Spotted: Behind the Gossip escrita por naymeestwick


Capítulo 3
Capítulo 2 - Girls just wanna have fun!




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Título: As garotas só querem se divertir!

That's all we really want. Some fun when the working day is done. / É tudo que nós realmente queremos. Um pouco de diversão quando o trabalho acaba.

(Girls just wanna have fun, Cyndi Lauper)


Em uma hora, Blake e eu estávamos sentadas em uma mesa no Hard Rock Café, na Times Square. O lugar tinha um ambiente muito animado e agradável para quem quer uma ótima noite de diversão. Tinha música ao vivo e uma decoração de cair o queixo. Havia artigos musicais por todas as partes e vários ambientes decorados de formas diferentes, para clientes de todos os gostos. Havia detalhes impressionantes, como uma parede inteira feita com guitarras de cores e modelos variados. Além de outros artifícios que homenageavam grandes astros da música, tais como The Beatles, Madonna, Gwen Stefani, Elvis Presley, entre outros. Optamos por nos sentarmos em uma área que ficava bem próxima ao palco. A área era composta por mesas quadradas e cadeiras acolchoadas na cor tabaco. Havia guitarras e violões emoldurados em todos os cantos. A iluminação estava baixa, porém os jogos de luz que alegravam o palco traziam uma luz especial ao lugar.

Era sexta à noite e eu estava completamente exausta depois de uma semana pesada de trabalho. Tudo que eu precisava depois de um dia tão cheio de surpresas era de uma noite das garotas com a minha mais nova amiga e companheira de trabalho. Blake estava estonteante como sempre, vestia jeans escuros e uma blusa branca de seda, com alças finas e um blazer azul coberto com lantejoulas. Nos pés, botas de cano alto e salto agulha na cor preta. Seus cabelos dourados estavam soltos e modelados com leves ondas. Era impressionante como ela conseguia ficar linda sem fazer esforços.

Eu estava com um macaquinho jeans de short, acompanhado por blusa listrada nas cores preta e branca, de mangas compridas e gola arredondada. Por baixo, usava meias escuras e, nos pés, coturnos pretos de cano baixo. Meus cabelos estavam presos em um coque bagunçado, porque nem ao menos tive tempo de lavá-los e eles estavam com cachos e um pouco de laquê. O clima estava frio, mas do lado de dentro a temperatura era agradável. Estávamos curtindo o som da banda que tocava hits dos anos 90 naquela noite.

Com os cotovelos na mesa, eu apreciava minha bebida, sugando o líquido azul em pequenas doses, enquanto meus olhos estavam voltados para os aperitivos no centro da mesa. Blake, por sua vez, comia, bebia e se sacudia na mesa. Era a animação em pessoa. Sorria para as pessoas que nos cumprimentavam e eu estava um pouco envergonhada por estar sendo tão antipática. Mas, eu não podia evitar, minha cabeça não estava ali. Não dava para esquecer tudo que havia acontecido.

— Leigh, joga esse baixo astral pra longe! Amanhã é dia de folga. Relaaaaxa... — Ela levantou os braços e balançou-os no ritmo de "You Drive Me Crazy, de Britney Spears". Bem a cara dela. — Adoro essa música! Vamos lá dançar? — Ela puxou meu braço, e eu nem ao menos me mexi. 

 

— Desculpa. — Inclinei-me para a frente para falar, pois a música estava alta. — Estou um pouco cansada, hoje a gravação foi muito exaustiva. — Sorri pela primeira vez desde que chegamos.

— Ah, não, Leighton. Eu não posso acreditar nisso... — ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu não vou aceitar que você passe a noite toda chateada com o que aconteceu hoje. Se o Ed fez o que fez, a partir de hoje não fale mais com ele se não estiverem em horário de trabalho, ele não merece sua atenção e...

— Blake! — Interrompi zangada — Pare! Não é por isso que estou assim, são outras coisas. — Franzi o cenho e tomei outro gole do meu drink.

— Mas, o que aconteceu então? Hoje de manhã você estava tão atordoada com o que o Ed fez, então eu pensei que... — Ela interrompeu a fala e piscou três vezes.

— Eu explico. É uma longa história...

— Sem problemas, temos a noite toda pela frente. — Ela sorriu gentilmente e se acomodou na cadeira acolchoada.

— Ok! Aí vai... Enquanto eu estava esperando para gravar as últimas tomadas no Box Manhattan, entrei na limusine que seria usada na gravação porque eu queria passar um tempo sozinha. Estava tão chateada e desanimada que eu não sabia como iria gravar as próximas cenas. Então, Ed apareceu e me explicou tudo.

