desgasta o relacionamento. Chegará um momento que provavelmente não vão querer mais olhar um para a cara do outro de tanto que vão se detestar. E eu esperava no fundo que isso não acontecesse no time, até porque a paiN era conhecia como um time unido uma “família” como falou o Brtt no vídeo publicado pelo próprio time e pela organização do CBLOL na final do campeonato.  Foram belas palavras, esperava que não fossem apenas palavras ditas no calor do momento. Mas não posso julgar, tenho que os conhecer melhor.

Eu recebi uma visita até que inesperada. Bom... Pra falar a verdade nem tanto já que ele também dormia no quarto. Mylon e eu conversamos algumas vezes nas filas ranqueadas, acho que ele tirando o Loop era o que eu mais tinha contato naquele momento. Ele me cumprimentou e me fez um convite para sair para jantar com ele e o Kami. Aceitei, pois seria uma ótima oportunidade de conversar com eles melhor e até mesmo de descobrir como funcionava a casa e as pessoas. Como era o gênio de cada um, se teria alguém qual eu deveria tomar mais cuidado com as palavras que eu usasse. Não estava a fim de arrumar inimigos logo agora. Mesmo eu não falando muito a timidez na maioria das vezes atrapalhava a minha convivência com as pessoas. Demoraria um pouco pra me acostumar e me soltar de verdade. Chamamos o Loop para ir junto, mas ele preferiu ficar em casa e terminar de arrumar as coisas dele.

O jantar foi muito agradável, tirando algumas patadas do Kami que ele me dava, mas eu tentei reagir bem aquilo. Mylon havia me falado que ele estava se sentindo ameaçado com a minha presença, por isso que ele nos chamou para jantar, para nos conhecermos melhor e para que o Kami tirasse aquela ideia da cabeça. O legal foi que o Mylon não perguntou para qual lane eu havia sido designado. E mesmo se ele tivesse perguntado eu não iria falar, pois MiT havia pedido para mim guardar isso até a hora da reunião que seria anunciado. E ele não queria conflitos dentro da casa e nem boatos até tudo estar resolvido. Durante aquele jantar pude perceber o quanto aflito o Kami estava e curiosos para perguntar. Mas admiro-o por não ter perguntado, e quando estávamos voltando para casa, ele não estava mais com aquela aflição, estava mais solto. Não estava me tratando como um perigo para ele; parece que o plano do Mylon deu certo.  Tudo estava indo muito bem, mas eu sabia que seria por pouco tempo. Não pela parte do Kami, Mylon ou Sirt, mas sim pela parte do Brtt, já estava até imaginado o quão esquisito seria aquilo.

Voltamos embora e tivemos aquela reunião já prevista. O rosto do time pareciam aliviados por saber da reserva do Felipe, eu não me senti bem a principio. Mas são os perigos e consequências do oficio. Todos estão propícios a serem retirados da organização. Menos o Kami, Sirt e Mylon eles são os únicos que acho que nunca vão ser substituídos.

Fui tomar um banho longo e demorado, depois de tudo que havia acontecido naquele dia, um Dia agitado e estranho. Estranho porque eu ainda precisava me habituar com tudo e todos. Vai ser mais complicado com o Felipe, tentarei falar com ele menos possível, pelo menos nas primeiras semanas. Mas estava tranquilo, minha parte eu sabia que iria fazer o melhor.

— Mylon sai logo desse banheiro. Quero tomar banho — Falou o Kami do outro lado da porta dando algumas batidas nela.

— Desculpa pela demora eu já vou sair — Falei me apressando na lavagem do cabelo.

— Ah! Desculpa Tay, achei que fosse o Mylon. Pode ficar a vontade eu vou tomar banho no banheiro de baixo então. — O garoto saía da porta e eu voltava para meu banho.

Terminei de tomar meu banho. Tentei não demorar muito, pois Mylon poderia querer usar ou até mesmo o Kami poderia voltar, pois o outro poderia estar ocupado ou algo do tipo.

Vesti-me com uma calça de moletom preta e uma blusa branca. Não fazia ideia onde colocar as roupas sujas e a toalha molhada. Fiquei olhando para os lados pensando onde eu colocaria as roupas sujas. Por sorte Sirt passou bem na hora no corredor.

— Precisa de alguma coisa? — Falou ele me olhando e me vendo meio perdido.

— Na verdade sim, onde é a lavanderia? — Perguntei mostrando a bola de roupa que estava em minha mão.

— Fica do lado de fora da casa, em uma casinha perto da piscina. Fácil de encontrar. Mais alguma coisa? — Ele encostou-se à porta e sorriu.

— Creio que não, obrigado. — Joguei a toalha molhada no ombro, desci as escadas e fui para o lado da piscina.

