A Cinderella Story escrita por Queen Of Darkness


Capítulo 11
Capítulo 11




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– Pronto, chegamos! 
Dougie disse ao que abria os braços e sentia a brisa gélida bater em seu rosto. Juliet apenas riu da cena e perguntou-se se o garoto achava que estavam no filme ‘Titanic’. Em seguida, viraram para o lado e esperaram Suzana e Danny saírem brigando do metrô que antes estavam. Passaram por uma placa gigante que dizia "Westminster tube station", e saíram pela imensa porta que seguia de mais uma placa indicando a saída. Os outros três que não conheciam o lugar que Dougie estava os levando, provavelmente esperavam ver algo realmente muito interessante e bonito. Ao invés disso, apenas se entreolharam. 
– Ok Poynter, que parte do ‘confiem em mim, vocês vão gostar’ a gente não entendeu? – Suzana perguntou um tanto impaciente, olhando ao redor. 
Assim que haviam saído da estação de metrô, os quatro se depararam com uma rua longa e recoberta pela neve branca e fofa. Algumas pessoas passavam por ali, andando no sentido contrário ao deles. A vista na verdade muito bonita, com a paisagem branca e de ‘enfeite’, algumas luzes que brilhavam do céu, provavelmente vindas de algum lugar não muito longe dali. Mas realmente não era o que esperavam. 
– Ah, que isso, Suh. Eu achei muito bonito sim, tá Dougie? – Juliet comentou sorrindo amigavelmente, batendo no ombro do garoto, como quem quisesse o animá-lo – E não estou dizendo isso só pra te animar! 
– Vocês realmente são muito lerdos – Dougie falou em seguida, deixando todos confusos – Não é esse o lugar, gente. 
– AH NÃO! – Juliet, apesar de antes tentar ser gentil, foi a primeira a reclamar – A gente vai ter que andar mais e pegar mais metrôs? 
– Não – Dougie riu – A gente vai passar naquela loja antes comprar bebida, e depois vamos seguindo aquelas luzes ali – ele apontou para o céu, que brilhava agora um azul que combinava com as estrelas e a bela noite – que é o nosso... ‘destino’. 
– Uh, gostei disso – Danny comentou, batendo palminhas – Comprar bebidas! 
– Mas onde a gente tá, Poynter? – Suzana ignorou o comentário de Danny, revirando os olhos – A gente atravessou a cidade inteira já, chegamos no centro de Londres, passamos pela ponte de Westminster e estamos quase perto da Whitehall! – Ela tomou ar após falar tudo aquilo extremamente rápido. – Pra onde você pretende levar a gente? 
– A gente tá perto da Downing Street já... – Juliet falou, encarando um ponto, sem tirar seus olhos de lá. 
– Como você sabe? 
– Tem uma placa ali – Ela apontou, rindo quando Suzana lhe deu um leve empurrão – ‘10 Downing Street, London, SW1A 2AA’. 
– Ah, ótimo. Agora a gente vai fazer uma visitinha pro Primeiro Ministro, é? – Suzana perguntou em tom irônico. 
– Eu sou mais a rainha... – Danny falou, dando de ombros e fazendo Juliet e Dougie rirem, enquanto Suzana revirava os olhos. 
– Isso daqui vai levar a gente pra lá – Dougie indicou as luzes no céu com a cabeça – Me surpreende vocês não terem visto o lugar pela ponte ou pelo metrô de Westminster. 
– Whatever – Danny falou de repente, já correndo pela rua e quase escorregando em um lugar em que a neve estava quase derretendo – Vamos comprar as bebidas logo! 
Os outros três apenas riram - até Suzana, para o espanto deles - e seguiram Danny. Entraram em um pequeno supermercado que se encontrava bem no finalzinho da rua. Juliet, ao entrar no local, agradeceu mentalmente o dono daquela loja por colocar um aquecedor ali. Desde que deixaram a casa de Tom, ela não havia vestido nenhum moletom, e nem tivera tempo de pegar um também. Sentia os braços gelados e já roxos por causa do frio, e esfregava as mãos freneticamente tentando se esquentar. 
