Foi um grande choque quando Chloe me chamou para ir ao baile com ela. Na verdade nem sabia se eu queria ir, não sabia dançar, além de que qualquer coisa era motivo para ser notícia da semana no ensino médio...

Não queria magoa-la, então aceitei o convite sem pensar muito sobre. Era melhor Elizabeth já ir preparando aulas de dança para mim.

— Obrigada Adan. Sabe que as pessoas ainda não gostam de mim, e acabaria sozinha como uma solteirona de cinquenta anos de idade. - concluiu.

—Jamais ficará sozinha. - ironia eu dizer isto.

Meu coração ainda palpitava forte, nunca havia ido a um baile antes. Pra tudo se tem uma primeira vez na vida, segundo o ditado não é mesmo?

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Os dias foram se passando, um após o outro. La estávamos, dia do baile do colégio. Minha mãe não poderia estar mais feliz. Alugou um terno que teria que vender todas minhas coleções especiais dos gibis de Star Wars para pagar, além de uma rosa branca para colocar no bolso, apenas pra dar aquele "charme".

— Está lindo querido. - afirmou Elizabeth.

— Todos ficam legais com ternos de funeral.

— Sabia que você não tinha gostado.

— Não é isso que quis dizer mãe... Deixa pra lá...

Fui ao banheiro arrumar o cabelo, queria mudar um pouco o visual afinal. No fim ficou a mesma coisa de sempre.

A campainha toca, era Chloe. Abro a porta e admito, fico admirado e sem palavras, ela estava linda, ou melhor... perfeita. Usava um longo vertido vermelho, seus cabelos castanhos faziam com que a cor do vestido ficasse ainda mais vibrante. Perfeito. Segurei em sua mão, despedi-me de Elizabeth, e sai com ela.

Até o colégio não trocamos sequer uma única palavra, nem mesmo um "Oi", ou "Você esta linda". Seguimos o caminho como se não nos conhecêssemos. No fim das contas estavamos com vergonha.

Finalmente estávamos lá, a grande porta de vidro do colégio. Abri tremendo, afinal iria enfrentar meu primeiro baile, estava nervoso.

Estava tudo muito lindo, as decorações em branco e violeta, as rosas em cima da mesa, as iluminações. Os alunos e funcionários também estavam impecáveis, cada par melhor que o outro. Até mesmo o zelador Richard estava com um enorme sorriso no rosto, comemorando. Quem diria que o ensino médio teria suas coisas boas afinal.

Já estavam todos na maior energia, todos com seus pares, e eu com Chloe. Admito, estava com ela por dó, mesmo não dizendo isso a ela. Não era culpa minha se ela não fazia meu tipo afinal.

As músicas estavam alegres até em tão, eram mais eletrônicas, pra realmente dançar de um jeito bem maluco. Até quando de repente começam, as músicas lentas. Chloe me tira da mesa onde estávamos sentados, queria dançar. Enquanto isso procurava Melissa, mas me toquei que a única maneira dela estar no baile era se o próprio diabo a arraste-se. Jamais viria depois da morte de Justin, a pessoa que mais amava. Fiquei triste por ela, mas Chloe me ajudou a distrair. Dançamos, estávamos felizes acima de tudo e queria aproveitar esse momento.

Ela me olhava sorrindo, e eu retribuir sem pensar em mais nada, uma novidade, pois minha mente sempre cria coisas ruins em momentos bons, para lembrar de meu passado. Mas não, era apenas eu e ela, uma amizade que surgiu da inimizade... Estava tudo perfeito até Chloe tentar me beijar. Ela encostou seus lábios nos meus, logo me afastei, a empurrando depressa. Ela me olhou decepcionada.

— Eu jamais vou ser amada mesmo não é? Achei que era diferente Adan. Achei que realmente estava gostando de mim. - diz antes de sair correndo de perto de mim.

Tento impedi-la, mas em vão. Ela some no meio da multidão do colégio...

