Aurora escrita por Um conto em ponto


Capítulo 11
Fuga




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—Senhora Aurora? –Gritou Marcelo no corredor deserto do hospital que Aurora estava deixando no momento.
—Desculpe-me mas estou um pouco atrasada. –Disse dando-lhe as costas.
 Mas o homem apressou o passo e a alcançou.
—Eu só queria agradecer a senhora pelo apoio que está dando a minha mulher –Puxou-lhe o ombro virando-a de frente pra ele. -ela merece, a senhora tem se mostrado uma excelente patroa.
 Para Aurora era inacreditável certos toques e intimidades que ela não dava e mesmo assim as pessoas achavam que tinham. Mordeu os lábios e sua feição serena passou para um sorriso malicioso, com a mão direita empurrou o rapaz pelo peito, encostando-o na parede, e com a esquerda desceu por sua barriga até tocar-lhe o pênis, o qual acariciou descendo e subindo as mãos pelo órgão.
—Eu tenho sim muita consideração pela minha psicóloga –Falava em baixo tom aproximando os lábios do ouvido do rapaz. Marcelo prendia a respiração sem reação–E você deveria também usar algo mais do que esse seu pinto, e ser um marido melhor.
 Marcelo sentia sua respiração soltar lentamente, seu corpo estava trêmulo e era impossível disfarçar sua excitação, Aurora podia sentir seu membro rígido o que fazia com que ele olhasse para baixo envergonhado. 
—Foi o que pensei, você é um frouxo viciado em sexo. –Finalizou soltando-o e saindo e virando o corredor, deixando Marcelo boquiaberta com a mulher.
 De inicio ficou paralisado no lugar, em seguida verificou se mais alguém havia presenciado aquilo, coçou a cabeça e disse para si mesmo “Que mulher é essa? “ e procurou o banheiro mais próximo.

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
—Boa tarde Aline.
—Boa tarde dona Aurora, café? –Aline era a tímica taurina comilona, estava sempre comendo biscoitos ou bebendo algo.
—Aceito, como está a agenda hoje?
—Seu Rafael esta ai. –Disse com um sorriso forçado. –E não está com uma cara muito boa.
—Cancele o café amore, vou amançar a fera.
 Era possível ouvir seus paços pelo barulho de salto caminhando pelo corredor da empresa televisiva. Aurora abriu a porta e como já esperava encontrou Rafael com cara de poucos amigos sentado em sua cadeira.
—Oi irmãozinho lindo, acho que lhe devo desculpas.
—Ah que bom que reconhece.- Disse levantando e apoiando as mãos sob a mesa. –Onde você estava com a cabeça Aurora ? o que aconteceu com a menina responsável a qual o papai deixou quase tudo, mesmo não sendo a mais velha, onde? Sabe quantas pessoas esperavam você por la?
 Aurora respirou fundo, tirou o casaco pendurou-o.
—Rafa, pode não parecer mas eu estava cuidando de nossos interesses.
—Nossos? Se quisesse cuidar de nossos interesses teria aparecido no evento.
—Meu irmão, me desculpa, juro que não teve jeito realmente. –Se aproximou da mesa e sentou em uma das cadeiras, acendendo um cigarro em seguida.
—Apaga isso, isso vai te matar. –Disse tomando o cigarro de sua mão e jogando pela janela. –Nem nossas irmãs que estão dentro da sua casa você viu até hoje, e o Gael, seu filho, nunca te vê.
—Poluir o ambiente não combina com a sua educação maninho e Gael é nosso primo, vou jantar com todos eles hoje, eu estava mesmo cuidando de nossos interesses.
—Você também estava poluindo, só que com fumaça. Agora me diga, o que era tão importante?
—Com licença, trouxe um café pra vocês. –Disse Aline entrando com uma bandeja interrompendo os dois.
—Obrigada Aline. –Responde Rafael ríspido pegando uma xicara. –Ande Aurora, responda.
—Era para ser surpresa, mas vou abrir uma loja sua em Paris, já estamos com tudo pronto. –Apanhou também sua xicara, e a Aline deixou a sala.
 Poucos minutos depois Rafael deixou o prédio, um pouco menos furioso, em seguida Aurora chamou Aline na sala.
—Sim senhora.
—Sente-se.
—Fiz algo de errado?
—Claro que não, você é quase um anjo em minha vida, mas preciso muito de sua ajuda. –Disse em quanto coçava a cabeça e ria.
—Se eu puder.
 Então Aurora segurou as mãos da moça e a olhou nos olhos.
—Eu menti, e agora quero que procure o Simon e consigam uma loja em Paris pra ontem, Simon conhece o gosto do Rafael, e seja o preço que for.
—Mas como vamos fazer isso?
—Vão para Paris, e fechem negócio eu só vou assinar. Vou depositar o dinheiro pra vocês, o resto Simon sabe o que fazer já foi várias vezes.
—Mas talvez estoure o orçamento mensal da empresa.
—Pra você vê, toda mentira tem um preço, e para não ser pego nela, faça com que se torne uma verdade.
 Aline a olhou admirada e se levantou animada.
—Não vamos decepcionar a senhora.
—Tenho certeza que não, mas tem que ser um segredo, pela vida de  sua família você tem que jurar nunca contar, Rafael odiaria.
—Nunca vou contar, eu juro.