Passaram por alguns corredores, procurando bebidas. Sim, bebidas... Aquilo provavelmente a esquentaria. 
– Ok, cervejas são essenciais – Dougie disse rindo, apanhando um engradado de cerveja. 
– Hey hey hey, porque você tá pegando energético, Juliet? – Danny perguntou indignado com o ato da garota – Isso nem tem álcool! 
Juliet apenas riu, jogando vários energéticos na sacola, em seguida se dirigindo para outra prateleira. 
– Pra misturar com a vodka, sua anta – Ela completou, ao que mostrava uma garrafa enorme que podia-se ler no rótulo: ‘Vodka’. 
Danny apenas sorriu abertamente, batendo sua mão contra a de Juliet em um ‘high five’. 

Após alguns minutos, os quatro já saíam da loja com várias sacolas nas mãos. 
– Ok, agora – Dougie começou, fazendo os outros três que andavam animados em direção das luzes no céu pararem – Danny, me empresta sua mochila. 
– Porque? 
– Eu preciso guardar as bebidas, eles não podem nos ver entrando lá com isso – Explicou, ajeitando algumas das sacolas no meio de suas cuecas e roupas, na própria mochila. Em seguida, fez o mesmo quando Danny lhe deu a sua. – Pronto, podemos ir. 
– Você ainda não vai nos dizer onde isso fica ou o que é? – Juliet perguntou quando os quatro voltaram a andar. 
– Você verá – Dougie disse, piscando para a garota. Ela apenas sorriu e apertou os próprios braços contra o corpo, como se quisesse abraçar à si mesma. Porque tinha que ser tão idiota e esquecer seu agasalho? – Você tá com frio? 
– Anh? – Juliet olhou surpresa para Dougie, que a observava preocupado – Ah, só um pouquinho... – deu de ombros. 
Dougie não falou nada, apenas parou de andar, colocou a mochila que antes carregava no chão e levantou os braços, retirando seu próprio moletom. Juliet sabia o que ele pretendia fazer, por isso tentou o impedir. Não queria fazer com que ele passasse frio por sua causa. 
– Eu não tenho frio, pode pegar – Dougie estendeu o agasalho para a menina em um sorriso extremamente meigo. Vendo isso, Juliet simplesmente não conseguiu recusar. O que um efeito de um sorriso perfeito não faz na gente? – Boa menina! 
Ambos apenas riram e seguiram seu caminho. Juliet andava enquanto colocava o moletom, atrapalhando-se tanto com isso quanto pela vestimenta ser um pouco grande demais para seu corpo e ela não saber exatamente em que buraco enfiar os braços ou a cabeça. 
Quando finalmente conseguiu vestir, a garota olhou para si mesma. Adorava usar aquelas roupas largas de menino, achava que a deixava na verdade sexy. Ainda mais se fosse um agasalho vermelho da Hurley, uma de suas marcas favoritas. Fora que estava quentinho e tinha o perfume deDougie... Não poderia ser melhor. 
Enquanto continuava seu caminho e ria da constante briga entre Danny e Suzana, Juliet se assustou ao sentir algo ser enfiado em sua cabeça. Levantou os olhos e viu Dougie tentando colocar seu gorro nela. Sorriu com a cena e pelo pensamento de que ele estava na verdade preocupado com ela. 
– Obrigada – Ela falou quando ele finalmente conseguiu ajeitar o gorro em sua cabeça e agora arrumava seus cabelos bagunçados – Tudo bem,Dougie, pode deixar que dos cabelos eu arrumo! – Os dois riram, enquanto Juliet consertava o gorro torto em sua cabeça e colocava algumas mechas de cabelo para trás. 