O clima estava bem húmido, nada de diferente da temperatura de São Paulo de noite. Eu até admito que gosto de friozinho principalmente para dormir. Vi uma luz acessa, máquina de lavar e alguns varais e roupas penduradas.

— Aposto que é lá a lavanderia. – Pensei comigo

Fui até ela, descalço mesmo com os pés molhados por ter pisado em algumas poças de água pelo caminho. Vi um cesto vazio e coloquei as roupas no lugar e pendurei a toalha verde. Estava um silêncio enorme ali fora, não dava para escutar nada de dentro da casa.

— Você vem sempre aqui para lavar suas roupas? — Falou Kami quebrando aquele silêncio todo e me assustando.

— Da onde você apareceu? Quase me mata do coração. —Falei colocando a mão no coração e dando uma risada enquanto tentava respirar fundo.

— Se assustou por quê? Estava aprontando? — O menino colocou suas roupas no mesmo cesto que o meu, mas estava sem a toalha para colocar pra secar.

— Bem que eu gostaria de estar aprontando algo. Mas sou inocente e um santo. — Fomos andando até a casa.

— Quero ver até quando vai ser inocente e santo. Todo mundo era quando chegou. — O garoto abriu a porta da cozinha e foi direto para a geladeira pegar o pote do sorvete qual havíamos comprado mais cedo.

— Pelo menos no começo eu preciso demonstrar aquilo que não sou. — Me sentei à mesa e fiquei olhando para ele

— Vai ficar ai parado? Pega as taças e a colher. As taças ta naquela prateleira e as colheres naquela gaveta. — O menino apontava para os lugares onde estavam os utensílios.

Levantei-me e peguei as taças e as colheres e voltei a sentar à mesa. Kami colocou o sorvete e a concha para sorvete ao lado. Pegou as taças e começou a servir, colocando para nos dois. Ao terminar jogou a concha na pia, colocou o sorvete na geladeira e pegou a cobertura.

— Vai querer? — Perguntou ele passando um pouco da calda em seu dedo e a lambendo.

— Não. — Peguei a colher e comecei a tomar meu sorvete aos poucos.

— Vamos para a sala ver alguma coisa. — Disse Kami saindo da cozinha.

Seguimos para lá, não tinha quase ninguém acordado. Todos estavam se repousando ou na sala onde ficavam os computadores jogando. Sentei-me no sofá e fiquei encolhido no canto com os pés sobre um travesseiro. Já Kami estava do outro lado com os pés esticados me apertando cada vez mais na beirada do sofá. O garoto colocou em algum filme, qual não prestamos atenção, já que ficamos conversando e esquecemos o filme.

Já deveria ser umas 00h, e nada do sono aparecer. O kami me apertava cada vez mais. Respirei fundo, sabia que ele estava fazendo aquilo de proposito tentando me provocar. Coloquei a taça de sorvete no chão, qual por sinal já havia acabado. Peguei o pé dele e joguei para fora do sofá.

— Muito folgado você — Falei rindo e o encarando.

— Mais que ousadia. Eu estou aqui há mais tempo que você, tenho por direito o sofá inteiro. — O menino cruzou os braços e me encarou tentando segurar a risada.

— Eu sou novo aqui, você deveria tentar me agradar.  — Me sentei de maneira certa, peguei o travesseiro e coloquei em meu colo.

— Ai novinho, novato... Desde quando isso significa tirar o trono do rei. — O garoto pegou um travesseiro e jogou em mim e riu.

— Que idiota — Falei jogando dois travesseiros de volta.

— Ah é assim então? — Quando Gabriel foi jogar de volta os travesseiros eu segurei suas mãos, impedindo dele pegar ou fazer qualquer coisa.

— Foi você que começou — Falei rindo me ajoelhando no sofá.

— Ta me agredindo, é isso? Parece que não é tão inocente assim, já está me batendo. Vai fazer o que agora? Me jogar no chão e pisar em mim? — Kami ria enquanto falava e puxava a sua mão tentando soltar.

— Mas já estão brigando? — Falou Loop ao chegar à sala.

— Claro que não, eu ganharia dele muito fácil. — Falou Kami se soltando de mim.

Loop se sentou no meio de nos dois.  Sentamos de forma comportada dessa vez. E ficamos em silêncio olhando para o filme que passava. Sem entendermos nada, já que havíamos perdido quase o filme inteiro.

— Que filme é esse? — Perguntou Loop olhando para kami

— Eu não faço ideia. Não estávamos prestando atenção no filme, ficamos conversando. — Falou o garoto colocando sua taça de sorvete um pouco mais para o lado.

— Acho que atrapalhei a conversa. — Falou ele usando aspas na palavra “conversa”

— Qual é a das aspas. — Falei sem entender a principio.

