Mordet Et Vivit escrita por MaryDiAngelo


Capítulo 8
Tiro ao alvo pálido


Notas iniciais do capítulo

Olar amorinhas ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728420/chapter/8

Thalia se levantou da cama tão rápido que esqueceu de calçar as pantufas, sentindo o chão gelado fazê-la estremecer, mas pouco se importou, apenas se apressou em trocar seu pijama de bolinhas por uma calça macia preta e uma blusa de mangas compridas vermelha, colocando sua meia que era como um sapato, pegando Fred e descendo para a cozinha.

Ela sabia que estava sozinha de novo, e logo seu sorriso inconsciente começou a se desmanchar, notando que não havia festa surpresa na cozinha, nem na sala e nem la fora. Novamente eles haviam esquecido ou não se importado com seu aniversário de cinco anos, deixando um bico crescer em seus lábios avermelhados e rumando o armário.

Como de costume, em todos os seus aniversários esquecidos, ela passava sozinha em seu quarto com Fred, acompanhada de um bolinho com uma vela apagada em cima.

Pegou o pequeno bolo que coube perfeitamente em suas mãos e pôs-se a procurar uma vela e um fosforo, já estava grandinha o suficiente para por fogo no pavio e sopra-lo, fazendo um desejo como se eram vistos em filmes que Silena passava para ela ver.

Dessa vez ela não iria chorar encolhida no canto de seu quarto por ninguém notar que ela completava mais um ano – difícil – de vida. Agora ela iria até seu amigo, Senhor Presinhas, conversar com ele enquanto dividia seu lanche.

Arrumou Fred em seus braços, longe do fogo para prevenir uma tragédia e começou a prestar atenção onde estava pisando e para onde estava indo, até que, depois de uma passada rápida pela ala médica para pegar um aperitivo para o di Angelo, arrastou a portinhola e primeiro passou o panda por ali, para depois passar o bolinho e depois se arrastou até lá dentro.

O vampiro fez uma careta ao ver o bolo com uma vela, sabendo que aquelas chamas poderiam envolver um feno tão facilmente e incendiar tudo antes que ele conseguisse respirar fundo.

— Esse não é para você – a Grace riu ao ver o nariz franzido dele, tirando a bolsa de suas costas e colocando em sua visão – essa sim é!

Ela olhou para a vela e notou que dava tempo de chegar até ele, colocando o cupcake no chão, pegando a bolsa de sangue, indo até o banquinho e posicionando em sua frente, subindo com cuidado e tirando a tampinha do plástico.

 Colocou na boca do moreno com cautela, esperando até que ele tivesse sugado tudo que precisava e se afastando, sentando de pernas cruzadas no chão e pegando seu bolo.

— Esqueceram do meu aniversário de novo – contou tão baixo que Nico se esforçou para ouvir, arregalando os olhos minimamente com a crueldade dessa matilha.

O di Angelo a observou levantar o bolinho à altura de seu rosto e soprar a velinha, deixando umas lágrimas escaparem por seus olhos azuis.

— Feliz aniversário – murmurou, sabendo que mais tarde iria se arrepender de tê-lo feito, mas agora só conseguiu sorrir minimamente por dentro ao vê-la levantar os olhos com um sorriso enorme de bochecha a bochecha.

— O-Obrigada – gaguejou, arfando de tanta animação. – Eu não acredito que você falou comigo! Esse foi o melhor presente que alguém me deu...claro, depois do Fred, porque senão ele vai ficar com ciúme e isso não é bom!

Nico não conteve o impulso de levar o olhar para o panda, que parecia o encarar fixamente, temendo que de noite esse monte de algodão invadisse a adega com seus amigos pelúcias com um mandatado de morte.

— Eu não sei se eu deveria fazer uma pergunta diante da situação que estamos, mas eu queria muito saber uma coisa...- ela começou, o fazendo ficar espantado com seu dicionário ampliado para uma criança de cinco anos – por que você não fala comigo? Por favor não faz isso! Eu gosto de ouvir sua estranha voz.

— Estranha voz? – inconscientemente o di Angelo repetiu a última parte do que a garota tinha dito, reprimindo um palavrão em sua garganta, vendo-a soltar um grito agudo

Ele esperou paciente durante alguns segundos que a pequenina andava de um lado para o outro na adega, falando consigo mesma e as vezes até apontando o dedo acusatória para o vampiro, que apenas tombava a cabeça para o lado em dúvida se deveria ignorar ou investigar.

— Sua voz é muito bonitinha! Fale mais! – a Grace deu um sorriso de orelha a orelha, que o fez segurar uma risada no fundo da garganta e emitir um barulho esquisito. – Porquinho? Eu também sei imitar um porquinho!