– JUH! – Ouviu seu nome ser berrado, e ao virar-se para frente depois de algum tempo encarando Dougie sem graça, viu Suzana correndo em sua direção – Juliet! 
– Fala Suzana! 
– Você não vai acreditar pra onde o Poynter nos troooooouxe! – Ela berrava enquanto corria, o que fazia daquilo uma cena na verdade muito engraçada. 
– Pra onde? – Juliet olhou da amiga para Dougie, que sorria vitorioso pelo canto dos lábios. 
Antes que respondesse, Suzana praticamente pulou sobre Dougie, deixando-o sem graça e fazendo de uma Juliet, por algum motivo que a assustou, extremamente ciumenta. 
– LONDON EEEEEEEEYE! – Suzana finalmente falou - ou berrou - quando havia largado do garoto – Poynter, eu nunca imaginei que diria isso, mas... EU TE AMO! 
Com isso, a menina voltou a correr pela rua em direção de onde antes vira. Juliet e Dougie duvidaram que ela estivesse louca, mas a teoria foi confirmada quando a viram pular em Danny e beijar várias vezes o rosto do mesmo de tanta felicidade. E, mesmo de longe, puderam ver o quantoDanny havia corado. 
– Verdade isso, Poynter? – Ela finalmente perguntou, lançando um olhar provocador ao menino. 
– Era pra ser segredo, droga – Ele brincou, rindo da cara de Juliet. 
– Sabia que eu nunca vim pra cá? – A garota começou, quando voltaram a caminhada até a famosa roda-gigante, uma das mais conhecidas em todo o mundo – Já ouvi tantas coisas sobre ela, mas... Não sei porque nunca vim. 
– Você realmente não sabe o que esteve perdendo – Dougie comentou, olhando para Juliet no canto dos olhos e sorrindo. 
– Você vem sempre aqui? – Ela riu para si mesma, percebendo o quanto aquilo havia soado com uma daquelas cantadas ridículas. 
– Sempre que posso – Ele respondeu, sem notar a risada dela – É linda a vista, as luzes... Tudo. Principalmente à noite. – Ele fez uma pausa, olhando diretamente para a ponta da London Eye que já começava a aparecer – Me ajuda a pensar. 
Juliet sorriu involuntariamente com o que havia ouvido. Mordeu o lábio inferior, sem tirar os olhos de Dougie. Como alguém conseguia ser tão perfeito assim? 
Mais alguns passos e já estavam ali, em frente à maior e mais bela roda-gigante de todo o mundo, a London Eye, também conhecida como Millenium Wheel. Juliet pensou em como tudo que havia ouvido sobre o tal monumento foi comprovado no momento em que colocou os olhos naquelas imensas cabines, nas luzes que brilhavam e que trocavam constantemente de cor, fazendo de tudo ainda mais bonito, se possível. Como nunca havia ido para lá? 
Após chamarem Danny e Suzana, os quatro pararam em frente a uma enorme placa que se encontrava em frente à roda-gigante. 
– O QUE? – Suzana berrou após ler o que havia escrito – Como assim ninguém pode usar?! 
– A London Eye vai ser parada daqui a pouco – Um guarda disse quando provavelmente ouviu o berro da garota. 
– Porque vai ser parada? – Dougie perguntou, disfarçando os xingamentos que Juliet já murmurava. 
– À meia-noite e meia vai ter fogos de artifício, e vai precisar ser parada. Mas logo em seguida ela já volta a funcionar, é para a segurança de vocês – O guarda alegou, sorrindo amigavelmente. 
– Mas então porque ela ainda tá girando? – Danny perguntou, seguindo o movimento da roda-gigante com a cabeça. 
– Ainda faltam algumas pessoas saírem, mas meia-noite em ponto ela vai ser parada. 