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
 Era possível ver o céu da janela do hospital. A noite estava linda, céu estrelado e uma incrível lua cheia convidativa para um passeio.
—Quando vou ter alta? –Perguntava Mel impaciente.
—Não sei amor, não entendi o porque você não foi liberada ainda.
—Não me chame de amor Marcelo, estou aqui por sua culpa, você não precisava me lembrar, eu não esqueço um só segundo e você ainda fica me lembrando o tempo todo.
—Eu sinto muito, eu também me culpo. Mas não vamos falar disso, agora quero só que você fique bem pra voltar logo pra casa.
—Sabe que nada vai ser como antes né? Sabe que me sinto cansada.
 Marcelo se levantou, segurou um choro escondido em seus olhos.
—Vou pra casa tomar um banho e pegar uma troca de roupas, talvez amanhã você já saia, volto pra passar a noite com você.
—Não precisa.
—Mas eu sempre voltarei. –Respondeu deixando o quarto.
 Mel já se sentia ótima, não aguentava mais aquela cama, aquele Marcelo o tempo todo a seu lado segurando sua mão, sentia que ainda o amava, mas as vezes era hora de parar, ou o tempo já tinha passado pros dois, ele queria filho, família grande, ela só queria ser feliz, trabalhar e ver seu nome crescendo, olhando ao redor viu os chocolates deixados por sua paciente mais louca, mas a única pessoa que aparentou se preocupar realmente, e se pegou imaginando se ela realmente não tinha coração.
—Oi – Disse Aurora entrando no quarto.
—Oi, o que faz aqui? –Mel não acreditava no que estava vendo, sentiu como se Aurora fosse um fantasma ou algo anormal por aparecer justo no momento que ela estava pensando nela.
—Esperei seu marido sair, e vim ver como a minha doutora favorita está.
—Estou ótima, queria sair daqui, mas não sei por que ficar três dias em um hospital por colapso nervoso, nunca vi isso, acredito que poderia estar me medicando em casa.
—Concordo, a noite está maravilhosa, uma lua incrível.
—Obrigada por me dizer isso. –Respondeu ironicamente sorrindo em seguida.
—Isso é um sorriso? Não acredito, é a primeira vez que te vejo sorrindo, e foi a melhor coisa que vi hoje.
 Mel olhou pra baixo envergonhada e sentiu suas bochechas ficando vermelhas.
—Quer sair saia, vamos dar uma volta, você não está doente, nada de ruim vai acontecer.
—O que?
—Vamos, levante-se , vamos dar uma volta. –Disse puxando o lençol que a cobria.
—Mas esqueceu que estou em um hospital ? como vamos sair?
—Paguei os médicos para te segurarem aqui até terem certeza que você estava boa. E agora já avisei que vamos dar um passeio.
—Você é maluca. –Não sabia se achava engraçado ou se sentia medo.
—Vai, para de ser trouxa, curta um pouco sua vida. –Disse ajudando-a se levantar.
—Eu não me esqueci que você mata as pessoas, como saber se você não vai me matar?
 Aurora deu-lhe um sorriso grande, com aqueles dentes brancos e respondeu-lhe baixinho.
—Sou uma assassina em série, só mato quem transa comigo, não saio por aí matando qualquer pessoa. A não ser....
—Não me coloque medo.
—A não ser que você esteja querendo transar comigo.
—Seu caso certamente é psiquiátrico. –Disse sorrindo e colocando sapatos. –Só vou porque não aguento mais ficar aqui, e ver o Marcelo, quero fugir mesmo.
—Ótima menina.
—E talvez morrer não seja tão ruim né?




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