Aurora escrita por Um conto em ponto


Capítulo 13
Falha piscologica




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A embriaguez trouxe para Mel a sensação de imortalidade, confiança. Encorajando-a a ser o que ela planejava mas não fazia, tendo a falsa sensação de imunidade a tudo e a todos. Mas quando acordou, e seus olhos correram pelas paredes estranhas de um quarto de hotel e notou que estava sozinha se sentiu vulnerável. Sua razão anunciou com quem ela havia passado sua noite, uma assassina em série viciada em sexo, sentiu medo, Aurora poderia estar planejando sua morte naquele momento, mas ao mesmo tempo sentia-se paranoica questionando-se a respeito do caráter da ex paciente e de suas esperanças que realmente depositava na mesma. Levantou-se e caminhou com cautela pelo quarto, fitando os quatro cantos das paredes bordô, rodeou em volta da cama, e olhou também o grande banheiro com uma bela banheira de hidromassagem. Ao ver que realmente estava sozinha se vestiu, e sentou-se na cama, esperou por algum tempo e novamente o medo lhe assolava, por onde andava Aurora, o que estaria fazendo ou planejando.  Decidiu então deixar o hotel, mas notou que estava trancada, o que lhe assustava ainda. Esperou mais um tempo e depois de cansada de tanto esperar apanhou o celular e o ligou, ficando surpresa com 20 ligações perdidas do marido, sorriu feliz com a preocupação e ao mesmo tempo orgulhou de si mesma, sendo que nunca havia dando-lhe motivos para se sentir preocupado ou inseguro.

 Aurora caminhou lojas e mais lojas atrás de um presente que agradaria mel, comprou flores e chocolates, sentia-se contente por saber que podia contar com alguém. Ignorou todas as ligações do dia, e também cancelou sua agenda mas quando chegou no hotel se deparou com uma cena um tanto quanto inusitada.  Fitou o casal que via deixando o lugar, era sua psicóloga, e o marido Marcelo. Tirou seus óculos escuros para crer no que via, mas nem se quer desceu do carro, apenas ficou olhando os dois até que entrassem e outro veículo e sumissem. Quando se afastaram Aurora deixou o local e foi até sua empresa. Quando se sentia mal, trabalhava horas e horas, mas algo estava diferente, ela nunca tinha se sentido daquela maneira, Mel pra ela tinha sido ingrata.
—Boa tarde senhora.
—Boa tarde Aline.
—A senhora não ia......-Antes mesmo que a secretária terminasse o que ia dizer a mulher nem se quer parou para ouvir, o que era de se estranhar.  Aline então franziu a testa, mas retomou suas atividades.


  Mel chegou em sua casa, respirou o ar, sempre com cheiro de incenso queimando, caminhou até a sala e deitou no sofá, em quanto Marcelo trancava a porta reclamando.
—Eu fiquei preocupado, quase morri do coração...
—Você sentiu culpa, é muito diferente de se preocupar.
—Custava ter ligado e avisado? Achei que você tinha sei la ido embora e me deixado.
—Era o que eu queria fazer... –Dizia em quanto acariciava os próprios cabelos olhando fixamente para seu lustre que imitava cristais.
 Marcelo caminhou até o sofá, e sentou-se nos pés da esposa colocando-os em seu colo e antes mesmo que ela se afastasse ele pediu.
—Só me escuta. –E começou a massageá-la. –Você vive compreendendo as pessoas, seu trabalho é esse, e eu não estou dizendo que você está errada em ficar mal comigo, mas só esses dias eu pude notar de verdade o quanto eu tenho medo de te perder, e o quanto eu não me imagino com outra pessoa que não seja você, você não quer outro bebê, eu te entendo, juro que entendo, você não está pronta e eu fui um canalha de exigir algo de você porque tudo que eu fiz até hoje foi só te machucar, mas pelo menos uma vez, uma só me olha como aqueles loucos que você trata, e você com sua fé inabalável acredita que eles conseguem, que podem...
—É bem diferente você não acha?
—Sim e não, é diferente porque estão na casa de outros e agora temos um problema e que eu tenho certeza que podemos resolver juntos...
—Já tentamos tantas vezes...-Disse ela tirando os pés de seu colo e sentando-se.
—Tudo bem, como eu disse, eu quero ser melhor, então só me responda se você ainda me ama, se você me disser que cansou, que não quer mais, que tem outra pessoa, eu sigo minha vida. –Então apanhou as mãos da esposa e disse.. –Você ainda me ama?
—Marcelo, preciso tomar banho, depois nós conversamos. –Disse levantando-se e deixando o noivo ali, sozinho.