Com isso, o homem se afastou dos quatro para ajudar algumas crianças a saírem das imensas cabines da roda-gigante. Aquilo realmente surpreendeu Juliet: normalmente, quando ia a parques de diversões, as rodas-gigantes cabiam no mínimo quatro pessoas; naquela estavam situadas simplesmente 30 adultos mais as duas crianças ao mesmo tempo. 
– Ainda falta uma hora! – Dougie reclamou enquanto encarava do relógio até a cabine, balançando a perna freneticamente em nervosismo. 
Juliet estranhou a expressão do garoto. Ele olhava demais para a London Eye, para a cabine vaga e ainda aberta e para o guarda que se distanciava dali e deixavam apenas os quatro sozinhos. O que estava pensando? 
Rapidamente, a pergunta da garota foi respondida por um simples puxão em seu braço. Dougie estava na verdade a arrastando para dentro da cabine, aproveitando que ninguém poderia vê-los. Juliet ameaçou berrar alguma coisa como ‘VOCÊ ESTÁ LOUCO?!’, mas ele havia sido mais rápido e esperto ao tapar sua boca com a própria mão. Chamou Danny e Suzana, que se jogaram junto com eles dentro da cabine que já se movia para o alto, continuando a girar junto com a roda-gigante. 
– Conseguimos! – Dougie murmurou ao que fechava a porta delicadamente para não serem ouvidos. 
– VOCÊ É DOENT... – Mas que droga, porque tinha que sempre ser interrompida pela mão dele? Juliet não pôde nem terminar de berrar com Dougie que sua mão já lhe tampava a boca novamente, agora ainda a puxando para baixo e fazendo os dois caírem do chão. – Dougie, o que você tá faz... – Novamente, ele tampara sua boca, espiando pela janela da cabine para checar que estavam alto o bastante para alguém os veres. Suzana fazia o mesmo, assim como Danny, que engatinhava até sua mochila para pegar as bebidas. – Pára de fazer isso, cacete! – Ela finalmente reclamou, tirando a mão dele sobre sua boca. 
– Ah, desculpa – Dougie riu baixinho, ainda abraçado ao corpo dela. 
Ambos estavam estirados no chão, apenas percebendo o quão próximos estavam quando sentiram a respiração um do outro. Era provavelmente a segunda vez que Juliet conseguia olhar de tão perto aqueles olhos azuis penetrantes dele, e neles havia algo tão familiar que a fazia ter quase a certeza de que já havia visto um par daqueles em algum lugar. 
– Alguém quer por favor me ajudar a abrir isso daqui! – Suzana reclamou, enquanto tentava em vão fazer o máximo de força que conseguia para retirar o lacre da garrafa de vodka. 
Nisso, Juliet pareceu acordar depois de ter sido hipnotizada pelos olhos azuis de Dougie. Ele se levantou e ajudou-a a fazer o mesmo. 
– Aqui – Danny se aproximou de Suzana, deixando sua cerveja de lado e apanhando a garrafa de suas mãos. Com um gesto incrivelmente simples, ele conseguiu fazer com que o lacre se soltasse e caísse no chão, fazendo da garota em sua frente impressionada. Danny apenas lhe lançou uma piscadela, devolvendo a garrafa, e voltou sua atenção para a cerveja. Juliet jurou ter visto Suzana corar e sorrir. 
– Cerveja? 
Juliet, novamente parecendo ter acordado de mais um de seus transes, sentiu um frio percorrer sua espinha e todos os pêlos de sua nuca arrepiarem com o toque de Dougie em suas costas, enquanto lhe oferecia uma latinha da bebida. Ela apenas aceitou e agradeceu em um sorriso envergonhado, tentando ignorar as borboletas que voavam em seu interior e brincavam com seu estômago. 
– Olha, dá pra ver a Trafalgar Square daqui! – Suzana falou, apontando para o devido lugar. 
Os outros três logo viraram para ver, juntando-se à Suzana na janela da cabine. 
– E olha ali – Juliet apontou para um imenso prédio – Aquele não é o HSBC Tower? 