— E você ouviu? — Ela arregalou os olhos com um ar de curiosidade.

— Eu não queria, mas meu coração pedia para dar uma chance. — Sorri ao lembrar.

— Interessante... — ela ergueu a sobrancelha esquerda e pousou as mãos sobre o queixo. — Mas, e então...?

— Ele disse que ele não quis me chatear e que fez aquilo para me proteger. Josh já estava convencido de que estávamos juntos na noite de ontem e se ficássemos ali desmentindo, ele ficaria mais irritado por achar que estávamos mentindo. — Entrelacei as mãos e pousei-as em cima da mesa. — Ele disse que com isso evitamos fofocas e ganhamos um tempo para nos explicar.

— Inteligente! — Ela sorriu de forma descontraída — Ele realmente se importa com você, ainda que tenha sido um pouco cruel na frente de todos os membros da equipe, do elenco...

— Não me faça lembrar! — Ordenei irritada e pousei uma mão na testa, fechando os olhos com força.  Só de lembrar, meu estômago se contorcia. —Estou me sentindo tão envergonhada. Passei o dia ouvindo piadas de mal gosto e cochichos entre uma cena e outra. — Bufei ao lembrar.

— Realmente, todos foram muito cruéis hoje. Josh devia estar soltando fogo pelas ventas. — Gargalhamos de maneira muito divertida e pela primeira vez naquela noite eu me senti bem. — Mas... — ainda riamos — Mas, vocês não chegaram a conversar com o Josh?

— Ainda não! — Falei enquanto limpava com cuidado uma lágrima que havia se formado canto do olho depois de tanto rir. — Ainda tenho medo de imaginar como vai ser a minha segunda feira. Encarar o Josh não vai ser fácil, mas encontrar o Ed depois do que rolou no final da gravação vai ser muito pior. — As palavras saíram da minha boca antes mesmo que eu pudesse filtrá-las.

— LEIGHTON MARISSA MEESTER, O QUE ACONTECEU HOJE? — Ela disse em voz alta e sem pausa.

— Calma!!! — Estendi as duas mãos. — Não foi nada demais, apenas um problema com o beijo técnico. Acabamos nos excedendo no último momento, mas agimos como se nada tivesse acontecido. Isso é extremamente normal — Mordi o lábio inferior e encarei o copo a minha frente.

— É normal quando a cena pede ou quando o diretor sugere. — Ela respondeu com um tom preocupado. — Leigh, isso aconteceu antes ou depois de cortarem a cena?

Eu sorri de forma envergonhada e sinalizei para que o garçom trouxesse outra bebida. Meu silêncio respondeu por mim.

— Ah, não! Foi depois? — Ela ficou boquiaberta e levou uma mão à boca para disfarçar. — Eu não posso acreditar! — continuou ainda com a mão na boca. — Foi um beijo real! — Ela disse em voz alta e vibrou, tamborilando na mesa.

— Xiiiiu! — Franzi o cenho — Seja mais discreta. Não quero que todo mundo saiba. — Falei colocando minhas mãos sobre as dela para que ela se aquietasse.

— Desculpe, Leigh, é que isso é tão emocionante. — Ela passou a mão sobre a minha e apertou de leve. — E ai? O que vai acontecer agora? Vocês conversaram depois? — Sorriu com a boca e os olhos.

— E agora? Agora nada! — Minha voz saiu trêmula e eu sacudi a cabeça em forma de negação repetidamente, cerrando os lábios. — Vou agir como se nada tivesse acontecido, foi apenas o calor da emoção. Essa coisa toda de estarmos longe de casa mesmo sendo tão jovens acaba nos deixando muito vulneráveis. — Acenei em forma de agradecimento ao garçom pela bebida. — E se você quer saber, nós não conversamos. — Dei um longo gole em meu drink, para ganhar tempo. — Quando o Tony disse que estávamos liberados, eu fui embora sem ao menos dar boa noite. — Mordi um pedaço do mini croissant que estava no centro da mesa. — Está gostoso isso aqui, você deveria experimentar. — Tentei jogar aquele assunto para o espaço.

— Acho que você deveria conversar com ele sobre isso. — Mantive minha atenção voltada para o bolinho e ela fitou-me furiosa.

— Eu acho que não, vamos deixar como está.

— E se isso acontecer novamente?

— Não vai! Acredite em mim.

— Claro, eu acredito. — Com os olhos semicerrados, ela balançou a cabeça, concordando de forma irônica.