— Thalia? – do lado de fora da adega, uma voz soou firme, chamando pela garotinha, que deu um pulo e se encolheu de imediato. – Você está aí dentro de novo?

— Tia Silena? – a pequenina tombou a cabeça para o lado, vendo a porta se abrir e revelar a Beta, que tinha um grande sorriso no rosto.

— Parabéns, meu amor! – abriu os braços, se agachando e esperando o impacto do abraço, que a fez rir e quase tombar para trás, apertando o pequeno corpo de Thalia contra o seu. – Achou mesmo que eu havia esquecido? Luke foi um babaca e ordenou que eu fosse junto dele para treinar os outros, mas eu desviei do caminho para voltar bem antes.

— Mas, agora que você está aqui, o que vamos fazer? – a Grace questionou com os olhinhos brilhando.

Silena, estranhamente, abriu um sorriso malicioso, olhando em direção ao vampiro acorrentado, que semicerrou os olhos desconfiado e atento a qualquer movimento a mais que a Beta fizesse.

— Nós vamos brincar de... – começou, dando uma risada maligna e pegando algo, que Nico não teve nem tempo de identificar o que era antes de sentir algo colidir contra seu rosto fortemente. – Tiro ao alvo!

Ele sentiu algo melado, abrindo os olhos com cuidado e constatando que havia virado a Barbie, já que havia tinta rosa choque em seu rosto, alguns pingos manchavam seu peitoral. Ela só pode estar brincando!

Silena caminhou até ele, orientando Thalia que pegasse o balde no corredor e trouxesse para dentro, chegando perto o suficiente para ele a encarar desconfiado.

— Isso foi por você ser um vampiro – disse baixo, subindo as sobrancelhas.

— Se quiser me beijar, pode ser em outra ocasião, comigo solto, sabe? – retrucou, abrindo um sorriso divertido perante a careta da loba.

— Vai sonhando, morto-vivo! – ela piscou, rindo e se afastando, olhando para a pequena, que finalmente tinha conseguido pegar o balde e fisgava uma bexiga amarela. – Sua vez, Thals! Atira nele, aposto que o Senhor Presinhas não vai se importar – o sorriso que ela dirigiu ao di Angelo era maldoso.

— Isso é por você não falar comigo! – Thalia fez o maior esforço para jogar a bexiga nele, que foi para o alto e caiu a alguns centímetros de seu próprio corpo, intacta. O que fez ela fazer um bico decepcionado.  – Poxa!

— Eu tenho quase certeza que ela não estourou porque eu falo com você, hein? – Nico questionou, abrindo um meio sorriso fraco.

Silena boquiabriu-se, espantada pelo vampiro ter falado na presença da pequena, que deu um grande sorriso de orelha a orelha, orgulhosa.

— A voz dele é tão bonitinha, não é, tia Silena? – a Grace quase chorou de emoção, juntando as mãozinhas em frente ao corpo e levando a bochecha, como se estivesse apaixonada.

— Maravilhosa! – ironizou a beta, pegando outra bexiga e mirando no abdômen dele, que se encolheu ao ser acertado e manchado de verde. – Por você ser tão chato!

— Ou! – Nico se queixou, levantando o olhar para levar outra bexiga em seu rosto. – Qual é?

As duas começaram a rir, enquanto pegavam mais bolas e jogavam nele, que se enturmou no jogo e tentava desviar de todo jeito das bombas de cores.

{...}

— Por que eu fui inventar isso mesmo? – Silena questionou, pesarosa.

Passou os olhos pelo chão e pela parede, notando que havia feito um belo estrago colorido no lugar, enquanto o di Angelo tinha uma careta emburrada – mesmo parecendo um arco-íris –.

— Porque você é ridícula – retrucou ele.

A beta ligou a mangueira que estava em sua mão, apontando propositalmente na cara dele e encarando o teto enquanto escutava ele a xingar de todos os nomes possíveis, já que estava se afogando por sua culpa e ela não estava nem perto de se importar com isso, tendo exatamente isso como objetivo.

Nico começou a tossir quando ela baixou a mangueira, com um sorriso sacana nos lábios pintados de vinho.

— Filha da puta! – xingou-a, se recuperando.

— Cala a boca, idiota – retorquiu, começando a jogar água na parede.

A tinta era fácil de sair, feita apenas com água com corante colorido, então ela não teve muito trabalho para deixar tudo em seu devido lugar, enquanto trocava algumas palavras com o vampiro.

— Por que você está fazendo isso? – ele questionou curioso, quando ela finalizou seu banho.

Silena fechou a mangueira e cruzou os braços, ficando à frente dele meio incerta.

 – Eu nunca fui fã dessa rixa que nós, lobos, temos contra vocês, vampiros – confidenciou – a única vez que eu trombei com uma vampira, foi Bianca di Angelo, que eu tenho quase certeza que é a sua irmã, não?