– Yeap – Dougie respondeu, sorrindo para a garota e em seguida apontando para outros lugares – E ali tem a ponte de Westminster, por onde a gente veio... Ali o Palace of Westminster, e ali o Big Ben! 
– Eu nunca achei que diria isso, mas... é bem legal aqui em cima... – Danny sorriu, olhando tudo ao redor – romântico. – Ele completou, agora olhando Suzana pelo canto dos olhos. 
– Anh, gente? Vamos fazer alguma coisa? – Suzana de repente falou, se distanciando dos amigos. Obviamente que Juliet e Dougie entendiam a atitude dela, mas Danny ainda parecia não ter nenhuma pista. 
– Tipo o que? – Juliet perguntou, rindo baixinho por causa do nervosismo da amiga. 
– A gente pode jogar ‘Verdade ou Desafio’... – Dougie falou, ignorando os comentários provocativos de Danny. 
– Mas a gente não tem uma garrafa ainda – Suzana comentou, olhando para o ‘estoque’ de bebidas deles e vendo que todas as garrafas ainda estavam cheias. 
– A gente acaba com uma agora então, ué – Danny deixou sua latinha de cerveja de lado, sentando-se no chão e apanhando a garrafa de vodka que havia sido aberta por ele há alguns minutos atrás. – É preciso estar bêbado para fazer essa brincadeira mesmo! – Ele riu, piscando para Dougie. 
– Ok, jogar Verdade ou Desafio com vocês bêbados? – Suzana perguntou, rindo ironicamente – Qual é a próxima? Jogar strip poker com vocêstambém? 
– Não é uma má idéia – Dougie respondeu, rindo com os três amigos da cara perplexa de Suzana. 
– Vai Suh, descontrai e tenta se divertir pelo menos dessa vez, vai! – Juliet pediu, sentando-se no chão com Danny e puxando a mão da amiga para que ela fizesse o mesmo. 
– Você fala como se eu nunca me divertisse... 
– Bom, não é como se você fosse a pessoa mais espontânea e divertida do mundo, sabe. – Juliet rolou os olhos, rindo da expressão que Suzana havia feito, como se não acreditasse que sua melhor amiga havia falado aquilo para ela – Ué, a gente vai jogar Verdade ou Desafio, não é? Pense como se o jogo já tivesse começado... Te falei uma verdade e ainda foi um desafio te falar isso, porque eu sabia dos meus riscos de vida! 
Dougie e Danny seguraram suas risadas, e Suzana apenas olhava perplexa e indignada com o que ouvia. Agora, como se estivesse determinada, ela se sentou no chão, apanhou a garrafa de vodka e virou garganta abaixo uma grande quantidade da bebida, deixando bem claro o que queria dizer.Juliet apenas piscou para os garotos, que lhe levantaram os polegares em ‘jóia’. 
Juliet, já conhecendo sua amiga há tanto tempo e sabendo exatamente como ela era, talvez até mais que a própria, sabia que, ouvindo aquilo, iria fazer exatamente o contrário, apenas para provar à todos ali que ela sim era uma pessoa realmente divertida e adorava viver a vida de uma maneira espontânea. O plano, então, realmente havia dado certo, como Juliet prevera. 

Menos de meia hora, a garrafa de vodka já estava vazia. Cada um tomava um gole rápido da bebida e passava para o outro, e sempre nas vezes em que Suzana iria tomar, ela descia uma quantidade generosa do líquido, fazendo assim os amigos não se surpreenderem ao vê-la já ‘alterada’, ‘feliz demais’, ou como Danny gostava de falar, ‘uma Suzana mais legal do que a sóbria’. 
Não demorou mais que um minuto para que uma Juliet também já não tão sã desse o último gole da última gota de vodka e girava a garrafa no chão.Danny e Dougie, segundo as meninas, estavam mais engraçados do que o normal, e mesmo de terem acabado de terminar uma garrafa de vodka, continuavam tomando suas cervejas. 