Minutos se passam, vários aliás, tudo que queria era enfiar minha cabeça em um buraco, acabará de recusar um beijo, e o pior... magoar minha amiga e ex inimiga ao mesmo momento, mesmo que isso parecesse fisicamente impossível. Qualquer um acharia justo, mas alguém como eu ficava se culpando, a todo momento.

Ficara sentado durante um tempo razoável. Pensando na vida, refletindo sobre acontecimentos... Quem diria, eu que mais tinha medo do ensino médio, estava vivendo um dia após o outro, sem sequer me lembrar dos meus fantasmas. Fantasmas da minha vida de escuridão.

De repente, escuto uma voz... Era conhecida, por fim concluo... Carter!

Já estava mal, agora ainda vinha ele? Não que estivéssemos brigados de novo, nem sequer algo do tipo, muito pelo contrário, estávamos melhor do que nunca, mas Carter me deixava mal de qualquer modo, como se me sentisse feliz e triste ao mesmo tempo estando junto a ele.

— Oi amigo, está sozinho? - pergunta.

— Estava com Chloe, mas acabei fazendo coisas erradas...

— Relaxa, eu sempre faço isso. Mas eu tenho um amigo incrível que por mais merda que eu faça ele sempre estará comigo.

— Esse amigo parece ser um cara bem legal. - brinco.

— Ele é o melhor, sem dúvida... - sorri.

Sorrio também. Carter agora não havia me deixado mal, ele me deixara feliz, com meu coração batendo a mil, só continuava sorrindo, apenas.

— Quer dançar comigo? - pergunta Carter, acanhando-se.

Fico sem reação, paralisado. Apenas balanço a cabeça, confirmando. Estava feliz, de verdade agora podia dizer... Nunca estive tão feliz.

Ele me puxa com suas mãos ásperas, com seu olhar que dizia tudo, com aquele sorriso... Aquele maldito sorriso.

A música era lenta.

Estava me sentindo como se ninguém estivesse ao nosso redor, era somente Carter e eu, admito, ele estava... lindo. Só queria que aquele momento nunca, jamais, acabasse. Dançavamos lentamente, aproveitando ao máximo o momento. Pergunto com quem ele veio, só por mera curiosidade.

— Vim sem ninguém. - responde.

— E então por que esta aqui?

— Estou aqui por você, queria apenas te ver...

Juro que nessa hora minha vontade era de chorar, mas não de tristeza, era de felicidade, uma imensa e sem limites de expansão, uma incrível felicidade sem limites. Mas novamente sorrio, e ele me retribui com um outro ainda melhor.

Novamente digo, só queria que aquilo jamais acabasse.

Foi assim durante toda a noite. Éramos o centro das atenções, todos olhávamos para nós. Sinceramente nem ligava mais para o pensavam, estava feliz, era isso que importava afinal.

Para minha má sorte fui interrompido com um esbarrão. Era Theo. Sua expressão tenebrosa já dizia tudo, estava ferrado...

— Ei idiota! O que acha que está fazendo dançando com um homem? Tá maluco? - grita na frente de todos. 

— Calma, só estamos dançando. - Carter interrompe. 

— Você cala a boca moleque, antes que quebre essa sua cara de mauricinho mimado.

— Ah é? Experimenta! - os dois começam a se aproximar. 

— CHEGA OS DOIS! - finalmente consigo falar. — Irmão, só estamos conversando tá legal... Eu acabei de perder um amigo, magoar uma garota, minha melhor amiga não da sinal de vida... Carter só está tentando me ajudar, então se puder parar de pegar de babá minha eu ficaria agradecido. EU SÓ QUERO QUE ISSO PASSE TA BEM! - exalto-me no final. 

— Mano, eu não sabia que estava passando por tudo isso... 

— Sim Theo, você não sabe de nada. Por favor, chega! 

— Foi mal irmão. Acho melhor ir embora. 

— Sim. Também acho.

