Mudando De Vida escrita por Ray Shimizu


Capítulo 5
Quando ninguém esperava




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Akira afastou Hitome, empurrando-a de volta na poltrona.

— Não acredito que você vomitou em mim... Eu Mereço! – estava indignado com a situação em que se encontrava. Não esperava ficar todo sujo de vômito em plena manhã.

Enquanto pensava no que fazer, tirou a camiseta que estava encharcada dos fluídos de Hitome. Com nojo, foi para lavanderia colocar a roupa para lavar, porque nem a calça havia escapado.

Sem paciência, jogou as peças na máquina e apertou vários botões, assim que começou a funcionar, saiu e foi procurar uma toalha e entrou no banheiro para tomar banho.

Depois de quase dez minutos, Hitome acordou sentindo o corpo doer – mais especificamente a cabeça, além de enjoo. Tentou se endireitar na poltrona, e um cheiro azedo subiu a sua narina. Estava toda suja e ao olhar para o chão, viu garrafas vazias de vinho. Logo foi invadida por uma lembrança.

Uma loira esquisita entrou no apartamento, depois que começaram a beber não conseguia lembrar-se de muita coisa. Era bem provável que a garota doida tivesse ido embora, e ela tivesse apagado devido à quantidade de álcool ingeriu. Além de ter passado muito mal. Não tinha lembranças de ter vomitado, só que as provas estavam ali, carimbadas em suas roupas e alguns resíduos no chão.

Por ainda estar alcoolizada sentia-se zonza, e os efeitos de beber tanto, visíveis. A única coisa que conseguia pensar era que Touya iria ter um ataque se a visse naquele estado. Chutou as garrafas para debaixo da poltrona, tirou a camiseta e tentou limpar as evidências.

Com as provas parcialmente escondidas, resolveu tomar um banho, antes que o manager voltasse. Foi tirando a calça no caminho, jogando camiseta e jeans num canto do quarto, seguiu direto para o banheiro... E acabou dando de cara com Akira, nu se secando com uma toalha.

Hitome deu um berro que ressoou em todos os andares daquele imenso prédio. Sem entender o motivo da presença dele ali, virou-se de costas e saiu andando apressada. Precisava vestir alguma coisa. Entretanto, não teve tempo de pensar, já que Touya invadiu o quarto.

— Eu ouvi um grito...

Antes que conseguisse terminar de falar, Hitome soltou mais um grito e no reflexo se cobriu com a primeira coisa que viu. O lençol da cama.

— Touya, preciso de um favor seu. – Akira dizia ao sair do banheiro, apenas com uma toalha envolvendo suas partes intimas.

— Fica no banheiro! – Hitome ordenou quase aos berros. Era muito constrangimento para uma pessoa só, não só Akira a viu seminua, como Touya também.

O manager corou virando-se rapidamente para a parede, não sabia o que estava acontecendo, talvez interrompia alguma coisa?

Hitome seminua, enrolada num lençol, e Akira apenas com uma toalha na cintura.

— Touya, não pense besteira! – Hitome já estava constrangida o suficiente com Touya presenciando aquele cenário totalmente sugestivo.

Aquela situação estava realmente embaraçosa, o manager queria uma explicação, mas não queria ficar no quarto com os dois sem roupa.

— Eu vou ficar na sala, enquanto vocês se vestem.

— Touya, faz o favor de me arrumar uma roupa emprestada? – Akira se pronunciou. – Essa imbecil vomitou em mim. Então fui obrigado a tomar banho.

— Eu nem lembro de você ter entrado aqui! – Hitome tentou se defender. – Aliás, não me lembro de nada, desde que uma loira doida apareceu aqui.

— A Yukimura aparece, vocês enchem a cara, e quem tem que pagar o pato sou eu?

— Por um acaso eu liguei para você e te chamei?

— Não. Mas dava para ouvir a conversa do andar de baixo. E você tava abrindo essa bocona e por pouco não fala besteira!

— Eu não sabia quem era ela, o que eu ia fazer? Ela parecia ser muito amiga da Aya. Eu só tentei ser natural, mas ela é doida varrida! Não imaginei que ia acabar bêbada!

Num piscar de olhos os dois já estavam discutindo, e só pelas informações soltas, Touya pôde imaginar o que tinha se passado. O manager deixou os dois brigando, e foi tentar arranjar uma roupa para Akira. Se não se enganava, tinha roupas extras dentro do carro, talvez servisse.