– Danny, m’boy! – Juliet falou em um berro animado, as palavras saindo distorcidas de sua boca assim como a cerveja que havia acabado de tirar das mãos de Dougie e tomava. – Deu eu e você, babe, e... Opa, eu pergunto! – Ela soltou uma risadinha aguda, lembrando muito uma daquelas patys líderes de torcida quando são convidadas para sair por um dos jogadores de futebol. 
– Hit me... – Danny falou, rindo em seguida sem ninguém entender o porquê – Baby one more timeee! – Ele completou, cantando em uma nota completamente desafinada. 
– Verdade ou desafio, Danny-boy? 
– Bom, eu acho que pra desafio eu vou precisar de mais algumas cervejas e doses de vodka... – Ele falou, contando quantas das latinhas ao lado dele no chão haviam sido esvaziadas por si mesmo – Verdade, então! 
Juliet apenas soltou uma daquelas risadas malévolas, esfregando as mãos uma contra a outra freneticamente, como quem dizia ‘sou malvada’. 
– Diga-nos, então, Danny-boy... – Ela começou, deitando-se de barriga para baixo no chão e nem sequer notando que Dougie seguia cada movimento seu. – quais são suas verdadeiras intenções com a Suzana aqui? 
Nesse momento, Suzana engasgou com o gole de cerveja que tomava, seu rosto já vermelho. Juliet e Dougie riam baixinho, e Danny parecia ter levado aquela pergunta como uma qualquer que se pergunta em seu dia-a-dia. 
– Intenções? – Ele repetiu, tomando mais um gole de sua cerveja – Não sei exatamente... Eu acho ela bonita. 
– Hey, eu to aqui, sabe! – Suzana berrou, olhando perplexa de Danny para os outros dois que riam cada vez mais, e agora não tão baixo, mas parecendo ficar particularmente irritada apenas com Danny. 
– E-eu sei, eu não sou cego – Danny retrucou, sem entender o porquê de Suzana ficar brava com ele, sendo que havia sido Juliet e Dougie que estavam rindo. Ele apenas havia respondido à pergunta. – Porque você sempre fica irritada comigo? 
– E depois diz que não é cego! – Juliet comentou enquanto ria, não tão baixo quanto esperava. 
– O que você quer dizer com isso? – Danny e Suzana perguntaram juntos, no mesmo tempo, em seguida se entreolhando sem graça. 
– Nada ué... – Juliet deu de ombros, sem conseguir segurar a risada – Se você não for cego, você vai perceber. Certo Dougie? 
– Yeap – O garoto antes calado respondeu, tentando segurar o riso – Agora vamos continuar, vai... Quem é o próximo? 
– Não, agora você vai esperar – Danny disse de repente, agora também irritado. Juliet pensou que nunca o vira assim antes. – O que você quer dizer que eu sou cego?! 
– Danny, relaxa – Dougie disse, tanto para não criar um clima ruim como para defender Juliet. 
– Não relaxa não! – Agora foi a vez de Suzana – Pode explicando! Vocês dois! 
– Tá bom, você quer mesmo saber? – Juliet também estava ficando irritada. Talvez fosse algum efeito do álcool... – Eu disse que você é cego porque você simplesmente não enxerga que a Suzana gosta de você e você também gosta dela! E... vocês são dois lerdos! 
Os quatro entraram em completo silêncio. E assim iria permanecer, se não fosse pelo barulho que a cabine havia emitido ao parar completamente de se mover. Em seguida, um barulho alto parecido com algo explodindo pôde ser ouvido bem perto deles. Juliet pulou no lugar e Suzana deixou um grito escapar, antes de perceberem que eram apenas os fogos de artifício que o guarda havia antes mencionado, agora sendo soltos no céu. Mas, fora o barulho dos rojões que pareciam querer explodir cada estrela do céu escuro, agora iluminado apenas pelos feixes de luz dos fogos, os quatro continuavam sem dizer nada. 
