Não acha que está na hora de comer? 
Aurora entrou no quarto o qual a irmã se encontrava deitada de cabeça coberta.
 -Eu não sinto fome. -Disse sentando na cama. 
 Aurora abria as cortinas deixando que a luz invadisse o lugar, sentou-se em uma cadeira a qual sua mãe costumava sentar-se para reprende-la quando fazia algo de errado, como trancar as gêmeas no porão para ficar em silêncio. 
—Você precisa comer, precisa levantar, precisa tirar essa culpa de si. 
—Aura, eu acabei com a vida de uma pessoa...
—Pare de bobagem menina, você não sabe o que é acabar com a vida de alguém.
—Ele não pode mais andar, ele nunca mais vai poder andar. Ele não pode mais jogar futebol, ele adorava jogar futebol, ele até patinava no gelo, agora ele não pode fazer mais nada disso. -Os olhos da menina se distanciavam e vagavam por lembranças de momentos os quais os dois dividiram. -Ele ganhou em segundo lugar uma corrida nas montanhas, e agora? Eu o empurrei naquela piscina.
—Oh meu amor, você não sabia o que ia acontecer. -levantou sentando então ao lado da menina, trazendo sua cabeça em seu colo e acariciando seus cabelos. 
—Sabe o que é pior? Eu não sei mais se eu quero estar com ele. 
 Aurora ficou em silêncio por um tempo, então Bruna continuou. 
—Tinhamos planos sabe, viajar o mundo, patinar juntos, conversávamos sobre filhos as vezes. 
—Você é tão nova. -Disse Aurora sorrindo secando as lágrimas do rosto fino da irmã. -Eram só sonhos, com quantos outros você fez os mesmos planos? você se apaixona desde os oito anos, sempre foi assim, sempre trocava de amor de um dia pro outro, o que faz você pensar que seria diferente com ele? 
—É que agora, se eu acabar com tudo, ele está la daquele jeito, por minha culpa, ele vai achar que é por isso.
—E não é? 
—Não. Mas, mas....eu não sei. Ontem eu fiquei com ele, o beijo ainda é o mesmo, mas ele está se sentindo um invalido, e queria tentar.....tentar....você sabe não é? 
—Não querida, eu não sei.
—Ele queria fazer sexo, mas eu senti nojo, eu não consegui, eu tentei, eu juro, eu não toquei nem nas pernas dele. Eu sou nova, eu não consigo me imaginar....eu sou uma pessoa horrível. 
—Meu amor, isso é normal, diga, eu nunca vou te julgar. 
—Eu não consigo me imaginar indo no meu baile de formatura em direito com ele do lado, eu não consigo me imaginar entrando na igreja com ele, eu fiz planos pra quando ele andava, como vamos ter um filho? como ele vai olhar pro pai? como vou apresenta-lo para os meus amigos? eu não queria pensar isso. -Dizia sendo tomada por um choro incontrolável. 
—Calma Bru, você só está confusa, é normal. Arrumei um encontro pra você com pessoas que passaram pela mesma situação, e vou te levar hoje a noite, você vai se sentir melhor. 
—Eu não quero ir. 
—E mais tarde podemos comer aquela pizza de chocolate que você adora. 
—Mas você nem come doce. 
—Como até brasa por você, mas quero que tire essas bobagens da sua cabeça, tudo bem? 
—Tudo bem. -Levantou-se a abraçou a irmã forte. 
—Bom, agora vá tomar um banho, compre umas roupas novas, coma alguma coisa, deixo um cartão com você, e mais a noite passo aqui pra te pegar. 
—Onde você vai? 
—Tenho um compromisso, mas, mais tarde eu volto. -Levantou-se.
—Aurora? 
—Oi ?
—Eu te amo. 
 Aurora sorriu e respondeu-lhe -Se cuida.