De qualquer maneira, precisava saber os detalhes do ocorrido. Viu também que deixar Hitome sozinha no apartamento era arriscado, porque a Nana Yukimura era mesmo uma doida varrida que aparecia sem ser convidada em todos os lugares. Tinha um problema sério nas mãos, porque precisava treinar Hitome para as filmagens que começariam em breve, tinha um programa de variedade no dia seguinte, e ainda devia lidar com os artistas daquele condomínio. Talvez fosse melhor tirar Hitome do apartamento e coloca-la em outro lugar provisório. Isso poderia gerar suspeitas? Outra saída seria ele morando com ela por algum tempo, mas aquilo também pareceria suspeito. Não importava o quanto pensava, tudo parecia ser uma ideia ruim.

—/-/-

Aya esperava Makoto voltar. Achou estranho a mesa já estar posta, era muito cedo para almoçar. E também não se lembrava de Hitome ou Akira comentar sobre os horários de refeições tão distintos do habitual. A única informação que possuía era que raramente tinham tempo de comer todos juntos, visto que a família trabalhava em um restaurante movimentado, porém o estabelecimento entrou em reforma no dia anterior. Então, não tinham que ir trabalhar.

Enquanto esperava, observava em volta, a casa parecia pequena, os cômodos eram muito próximos, lembrava um pouco sua antiga casa, onde morava com os pais. Bateu uma repentina saudade. Por mais que o relacionamento com a família não fosse dos melhores, ainda assim, sabia que eles a amavam, apenas tinham uma visão diferente dos dela.

Depois de olhar ao redor, sua visão focou em suas mãos, que estavam em cima da mesa, e então notou que do lado do guardanapo tinha um pedaço de papel. Parecia um bilhete.

Sem pretensão, apenas começou a ler.

Estou indo embora, não aguento mais essa vida. Me apaixonei pelo Hideki... E vou embora com ele.  Espero que fiquem bem e me perdoem.

Akemi”

Aya ficou branca. Acaso tinha lido direito? Aquela era uma nota onde a mãe de Hitome anunciava que partia com outra pessoa, abandonando a família? Pelo que sabia Hideki era o nome do sócio de Makoto. Aquilo era piada?

Perdida em seus confusos pensamentos, só notou que Makoto tinha voltado quando sentiu o toque dele no ombro.

— Está tudo bem, filha? – Makoto perguntou um pouco preocupado, vendo aquela estranha expressão no rosto de Aya. ­­– Está pálida... Eu não achei sua mãe, será que ela saiu?

— Eu... – a morena olhou perdida, não sabendo o que fazer. Era a primeira vez que estava sem fala.

Completamente desorientada.

A atriz ficou boquiaberta, tentando falar, entretanto não conseguia expressar nada.

— Filha? – Makoto notou que algo estava errado, logo viu um papel na mão de Aya e pegou para ler.

Aya viu a expressão de seu suposto pai mudar completamente, parecia perdido e desolado. Logo viu as lágrimas escorrendo. Chorando em silêncio.

Mesmo não querendo acreditar, aquilo certamente era real. Makoto notou que a esposa estava cada vez mais ausente, inventando mil desculpas para sair, mesmo tarde da noite.

Contudo parecia negar-se a acreditar que algo estava passando, eles eram uma família feliz no fim das contas, ou assim pareciam ser.

Aya apenas abraçou o homem, era a única coisa que poderia fazer naquele momento.

Os dois choraram quietos. Se separam apenas quando sentiram que a dor havia estabilizado, que o coração se aqueceu ao menos um pouquinho.

— Você precisa comer... Aposto que não comeu direito esses dias, está mais magra! – Makoto mudou o foco da situação, buscando força. Acima de tudo, sua filha estava doente e precisava de cuidados. Mal ele suspeitava que aquela não era Hitome. – E aquele rapaz? Não vai vir te visitar? Namorado desnaturado!

— Eu acho que perdi um pouco de peso sim. – sentia as roupas de Hitome um pouco largas para ela, nada muito gritante. – O Touya está no trabalho, depois ele vem ver a gente. – sabia que Makoto queria sair um pouco daquele clima sufocante por causa dela, na verdade por causa de Hitome. ­­− Tenho certeza que você vai gostar dele. Ele é gentil e bonzinho.

— Tenho certeza que sim. – sorriu gentilmente enquanto enxugava as próprias lágrimas. – Você não ia escolher um genro carrasco, não é?

