Acordei com uma leve dor de cabeça em um lugar escuro e cheio de neblina. Muita neblina, por um segundo cogitei se foi no submundo que os filmes de terror dos anos 80 se inspiraram.

 Levantei com calma e olhando ao redor, aos poucos comecei a reconhecer o local.

 Já estive aqui antes.

Ouço a voz na minha mente e afirmo com a cabeça.

— É o cenário do meu sonho. – Sussurrei para mim mesma.

Começo a andar entre as árvores, que ocupam o reservatório de Beacon Hills, com cuidado para não cair por causa das altas raízes.  É quando de repente ouço alguém gritando.

—Socorro! Alguém me ajuda... Eu não aguento mais...Por favor!

 Saio correndo em disparada na direção da voz, mas não acho nada. Continuo correndo, sem me preocupar em olhar o chão, tropeço num dos galhos e sou lançada para o chão com força, porém antes de cair-me choco com alguma coisa.

 - Ai- seguro meu braço e fico rolando no chão até eu perceber no que bati, ou melhor, em quem eu bati. – Meu Deus... Allison?

A garota estava completamente descabelada e parecia que não tomava banho há muito tempo. Estava com alguns machucados marcados na sua pele branca, mas ainda sim consegui reconhecê-la.

Assim que seu nome sai da minha boca, ela me olha extremamente assustada e começa a gritar.

—Fique longe de mim!- E em seguida se levanta e sai correndo.

Faço o que qualquer um faria no meu lugar, saio correndo atrás dela. Eu não estou arriscando a minha vida por essa cretina para ela ficar fugindo de mim. Não mesmo!

—Hei, espera! Eu não vou te machucar, volta aqui!

— ME DEIXE EM PAZ. – Nesse momento ela começa a jogar os galhos em minha direção.

— Quer parar com isso! Estou tentando de ajudar!- E com um impulso que não sei da onde saiu me joguei para frente alcançado as costas dela, o que foi o suficiente para ela desequilibrar e assim como eu cair novamente.

Dessa vez fui mais rápida, levantei antes dela e a encurralei perto de uma árvore. Mas ela veio para cima de mim me acertando com um golpe de karate ou sei lá do que se chama aquilo, me fazendo cair novamente no chão.

Sinceramente já acabou a graça de ficar caindo toda hora (não que tivesse alguma), mas já estava ficando meio cansada dessa brincadeirinha. Queria muito faze-la voar pela aquela floresta e prende-la em algum galho, porém  não posso usar o meu poder agora, se ela já está se comportando assim agora, imagina quando descobrir o que posso fazer, ela vai surtar.

— O que você quer de mim? Por que não me deixa em paz?- Disse com a voz ríspida, mas eu pude sentir um pouco de dor nela.

— Eu não faço ideia do que você esta falando, ok? É a primeira e a última vez, espero, que eu venho aqui.

— Para de mentir para mim!- E força o meu braço para trás me fazendo sentir uma puta dor.

—AAAAAH PARA COM ISSO! - Disse aos berros. Olha se eu voltar para casa e salvar essa garota, juro que a mato. - Só me escuta tudo bem? Eu não vim te machucar, estou falando a verdade! Vim aqui porque Scott, Lydia, todos seus amigos estão preocupados com voc.. AAAAAAH EUDISSE PARA PARAR COM ISSO. – Gritei enquanto sentia à pressão que ela fazia contra meu braço.

 - Nunca mais fale o nome deles...- disse com raiva, mas novamente com um pouco de dor na voz, como se não aguentasse lembrar deles. Assim ela afrouxou um pouco o meu braço, dando a deixa que eu precisava para me virar e empurrá-la para o chão ficando em cima dela.

— Ok, é o seguinte. Você nunca me viu na vida, então como ter tanta certeza que eu vou te machucar?

— Porque é sempre isso que acontece quando encontro alguém assim, é uma droga de Jogos Vorazes isso aqui.

—Bom, visto que você e sua família são caçadores e foram responsáveis por mandar a maioria das criaturas sobrenaturais para cá, faz sentido eles quererem acabar com a sua vida. Já pensou nisso?- Disse refletindo em voz alta.

