Mordet Et Vivit escrita por MaryDiAngelo


Capítulo 29
Hipnose Dolorosa


Notas iniciais do capítulo

Olar amorinhas ♥



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— Uma conversa civilizada, hum? — Silena inquiriu sarcástica, os lábios apertados em uma fina linha de reprovação.

Nico gemeu baixo de dor, tinha sido acertado bem entre uma costela e outra.

— Por que Thalia tinha que ser uma pessoa tão díficil de lidar, hein? — reclamou, levantando do chão e colocando a mão na base da coluna, sentindo todo o seu corpo protestar o movimento.

No entanto, não esperou uma resposta de Silena. Conseguia ouvir os batimentos da Grace cada vez mais baixos, o que indicava que ela estava se afastando, mesmo seu coração estando acelerado por estar correndo depois de uma luta. E tinha que a alcançar antes que saísse da casa.

Deixou a Alpha se recuperando dos socos e chutes de Thalia para trás, utilizando sua velocidade sobrenatural para chegar até onde a garota estava, se surpreendendo ao ver como ela estava correndo rápido por ter chegado até a sala em questão de segundos.

— Thalia! — Nico a chamou apressado, conseguindo atrair a atenção dela por meio segundo que olhou para trás.

E esse foi o tempo que precisou para Chris aparecer e a segurar pelos ombros. E também para que ela o derrubasse com um chute certeiro nas partes baixas.

Nico torceu o nariz com pena do lobo que estava choramingando, mas não parou para ajudá-lo. Antes que Thalia saísse pela porta da frente da casa, usou toda a força de vontade que tinha para jogar seu corpo contra o dela, fazendo com que os dois fossem de encontro à parede e acabassem no chão.

A Grace ofegou alto, levando uma das mãos a cabeça e a outra ao chão, tentando puxar seu corpo para se arrastar até o lado de fora.

— Thalia, para com isso! — Nico esbravejou, se levantando e se colocando em frente a menina. — É para seu bem.

Os olhos azuis encontraram os dele e o pseudo coração do vampiro pesou ao ver como as pupilas da Grace oscilavam, sua respiração sôfrega e as mãos trêmulas. Tudo aquilo era o efeito do vício em seu corpo; e ele tinha o causado.

Usando o resto de coragem que tinha, Nico se abaixou nos calcanhares e segurou o punho dela que veio de encontro ao seu rosto. Thalia começou a se debater para ser solta e ele não viu mais escolhas a não ser fazer o que mais odiava.

— Me desculpe... — sussurrou.

Suas mãos apertaram os punhos dela, baixando-os e deixando contra o chão de forma que ela mantivesse o corpo sentado com as costas curvadas. Fitou seus olhos, aproveitando do momento que a humana o xingava para falar em um tom baixo:

— Você não vai fugir. Vai até o porão em silêncio e vai deixar com que Silena acorrente você para o seu próprio bem.

A ordem saiu tão densa que até mesmo Chris se sentiu tentado a fazer o que Nico tinha pedido. Os olhos negros do di Angelo oscilavam, o efeito da hipnose invadindo Thalia de tal forma que ficou atordoada por alguns segundos que fora solta, piscando os olhos com força e olhando ao redor.

O di Angelo a observou até que sumisse de seu campo de visão, os ombros caídos e o olhar atordoado denunciando que estava péssimo por ter tido que hipnotizar a humana daquele jeito. Em toda a sua vida sempre havia evitado usar essa técnica para conseguir as coisas, pois quando era menor, presenciou casos de relacionamentos abusivos entre vampiros e humanos ou até mesmo entre os da mesma raça.

Suspirou alto, colocando as mãos dentro do bolso da calça e levando os olhos para Chris, este que já tinha estava de pé e o observava com certo pesar.

— Era necessário, Nico. Quando ela melhorar, vai entender. — O consolou, notando que o vampiro estava mesmo abalado.

— Entender? — respondeu, o tom saindo com mais sarcasmo do que planejava. — É de Thalia que estamos falando. O mínimo vai ser ela me bater quando se soltar.

Por mais que Chris entendesse o receio da garota, até então humana, riu baixo e balançou a cabeça em negativa.

— Ela é realmente um ser humaninho difícil de lidar, não posso negar. Mas acredite, di Angelo: Thalia vai notar que tudo isso foi para o bem dela.

— Eu espero mesmo…

— Sem contar que… — Chris chamou atenção para si e Nico juntou as sobrancelhas ao notar que o lobo levava um sorriso debochado nos lábios: — Eu não vou te deixar esquecer que foi derrubado por uma humana em menos de alguns segundos.

— Quer mesmo falar sobre ser derrubado senhor levei-um-chute-nas-partes-íntimas-e-caí? — o di Angelo o retrucou, as palavras entrecortadas e o timbre carregado de ironia.

— Ela me deu um golpe baixo! Literalmente!

— Thalia me deu vários golpes, então, né?! — subiu os ombros, rindo internamente de sua própria desgraça.

***

— Você está bem? — Silena questionou assim que Nico passou pelo arco da adega com certa dificuldade por conta da rampa estreita que tinham que enfrentar para chegar até ali.

Ele assentiu vagamente, seus olhos fixos na Grace esparramada no chão com correntes em seus pulsos e tornozelos que a deixavam presa nos troncos.

— O que aconteceu? — a Alpha voltou a perguntar, chamando instintivamente atenção dos olhos negros. — Ela voltou sozinha e parecia...

— Hipnotizada.