— E você está viva?

— Se eu estou aqui, né? – rolou os olhos, incomodada. – Mas, eu percebi que vocês não fazem nada contra nós, apenas se caçarem no lugar errado e o instinto natural de ódio entre nossas espécies. Então eu meio que não me importo com a existência de vocês.

— Então...?

— Eu não posso te soltar agora! Se eu fizer isso, os lobos vão se revoltar e virar contra mim, então eu, como uma mera Beta, não vou poder fazer muito contra uma matilha inteira tendo o Luke como Alpha!

— Então temos aqui uma lobinha de coração puro! – Nico deu um sorriso divertido, caçoando da garota, que apenas rolou os olhos.

— Lobinha que pode arrancar seus dentes com um único soco! Quero ver morder sem presas, idiota – ameaçou, mesmo que tivesse um meio sorriso no canto dos lábios. – Eu vou arrumar suas mãos para cima, tudo bem?

— Ainda bem, não aguento mais ficar nessa posição de espantalho!

— Você está reclamando muito para alguém que está preso como refém, não?

— Estou aqui a quase um ano, então não tem muito o que fazer a não ser reclamar – o di Angelo deu de ombros.

Silena deu uma risada fraca, se aproximando dele e soltando as correntes, levando as mãos dele acima da cabeça, ficando extremamente próxima de seu rosto para que conseguisse o fazer, já que ambos tinham exatos vinte centímetros de diferença.

A Beauregard se distraiu com os olhos dele a fitando quase intensamente, afrouxando de leve o aperto em suas mãos. Ele, em um movimento rápido, se desvencilhou e levou suas mãos para a cintura dela, a puxando para mais perto e pressionando seus lábios contra os da garota.

  Dando os fatos como estavam, ela nem mesmo hesitou antes de retribuir o beijo, deixando as mãos nos cabelos negros e molhados dele, que puxou de leve seu lábio inferior para finalizar o beijo, os fazendo se separarem.

— Estranho – concluiu a Beta, levando os dois a rirem. – Ok, isso nunca mais vai acontecer!

— Você tá com bafo! Por acaso comeu um cervo?

— E você que não escova as presas desde que chegou aqui, filho da puta? – xingou, fazendo uma carranca que logo se suavizou.

— Você está certa, isso nunca mais vai acontecer! Agora vem e me prende logo, antes que Thalia acorde de seu cochilo da tarde e venha aqui – pediu, subindo as mãos acima da cabeça e a fazendo rir.

— Que prisioneiro bonzinho! – Silena caçoou, prendendo-o e deixando dois tapinhas amistosos em seu peitoral. – Agora, boa sorte, porque hoje Luke estava usando um alvo na floresta que tinha sua cara..., e eu ouvi ele falando algo dos di Angelo, então se eu fosse você tomava cuidado nessas de provocar ele. Não tenho dúvidas de que se não fosse por Sky, você provavelmente não estaria aqui hoje.

— Se preocupando comigo? Olha, já deixei claro que não vai ter mais beijo!

Ela deu um tapa estalado em seu rosto, o fazendo rosnar baixo de raiva e a fuzilar com o olhar, mesmo que isso passasse segundos depois ao vê-la sorrir de um jeito meigo.

— Nunca que eu me preocuparia com um saco de ossos que você é!

A Beta franziu os lábios e olhou para a porta entreaberta, depois voltando os olhos para Nico, que havia entendido – e sentido – a presença de Luke.

— Me desculpe por isso – murmurou ela, poucos segundos antes de prensar seu antebraço contra a garganta dele, o prendendo contra a parede no exato momento que o Alpha abriu a porta.

Silena rosnou baixo, como estivesse realmente com raiva e se afastou com um movimento brusco, deixando o vampiro tossindo e se virando para o loiro, que tinha cruzado os braços e uma das sobrancelhas erguidas, analisando a cena.

— Um dia você está se jogando na frente dele e o protegendo, no outro está quase matando ele...você tem que decidir de qual lado está, Beauregard. Preciso descobrir se é ou não uma possível ameaça para meu posto – Luke comentou, descontraído.

Ela apenas deu de ombros, passando por ele e fazendo questão de trombar seu ombro contra o do Castellan, que rosnou baixo quando ela sumiu de seu campo de visão – não sem antes lançar um olhar significativo para Nico –, os deixando a sós.

— di Angelo, não se preocupe com sua residência aqui...você morre hoje!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

YAY! Chegamos ao fim de mais um capítulo! :3
Então meus amores, o que vocês acharam desse maravilhoso plot twist? hihihi.

Eu vou responder os comentários assim que eu tiver tempo, ok? Comentem para deixar uma autora feliz ♥

Até o próximo o/
Beijos de Escuridão ♥
~Mary.