– Anh... Então, quem é o próximo? – Finalmente Dougie quebrou o silêncio, apesar de agora estar se arrependendo por ter o feito. 
– Eu acho que não quero jogar mais... – Suzana disse rapidamente, surpreendendo os amigos e logo levantando-se e indo se sentar em um canto distante da cabine. 
– Eu... eu acho que vou lá falar com ela. – Danny disse de repente, lançando um olhar significativo para Juliet e Dougie e os deixando sozinhos. 
– Ah, ótimo – Juliet murmurou, após ter certeza de que nem Danny nem Suzana poderiam ouvir. Enquanto isso, os observava conversar pelo canto dos olhos. – Eu sou uma boca aberta idiota mesmo! 
– Não é não – Dougie disse, sorrindo docemente para Juliet. A única coisa que ela conseguiu pensar foi em como era incrível o jeito que Dougie conseguia fazer seus problemas sumirem apenas com um simples sorriso. Em seguida, ele apenas esticou sua mão à ela. – Vamos ver os fogos? 
Juliet apenas sorriu e aceitou sua mão, levantando-se com sua ajuda. Dougie, apesar de já tê-la levantado, continuou de mãos dadas com ela até a enorme janela da cabine. Aquilo fez as borboletas no estômago de Juliet voltarem a voar com uma velocidade surpreendente. 
– É lindo, né? – A voz de Dougie voltou a acordá-la. Juliet olhou para o lado e viu que ele também a observava com atenção, o sorriso meigo no rosto. 
– Você não tá com frio? – Ela perguntou, sentindo a mão gélida do garoto ainda entrelaçada com a sua. 
Dougie apenas deu de ombros, ainda sorrindo, e logo voltou a observar os fogos explodindo no céu. Juliet o puxou delicadamente, colocando as mãos dele no bolso fronteiro do agasalho, para que assim ficassem aquecidas. Em seguida, para sua própria surpresa, ela encaixou seus braços ao redor da cintura de Dougie, deitando a cabeça em seu peitoral. Sem dizer uma palavra, continuou olhando o céu colorido pelas luzes dos fogos de artifício. 
– Olha, acho que sua dica deu certo – Dougie disse, depois de vários minutos em silêncio, ainda abraçado à Juliet. 
Juliet virou o rosto e sorriu no mesmo instante em que viu Danny e Suzana encostados na parede do outro lado da cabine, dormindo. Mas o que realmente surpreendia era que eles não estavam apenas dormindo, eles estavam juntos, abraçados, com a cabeça de Suzana no colo de Danny, que havia caído sobre ela, provavelmente por causa do sono. Juliet teve que admitir, eles faziam um casal fofo. 
Ao que virou o rosto para frente de novo, deu de cara com o rosto de Dougie à apenas um centímetro da própria face. Conseguia sentir a respiração ofegante dele, o perfume dele, ver mais uma vez aqueles olhos que tanto a deixavam hipnotizada... E ainda assim, tudo aquilo lhe sendo muito familiar. 
Sentiu as borboletas voltarem em uma velocidade maior ainda ao que sentiu o toque dele perto de seu rosto. Juliet apenas fechou os olhos, sem saber exatamente o que estava fazendo. Dougie na verdade tinha esse poder sobre ela: deixá-la completamente desnorteada e, ainda assim, sem se importar. Sentiu os dedos de Dougie delicadamente colocarem uma mecha de cabelo dela atrás de sua orelha, e então descendo a mão para segurar seu queixo. Juliet estremeceu. Seria aquilo efeito do álcool? 