 Em quanto ligava a banheira e ouvia o barulho da agua enchendo-a se pegou pensando quanto tempo não tomava um banheiro de banheira depois do acontecimento com seu bebê, mas algo nela estava diferente, ver a banheira no hotel fez ela desejar tomar um banho quente de banheira, bobagem ? talvez, mas era aquilo que lhe traria paz naquele momento. O fardo da culpa que ela carregava muitas vezes superava seu amor pelo marido, mas viveram tantas coisas boas juntos que também era impossível descartar.

 Mel se despiu, sentiu a pele arrepiar com o frio, colocou o pé esquerdo primeiro vendo que a temperatura morna era o ideal, em seguida o direito, e depois deixou com que a agua cobrisse todo seu corpo.  Era inevitável não se questionar o que Aurora estava fazendo, se já tinha sentido sua falta, e por que ainda não havia ligado para saber por que não a encontrou. Ao mesmo tempo era tomada pelo alívio de saber que não estava mais presa com uma assassina, mas tudo estava confuso, afinal a assassina nem se quer a tocou, ou a destratou e sempre aparentou ter um apresso muito sincero. Mel fechou seus olhos, respirou fundo e afundou a cabeça, para que agua a cobrisse, em seguida voltou a superfície. Com os olhos ainda fechados imaginou que poderia não estar mais viva, e questionou-se o que a levou a confiar tanto em Aurora sabendo exatamente de quem se tratava, e dizia a si mesma que geralmente os psicopatas são atraentes. Sua mente começou a questionar, questionar, questionar até que se pegou imaginando Aurora dando-lhe um beijo, na sala mesmo do hotel em quanto as duas estavam no chão da sala, pode imaginar o tapete macio passando por sua pele em quanto a língua quente da assassina explorava sua boca, e suas mãos magias acariciavam suas costas. Mas para Mel Aurora não parecia ser tão carinhosa, e devido a tantos relatos sua imaginação logo e colocou em cima de si, como quem ganha um jogo fácil, chegou a se imaginar tentando escapar, mas Aurora imprensando seu braço contra o chão. Mel era capaz de perverti amente se imaginar pedindo clemência com um sorriso malicioso nos lábios levando Aurora a loucura. –Por favor não acabe comigo ainda. –Mel então imaginou a paciente colocando as duas mãos da gola V de sua blusa e rasgando-a , em seguida deixando seus seios a mostra. Mel acariciava os próprios seios imaginando como seria Aurora os chupando. Podia imaginar seus dentes passando de leve fazendo movimentos circulares. Sua respiração ficando cada vez mais ofegante. Mel se tocava só de imaginar os dedos de Aurora acariciando sua vagina entre uma mordida e outra no bico dos seios. Era loucura, mas a psicóloga foi capaz de imaginar-se chegando a um orgasmo em quanto se tocava incansavelmente fazendo movimentos de vai e vem cada vez mais rápidos em quanto visualizava em sua mente Aurora com as mãos em seu pescoço tirando sua consciência, a levando a óbito .O orgasmo pra ela então se tornou um óbito, foi totalmente capaz de compreender a falta de controle, e o momento que você passa do total prazer ao cansaço.