Os dois tentavam ao máximo manter uma conversa normal. Ele não achava que devia ficar naquele clima pesado por muito tempo. Porém, sabia que tinha problemas para resolver, além da mulher ter fugido com seu melhor amigo, bom, que ele acreditou que era amigo.

Logo veio um pensamento. Se Akemi tinha fugido com seu melhor amigo, e era ela que cuidava diretamente das finanças, inclusive de todos os empréstimos já feitos.

 

E se ela deu um golpe e fugiu com toda grana?

Necessitava saber, rapidamente ligou para o banco. Depois de conversar alguns minutos, descobriu que Akemi havia sacado todo dinheiro. Não tinha mais nenhum recurso para o restaurante, apenas uma imensa dívida.

— Estamos arruinados. – ficou perdido. Não sabia o que fazer. A mulher que ele amava, teve coragem de deixá-los para trás, afundados em um mar infinito de problemas.

— Não, não podemos pensar assim! Vamos pensar numa forma de sair dessa! – Aya estava tão perdida quanto ele naquela situação. Não fazia ideia de quanto era a dívida. Imaginava que se tratava de uma quantia elevada. Ainda sim, talvez pudesse ajudar em algo.

Ele não respondeu, não tinha palavras e nem forças naquele momento. Aquilo só podia ser um pesadelo do qual ainda não tinha acordado.

A atriz se sentia impotente e ainda tinha que dar essa péssima notícia para Hitome. Não seria fácil, ninguém entenderia, ela mesma sentia dificuldade, e nem de fato era alguém da família. Sentia angustia e medo de comunicar toda aquela tragédia para a sósia. Contudo, era direito de Hitome saber, mesmo que aquilo comprometesse todo o plano da troca.

Decidiu esperar um pouco antes tomar qualquer atitude, primeiro ia conversar com Touya para saber como Hitome estava, depois contaria todo o ocorrido para o manager e então falaria para quem realmente precisava saber.

—/-/-

Hitome já havia tomado banho e colocado uma roupa qualquer do armário de Aya, enquanto Akira já estava vestido com as roupas trazidas por Touya.

— Precisamos tomar cuidado. Se isso acontecer de novo pode ser nosso fim. – o manager advertiu. – Hitome, sei que não foi sua culpa. – notando que a mesma ia abrir a boca para se justificar, já antecipou a resposta. – Só que você precisa tomar um pouco mais de cuidado. A Nana em si não é um perigo, a única coisa na qual ela presta atenção é nela mesma. Se você falar uma palavra ela fala por mais meia hora sozinha. Só que ela adora embebedar as pessoas. Várias vezes a Aya ficou bêbada por culpa dela.

— E pelo que notei. A Hitome é linguaruda quando bebe. – o ator provocou.

— Ninguém te perguntou nada. – Hitome esbravejou.

— E precisa? – Akira devolveu a raiva. – Eu não vou ficar te ajudando. Desse jeito você não vai durar essa semana tentando ser a Aya.

— Vocês não vão começar a discutir de novo, né? Fala sério. Vocês eram assim quando crianças? Pelo amor de Deus! – Touya interrompeu, antes que aquilo virasse outra discussão infinita.

— Se você soubesse o que passei com esse traste. – ela reclamou. De fato Akira e Hitome não eram crianças que brincavam alegremente em período integral, com juras de amizade eterna.

— Você, né? – ironizou. – Eu que tinha que aturar suas chatices.

— Chega. Vocês não tem jeito! Como vão filmar o dorama desse jeito?

— Não me pergunte. Ainda acho que vai ser um desastre. – Akira contra-atacou. - Ela foi árvore na peça da escola, eu já falei isso, não é?

— Para com essa história de árvore. Eu só fiz esse papel idiota, porque... – começou a falar, porém decidiu não terminar a frase. – Ah deixa para lá. Você é um pé no saco. – sem mais paciência, saiu da sala e foi para o quarto.  – Eu tenho muito que fazer.

Touya não viu uma única vez em que os dois não tivessem se encontrado e sem alguma discussão ou resposta atravessada. Enquanto divagava, percebeu seu celular tocando, era Aya.

Touya? Você pode falar?

— Posso. Aconteceu alguma coisa? – se preocupou, a voz dela estava estranha.

Akira se calou, levantou e foi para sacada, deixaria os dois conversarem com privacidade.

Aconteceu! Um desastre para ser mais exata!

— Você foi descoberta? – o medo o invadiu. Aquilo seria um baita de um desastre.

Não! Eu não sei muito bem como falar isso...

