O jogo do amor. escrita por lilahallspreto


Capítulo 2
O ver 2


Notas iniciais do capítulo

Imagine um rapaz albino, é mais ou menos assim.



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Naquela noite, eu sonhei que estava lá fora na neve, sem usar um sobretudo ou sequer uma blusa, eu estava usando roupas de verão, mas não sentia frio.

Andei descalço pela neve, ela caia tocando levemente meus ombros, grudando nos meus cabelos enquanto eu caminhava. Eu estava no litoral, aquele não era um ambiente normal para as pessoas irem no inverno, não haviam estabelecimentos climatizados, não havia ninguém ali, só eu, e toda a imensidão branca.

Meu pai estava tomando café quando desci as escadas.

— Dhae, caiu da cama, filha?

Seu cabelo cacheado era um emaranhado.

— Não pai, estou sem sono, acho que vou chegar cedo no colégio hoje.

— Como foi o primeiro dia?

— Tenho amigos da escola lá, foi bem normal.

Ele tomou um gole de café.

Ontem a noite, descobri que outras amigas também estavam estudando na Huge, ao entrar no brithg*, muitos haviam atualizado seus status de escolaridade, eu nem me lembrei de fazer isso, e fiquei com preguiça de fazer.

— Estou pensando em vender minha moto e comprar outro flutuador. – meu pai disse.

— Porque? – perguntei, indo até a torradeira elétrica.

— Eu gosto dela, mas acho que o flutuador é mais cômodo.

— Você pode usar o meu quando precisar. – digitei “torradas médias com manteiga” no painel da torradeira.

— Sim eu sei, mas quero usar sempre.

— Você que sabe pai, como esta o trabalho? – minha torrada saiu da caixa impressa e dei uma mordida.

— Tudo bem.

Eu e meu pai morávamos sozinhos, minha mãe faleceu quando deu a luz a mim, então éramos só eu e ele.

Consegui estacionar o flutuador no pátio dessa vez, sai e olhei meu celular, hoje não teria aula de medicina legal, eu sei que parecia meio estupido, mas eu queria saber qual era a aptidão do trysence.

Entrei e me dirigi ao quadro de matérias, encostando meu celular nele, a tela mudou e digitei “aptidões” apareceram várias opções de curso superior, em seguida fui em “filtrar” e “medicina legal”, apareceram diversas opções de cursos. Eu não sabia que medicina legal era obrigatória em tantos cursos superiores assim, mas apertei no símbolo antigo de um disquete e salvei as opções.

Dependendo do cristo que ele escolhera, eu poderia ter mais matérias com ele, e talvez... só de pensar em olhar para seus olhos purpura novamente senti falta de ar.

Na primeira aula me encontrei com uma de minhas antigas amigas, Jank, ela não era de Trury, então fiz questão de puxar assunto com ela, queria saber como era se mudar para uma população que não era sua, mas para a minha decepção ela só respondeu “normal”.

Passei o intervalo com Jhyna, ela já havia visto o thrysence também, então não falou muito sobre ele, parece que seu interesse pelo rapaz branco não foi tão grande. Será que só eu havia sentindo aquele incomodo tão grande?

Minha última aula era de aptidão física, quase uma educação física, mas pelo que havia lido, era algo mais complicado, e envolvia bombas.

A roupa que tínhamos que usar era uma coisa estranha, verde com manchas vermelhas.

Depois que me vesti fui até o pátio, onde haviam grupos divididos, minha professora era tão linda que nem acreditei que estava no lugar certo, aptidão física da minha área com uma mulher daquelas?

— Meu nome é Dhagi, ensinarei para vocês um pouco da prática que vocês tem disto em sala de aula. – ela colocou as mãos para trás, quase que uma posição militar, mais relaxada – já estive em campo e posso dizer que sei o que estou dizendo a vocês.

Uau, ela já estava em campo.

Dhagi nos mostrou primeiramente nossos equipamentos, nossas bolsas e tudo o que poderia sem encaixado em nossa roupa, mais tarde descobri que minha roupa poderia mudar de cor, por isso a cor original era esquisita, era a cor neutra, recarregável.

