Supernatural — Becoming Girl escrita por CASS


Capítulo 4
IV — I see (not too) dead people.


Notas iniciais do capítulo

Esse é o penúltimo capítulo da parte um da história. O próximo fecha uma etapa importante, então não demorará a sair. Espero que apreciem bastante esse, sintam, pensem, essa é uma fic que precisa de lógica: cada ponto conta!



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   Dizem que os mortos não falam. Não sentem. Não ouvem. Em outras palavras, dizem que os mortos não vivem. Em nossa longa trajetória, sabemos que isso não é verdade. Os mortos não desapareceram. Como disse o famoso poeta e dramaturgo Victor Hugo, “os mortos são uns invisíveis, e não uns ausentes.” Não só concordo com o devaneio, como também complemento-o. Os mortos são invisíveis pra quem não quer ver. Eles nunca estão ausentes se vivem em seu coração, pensamento ou em um simples objeto guardado que pertenceu a ele. Os mortos não são inexistentes. Eles não viraram pó. Eles continuam ali. Lá. Por toda a parte. Porque os mortos são apenas humanos que não precisam mais sofrer na carne. Foi por isso que O Cara fez assim. Foi desse jeito que o Salvador livrou a todos do sofrimento eterno.

   A menos que você mereça ir pro Céu/Inferno. Isso não é culpa dEle.

   E lá estava alguém que deveria estar morto, e que O Carinha lá de Cima trouxe de volta. Alguém que, em outras palavras, era uma das chaves dos Winchester para abrir as mais estranhas fechaduras, as chamadas incógnitas.

   Fronte aos irmãos Sam e Dean, e também do anjo Castiel, Robert Singer analisava sua antiga pistola. Com uma exclamação, o anjo chamou atenção de Bobby.

   — Oh, olá, Sam. Dean.

   — Bobby! — Dean andou até o mesmo e se despejou em seus braços, apertando o pai postiço em um abraço longo. — Eu ouvi sua voz no telefone mas eu não acreditei.

   — Claro que não, porque você é um idjota!

   — Que falta que eu senti de ouvir seus xingamentos. — Sam abraçou o mais velho, dando-lhe três tapinhas nas costas. — Seu azarão!

   Bobby recebeu Sam com o mesmo gesto que o mesmo, os tapinhas nas costas, sorrindo. Logo, seu olhar recaiu sobre Castiel em sua nova casca, olhando fixamente para Dean e Sam, agora.

   — De qual de vocês dois ela é filha? Ou vocês viraram babás?

   — Bobby, essa é o Castiel. — Sam disse, com um sorriso e as mãos nos bolsos.

   — Misericórdia, o que aconteceu com você? — Bobby fixou os olhos em Castiel.

   — É o que queremos saber. — Dean respondeu quando Castiel abriu a boca para falar. — Sabe, ele não se lembra de como aconteceu.

   Castiel remexeu-se desconfortavelmente, trocando o pé de apoio. Sam e Dean trocaram olhares sérios.

   — É mesmo? — Bobby cruzou os braços. — Então por que é tão difícil deixá-lo falar?

   A expressão de Dean fechou-se em tempestade. Sam conteve um sorriso enquanto Castiel acenava com a cabeça para o mais velho.

   — Eu não sei. — respondeu Cass. — Acordei desse jeito, e eu espero que você me ajude.

   — Claro. — Bobby assentiu. — Sabe onde está sua antiga casca?

   — Ah. — a garota segurou um dos braços, olhando para os próprios pés, envergonhada. — Estou sem poderes.

   Um silêncio palpável atingiu a casa de Bobby Singer. Castiel não viu, mas o mais velho observou atentamente os dois Winchester, com uma interrogação bem no meio da face. Enquanto Cass balançava seu pé e observava o allstar destoar com o sobretudo rosa, houve uma conversa silenciosa entre os três caçadores. Eles entendiam a si mesmos. Mas eu não os entendi.

   — Por que não disse antes? — Bobby quebrou o silêncio depois de alguns segundos, que pareceram horas. — Lembra como chegou nesse corpo?

   — Não.

   — Pois bem... — Bobby andou até sua escrivaninha no meio da sala e começou a tirar uns papéis de lá de dentro. — O que foi? Ao trabalho!

   Sam e Dean tomaram rumos diferentes pela casa de Singer. Os dois andavam pra lá e pra cá com pilhas e pilhas de livros e papéis e pergaminhos. Castiel apenas ficou sentado ali, as pernas sacudindo a medida que o tempo passava. Não aguentou cinco minutos. Andou até Bobby devagar.

   — O... O que eu posso fazer?

   Bobby repuxou o lábio, olhando em volta para todas as coisas que Castiel poderia atrapalhar se tentasse ajudar. Como dizer isso a ele sem parecer extremamente grosseiro?

   — Por que você não dá uma caminhada lá fora?

   — Uma caminhada? — Dean apareceu atrás de uma das repartições da casa. — Tudo bem ele estar sem poderes, mas dar bandeira, assim, na rua, sem proteção? Nem pensar!

   — Tudo bem, mamãe, tem alguma ideia melhor? — Sam apareceu andando ao lado de Castiel, lendo um livro de capa verde. — Pelo que sabemos, todos menos Deus estão sem poderes.

   — E eu, é claro.

   A forma de um homem baixinho contornou a claridade que entrava pela janela. De perto, Crowley observava o grupinho ali.

   — Desgraçado. — Dean cerrou o punho.

   Ele ia avançar, mas Castiel o deteve, segurando seu braço. A garota deu alguns passos a frente, estando assim na linha do olhar de Crowley.

   — O que você quer aqui?