Tentava achar as melhores palavras, para explicar ao manager o que aconteceu. E com custo conseguiu falar o que precisava.

— A mãe da Hitome o que?! – exclamou. Ele achava que essas coisas não passavam de tramas de novela. – Você tá falando sério?

Olha minha situação e pensa se eu brincaria com algo assim... — sabia que Touya estava incrédulo, ela também estava até pouco tempo atrás. – A Hitome está por perto? Preciso falar com ela.

— Você quer mesmo contar todo esse desastre pra ela? – estava realmente preocupado.

Não podemos esconder isso, foi a mãe dela que fugiu com o cara, levando junto todo o dinheiro investido no restaurante! Não é algo que possa esconder!— falava baixo no telefone, já que Makoto se encontrava no quarto dele, que ficava ao lado do de Hitome.

— Como vamos falar esse B.O pra coitada? Se você fizer isso, ela não vai conseguir filmar o dorama, e nem ir aos programas. A gente não pode  fazer isso agora.

Ficaram discutindo sobre falar a verdade ou esconder toda aquela história de Hitome. Touya não queria de jeito nenhum falar, enquanto Aya era a favor.

— Eu vou aí daqui a pouco. E a gente resolve isso direito. – resolveu finalizar a conversa por hora, precisava pensar em alguma solução.

Aya concordou, era melhor discutir aquilo pessoalmente, era um assunto delicado. Mesmo assim, achava que Hitome devia saber a verdade.

E tinha mais um problema para resolver. Aquilo só podia ser um sinal divino para eles não irem adiante com aquele plano bizarro. Poderiam desistir aproveitar que Hitome ainda não havia feito nenhuma aparição em publico.

— Aconteceu alguma coisa? – Akira notou a cara lívida de Touya. O silêncio perdurou por alguns segundos. E aquilo já revelava que alguma coisa tinha acontecido. Preocupou-se, talvez alguém tivesse descoberto a troca. Só que sabia que se ele se envolvesse muito não teria mais volta. Então resolveu não se intrometer – Esquece o que eu perguntei. – sem esperar por uma resposta foi até a cozinha, buscar alguma coisa para beber.

Touya pensou em revelar toda história para Akira, como amigo de infância de Hitome poderia ajudar. No entanto, aquilo teria que ficar para depois. Ele precisava conversar com Aya primeiro e decidir o que fariam.

Foi até o quarto e viu Hitome sentada na cama, lendo as coisas que ele havia trazido. Talvez àquela hora fosse a melhor para ele se ausentar.

— Escuta. Eu vou precisar sair. Logo eu volto. Tá? – anunciou enquanto entrava no quarto.

— Tá... Vai ver a Aya? – perguntou, enquanto tentava voltar sua atenção para a montanha de papeis.

— Vou. Eu ainda não fui visitar. Mas é rápido, logo estou de volta! Continue lendo!

Hitome suspirou e voltou-se para sua leitura. Por estar sem seus óculos, usava a lente que estava usando desde o dia anterior. Precisaria tirá-los logo, pois os olhos já se mostravam um pouco irritados.

Touya foi para cozinha falar com Akira.

— Escuta, você tem algo na agenda pra hoje?

— Não. Por quê?

— Eu preciso resolver um probleminha... Você pode ficar aqui enquanto eu me ausento?

— Vai demorar? – Akira até imaginava que não era prudente deixar Hitome sozinha depois do ocorrido de manhã. Só que ele também não queria ficar bancando a babá.

— Não pretendo. – respondeu sincero, realmente não tinha pretensão de prolongar sua saída.

— Tá. Eu fico.

Touya saiu às pressas, tinha que resolver aquele assunto rapidamente.

Entrou no carro e esquecendo-se de colocar o cinto, arrancou. E enquanto andava pelas ruas movimentadas de Tokyo se deu conta que faltava saber uma informação importante.

— Onde é a casa da Hitome?

Ainda dirigindo ligou para Aya, que atendeu ao telefone prontamente.

— Qual o endereço daí? – perguntou apressado.

Rua Tenshi, quarenta e seis. – respondeu. – Está vindo pra cá?

— Estou. Em vinte minutos eu chego aí. Até mais.

Aya despediu-se e desligou o celular. O clima ainda estava tenso.

—/-/-

Makoto só teve certeza de que aquilo não era nenhuma piada de mau gosto, depois que viu que todas as coisas de sua esposa haviam sumido. A única coisa deixada para trás, foi um porta retrato dela com o marido e a filha,  que ficava no criado mudo do lado da cama.