Ri da sua atitude enquanto ela checava a mensagem que havia acabado de chegar. Ao abrir o celular, seu sorriso desapareceu e deu lugar a uma expressão preocupada e um tanto desanimada.

— O que houve, Blake? — Encarei-a e em seguida o celular a sua frente. Algo muito sério havia acontecido, pois em cinco meses de convívio nunca tinha visto-a tão abalada daquela forma.

Ela ainda estava paralisada e provavelmente não escutou minha pergunta.

— Ei, Bla, fala comigo. — Sacudi-a pelos ombros e ela voltou a si — O que está acontecendo?

— Ah, Leigh. — Ela deu um tapinha na testa. — Acredita que eu esqueci de falar com minha mãe hoje? — Ela sorriu e olhou para o palco para não me encarar.

— Você acha que eu vou cair nessa? — Estendi a mão e apontei para o seu rosto. — Olha só para você, está pálida! Está agindo como uma mentirosa. — Ergui uma sobrancelha e sorri de forma sarcástica.

— Leigh, você está certa, mas é um assunto muito delicado e é um segredo. — Seus olhos estavam baixos. Como ela havia mudado de humor tão repentinamente?

— Acabei de contar um assunto muito delicado e secreto para você. Obrigada pela falta de confiança. — O tom da minha voz transparecia minha mágoa.

— Desculpe, mas o seu assunto está na boca da produção inteira. Uma hora todos saberiam. — ela deu de ombros.

— Ah, então quer dizer que o meu problema deixou de ter relevância apenas por ter virado fofoca no set? — Falei rapidamente e senti vontade de sair dali.

— Calma, Leigh. Não foi isso que eu quis dizer! — Sua voz saiu fraca como se ela estivesse reprimindo a vontade de chorar — Me desculpe. Esse assunto tem tirado meu sono há umas duas semanas e eu tenho medo de contar. Eu não quis ser rude com você.

— Eu te perdoo, só queria que você soubesse que pode contar comigo, Blake. Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas podemos ser amigas. Estamos longe de casa, da família, dos amigos... e precisamos nos apoiar neste momento. — Sorrimos carinhosamente e ela assentiu.

— Você está certa. — Ela olhou para o celular novamente e voltou a olhar para mim em seguida — Estou com um problema com um cara e...

— Ele está te ofendendo, te ameaçando? Seja o que for, nós vamos resolver. — Interrompi sem ao menos ouvir o final da história. Ouvir "problema" e "cara" em uma mesma frase despertava em mim um sentimento muito negativo.

— Leigh... Não pira! O que está acontecendo com você hoje? — Ela apontou para o meu copo vazio — Acho que precisa de uma bebida mais forte! — Gargalhei com vontade. Ela estava certa, mas eu queria que apenas as bebidas resolvessem meu problema. — Há uma ameaça sim. — Abri a boca para intervir, mas ela não me deu abertura, apenas continuou falando. — MAS, — ela enfatizou — é uma atitude desesperada da parte dele.

— Agora eu não estou entendendo mais nada.

— Realmente não está fazendo sentido. — Ela riu e isso me confortou. — Nós começamos a sair há mais ou menos um mês, na época em que estávamos finalizando o piloto. Depois disso, as coisas começaram a ficar mais sérias e agora ele quer assumir nosso relacionamento. Ele quer até falar com os meus pais. — Ela fez um "há" e franziu o cenho — Isso é muito surreal para mim. Não faz o meu estilo, entende? — concordei — Mas, ele mexeu comigo de um jeito muito estranho.

— Ok. Estou entendendo tudo. Mas, como vocês se conheceram no meio do piloto? A gente quase não saía do hotel fora dos horários de gravação. Ele é daqui?

— É... mais ou menos. Digamos que ele está aqui. — Ela inclinou a cabeça para o lado e depois para o outro e seu rosto expressava uma espécie de aflição.

— Eu conheço essa pessoa? Você está muito esquisita. — Pousei a mão no queixo e encarei-a.

— Provavelmente sim... — Ela hesitou ao falar.

— Blake, fala de uma vez! — Gritei.

— É o Penn Bedgley. — Ela virou o copo de uma vez só e bateu na mesa logo em seguida.

Eu fiquei boquiaberta por uns dez segundos e, quando me dei conta, coloquei as duas mãos na boca (ainda boquiaberta). 

— Fala alguma coisa! — Ela fez um movimento circular com a mão e arregalou os olhos.