   — Castiel! — Crowley deu um sorriso. — Eu não teria reconhecido você. Aliás, adorei a cor. — o Rei do Inferno tocou o sobretudo de Castiel, que deu um tapa em sua mão. — Ei!

   — O que raios você quer aqui?! — Dean repetiu por Castiel, que agora era puxado para trás pelas mãos de Sam.

   — Ah, você sabe. Conversar. Fiquei sabendo que Singer tinha voltado, vim dar meu alô. — Crowley respondeu.

   O brilho da faca demoníaca trespassou os olhos de Castiel no exato momento em que todos congelaram no tempo. Crowley ainda se mexia. O olhar fixo na garota.

   — Tem algo diferente, Castiel.

   — O que quer dizer com isso?

   — Você. Não me parece o anjinho babaca que era antes. Você... mudou. — Crowley andou até o anjo com todo o cuidado.

   Um Dean congelado estava separando os dois, a faca empunhada ao alto da cabeça em direção aonde antes estava o Rei. Sam ainda segurava Castiel, o que o impossibilitava de mexer o tronco.

   — Desconfortável, né? — Crowley simplesmente baixou o rosto devagar para os próprios pés e subiu-os devagar para observar Castiel com cuidado. — É algo em você.

   — Agora eu sou uma mulher.

   — Você é uma garota. Uma menininha, quantos anos tem sua casca? 15?

   A resposta óbvia era “não sei”, mas ficar em silêncio parecia menos humilhante. Balançando negativamente a cabeça, o Rei do Inferno conseguiu alcançar Castiel, segurando suas bochechas agressivamente.

   — Ah, Castiel, mesmo sem poderes, você é tão útil.

   Foi o momento em que Crowley o soltou. Olhou fixamente para os olhos da garota.

   — Bom, talvez não para os caçadores no momento, porque eles com certeza acham você um estorvo e...

   — Calado. — Cass ainda estava preso pelas grandes mãos de Sam. — Eles são minha família.

   — Tem certeza? — o Rei coçou a barba. — Que eu saiba, família não deixa de lado e manda dar uma passeada porque tem MEDO de que você ESTRAGUE tudo.

   O anjo apenas negava com a cabeça enquanto as ditas “verdades” de Crowley escorriam em seus ouvidos.

   — Eles nem sequer consideram você um amigo, quanto mais um irmão. Mas eu? Eu sim sou seu amigo.

   — Você? Meu amigo? — Castiel tremia. — Você é o Rei do Inferno, e eu sou um Anjo do Senhor! Você não é meu amigo.

   — Esqueceu todos os nossos momentos juntos, Castiel?

   — Momentos juntos meu rabo. — um rosnado saiu dos dentes cerrados da garota. — Sabe, eu odeio você.

   — Juntos somos mais fortes. Pense nisso.

   Foi um segundo, e o brilho apareceu novamente, o reflexo da luz da janela na faca demoníaca que agora acertava o vento. Castiel foi solto por Sam, e afundou no sofá, próximo a ele.

     Crowley havia desaparecido.

   Bobby foi o único que reparou que Castiel não estava bem desde que chegara.

   — O que aconteceu? Ele disse algo?

   — Ele... Ele quer que eu me junte à causa dele. — a garota gaguejava. — E d-disse que... Mesmo sem poderes eu sou útil. O que ele quis dizer com isso?

    O silêncio que instalou-se na sala foi ainda pior que o primeiro.

   — Desconhecido falou comigo. — Castiel respirou fundo antes de continuar. — E Chuck também.

   — O.k., espera. — Sam ergueu a mão levemente. — Desconhecido e Chuck? No mesmo dia? Falaram com você?

   — Ontem a noite, depois de Dean dar uns pegas naquela loira de farmácia e entrar no quarto, depois de você sair, Sam, Desconhecido falou comigo.

   Os dois pareciam culpados. Bobby estava perdido.

   — E o que ele disse? — perguntou Sam.

   — Ela. — corrigiu Cass. — Ela só se apresentou.

   — Então... Desconhecida?

   — É.

   — E... E Chuck, quando foi? — Dean tinha medo da resposta.

   Castiel rolou os olhos até Dean, encarando-o fixamente.

   — Depois de você sentir nostalgia de beijar anjos.

   Sam e Bobby olharam da mesma forma para os dois. Mais interrogações nas faces, no ar, em tudo. Dean sustentou o olhar forte de Castiel com um dificuldade. Engoliu em seco.

   — Sobre isso...

   — Eu não quero saber, sabe, isso não é da minha conta. — Castiel respirou fundo. — Bom, Chuck disse que ia ajudar, e, de alguma forma, temos a nossa ajuda bem na nossa frente.

   A garota apontou para Bobby.

   — Eu ainda tinha esperanças de tudo aquilo ter sido um sonho.

...

   Longe da casa de Bobby, a casca de Jimmy Novak esgueirava-se pelas ruas. Sem o sobretudo, apenas com o terno preto, a gravata e a calça social, os passos largos e fortes deixavam a todos desconfortáveis. Com um sorriso, entrava em um galpão cheio de símbolos contra demônios feitos de sangue fresco. Rowena estava parada atrás de um homem enfeitiçado, que degolava vítima atrás de vítima. Sangue escorria. Jorrava. Respingava na roupa. Quanto o último homem morreu, ele cortou sua própria garganta repetidas vezes até não ter mais sangue em seu corpo.

   — Wow... — “Jimmy Novak” pronunciou-se. — O que temos aqui?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Agradecimentos especiais às minhas revisoras e aos fãs e leitores que estão aqui sempre! Muitos beijos! Obrigada pelos votos também (se seu voto não foi no Bobby, não fique triste. Ainda terão muitas coisas pra vocês ajudarem a escolher!).



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