P.O.V - Carter

Melissa sai do quarto, e sinceramente agradeço. Sentia raiva e dor ao mesmo tempo. Olho mais uma vez para meu namorado e me pergunto o por que isso tinha acontecido justo com ele... Bem agora que havia conseguido expressar meus sentimentos por ele, depois de ficar tanto tempo confuso... Segurava firme suas mãos e pedindo profundamente para que ele acordasse. 

Elizabeth para de chorar de repente. Levanta-se e vem em minha direção, colocando a sua mão sobre meu ombro. 

— Ele ficaria feliz em saber que esta ao lado dele Carter. Você significa muito para Adan. - diz tentando esconder o tom de abalo.

— Ele também significa muito para mim senhora Blake. Eu só queria que isso não tivesse acontecido... E agora, como vai ser? 

— Ninguém queria, mas é como Melissa disse, Adan é forte, logo ele vai acordar. 

— Eu preciso dele. - lágrimas novamente começam a aparecer. 

— Não chore querido. 

— Não consigo controlar. 

— Eu entendo como é difícil vivenciar esse acontecimento de alguém que você ama. - ela coloca sua mão gélida sobre meu rosto.

— Você sabe? Adan te disse? - pergunto envergonhado.

— Não foi difícil encaixar as peças desse quebra-cabeça.

— Sinto muito, isso deve ser difícil para você.

— Mas é claro que não é. A felicidade do meu filho é o que mais importa para mim. Eu jamais o julgaria por nada nesse mundo. Adan é um menino muito bondoso e jamais fez nada para prejudicar ninguém, todas as vezes que ouço dele são coisas boas. Eu amo meus filhos do jeito que são, e ele gostar de garotos ou garotas não importa, tudo que mais desejo é ver aquele sorriso em seu rosto novamente.

— Senhora... - volto a chorar — Posso... Posso te abraçar?

— Mas é claro que pode Carter.

Senti essa enorme necessidade de abraça-la. Enquanto meu pai havia me espancado pelos simples fato de que eu amo alguém, a mãe de Adan conseguiu deixar ainda mais claro o quanto amo o filho dela, ela mostrou que se importa acima de tudo com a felicidade dele e não com suas escolhas, isso deixou minhas dúvidas para trás. Era Adan que eu queria escolher, era dele que gostava incondicionalmente.

— Querido, o que são esses roxos nos seus olhos e em sua boca. - Elizabeth pergunta de repente.

— Foi meu pai... Por favor não conte a ninguém, isso pode prejudicar sua carreira. Adan foi em casa antes do acidente, ele matou aula para me ver. Acontece que eu tinha um evento para ir com meu pai, mas me esqueci porque estava com quem desejava estar. Então ele chegou e começamos a discutir, quando sem querer as palavras "meu namorado" escaparam da minha boca. Depois ele ficou estressado e acabou exagerando. 

— Exagerando? Olha o que ele fez, você precisa avisar a polícia. 

— Não! Por favor não... Isso vai acabar com seus planos políticos. Minha irmã me ajudou com isso, já está bem melhor, não precisa se preocupar. 

— Dessa vez eu vou deixar passar, mas se isso vier a acontecer mais uma vez, eu mesmo aviso as autoridades. Onde já se viu, machucar o próprio filho só por só por ser bissexual. 

— Por favor senhora Blake, sem faltar o respeito, mas não me chame assim... Estou confuso e esses rótulos não ajudam. 

— Claro, me perdoe querido. 

— Tudo bem. 

De repente sinto os dedos de Adan se moverem rapidamente e depois pararem. 

— Veja, Adan se moveu, ele acabou de se mexer. Rápido chame o médico. 

O Doutor Raphael chega as pressas em questão de segundos. 

— O que foi jovem? - pergunta.

— Ele moveu os dedos das mãos. Eu senti, senhor eu juro que senti se mexerem. - entusiasmo-me. 

— Calma rapaz. Desculpe desanima-lo, mas os pacientes em coma sempre mexem as articulações, são os nervos dizendo que eles ainda estão vivos. Ainda é muito cedo para esperanças.

— Não, eu jamais vou desistir, eu sei que ele vai voltar e vai estar comigo em breve... NÃO TENTE ME DIZER AO CONTRÁRIO! - grito de tristeza e volto mais uma vez a chorar. 

— Desculpe garoto, não foi minha intenção. 

— Ele só está nervoso. - Elizabeth interrompe. 

— Eu entendo. Desculpe te chatear sei que seu irmão é importante para você, mas agora somente a mãe do paciente pode ficar no quarto. Durante 24 horas terá de ser assim. 

— Ele não é meu irmão. - sussurro. 

— O que disse? - ele pergunta. 

— DISSE QUE ELE NÃO É MEU IRMÃO. ELE É MEU NAMORADO. 

Não sabia ao certo por que estava gritando. Estava acabado e só desejava chorar. As suas mãos que segurava sem soltar, eram minhas únicas forças no momento. 

— Preciso que se retire do quarto garoto. Perdoe-me. 

— Eu não vou a lugar nenhum. 

— Desculpe mas terei que chamar a segurança para te tirar daqui então. 

— Espere senhor, eu falo com ele. - mais uma vez interrompe Elizabeth.

Ela novamente vem até e mim. Ajoelha ao meu lado dessa vez.

— Meu querido, eu sei como é difícil e que só queira ficar ao lado dele. Eu jamais negaria isso. Mas agora você não pode ficar. Não se preocupe, assim que as visitas estiverem liberadas mais uma vez, eu te ligo. Coloque seu número em meu telefone.

— Eu entendo, me desculpe... Promete que cuida dele? - estava completamente mal em saber que teria de deixar meu namorado naquele estado.

— Eu prometo. - ela sorri.

Fiquei equivocado o quanto ela era forte. Mesmo tendo que suportar a dor de ver seu filho naquele estado, ela criou forças para me ajudar e acalmar-me. Queria muito que meu pai também fosse assim, em vez de sempre ficar apenas cobrando tudo de mim.

Sai lentamente do quarto, depois de despedir-me de Adan. Como não contei a meus pais a onde estava indo, tive de voltar sozinho para casa.

Contudo no meio do caminho veio em mente aquela maldita imagem. Adan sorria para mim, sentia o quanto estava feliz. Logo sentei na calçada e a dor que me abateu era imensa. Dessa vez não tentei nem mesmo conter as lágrimas que escorriam sem parar, as que pareciam que nunca iriam parar de escorrer...