— Quem é você? O que está querendo dizer com isso? - Perguntou meio surpresa e confusa.

— Bom agora que tenho sua atenção. Espero que não tente me matar novamente. –Digo saindo de cima dela e levantando.

— Acredite se eu estivesse tentando te matar, você não iria sobreviver. Agora quem é você? E o que quis dizer com aquilo?  – Disse apontando uma faca na minha direção.

— Sério isso? Pensei que já tínhamos passado dessa recepção calorosa. - Vendo que ela continuava com braço estendido, continuo. –Meu nome é Cassandra McCall. Sou prima do Scott e vim te tirar daqui.

— Você realmente espera que eu acredite nisso? Mesmo que eu acredite, não tem como eu sair daqui, já revirei essa floresta toda e sempre parece que só ando em círculos, nunca consigo chegar à estrada.

— Alooo, não prestou atenção no que eu disse?!- Vendo que ela ainda estava confusa continuei. – Olha acontece que você não consegue sair daqui porque você esta num tipo de prisão espiritual, para os sobrenaturais quando morrem ou como no seu caso, alguém que foi ferido por algum tipo de arma sobrenatural. Também conhecido como submundo, ou seja, você não está na verdadeira floresta de Beacon Hills isso tudo ta dentro da sua cabeça.. Bom, mais ou menos..

— Você está em coma numa cama no hospital de Beacon Hills faz uns 5 meses, isso porque parte da sua alma está presa aqui e acredite querida eu sou a sua única chance de voltar..

— Isso não esta acontecendo.. Você é uma ilusão que eu criei na minha cabeça para não ficar sozinha...- Disse deixando uma lágrima escorrer e enxugando logo em seguida. Não consigo imaginar como deve ter sido para ela passar esse tempo sozinha nesse lugar terrível, sua desconfiança é mais do que compreensível, mas não temos tempo para isso agora. Precisamos voltar logo.

—Vamos lá Allison, sei que você é esperta o suficiente para saber que estou falando a verdade. É só você fazer força para lembrar, numa batalha que deu errado e que uma espa...

— Uma espada me acertou na barriga...Ai Meu Deus...- Disse largando a faca e colocando a mão na boca em estado de choque. Ela se agachou ficando de joelhos no chão com a mão na barriga.

— Eu lembro... a última coisa que vi.. foi Scott..

— Agora você confia em mim? Espero que sim porque não temos muito tempo. – Parecendo finalmente me ouvir, ela saiu do estado de choque e olhou para mim.

— O que você quer dizer com isso?

— Temos menos de uma hora para achar um ponto maior de magia, para conseguirmos voltar para casa.

— Magia? –Disse se levantando

— Bom, isso também pode parecer estranho, mas eu sou uma bruxa. - Esperei um pouco para ver se ela ia surtar ou coisa parecida, porém nada aconteceu, então continuei. - Fiz uma poção entrar em coma e um feitiço para trazer minha alma até aqui. Agora estou meio que com a bateria fraca e não consigo fazer um feitiço poderoso desse porte, por isso preciso de um ponto maior de energia para poder servir de bateria para mim enquanto eu faço o feitiço que vai nos tirar daqui. - Terminei com a respiração um pouco ofegante devido a minha pressa na hora de falar.

Essa garota está com aquele olhar de que vai me fazer repetir tudo que eu falei.

—O que exatamente se aplica como bateria mágica para você?

— Bom no geral isso se aplica em templos sagrados, lugares de sacrifício pagão, oferendas...

— E como você pretende achar esse tipo de coisa num lugar cheio de árvores...

— Árvore, é claro! Você por algum acaso sabe se teria uma árvore em especial que tem o tronco...

— Cortado e seus galhos virados ao contrário?- Afirmei com a cabeça assim que ela terminou minha frase. - Acredite, sou a ultima pessoa que quer encontrar essa árvore.

—Mesmo se ela for a sua única passagem para fora desse inferno?

— Acho que posso abrir uma exceção.