—Aline, você já arrumou tudo da tal loja do Rafa?
—Tudo pronto, só falta assinar.
—ótimo, amanhã vejo isso. Tenha um bom dia.
—Já vai? –Novamente sem resposta, Aurora nunca havia deixado transparecer insatisfação daquela forma, foi para sua casa, e ainda teve de aguentar jantar com a família. Sofi e Bru não encontravam a irmã há uns dois anos, mas sempre estranharam o fato da mesma nunca demonstrar saudade. Gael raramente via Aurora, mas já estava acostumado, Cida uma das empregadas era quem mais cuidava do menino. Aurora jantou pela primeira vês em um mês na mesa com eles, mas não disse uma só palavra, afirmava ou negava com a cabeça, mas não respondia com palavras.
—Senhora Aurora? Tem visita.
—Vocês convidaram alguém? –Perguntou as gêmeas, quebrando o silêncio fúnebre que estava no local.
—Não...-Responderam.
 -Pois mande entrar, se já passou na portaria deve ser importante.
 Seus olhos se iluminaram, se alegraram, em seguida ficaram enfurecidos.
—Eu já esperava você, vamos para a biblioteca. –Disse Aurora levando a psicóloga a biblioteca.
—Pois bem, o que te trouxe aqui? –Fechou a porta atrás de si em quanto Mel se acomodava no sofá.
—Eu nem te agradeci por ontem.
—Não tem de que. –Caminhou até uma mesa de madeira a qual se encostou ficando de frente para a moça.
—Eu acabei indo embora.
—Também notei.
—Bom, eu só vim te pedir desculpas mesmo, você demorou pra voltar, e você me trancou e...
—E você não estava bêbada o suficiente pra me ter ao seu lado sem ser relação de psicóloga e paciente, tudo bem, eu entendo, sério. Se eu soubesse tudo que você sabe a meu respeito no seu lugar também teria medo.
—Eu não tinha avisado o meu marido.
—É, entendo.
—Não, você não entende, na verdade nem eu entendo.
—Eu que deveria te entender? Até entendo ter tanto medo de morrer na minha mão, mas deveria ser ao menos educada e não sair sem dizer nada.
—Não foi isso, estou passando por muitas coisas. Vim só pedir desculpas mesmo, agradecer porque sua entrevista lotou minha agenda, todo mundo quer se tratar comigo-SORRIU-, e deixar o contato do seu próximo terapeuta. –Entregou-lhe o cartão o qual ela rasgou naquele mesmo instante.
—Você fez um bom trabalho, eu não preciso mais de terapeuta, eu posso me virar sozinha daqui pra frente.
—Você é quem sabe.
—Sim, eu sei bem. Se eu soubesse que você, a única pessoa que poderia me ajudar também me veria como um monstro eu jamais teria te ajudado, te anunciado, deixado você se aproximar e ir. Você realmente é horrível no que faz, mas tudo é uma aprendizagem.
—Desculpa Se eu também tenho problemas, se sou humana, e se não consegui ser Deus pra você.
—Não se rebaixe tanto, e seja menos dramática. Por mais problemas que você tenha, você não poderia ter misturado as coisas, quem você pensa que é?
—Quem você pensa que é Aurora, minha mãe? Segue sua vida, segue o tratamento, se cure, vá se tratar, e me deixe em paz.
 Aurora voltou mais uma vez nas lembranças de seu tio Alváro, engoliu a seco abriu a porta e disse;
—A partir de hoje você pode me esquecer.
 Mel não queria, só precisava ser compreendida, mas Aurora não seria a pessoa que faria isso.
—Tudo bem. –Disse deixando a casa, e deixando Aurora.
 
 Mesmo longe uma da outra, quando suas cabeças tocaram o travesseiro, as duas eram capazes de se sentir, e mesmo sem uma explicação lógica, sentirem-se tristes por terem ficado longe, mesmo que nunca tenham estado perto realmente. Aurora sentia que o melhor a se fazer era manter distância, ou poderia machucar Mel como fez com tantos outros, e Mel sentia que manter um vinculo com Aurora não seria a melhor opção.

Três batidas na porta anunciavam Simon invadindo o quarto de Aurora no meio da noite.
—Humm, você chegou rápido meu amor. –Disse Aurora ajeitando sua camisola de cetim preta.
—Acha que eu negaria o pedido da minha Deusa? Aqui está nossos vinhos. Pedi também comida japonesa.
—Eu senti sua falta –Disse abraçando o amigo.
—Você está diferente, tem algo estranho...
—O que disse Aurora sorrindo tímida.
—Está planejando alguma coisa?
—Não né? Você sabe que eu sosseguei...
—Da ultima vez que você me disse isso, tive que forjar o suicídio de um padre, você se lembra?
—Meu Deus, foi horrível. –Aurora então abriu o vinho sorrindo se lembrando.

Maio de 2013 ***
 


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