— Eu não acredito. — Tomei um gole da água que estava em cima da mesa desde o começo da noite. Foram tantas surpresas que não havia mais bebida por perto para acalmar os ânimos. Penn trabalhava conosco na série e interpretava o Dan, par romântico com Blake (Serena). Desde o início, ele havia se tornado um grande amigo, assim como Blake, nós conversávamos o tempo todo sobre tudo. Como eu não percebi antes?

— É só isso que você tem para dizer?

— Não! — eu ri — Quer dizer... eu só estou chocada. Você e o Penn? Agora tudo faz sentido. Foi por isso que você não amanheceu na suíte naquela noite? — Apontei pra ela, depois com o polegar para trás, como se fizesse menção ao ocorrido.

— Foi! Eu sabia que aquela história de insônia não ia colar, mas eu precisava tentar. Imagina se fôssemos cortados logo no piloto? — Ela mordeu o lábio inferior e olhou para o teto.

— Foi muito arriscado, mas acho que valeu a pena. — Sorri carinhosamente e ela sorriu de volta, com um ar de alívio.

— Valeu, sim. Mas, agora ele está dizendo que vai até o Josh na segunda para contar tudo e pedir uma concessão.

— Peça para ele esperar, use meu problema com o Ed como desculpa. Ele já está muito irritado e ele pode agir de forma negativa.

A verdade é que enquanto ela ganhava um tempo com o Penn, eu já tinha um plano em mente para resolver tudo. Tanto para mim, quanto para eles.

— Que ideia boa! Vou dizer isso agora para ele. Você é a melhor, Leigh! — Ela se levantou e caminhou até o meu lado da mesa para me abraçar. Retribuí o abraço e sorrimos. — É muito bom saber que tenho uma família aqui. Obrigada!

Agradeci a confiança e o carinho, a verdade é que aquele abraço aqueceu meu coração. Sentia falta de sair com as minhas amigas, de ter com que conversar e de ser ouvida por alguém. Blake não tinha noção do quanto aquela noite estava sendo significativa pra mim.

— Nos sentamos e observamos enquanto uma pista de dança se formava próxima ao palco. Uma música romântica estava sendo tocada pelo grupo e, ainda no clima dos anos 90, pouco a pouco os casais tomavam a pista para dançarem juntos. A trilha era nada mais nada menos que "My Heart Will Go On", da cantora Celine Dion. O tema de Titanic jogou um balde de água fria na minha animação e minha expressão logo denunciou.

— "Near... Far... Wherever you are... I believe that the heart does go on!!!" — Blake cantarolou em voz alta, de olhos fechados, enquanto fazia uma colher de microfone e pousava a mão no coração. Aquela estava longe de ser uma noite normal. — Canta comigo, Leigh!

Eu não resisti e formamos um dueto no refrão mais alto da música. Por um minuto, esqueci o sentimento negativo que me bloqueava e coloquei para fora a minha versão alegre e descontraída. Aquele estilo "down" não combinava mesmo comigo.

Quando a música acabou, havia um grupo de aproximadamente dez adolescentes ao nosso redor. Elas gritavam a aplaudiam. Aquilo só poderia significar uma coisa...

"Me dá um autógrafo?"

De forma muito simpática, fotografamos e autografamos por uns quinze minutos. Aquele reconhecimento me deixava feliz, pois era sinal de que estávamos fazendo um bom trabalho. E a série ainda estava exibindo seu terceiro episódio. A alegria e o carinho daquelas meninas foram algo muito gratificante. Ainda que elas só nos chamassem de Blair e Serena.

Quando a movimentação acabou, nos sentamos e rimos do que havia acabado de acontecer.

— Agora, me fala mais sobre você e o Ed. — Ela iniciou o assunto de maneira muito aleatória, trazendo de volta algo que eu queria evitar. Era sério?

— Ai, Bla. Você sabe... não foi nada demais, não há como explicar algo que não existe. Nós somos amigos e eu não pretendo me relacionar com ninguém, com ou sem a regra de convivência de elenco que o Josh e a Stephanie criaram. — Voltei a falar de forma alterada. Acho que uma veia saltou em minha testa, tamanha a minha irritação.

— Ai, foi mal! — Ela estendeu as mãos, na defensiva. — Não está mais aqui quem falou.

— Ed está fora de cogitação nesse momento da minha vida e... — Mal pude terminar a frase quando vi os olhos de Blake se arregalarem e sua boca ficar arreganhada. Acompanhei seu olhar e senti meu estômago revirar quando eu olhei encontrei o que ela estava vendo.

Não pode ser!


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores! O que será que vai acontecer agora?

Quer saber? Domingo, 26/03 teremos a continuação dessa noite de surpresas no capítulo 3.

Xoxo, Nay M. (hahaha)

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