— Porque vocês estavam era brincando de jogar travesseiro. Isso não é conversa— Explicou ele se levantando.

— Aonde vai? — Perguntei

— Dormir, amanhã teremos um longo dia de treino. Vou jogar com vocês enquanto MiT acha outro suporte pra me substituir no segundo Split. — Falou ele parando em nossa frente

— Uma porra isso né? Riot quando quer fuder, ela consegue direitinho. — Falou Kami bufando.

— A gente tem que jogar o jogo deles... Literalmente— Falei passando a mão sobre o cabelo.

— Infelizmente, mas vão entrar com um processo para ver se revoga isso. Acho bem difícil. Porém pode acontecer. — Disse Loop olhando para frente, onde havia uma estante com os troféus do time.

— Provavelmente vai ser perda de tempo, só vão irritar ainda mais eles. Vão ficar com olhos de gavião para cima de nós. Vamos ficar marcados pra ser mais direto. — Kami sabia muito bem o que falava, e eu concordava plenamente com ele. Mas como eu não podia opinar nesses casos e nem ele, então apenas comentávamos o que achávamos somente entre nós.

— Riot voltar atrás com a punição? Nunca! No máximo eles podem diminuir o tempo de um ano para seis meses. E olha lá ainda. — Falei suspirando, era uma situação muito delicada e de risco. Mas era para isso que tínhamos a comissão técnica. Para cuidar desses problemas, para que não tenhamos que ficar esquentando a cabeça. 

Loop saía da sala, ficando somente eu e o Kami novamente. Um silêncio predominou, não sabia o que falar e pra ser sincero aquele filme estava chato demais. Queria era que ele acabasse ou que voltássemos a ter aquela conversa agradável qual me distraia ao ponto de não ver o tempo passar novamente. Não durou dez minutos e o filme já acabava.

— Que horas será que é? — Perguntou Gabriel olhando para uma parede branca.

— Não faço ideia, me deixa ver. — Pego meu celular no bolso do moletom

— Eu olhei pra parede porque havia um relógio digital ali antigamente. Mas havia esquecido que a Caju quebrou na última briga com o Brtt. — O garoto se levantava do sofá e se espreguiçava dando um sorriso.

— Falta vinte pras duas horas. — Guardei o celular. — Eu nunca aceitaria ter uma namorada que fizesse isso. — Falei me levantando e pegando a taça no chão.

— E namorado? — Kami pegava a dele e me entregava.

Eu não sabia o que responder, nunca tinha pensado naquela possibilidade, na verdade eu nunca tive relação nenhuma com ninguém. Sempre fui fechado demais, pra mim namoros era como um tabu. Acho que a última vez que eu gostei de uma garota eu deveria ter uns 11 anos. Então fazia há muito tempo.

— Nenhum dos dois. Nenhum relacionamento sobrevive muito tempo quando um dos dois é abusivo. Se for pra namorar alguém precisa ter um relacionamento saudável. Tipo o que você está fazendo agora, está abusando da minha boa vontade — Falei pegando a taça da mão dele e saindo da sala.

— Então acho que o nosso namoro não vai durar muito tempo. — Kami riu ao dizer aquilo e acenou com a mão indo em direção ao quarto.

Nada disse. Ainda bem que ele saiu rápido, não ficou esperando nenhuma resposta, até porque provavelmente eu não teria uma resposta para aquilo. Ficaria totalmente vermelho e sem graça. Fui para a cozinha lavar a taças. Mas havia alguns pratos e copos na pia. Quando eu morava com meus pais, minha mãe me fazia lavar a louça. Sempre dizia que garotos também ajudavam em casa. Então aprendi a organizar as coisas desde cedo. Lavei tudo o que havia ali, não queria deixar pra ninguém no dia seguinte.

Fui para o quarto, estavam todos deitados. Mas apenas o Mylon estava dormindo. Kami estava com a luz do celular no rosto, ele aparentemente estava assistindo uma serie na netflix. Não quis atrapalhar, subi no meu beliche, tirei o celular da calça e coloquei de baixo do travesseiro. Quando deitei de lado, eu senti que ainda estava de óculos. Desci bufando e coloquei dentro da caixinha no armário. Voltei para a cama e me ajeitei de uma maneira mais confortável possível.

— Boa noite Tay — Sussurrou Kami me fazendo despertar.

— Boa noite Kami —


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é do Tay :3 queria diversificar um pouco, pra não ficar só o kami, kami, kami! Um pouco da visão do Tay é sempre bom! Espero que vocês tenham gostado, eu escrevo de coração e muita boa vontade, pq isso pra mim é divertido demais.
#GOKEYD



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