— Estamos andando em círculos, nunca vamos sair daqui. - Disse com a voz meio cansada.

— Você não deveria esta me motivando, afinal você que veio aqui me salvar...

— Isso foi antes de eu ficar fraca e ter que precisar da ajuda de uma estúpida árvore para fazer magia....

— Espera.

— O que..

—Fica quieta. – Ela disse fazendo um sinal para que eu fizesse silêncio. – Precisamos correr, ela está chegando. – Allison sussurrou me puxando.

— Ela quem? Ei,  me espera...

E assim corremos floresta adentro com galhos entrando nos meus olhos, ralando a perna nos troncos e tentando alcançar aquela caçadora lunática que corria mais que o Bolt. Só consegui alcança-la porque ela parou, e depois descobri o porque. Estávamos paradas em frente à árvore.

— Nemeton.

—O que disse?

—O nome da árvore. Nemeton. - Ela virou na minha direção, pegando seu arco e flecha, que eu não fazia ideia de onde ela tinha arrumado aquela coisa e eu disse.

— Não é uma boa hora para me atacar. - Disse levantando os braços.

— Não é exatamente em  você que estou mirando. – E fez um gesto com a cabeça para que eu virasse para trás.

E assim que virei senti meu corpo todo travar. Fiquei sem ação, sem voz. Todos meus sentidos deixaram meu corpo, me deixando ali vazia, como se fosse uma coisa oca.

— Cassie, você está bem?- Ouvi a voz da Allison, mas não conseguia responder. Não conseguia parar de olhar para a figura materna que estava diante de nós naquela mesma clareira, onde se encontrava a nossa porta de saída.

— Você está tão grande querida. – Ouvir a voz dela causava tanta dor, que senti uma lágrima brotando no canto do meu olho. Allison emitiu um som parecendo meio confusa, porém mantendo o arco ainda na direção da minha mãe.

— Mãe...- Consegui dizer.- Como? O que ..?

— Ela é sua mãe?- Perguntou Allison.

—Sei que tem muitas perguntas, querida, perguntas que posso responder mais tarde.

— Podia começar respondendo, porque fingiu que estava morta?.... E fingiu estar viva...  mas...se você esta viva como está aqui?- Fiquei confusa. Isso não faz sentido algum. Se ela esta aqui é porque está realmente morta certo?

— Igual você. Magia.

— Mas você não é uma bruxa

— É uma banshee. Um grande louca e problemática banshee. - Disse Allison puxando uma flecha.

— Você! Não me esqueci de você ainda querida. Ainda temos assuntos para tratar, mas eu gostaria de conversar um pouco com a minha filha se não se importa. - E com um grito Allison foi empurrada para trás ficando presa numa árvore.

— Mas o qu...

— Ela vai ficar bem, os Argents tiveram um papel muito importante para a nossa família. Mas antes de falar disso... – Disse se aproximando e encostando nos meus cabelos.  – Olhe para você, está tão linda. Como sentir saudades de você, Cassandra. – Falou me abraçando.

Quando você abraça sua mãe você sente carinho, ou algum tipo de emoção, correto? Errado, no meu caso, era como se abraçasse gelo. Minha intuição estava berrando para eu meter o pé daquele lugar independente de ter achado a pessoa que não era que eu gostaria de ter encontrado. Afastei-me, e perguntei.

— Se sentiu tantas saudades, onde esteve durante todo esse tempo?

— Eu entendo que esteja com raiva agora. Você está certa...por isso peço que preste muito atenção no que vou contar para você.- Fiquei quieta observando. – Me diga, sabe como seu pai morreu?

— Disseram naquela época que foi acidente de carro, mas eu sei que não foi isso.

— Você é muito esperta. Sempre foi. – Ela respirou fundo e começou a andar pela clareira. – A verdade pode doer um pouco, esta preparada? – Só afirmei com a cabeça, e ela continuou.

— Seu pai tinha um caso com Talia Hale, àquela alfa metida à líder que fazia todos os homens desse lugar ficar loucos por ela. Apesar disso eu amava muito seu pai, acho que foi por isso que eu enlouqueci naquela noite em que ele morreu. Sabe, ele realmente sofreu um acidente, por causa da família daquela garotinha ali. - Disse apontando para Allison. - Os Argentes estavam atrás dos lobisomens e não perdoavam ninguém que ficassem em seu caminho. Seu pai é claro que ficou. Naquela noite foi até a casa dos Hales avisar que eles corriam perigo, que os caçadores iam ataca-los naquela noite. E bom, eles realmente foram atacados, a casa inteira pegou fogo e o resto você já sabe...

Estava em estado de choque novamente. Era muita informação para uma noite só. Meu pai e a mãe do Derek? Agora meio que faz sentido aquele baú no cofre deles.

— Calma querida, eu sei que é muita coisa. Mas estamos no caminho certo...tudo que aconteceu depois disso, foi para este momento acontecer, eu e você aqui juntas..

— O que aconteceu com você? - Disse com o olhar confusa. Ela realmente parecia com um parafuso a menos. - Afinal você não morreu não é mesmo?

