Histórinhas de Dormir [Contos Infantis] escrita por KenFantasma


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Boneco e o Diário




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Em um reino africano frio e distante, estava à cama prestes a falecer, uma rainha gestante.
Todos os serviçais do castelo cercavam a rainha naquele instante, em que nascia um bebê de presença tão radiante.
Faltara somente seu marido, um rei arrogante, que cavalgava aquela noite em uma viagem importante.
"Seu nome será Layla, por sua pele negra, como a noite cativante, e sua beleza, como a lua vislumbrante.". Disse a rainha já ofegante, segurando com amor seu bebê em seus segundos restantes.
E com a felicidade em seu semblante, adormeceu para sempre a rainha daquela noite minguante.

A princesa Layla cresceu trancafiada a seu quarto luxuoso, pois seu pai era um rei rigoroso e não queria que sua filha se apaixonasse por um plebeu vergonhoso, a escondia para o dia em que a casaria com um filho respeitoso de um nobre poderoso. Mas apesar de tudo, o coração de Layla era muito bondoso e sempre obedecia a um pai nada afetuoso.

Layla ficava horas após acordar observando o mundo lá fora ressoar, com pássaros e animais a cantar.

Seu maior sonho era conhecer o mar, mas não ousava sair daquele lugar, pois seu pai fazia questão de lhe amedrontar. Dizia que a bruxa tecelã a iria caçar, aterrorizá-la até a fazer chorar e com suas lágrimas preparar um asqueroso chá.

Na noite de seu 13° aniversário, a princesa lia livros em seu quarto solitário e via nele como o mundo afora era extraordinário. Tentou dormir para visitar algum lugar imaginário.

Algumas batidas na porta a chamaram a atenção, abriu e viu que um presente pequeno a aguardava no chão, olhou em volta mas não havia ninguém para lhe dar explicação, entrou e abriu o presente com precaução. Havia um diário, um boneco de pano e um cartão, que dizia à mão: "Dê a ele todo o seu coração".

Embora estranho e feio, seu boneco era sua melhor companhia, e escrevia sobre ele em seu diário todo dia, sem saber que ali existia uma misteriosa feitiçaria.

Em uma noite enquanto chovia, Layla foi acordada pelo boneco que se movia, se assustou tanto que seu corpo tremia, chutou seu boneco e pensou se corria, mas por vê-lo no chão, fraco e tonto, o coração dela doía. Se aproximou com cuidado e o perguntou se ele a entendia, com um movimento lento do boneco um "sim" ela deduzia.

Começava dali uma verdadeirda amizade, no amor perfeito entre graciosidade e simpliscidade.
E à cada noite em sua cama de majestade, quando escrevia seus sentimentos no diário com mais e mais vontade, também à cada noite, o boneco ganhava mais vitalidade. E um certo dia o boneco sorridente de felicidade, viu surgir de seu peito de pano um amor de verdade.

Até que um dia seu pai de surpresa, apresentou à Layla um belo menino da nobreza e logo o príncipe ganhou o coração da princeza. Embora lhe faltasse gentileza, seus olhos eram de um lindo azul-turquesa. E toda vez que em seu diario layla mostrava certeza, de seu amor por aquele jovem de grande esperteza, o boneco de pano caia em tristeza amargurado por sua simpliscidade e pequeneza.

Cada vez mais Layla contava em seu diário sobre seu novo amor e, com certa dor, cada vez mais o boneco de pano sentia o sol dos sentimentos dela por ele se pôr.
Até que em uma noite em que a lua cheia mostrava seu explendor, a surpresa Layla sentiu um grande temor, quando percebeu seu boneco jogado ao chão em uma cena de horror, percebeu que já não havia nenhum resquício de vida em seu interior.

A triste princeza que por toda uma noite pôs-se a chorar, percebeu que não era o principe que tinha em seu coração o seu lugar, mas seu amigo que agora se fora sem que nada ela pudesse falar, nem um beijo de despedida lhe dar e mostrar que foi ele quem a ensinou a amar.

A princesa secou seu rosto avermelhado, pensou em algo corajoso e arriscado, fez uma corda de um amontoado de vestidos entrelaçados, pegou o diário o boneco e nenhum calçado, desceu da janela até seu gramado, adentrou de noite a floresta que emitia um grunhido malvado e chamou pela bruxa-tecelã sem nenhum cuidado. Quando de repente ela surgiu ao seu lado, de capa e capuz com o rosto tampado, Layla sentiu seu sangue gelado, mas precisava tentar pelo bem de seu amado.

"Sei que por ti ele foi criado, imploro que reviva-o e lhe darei qualquer coisa que estiver em meu reinado."
"O destino dele já foi traçado, não lhe resta mais nada a não ser lamentar o que não foi lamentado, e escrever sobre o amor que nunca lhe fora dado"

Então de forma misteriosa, a mulher desapareceu com alguma magia nebulosa.
Layla percebeu cairem do céu flores que brilhavam côr-de-rosa. Pegou o diário e sua tinta preciosa e, iluminada pelas flores, escreveu chorosa.

"Agora que não estás presente, meu coração chora friamente, e meu corpo esbranquiça doente. Jamais serei digna do que por mim sentes, e não importa o quanto eu lamente, jamais terei seu amor novamente."

Mas então de repente, uma luz forte clareou o ambiente e a garota percebeu à sua frente, o seu boneco de pano se transformar magicamente. Seu melhor amigo se transformara em gente, Layla viu surgir um garoto sorridente. Sem perder nenhum segundo o abraçou contente.
"Suas palavras foram de uma despedida iminente, mas fortes o suficiente para quebrar uma maldição potente e é graças a elas que vivo finalmente, guiado por ti, minha estrela cadente."

Então os dois deram as mãos e andaram calmamente, seguindo a direção de suas almas reluzentes. E assim, foram felizes eternamente.


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