A Lenda dos Céus escrita por Mauschen


Capítulo 2
A cidade de Kita




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Valim observava a rua, o sol ia se pondo colorindo tudo de laranja. Ali de cima ele podia ter uma boa visão da favela do Forte, mas era difícil achar uma posição confortável para dormir. Dormir nos telhados das casas sempre foi uma coisa difícil. Pegou a bolsa, a prendendo no cinto, e se pós a escalar as paredes. Sem muita dificuldade chegou à casa de Kasad, uma pequena casa cheia de quinquilharias, joias, colares, anéis ou qualquer outra coisa que Valim já tenha roubado. Ele entrou pela janela, a gerudo não ficou nem um pouco supressa ao velo, ao invés disso, mandou que Valim se sentasse.

―O que quer aqui?

―Eu... Só quero um pedacinho de pão.

―Você mora aqui, não precisa ficar na rua... ― A mulher grisalha o encarou, sorrindo, Valim agradeceu com um sorriso, ela não havia comentado nada sobre o incidente no deserto desde que ele havia se recuperado, e também preferia não falar sobre isso, mas aquilo o fazia sentir culpa por ter sumido. O que havia acontecido era apenas uma memoria nublosa e desconexa, não conseguia se lembrar dos detalhes e varias coisas não se encaixavam. Se fosse outra pessoa iria apenas ser uma mentira ruim.

  Ela lhe deu um prato com sopa, sentando-se à mesa em seguida. Valim decidiu apenas não pensar mais naquilo. Kasad tinha 50 e tantos anos, o cabelo ruivo se misturava aos grisalhos, mesmo a essa idade ainda era considerada uma das melhores ladras do Deserto. E também era uma ótima cozinheira. ― Aliás, sua mão melhorou?

―Ainda está doendo um pouco, mas eu não vou morrer.

―Ótimo, tenho mais um trabalho pra você.

―Já? ―Valim disse em tom choroso, enfiando uma batata na boca, nem ele nem Epona aguentariam mais um dia no deserto ― Quanto eu vou ganhar?

―Eu explico melhor amanhã. Termina ai e vá dormir ― Valim assentiu e terminou a sopa. Fez uma reverencia à Kasad e foi para o quarto. Ele era um pouco pequeno, tinha apenas uma janela e uma cama, esta era apenas um monte de cobertores no chão, mas era perfeitamente confortável. Também havia vários livros que Valim colecionava. Ele colocou as armas dentro gorro e o resto das coisas num canto qualquer. Deitou-se e dormiu.

***

―Acorde orelhudo! O sol já raiou faz horas! Como você consegue dormir tanto?― O hylian tentou ignorar a voz, mas sem muito sucesso ― Acorda logo, acha que tenho o dia inteiro? ― Ele começou a sentir chutes nas suas costas.

―Que horas são? ― Ele falou mais dormindo do que qualquer coisa.

―Cinco da tarde  ―Valim gemeu e enterrou o rosto no travesseiro ― Okay, você quem pediu...

O grito de dor de Valim foi ouvido por todo o Forte.

Valim retirava Epona do celeiro, enquanto reclamava do machucado na testa.

―Pronto? ― Kasad perguntava de cima do seu cavalo, um puro garanhão gerudo. Valim assentiu com cabeça― Vamos!

Valim montou na égua e começou a segui-la, passaram por entre as ruas do Forte, que mais pareciam com labirintos, até chagar ao Arco. O Arco era uma passagem que ligava o Deserto Gerudo à Kanya Field, era um território gerudo que ficava fora do deserto e era governado pela irmã da atual Alyd, líder gerudo. Já fazia quase um ano que Valim tinha ido a Kanya, para derrotar um Chikyu, o menino orelhudo riu com a lembrança, aquele monstro não valia mais de dois mil rupees e ele havia conseguido quatro mil. Muito bem gastos, ele pensou olhando a espada balançando na cintura. Havia Gerudos guardando o Arco, varias carroças iam e viam algumas com comida, outras com escravos. Havia até um goron com cara rabugenta. Kasad e Valim passaram sem problemas, já eram conhecidos por ali.

―Você não me disse aonde íamos ― Valim disse enquanto observava o sol. Kasad estava seria. Os campos de Kanya era muito movimentados, até mais que o Forte. Aqui comerciantes hylians tinham mais liberdade para vender seus produtos, peixes, tecidos, tinta, joias falsas, tudo produtos de péssima qualidade, mas muito baratos. Os dois atravessaram a ponte que lavava ao fim do vale.

Kanya era um país bonito. Campos grandes e verdejantes que se estendiam por quilômetros, as terras eram mais férteis conforme se viajava até o centro, em contraste com o deserto. ―Vamos para Kita ― Kasad revelou, ela pode ouvir os murmúrios vindo dele ― Nem reclama Kita nem é tão ruim assim.

―É ruim sim, da ultima vez que estive lá encontrei um porco morto no meio da rua, aqueles hylians são nojentos.

―Você é um hylian.

―Não sou como eles

―Exibido ― Valim mostrou-lhe a língua em resposta ― E mal educado― Eles cavalgaram até chegar a Kita. Era uma cidade movimentada, uma das  cidades gerudo que mais tinha comercio com os gorons, apesar de ser disso, a maior parte da população era de hylians. Eles passaram pelos portões de Kita. Kasad sugeriu que ficassem numa hospedaria e encontrassem o cliente no dia seguinte. A melhor hospedaria de Kita, era no mínimo, lamentável. O dono ficou super contente de ter uma gerudo no seu estabelecimento, Kasad ficou numa suíte no ultimo andar do prédio, enquanto Valim teve de ficar num quartinho não muito aconchegante. Ele se deitou e dormiu, de qualquer modo não podia reclamar.

Valim acordou num lugar que ele nunca havia visto. Era completamente azul. Azul e frio. Bolhas saiam de seu nariz quando respirava. Em cima dele, havia um bicho enorme verde que se aproximava cada vez mais. Aquela coisa era gigante, só a cabeça, ou o que aparentava ser a cabeça, era muito maior que ele. Ela pegou-o com "mão" plana e o jogou para cima.

Valim acordou sobressaltado e com falta de ar. Nunca havia tido sonhos como aquele. Olhou pela janela, ainda estava de noite. Sem estrelas, sem lua, as luzes das janelas brilhavam forte. Foi um sonho perturbador. Ele ouviu batidas na porta, como um milagre o tirando do choque. A abriu lentamente. Kasad o olhou de cima a baixo.

―Vai pôr uma roupa que preste garoto. Já estamos indo.

―Tem problema dormir só de calça? Pera, indo aonde?

Na casa da minha mãe claro! Você sabe o que é trabalho? ―Valim revirou os olhos, tentando colocar a camisa e arrumar suas coisas o mais rápido possível ― Moleque preguiçoso.

Kasad era uma ótima pessoa. Uma excelente pessoa, mas sua autoridade era um tanto exagerada as vezes.

Os dois andaram pelas ruas sujas da cidade, tentando desviar dos mendigos bêbados. O garoto orelhudo sentia-se mal por deixar Epona sozinha naquele... Lugar. Entraram numa taberna fedorenta e pequena. Estava cheia de hylians, um mais bêbado que o outro. Se embebedar é a única coisa que eles sabem fazer? O garoto pensou enquanto tentava ignora-los.

―Estou procurando Marma Ross! Alguém viu? ― Kasad gritou chamando a atenção de todos, eles apontaram para um homem mal-encarado. Tinha duas mulheres penduradas nele e o que parecia ser uma gangue de piratas. Isso vai ser bastante interessante.


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