Supernatural — Becoming Girl escrita por CASS


Capítulo 5
V — I'm the Unknow.


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que vocês apreciem esse capítulo, porque foi, sem dúvida, uma guerra escrevê-lo; beijos. ♥



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— Aqui! — Dean sobressaltara-se sobre a mesa que compartilhava com Sam. — Achei o filho da mãe!

   Bobby largou os livros que lia desde que Castiel contou sua experiência com Desconhecida e Deus, e desde Crowley fora embora de sua casa. Castiel levantou-se e permaneceu atrás de Sam, as mãos pousadas na cadeira, próximas aos ombros do mais novo dos Winchester.

   Com o notebook em mãos, virado para si, Dean teclava furiosamente. Bobby já observava junto com ele, enquanto Sam e Castiel trocavam olhares desconfiados com aquele suspense.

   — Não, não é ele. — disse Bobby, semicerrando os olhos. — Olha, tem uma marca no rosto, né?

   — Não, acho que é a sombra. — Dean respondeu.

   — Cara, será que dá pra mostrar? — Sam mostrou-se impaciente com o irmão, que repuxando o lábio mostrou o notebook.

   Houve um silêncio repentino, que poderia ser classificado como terror pelos olhos de Castiel. Sam, de olhos arregalados para a tela do notebook, engolia em seco agora. Olhou para Castiel que, assentindo, também engoliu em seco, os olhos arregalados marejando em questão de segundos. Medo, puro medo.

   Sam e Castiel encaravam a face de Jimmy Novak na tela do computador, mas viram a essência de Lúcifer dentro dele.

   Cass deu dois passos pra trás enquanto Sam levantava da cadeira onde estava sentado. Com a sobrancelha erguida, Dean puxou de volta o notebook para si, olhando para todos os cantos do mesmo, procurando algo que não tivesse visto antes. Bobby fez uma pergunta silenciosa para Sam. “O que houve?”, era mais ou menos assim. O rapaz pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha antes de ver Castiel chocar-se contra uma parede.

   — É ele. — Sam apontou para o notebook.

   Castiel assentiu, imóvel de pavor, o coração da casca batia tão rápido quanto seus pensamentos corriam. “Como? Por quê? Com que finalidade?”. Lúcifer em sua casca novamente.

   Na tela, o vídeo pausado mostrava Jimmy Novak, Lúcifer, com um sorrisinho maligno esboçado nos lábios. Castiel tremia. Sam estava em choque.

   — Ele quem? — Dean perguntou.

   — L-Lúcifer... — Castiel sussurrou, enquanto Dean também levantava. — Lúcifer na minha casca.

   Bobby sentou-se em uma cadeira e atirou as costas para trás. Ele tinha a noção de que poderia ser verdade, sabia que a possibilidade era altíssima. Só não comentara, queria afastar a sensação, queria chutar a viabilidade, evitar que a chance aumentasse, que se concretizasse.

   Bolas. Aconteceu.

   — Como vocês sabem? — perguntou Dean depois de uma encarada fatal ao irmão. — Afinal, é só uma casca pra qualquer um.

   — “Se você vê os verdadeiros olhos de alguém, poderá reconhecê-los em qualquer lugar, a qualquer momento.” — leu Bobby em um livro de capa de couro. — Não sou eu que estou dizendo.

   — É verdade. — Castiel disse. — Sam já foi torturado por Lúcifer em pessoa, e eu costumava a ser um anjo. Ambos já vimos a verdadeira face daquele maníaco.

   — Eu queria que fosse só um devaneio. — Sam fechou os olhos, as duas mãos botando o cabelo para trás.

   “Aparentemente, não é” completou Dean, em silêncio, observando todos a sua volta respirarem fundo.

   Seria mais uma prova de que eles mereciam viver naquele mundo de merda? Droga, aquilo estava colocando todo o planeta de cabeça para baixo. O que Sam disse antes, de o mundo estar em equilíbrio, isso está muito errado. Não existe equilíbrio com Lúcifer andando solto por aí, a maioria dos seres sobrenaturais, bons e ruins, estavam sem poderes. Será que isso não seria o novo começo de um novo fim?

   Bom, era isso que mais incomodava ao mais velho dos Winchester. Havia medo em seu olhar, a garganta travava com qualquer pensamento.

   E tinha o endereço de onde Lúcifer fora visto pela última vez.

   — Parece que não. — Dean pegou a jaqueta e pôs por cima da camisa verde escura que vestia.

   — O-onde você vai? — Castiel deu um passo à frente, libertando do transe.