Sem esperar por isso - por mais que as indiretas fossem óbvias -, ela sentiu os lábios de Dougie encostarem suavemente nos seus como se acariciassem, mas não fizeram nada além disso. Pareciam esperar por autorização, e Juliet logo os deu: sem pressa alguma em aproveitar o momento, ela vagarosamente abriu a boca e permitiu que a língua de Dougie brincasse com a sua, lhe dando a sensação mais gostosa que já sentira. E aquele beijo... Até aquilo lhe era familiar. 
Os dois continuaram se beijando e se acariciando como se tivessem todo o tempo do mundo para eles, e sem pausa. Juliet às vezes parava o beijo apenas para morder o lábio inferior de Dougie, ou lhe morder ou beijar o pescoço, mas logo voltavam ao beijo intenso, úmido e que parecia ser interminável. E realmente foi, para o que passaram, de algo tranqüilo e sem pressa, para um beijo ardente e cheio de paixão. Agora, os dois se beijavam como se fosse a última vez que se veriam, e, por isso, teriam que aproveitar cada momento juntos, decorar cada parte e canto um do outro para nunca esquecerem. 
Dougie escorregou uma de suas mãos pelas costas de Juliet, acariciando delicadamente por debaixo de sua blusa. Juliet, por sua vez, mantinha uma de suas mãos da nuca para os cabelos do menino que cada vez mais bagunçava, e a outra se encontrava no cós de sua calça, puxando seu corpo mais e mais para si. 
Dougie conduziu-a, sem apartar o beijo, para a janela da cabine e a pressionou delicadamente contra a parede. Juliet levantou a perna, logo sentindo Dougie a segurar firme e a levantar em seu colo. Em seguida, os dois foram escorregando pela parede gelada, até seus corpos encontrarem o chão, ela ainda sobre o colo dele. Sem pensar duas vezes, Juliet levantou os braços e Dougie ajudou-a a tirar o moletom. Ela sentia que não precisava mais daquilo, uma vez que agora se sentia extremamente quente, nem parecendo que estava na verdade nevando lá fora. 
Ao que Dougie passou a beijar-lhe o pescoço, Juliet aproveitou para checar nos amigos. Os dois continuavam dormindo em um sono profundo, sendo que Danny estava até roncando em intervalos de tempo. Em seguida, ela segurou o rosto de Dougie e voltou a lhe beijar os lábios, agora levando as mãos na barra da própria camisa e a retirando. Dougie cortou o beijo por alguns segundos, e Juliet pôde ver que os lábios do garoto já estavam extremamente vermelhos, e não pôde deixar de sorrir com isso. Ele também sorriu, mas ainda olhando para ela com um certo receio. Juliet não disse nada, e nem precisou; apenas riu baixinho e voltou a beijá-lo, agora retirando sua camisa também. Não demorou para que ambas calças também fossem parar esparramadas pelo chão da cabine, e as únicas coisas que sobrassem em seus corpos fossem a calcinha e o sutiã de Juliet e as boxers de Dougie. 
Pela primeira vez em dias, Juliet parecia não pensar e muito menos se preocupar com nada. Nada além de aproveitar aquele momento com Dougie. Nenhum Tom imaginário brigando com ela e principalmente com Dougie por fazer isso com sua melhor amiga, quase irmã; nenhuma Samantha lhe repreendendo sobre como aquilo que estava fazendo era errado; e o melhor de tudo, nenhum Don para lhe dar falsas esperanças com mensagens bonitinhas. Ali estava realmente o que queria: um cara que sempre gostara, que tinham várias coisas em comum e, principalmente, que estava presente. 
Agora, Juliet não queria nem mais saber se tudo aquilo era ou não efeito do álcool. Ela simplesmente beijou Dougie com toda paixão e com toda vontade, enquanto lentamente retirava seu sutiã. Ela queria apenas, pelo menos uma vez em sua vida, viver o momento sem pensar se iria se arrepender. E assim que ambos corpos se juntaram, formando apenas um, nada mais disso passou pela cabeça de Juliet. Ela finalmente e apenas estava aproveitando o momento.


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