Mary parecia estar nas nuvens depois da conversa com John
—Quem diria que uma conversa de meia hora iria te fazer tão bem assim -comentou Janine, com um sorriso
—Ah, cala a boca. Só quando isso acontecer com você, a senhorita vai entender -ela retrucou
—Isso quer dizer que já podemos marcar o casamento? -Janine não perdia uma chance de alfinetar a amiga
—Por enquanto não. Não até eu resolver o seu e o do Lestrade -respondeu Mary, com um sorriso sarcástico
Janine ficou levemente vermelha
—Lestrade? -perguntei -Gregory Lestrade? A dupla do John na aula do Sr. Mott?
—Exatamente. Janine está caidinha por Gregory Lestrade -Mary se levantou de deu uma voltinha de braços abertos
—Fala baixo -Janine também levantou e tapou a boca dela com as mãos
—Então... a dupla de garotas, vocês no caso, está caidinha pela dupla de garotos, John e Greg no caso. Que coincidência -dei uma risada e alterei meu olhar para as duas
—Mas agora é hora de falar de você, Hooper. Não é possível que você não tenha se interessa por alguém -Mary olhou para mim e se sentou ao meu lado, com Janine
—Nem vem. Não me apaixono fácil que nem vocês
—Eu até te responderia, mas já está na hora da aula -falou Mary
—Mas ainda faltam 10 minutos -comentei
—Lembra que eu falei que professores de espanhol odeiam atrasos?
Não tive um argumento bom o suficiente para utilizar, então apenas concordei
***
Fomos as primeiras a chegar na sala, quer dizer... quase as pessoas. Havia alguém que chegou antes de nós. Sherlock Holmes
Janine suspirou pesadamente e se sentou do oposta que Sherlock estava. Eu e Mary a acompanhamos e sentamos ao lado dela
Os alunos começaram a entrar na sala, o professor chegou e a aula começou
—Alunos, meu nome é Victor Martinez mas, para facilitar pode me chamar de Sr. M -começou o homem -para eu saber como é a pronúncia de vocês, pedirei para que cada um leia um trecho do livro que foi pedido para que vocês comprassem
—Jura? -uma voz entre as dos alunos foi ouvida -Essa é a primeira aula de espanhol de muitos alunos e vocês já quer que leiamos?
Era a voz de Sherlock Holmes
—Sr Holmes -o professor se virou para o referido aluno -eu já ouvi muitas coisas sobre você e, certamente, sei como lidar com o seu tipo. Agora, se você não quiser problemas comigo é melhor fixar em silêncio
—Fique tranquilo, senhor -um sorriso sarcástico se formou no seu rosto -com sua esposa lhe traindo e o sobrepeso eu sou sua última preocupação
O rosto do professor ficou vermelho de raiva, ele foi até a porta e a abriu
—Fora -sua voz saiu em um sussurro
Eu olhei para Mary e Janine. Elas pareciam tão surpresas quanto eu
Sherlock não fez menção de levantar, apenas mudou de posição para, aparentemente, ficar mais confortável
—Fora! -dessa vez, sua voz saiu como um grito e, praticamente, todos deram um pulo da carteira
Sherlock guardou o seu material e saiu lentamente da sala, certamente para provocar o professor e, quando ele não estava mais presente na sala, a porta se fechou com um estrondo
Parecia que o assunto havia se encerrado naquele momento, pois a matéria foi retomada como se aquilo nunca houvesse acontecido

*Sherlock Holmes*
Emoções humanas. Como elas são... interessantes, tão dignas de serem analisadas. É realmente fascinante o fato delas nos exporem tão facilmente
Se o Sr. M não fosse tão descuidado, e conseguisse controlar o que sentia com certeza, essa situação não teria acontecido
Certamente eu não iria para a coordenação, afinal, as reclamações dos meus pais e a provocação do meu irmão me renderiam muita dor de cabeça
Apenas sentei em um lugar que eu sabia que ninguém me encontraria e comecei a abrir o meu Palácio Mental. Muita coisa precisava ser analisada
***
—Sherlock! Saia daí, já se passaram uma hora e meia. Você perdeu a aula de história
John. Ele sabia do lugar que eu ia quando queria privacidade
Eu apenas abri os olhos. Não queria conversar naquele momento
—Sherlock! Você me ouviu? -ele perguntou
—Você sabe algo sobre Molly Hooper?
—Só que ela entrou esse ano e que é colega de quarto da Mary -pausa. Certamente, fez uma expressão de confusão -Por que?
—Ela é a minha dupla na aula do Mott
Outra pausa
—Você vai vir para a próxima aula?
—Vai indo. Quem saiba eu vá
—Você tem muito o que aprender -foi a última coisa que ele disse antes de ir
—Tudo bem, eu não estou preocupado -eu falei mais para mim do que para ele
***
Resolvi ir para a aula. Não tinha nada a perder e, além do mais, queria mostrar que eu não havia me intimidado
Ao chegar na sala, todos me olharam, mas a reação de Molly foi diferente: ela arqueou uma sobrancelha, como se fosse uma terapeuta tentando descobrir o que o paciente tinha. Eu apenas mantinha minha pose indiferente, como se eu não me importasse, afinal, eu não me importava
Sentei no fundo da sala, no lugar mais reservado
Sinceramente, eu não prestei atenção na aula. Para que eu o faria? Eu já sabia tudo aquilo mesmo
De vez em quando eu olhava em volta. Era engraçado ver a expressão de dúvidas nos outros. A única que parecia entender era Molly, parecia que ela estava tranquila, como se já estivesse visto aquela matéria. Pela postura e a roupa perfeitamente alinhada, ela estudou em colégio tradicional. O único colégio tradicional em um raio de 15 quilômetros era o St Barts Academy. O que traz uma garota que estudou em um dos melhores colégios em Londres para um internato com nenhum atrativo?

*Molly Hooper*
O que é pior que aguentar a aula de uma matéria que você já estudou? Ter uma pessoa te encarando durante essa aula
Acho que todas às vezes que eu olhava na direção de Sherlock, ele estava me encarando. E, realmente, aquilo me incomodava
***
Não ocorreu nada de interessante no resto do dia. A maioria da matéria dada, eu já havia aprendido na minha antiga escola, então prestei mais atenção no relógio ou na janela do que nas aulas em si
***
No dia seguinte, a primeira aula foi, novamente, a do Sr Mott
—Muito bem, eu quero que, com suas respectivas duplas, os senhores e senhoritas façam um relatório sobre a aula de ontem. Vocês terão uma semana
Ele começou a escrever no quadro como o trabalho deveria ser formatado
Eu olhei para Sherlock soslaio. Ele estava com uma expressão de poucos amigos e eu, estava ferrada