   — Atrás dele.

   — Você ficou maluco? Quem sabe o que vai acontecer com você?! — Cass apontou para o peito de Dean, a ponta do dedo cutucando o homem. — Você não vai sozinho.

   — Por quê? Você vai comigo? — Dean deu um passo pra trás, virando as costas a Castiel. — Por favor, você está SEM PODERES. É um...

   — Inútil? — Castiel terminou a frase de Dean.

   Sam levantou-se juntamente com Bobby que, em silêncio, pegaram seus casacos mais próximos e checaram as armas enquanto a discussão fluía agressivamente por parte de Dean.

   — É, um inútil! Você nunca fez nada que prestasse, pra variar.

   — Eu salvei você da perdição! — rebateu a garota.

   — Era melhor ter me deixado morto. — e, com passadas fortes, o caçador atravessou a porta e bateu a mesma violentamente.

   Cass engoliu em seco, baixando os olhos, respirando fundo. Tudo bem, ele está nervoso, Lúcifer voltou, ele só está nervoso.

   — Não é verdade o que ele disse. — Sam tocou o ombro do amigo. — Se não tivéssemos você, quem sabe o que teria acontecido conosco?

   — E com o mundo? — Bobby complementou, e Sam assentiu. — Olha, eu vou dizer, melhor ter você sem utilidade do que não ter você.

   Com um tapinha leve nas costas da garota, Sam andou até Bobby e os dois cruzaram a porta, alcançando Dean no carro. Ele já tinha ligado o impala, que fervia antes da arrancada que o Winchester pretendia dar. Sam ergueu os braços, em claro sinal de “espera, cara, nós vamos com você”. E Sam e Bobby entraram no carro enquanto Castiel observava pela janela.

   O que era aquela sensação? Seu peito e garganta doíam, era uma espécie de...

   Sentimento doloroso.

   Inútil, você nunca fez nada que prestasse, pra variar. Ele estava nervoso, Castiel. Acalme-se. Uma lágrima foi limpa rapidamente. Respirou fundo, erguendo a cabeça para a janela, vendo o carro começar a rodar para longe da propriedade Singer.

   Teria mais pensamentos ruins se Rowena não entrasse pela porta.

   — Você estava chorando? Ah, anjinho. — a ruiva agora sorria sarcasticamente.

   — Você estava dando pra alguém?

   Rowena sorrira mais abertamente, escondendo o chupão que habitava seu pescoço.

   — Não quer descobrir?

   Uma dor aguda atingiu a nuca de Castiel, e ele apagou.

...

   Era difícil ver Castiel chorando na janela, Dean admitia. Mas ainda estava irritado demais pra pensar qualquer coisa. O carro arrancou, antes que pudesse ver Castiel fechar as cortinas e sair em direção a sala.

   — Cara, péssima escolha tratar o Cass assim. — Sam começou. — Ele é seu amigo, nosso amigo, Dean, ele sempre quis o nosso bem, ele errou algumas vezes sim, mas...

   — Cala a boca. — Dean ligou o rádio assim que Sam fechou os lábios e olhou para frente.

   Bobby balançou a cabeça negativamente, cruzando os braços.

   — Parecem duas crianças.

   — Meu rabo. — Dean encerrou a discussão ali.

   — O.k. — Sam respirou fundo. — Onde está o Jimmy Novak, lê-se Lúcifer?

   — Detroit.

   — Caramba, longe assim? — Bobby revirou os olhos. — Nossa, me acordem quando chegarmos.

   A ironia na voz dele era pesada, mas mesmo assim, Dean continuou vagueando pelas estradas; de fato, não demorou para chegarem onde o vídeo da câmera de segurança indicava. Era um tipo de galpão.

   A primeira coisa que os Winchester e Singer perceberam foram os símbolos de proteção cobrindo as janelas de vidro. Respirando fundo, eles deram alguns passos para a porta, empunhando suas armas.

   Abriram a porta violentamente.

   Estavam atentos.

   Não havia nada.

...

   Castiel acordou amarrada a uma cadeira de madeira antiga. Forte. De impossível escape. Ergueu os olhos para sua antiga casca, olhando nos olhos de Lúcifer assim que pôde.

   — Bom dia, Vietnã!

   — Desgraçado. — murmurou Castiel, baixinho.

   Lúcifer apenas riu. Deu uma volta no novo corpo de Castiel, com visível interesse. Parou de caminhar quando o trezentos e sessenta acabou. Ainda mantinha o sorriso nos lábios. Era tão nojento vê-lo em sua casca, Castiel queria socá-lo.