Finalmente ele se retira e consigo me acalmar junto a Carter. No fim das contas meu irmão só queria me proteger. Nunca que ele conseguiria imaginar seu irmão menor dançando com outro cara. 

No final da noite, sobrará pouquíssimas pessoas, éramos dois deles, ainda dançavamos. Carter estava com umas das mãos em minha cintura, e a outra praticamente no meu traseiro. Já eu com os meus braços por trás de sua cabeça. Eram passos lentos, sentíamos a música, além claro das palpitações de nossos corações, o dele estava disparado, enquanto o meu pulsava lentamente, igual a música.

No fim da noite ele me chamou para ir dormir em sua casa, assim não precisaria acordar Elizabeth, nem mesmo meu irmão, que provavelmente já havia ido embora.

— Vou. - confirmo sem pensar em nada.

— Ligarei para meu pai então.

Uns 40 minutos depois seu pai chegou, o prefeito Axel. Ele ainda não ne conhecia pessoalmente, mas pelo menos deu a entender que ele foi com minha cara. No carro fomos em total silêncio, até chegar a enorme casa dos Axel.

Srta. Anabelle recebeu-me encarecidamente, igual a irmã de Carter, Alice. 

Liguei para Elizabeth, avisar que não voltaria para casa. Ela nem questionou, adorava muito Carter. Depois que liguei que lembrei que naquela altura do campeonato eu acabara acordando ela.

Antes de dormir, uma grande ceia, literalmente, foi preparada pelos empregados, me arrependi de tanto que comi. Após a janta fomos para o quarto de Carter. Já estava preparando o colchão para dormir no chão, ao lado de sua cama, quando ele me interrompe.

— O que está fazendo? - pergunta confuso.

— Estou me preparando para dormir.

— Para com isso idiota, você vai dormir comigo. Na minha cama.

— Deixa disso, vai ficar apertado.

— Eu não ligo. - diz.

Deito-me ao seu lado sem recusar, apesar de minhas bochechas já estarem coradas.

Após algum tempo pego no sono. Como tenho um certo receio de dormir em qualquer casa que não seja a minha, acabado acordando várias vezes durante a noite, dessa vez não foi diferente. Em um certo momento acordo com os braços de Carter envoltos em cima de mim, e sua perna esquerda sobre as minhas. Juro que não sei o por que, não consegui me controlar, sinto uma ereção vinda de mim. Quando percebo já estava completamente excitado. Tento pegar no sono novamente para ver de parava de pensar naquilo e felizmente consigo.

De repente vem um pesadelo que cobre meus bons sonhos... Estava sozinho, sem ninguém, quando do nada a escuridão vem, e começa a me cobrir feito uma manta fria e sombria. Me sinto suando gelado, queria acordar mas não conseguia. Depois de algum tempo que não consigo especificar, acordo desesperado com um grito agonizante.

— Adan, o que foi? - Carter acorda assustado.

— Desculpe. Tive um pesadelo horrível... Tinha eu, a escuridão... a... a... - não consigo terminar de falar de tanto mal estar que estava sentindo.

— Ei, ei, esta tudo bem agora... Estou com você. - diz sorrindo.

Ele começa a alisar meus cabelos, sinto-me relaxado, como se nada pudesse me atingir enquanto Carter estivesse comigo. Quer saber, dane-se, eu o amava de verdade...

Novamente vem outra ereção junto com o sono, mas meus olhos já estavam completamente fechados, então só escuto a risada e o sussurro dele.

— Hahahaha... Seu puto. - brinca.

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Logo de manhã, outro banquete, cafés de todos os tipos inimagináveis, torradas, pães, bolos... Uma infinidade de combinações saborosas. Mais uma vez não consigo comer de tudo, mesmo querendo.

Me despeço de Carter e de sua família, sorrio e ele me retribui.

Meu primeiro baile, minha primeira briga com Chloe, depois que ficamos amigos, minha primeira noite com Carter. Apesar de tudo, foi um dos melhores dias da minha vida.