Nossa primeira instrução foi dada em meia hora, quando terminou de explicou, Dhagi nos deixou sem nenhum equipamento, todos de frente a uma mesa.

— Tudo o que vocês precisam para equiparem-se completamente está nessa mesa, vocês tem um minuto para pegar tudo que conseguirem, lembrem-se, você esta aqui para salvar uma vida.

Quando ela clicou no cronometro, já fui direto na injeção de adrenalina, peguei adesivos de pele, agulha eletrônica, linha natural, encontrei o spray para lacerações e tudo que vi de mais importante para primeiros socorros.

Quando o tempo acabou, Dhagi pediu para cada um de nós mostrarmos o que pegamos, e explicou para cada um o que pegamos de errado e o que fizemos certo.

A segunda etapa da aula foi em um campo mais afastado, a bolha térmica deixava a gente em uma temperatura natural, evitando o frio lá de fora.

Haviam muitos homens e mulheres usando outra roupa por lá, a maioria de branco, seria quase impossível não o ver.

O trysence estava lá, sua pele branca quase sumindo com o tom de sua roupa, não consegui disfarçar ao olhar para ele, seu cabelo estava preso em um coque e sua feição estava mais atenta, sua postura não estava mais na defensiva e ele estava com a coluna reta, uma postura totalmente diferente do dia anterior. Ele estava lá como soldado treinee. Eu estava lá como enfermeira treinee.

Só desviei meu olhar dele quando nossa atividade começou, tínhamos que observar os soldados efetuarem suas atividades físicas, pulando coisas, escalando outras, e quando alguém caísse, tínhamos que fazer nossa parte rapidamente.

Não foi uma aula fácil, eramos todos inexperientes, tanto os soldados como as enfermeiras, e os obstáculos não eram fáceis, muitos soldados levaram tombos, praticamente usamos medicamentos para pequenos ralados, foram poucos os que se cortaram.

Não consegui ver o trysence entre tantas pessoas e quando estava efetuando meu trabalho eu não podia vasculhar o local procurando ele, como fazia quase toda hora, então o tempo passou muito devagar.

Ao final da aula, todos estávamos suados e exaustos, os soldados muito mas que nós, mas pelo menos consegui achar o rapaz branco que eu procurei toda hora.

Quando nos unimos para receber algumas informações e avaliações do dia, ele ficou de pé a 3 pessoas de mim.

Percebi que ele estava suado, mas sua postura continuou a mesma, como estavam todos olhando para os professores e escutando orientações, me dei o luxo de observa-lo.

O rapaz de Trysane tinha sobrancelhas arqueadas, de forma que parecia que ele estava bravo, sua pele não possuía nem uma mancha, seu nariz era pequeno e sua boca também, ele era muito diferente de nós, seu cabelo liso era um emaranhado, haviam alguns fios soltando do coque, devido a tanto movimento, sua respiração estava pesada, percebi que sua pele quase se equiparava com a cor de sua roupa, realmente, era estranho ver uma pessoa tão diferente aqui.

Me senti esquisita olhando para ele, reparando em sua pele, mas ele estava ocupado demais prestando atenção no professor, então fiquei ali olhando para ele, sentindo meu ar sumindo aos poucos.

Após tomar o banho e colocar minhas roupas de novo, mandei uma mensagem a Jhyna confirmando o cinema do dia, ela respondeu dizendo que avisaria nossos amigos e perguntou se eu precisaria de carona, respondi que iria com meu flutuador.

Quando estava saindo no pátio, vi ele novamente, ele estava pegando um refrigerante em uma máquina no pátio. Ninguém usava aquelas máquinas no inverno, me senti meio maternal naquele momento, ele iria morrer de frio tomando refrigerante lá fora.

Ele pegou a lata da caixa impressa e olhou para os lados, como se procurasse alguém, e seus olhos encontraram os meus.

Senti novamente que estava sem ar, ou sem chão, ou flutuando talvez. Ele desviou o olhar me soltando daquele sentimento esquisito, e fui até meu flutuador morrendo de vergonha.

O que estava acontecendo comigo?

*rede social parecida com o facebook


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