   — Sabe por que está aqui?

   — Eu quero meu corpo de volta! — Castiel gritara para Lúcifer.

   — Querer não é poder, querida... — Lúcifer acariciara o rosto da garota, que tentava soltar-se de sua mão. — Olhe pra mim.

   A Estrela da Manhã segurava firmemente o rosto de Castiel, que sentia o estômago congelar. Olhou para Lúcifer.

   — Quase todos estão sem poderes, então eu quero saber. Como?

   — Se eu soubesse, já teria os meus de volta! — Castiel respondera, e um tapa voou em sua face.

   Castiel, sem querer, mordera o lábio no processo. Agora, sangrava.

   — Sua insolente! Responda!

   — Eu não sei! — Cass gritava mais alto, agora. — EU NÃO SEI!

   Lúcifer sorriu.

   — Bom. Muito bom. — batia palmas, agora. — Ótima encenação. Vai ficar aqui até falar.

   “Não, por favor” Castiel implorava em silêncio. “Eu não sei mesmo”.

   — Rowena. — Lúcifer chamou, e a ruiva apareceu prontamente para ele. — Fique de olho nela.

   — É claro, meu senhor.

   — VOCÊ É UMA IDIOTA, ELE MATOU VOCÊ HÁ UM ANO ATRÁS! — Cas avançou para cima de Rowena, mesmo estando sentado na cadeira.

   As unhas de Castiel agora arranhavam furiosamente as cordas. Não eram tão firmes, disso o anjo sabia. Mas algo inconsciente faxia com que as unhas trabalhassem rapidamente, de um jeito que Cass nunca imaginaria fazer.

   — Isso mostra como eu sou leal, seu pedaço de merda! — Rowena socara o rosto de Castiel, que sentira uma dor excruciante paralisar sua respiração por alguns segundos. — CALE A BOCA!

   Lúcifer sorrira.

   — Pegue leve, Rowena. Precisamos dele. — acariciando o rosto da ruiva, Lúcifer começou a andar para a possível saída. — Nos vemos logo, Castiel. Aproveite sua estadia.

   Uma saraivada de socos irromperam dos punhos de Rowena, fazendo Castiel esquecer que deveria tentar escapar. A dor era horrível, incapacitante, e fazia o rosto do anjo ir de um lado para o outro.

   Sem perceber, via-se livre das cordas e empurrava Rowena para longe. Como estava forte, como isso aconteceu? Castiel tentou correr até a saída, mas esqueceu as pernas amarradas. Caiu. Antes de Rowena levantar do chão com dificuldade, Cas conseguiu desfazer-se das amarras estranhamente frouxas e tentar novamente correr para a saída.

   Fora incapacitado pela bruxa, que segurou sua perna e o fez cair. O corpo da garota tombou bruscamente no chão sujo de terra e afins. Rowena levantou-se e obrigou Castiel a levantar também. Segurando firmemente seu braço, deu um tapa no rosto de Castiel, e fora tudo o que vira ali.

...

   O rosto de Castiel demorara para voltar a olhar Rowena. Com vagarosidade, fixara seu olhar na bruxa, mas não era mais o anjo. Seus olhos estavam diferentes, um brilho singular, um sorriso sarcástico os deixava menores.

   Foi aí que Rowena voara de encontro a uma parede, batendo as costas dolorosamente. Levantando-se, o corpo de Castiel sorria maleficamente, a cabeça tombada como um gato.

   — Idiota! — até a voz de Castiel era diferente, seu tom. — Acha que eu vou deixar que continue fazendo isso com ele?

   Rowena apavorou-se.

   — Quem é você?!

   — Seu pior pesadelo. — erguendo a mão direita em direção a Rowena, começou a fechá-la devagar, a bruxa contraindo-se com o ato. — Aquela que preza por sua queda, McLeod.

   — QUEM É VOCÊ?!

   — Você não me conhece, ninguém me conhece. Mas estou aqui, não estou? Eu EXISTO, ROWENA!

    — QUEM DIABOS É VOCÊ, SUA VADIA? — Rowena temia a resposta, e a dor já lhe fazia ofegar.

    — Pode me chamar de Karma. E eu vou ser a última coisa que você vai ver na sua vidinha medíocre. — sorriso sarcástico pela parte de Karma. — Adeus.

   Os olhos de Rowena se fecharam, ali, naquele galpão, e seu corpo caiu violentamente no chão. Palmas. Som de palmas. Lúcifer sorria para Karma, que acenou com a cabeça.

   — Já faz bastante tempo.

   — É... Faz sim.


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