— Bom, depois disso eu tive a minha confirmação de que ele estava com ela e surtei. Tive raiva de cada criatura estúpida que habitava aquela cidade. E jurei que um dia iria me vingar de todos eles inclusive os caçadores. Por isso quando soube que sobraram apenas quatro dos Hale e estando um deles internado, decidi que precisava sair daquele manicômio e ir atrás dele, coletar mais informações e dar um fim nessa família que acabou com a minha. Por incrível que pareça é muito fácil sair daquele lugar, conhecendo as pessoas certas é claro. Então depois armei minha fuga e suposto suicídio.

Tive a pequena surpresa de encontrar Peter aparente em coma, mas seu espírito estava tão sedento por sangue quanto eu que ficava berrando e falando coisas que eram impossíveis de qualquer banshee ignorar...

— A lista...- deixei escapar levando a minha mão a boca chocada. - Mãe não me diga que...

— Sim, eu que coloquei a lista em prática. Não me olha desse jeito, foi tudo para te proteger, para quando você voltasse para cá, para a cidade que eu e seu pai te criamos, tudo fosse  diferente, sem essas criaturas horrendas perturbando a nossa paz. – Disse se aproximando com um olhar meio louco. – Mas o que não sabia é que seu primo e aquele bando estranho dele iriam dar uma de vigilantes da cidade e acabar com meu plano. Por isso é sempre bom ter um plano b. Afinal você chegou à cidade antes do que eu previa e já viu todas essa coisa horríveis que não deveria. Mas agora vai mudar, podemos dar um jeito de ficarmos juntas aqui...

— Espere aí, você está esperando mesmo que eu perdoe tudo isso que você fez?

—Cassand..

—Não! Agora eu vou falar. Você abandonou uma criança de 11 anos que tinha acabado de perder o pai, SOZINHA, pensando que a mãe tinha ficado louca e morrido. E depois de anos, quando volto para a cidade e finalmente faço amigos, você tenta matar todos eles por apenas satisfazer sua vingança? E agora quer que eu fique aqui no limbo desse submundo com você?  Joanna Mccall você realmente enlouqueceu. – Disse sem reparar que minha garganta está doendo de tanto gritar ao meio de lagrimas e soluços.

— Eu aceito todos continuarem a me chamar de louca depois de todos esses anos, MAS A MINHA PRÓPRIA FILHA???

— Minha mãe morreu anos atrás, você é só um fantasma querendo confundir a minha cabeça.

— Não adianta fugir da sua árvore genealógica querida, eu tentei ser diferente da minha mãe e olha só como estou?

— Pelo menos vovó era uma biruta com o pé no chão e realmente morreu sem fazer mal a uma mosca. Ela ia ter se decepcionado com voc.... – O relógio começou a apitar e eu sabia que tínhamos apenas cinco minutos para sairmos dali.

Olhei para trás e Allison com a ajuda da sua faca estava terminando de se livrar dos galhos que a prendiam. Essa menina não brinca em serviço mesmo.

Minha mãe olhava para mim com uma cara meio confusa e pergunta.

—Esta atrasada para algum lugar? Espero que não porque nossa reunião em família esta longe de acabar.

— Desculpe desapontá-la mais uma vez mamãe. Mas acho que vamos ter remarcar para outro momento.

Saio correndo para a árvore mas ela com um grito de banshee me fez cair para o outro lado. Vejo Allison já em pé correndo para pegar seu equipamento de caça e fracassando, pois minha mãe a acerta da mesma maneira que me atingiu e assim ficando mais próxima de mim.

— Deixa eu ver se eu entendi, você sabia que ela era assim e esqueceu de me avisar?- Perguntei para Allison.

— Bom, para começo de conversa eu não fazia ideia de quem era você e muito menos que ela é sua mãe. – Disse se levantando novamente.

— É, faz sentido. – Corro atrás dela e grito .- Precisamos chegar até a árvore.

Mais ondas de gritos vieram para cima da gente eu só conseguia fazer era desviar, até que uma delas me pegou, me jogando no chão novamente.

—Cassie!- Ouço Allison gritar e sinto suas mãos ao meu redor me ajudando a ficar em pé.

— Vocês não vão a lugar nenhum. Você, querida, quanto mais tempo aqui, mais tempo seu corpo fica fraco, e consequentemente vai morrer restando apenas um Argent naquele lugar.   Eu disse, querida tenho um plano b, e esse plano inclui eu e você juntas para sempre, nem que o para sempre seja aqui. - Com isso ela dá mais um grito em minha direção. Fecho os olhos e tampo os ouvidos esperando a pressão, mas ela não vem.

No lugar disso entra um brilho fica entre nós e a minha mãe, esse brilho serve de uma barreira que faz meus olhos arderem.

Quando o clarão se apaga, podemos ver que na verdade isso era obra de uma pessoa. Um homem alto e de cabelos castanhos esta parado de costas para nós e no momento em que se vira, meu coração aperta e a única cosia que sai da minha boa é:

— Pai..