Nico finalizou por Silena, o tom tão oco que a garota subiu as sobrancelhas, notando que aquilo não era uma coisa tão agradável para ele.

— É comum desmaiar depois que acaba? — ela perguntou certamente preocupada com o estado da humana. Nico assentiu, as mãos ainda no bolso da calça. — Então vai ficar tudo bem quando ela acordar.

— Isso se ela não derrubar esses troncos a força. — Colocou em pauta, o receio transbordando em sua voz.

Silena levantou os braços, se espreguiçando e se aproximando do di Angelo.

— O que foi? — perguntou, encostando a bochecha no peitoral dele de forma que fitasse o corpo ressonando de Thalia, sentindo uma das mãos do vampiro a segurar nas costas. — Você está tenso, Nico.

— Foi extremamente errado hipnotizar ela. — Respondeu em um tom baixo, deixando-se descansar o queixo sobre a cabeça de Silena.

— Se você achou a situação necessária para isso e o fez, é porque não teria muitos jeitos de trazê-la aqui. Não é como se você fosse usar disso mais vezes para outras coisas.

Nico não respondeu de imediato. Manteve-se em silêncio por um longo momento, juntando as sobrancelhas quando chegou à conclusão que, de alguma forma, a loba sabia que estava aflito por algo no passado.

— Como adivinhou? — sussurrou por fim.

— Quantos anos eu te conheço mesmo? — Silena o respondeu, subindo as sobrancelhas ao parar para pensar que eram muitos anos. Ele veio para cá ainda quando Thalia tinha dois anos e agora ela está com vinte, pensou.

Ele decidiu apenas dispensar uma resposta, ainda mais quando viu os olhos da humana se abrirem lentamente, fitando ao redor como se notasse que tinha algo errado. E quando ela parou nos dois, arregalou-os em surpresa:

— O que aconteceu? — questionou de primeiro momento, levantando seu corpo e se sobressaltando ao ouvir o barulho metálico da corrente contra o chão. — O que...? Por quê?

Silena se desvencilhou do meio abraço do vampiro, negando em reprovação com as mãos indo para a cintura. No entanto, seu semblante estava inalterável.

— Tinha que ser você e o Nico, não? — resmungou e o vampiro subiu as sobrancelhas, ofendido. A Beauregard suspirou, abaixando-se para ficar à frente de Thalia, dizendo em um tom calmo: — É o seguinte, Lia: você está viciada em...hãn...dar seu sangue para o Senhor Presinhas ali.

Nico não soube dizer o que mais o deixou surpreso: ouvir seu apelido de anos e mega infantil, ou ser referido como chupador de sangue de Thalias.

— Não é verdade! — Thalia irrompeu de imediato, a voz tão carregada que se assemelhava a um rosnado.

— Ah! Não? — Silena a respondeu com ironia, tombando a cabeça para o lado e juntando as sobrancelhas.

A humana a fitou nos olhos, torcendo o nariz. Depois, voltou a atenção para Nico, seu coração se acelerando à medida que o observava, notando o olhar opaco que ele levava.

— Ok — murmurou a contragosto —, talvez seja levemente verdade.

— Levemente? — a Alpha repeliu, desacreditada.

— De qualquer forma: — Thalia balançou a cabeça com descaso, voltando seus olhos azuis para Nico. — não é sua culpa. Você sabe disso, não é?!

Ele não a respondeu com palavras, tampouco gestos. Apenas desviou os olhos para o chão, a cabeça cabisbaixa enquanto pensava no que Thalia tinha dito. Como não é minha culpa?, pensou. É claro que é.

— Nico?! — Thalia o chamou, fazendo questão de que ele a encarasse. — Não é sua culpa.

Para não contradizer e começar uma discussão, preferiu apenas assentir em resposta e forçar um sorriso sem dentes.

— Enfim, — Silena voltou a tomar a frente. — Você, mocinha, vai ficar aqui até estar completamente limpa desse vício estranho. E, você, mocinho — ela se virou para Nico. — Vai ficar longe dela com essas presinhas, me ouviu bem?

— Entendido, general. — Nico a respondeu com escárnio.

— O que? Não! — Thalia irrompeu, apreensiva. — Eu não posso ficar aqui! Eu não quero, não! Me solta!

Sua voz começou a ficar alterada a medida que seu corpo começou a se debater nas correntes, tentando, inutilmente, se soltar.

— Nós só vamos soltar você quando estiver melhor, Thalia. Quanto menos resistir, melhor vai ser. — Silena manteve-se impassível enquanto observava a humana tentando se soltar, analisando as correntes. — E fica tranquila que eu vou cuidar de você, e o Nico também.

O di Angelo franziu as sobrancelhas, olhando para a loba de soslaio como quem diz “isso não fazia parte do contrato”, mas optou apenas por sorrir e acenar, mesmo que não o fizesse.

— Eu vou preparar algo para comer e já volto. — A Beauregard pontuou, assentindo para o vampiro antes de sair da adega, deixando-os a sós.

O rapaz suspirou, abaixando-se para ficar na altura de Thalia e fitando-a, deixando um pequeno sorriso de canto tomar seus lábios antes de finalmente falar:

— E não é que os papéis se inverteram?


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Notas finais do capítulo

YAY! Chegamos ao final de mais um capítulo! :3
Então? O que acharam? O que querem que aconteça?

Thalia viciada, hein? Quem diria? E agora ela e o Nico trocando de lugar... Será que isso vai dar certo?

Até o próximo o/
Beijos de Escuridão ♥
~Mary.



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