Os minutos passavam e muito antes do previsto, Touya havia chegado.

Makoto atendeu a porta, tentou disfarçar o melhor que pôde, sorriu e deu passagem para o genro entrar.

— Eu fiquei realmente surpreso em saber que minha filha tem um namorado. - o senhor puxou assunto. – Ela está no quarto...

Touya passou por alguns cômodos até chegar ao quarto de Hitome.

— Oi... – entrou no quarto e viu Aya sentada na cama.

— Você veio! – mostrou-se feliz e agitada. Sem qualquer hesitação abraçou o manager.

— Vou deixar vocês as sós. Qualquer coisa me chame. – Makoto sorriu e fechou a porta.

Assim que ficaram sozinhos, começaram a conversar, tentando não falar muito alto para que o pai de Hitome não os ouvisse.

— Quem vai contar, você ou eu? – Aya já tinha decidido que Hitome iria saber, faltava decidir quem seria o responsável.

— Não acho que devemos contar. A Hitome já está tendo dificuldades em lidar com tudo isso, imagina mais essa.

— Se fosse você no lugar dela ia querer saber ou que escondessem? – Aya perguntou, querendo uma resposta sincera.

— Eu ia querer saber, mas...

— Então pronto. Eu também ia querer saber. Eu me sentiria traída se isso tivesse acontecendo comigo e ninguém me falasse. – a atriz também estava com medo da reação de Hitome, ainda sim achava que era o direito dela saber. – A gente vai contar pra ela, e será hoje!

Depois de muito relutar, Touya concordou.

— Eu vou conversar com ela, acho que será melhor que eu conte. Hitome provavelmente vai acabar fazendo escândalo, é melhor que seja longe daqui também. E esse tipo de coisa não se fala por telefone.

— Concordo. – Aya assentiu com a cabeça. – A divida chega a quase cinquenta mil. Acho que posso ajudar.

— Você vai dar esse dinheiro? – espantou-se.

— O senhor Makoto não sabe o que fazer. Seria muito cruel eu poder ajudar e ficar quieta porque não é meu problema!

— Eu não estou falando para você largar eles na miséria. Mas, pensa direito porque isso é muito dinheiro.

— Eu também não tenho tudo isso. Mas consigo dar uma parte. Vou precisar de sua ajuda.

— Pra?

— Ia ser muito estranho que a filha deles tivesse quase cinquenta mil. Então, eu pensei em você dar o dinheiro.

— Mas eu não tenho esse valor.

— Eu te dou e você entrega pro Makoto.

Não que Touya não quisesse ajudar, porém, achava que Aya estava muito afobada e sabia que aquilo não era a melhor solução.

— Escuta. Eu acho que a gente pode tentar resolver isso depois, e de outra forma que não seja mentindo ainda mais. Pensaremos juntos numa solução. Primeiro, precisamos contar toda essa bagunça pra Hitome. Lidar com ela já vai ser difícil... Depois é outro passo... O que acha?

Aya não sabia o que falar, era verdade que estava agindo por impulso, queria ajudar e não aguentava ver Makoto sofrendo daquela maneira, queria poder fazer alguma coisa rapidamente. Não teria outro jeito senão esperar? Também sabia que o mais importante naquele momento era contar para Hitome.

No fim a atriz concordou que não iria pensar naquilo por enquanto, tentaria outras formas de amenizar aquele problema que não fosse com dinheiro.

—/-/-

Akira estava sentado na sala. Entediado, sem nada para fazer. Depois de quase meia hora, levantou-se do sofá, foi para o quarto e não houve surpresa em ver Hitome dormindo em cima dos papéis.

Chegando mais perto, notou que sobre a cama, só tinham coisas relacionados a Aya. Como biografia, trabalhos, família, etc...

— Ei. – cutucou Hitome para acorda-la, porém, permanecia imóvel. – Acorda! – novamente a balançou, e mais forte.

— Hã? – ela abriu os olhos e rapidamente se levantou.

— Achei que era para você estar estudando. – segurou os papeis e encarou a moça.

— Eu estava! Só cochilei um pouco... E o que você ainda está fazendo aqui? – não via sentido na presença dele ainda ali, sem nada para fazer.

— O Touya saiu e me pediu pra ficar aqui. Porque sozinha você só faz merda. – respondeu desdenhando.

Hitome não teve como contra argumentar, já que realmente ela quase se entregou como uma farsa.

— Já que você tem que ficar aqui, me ajuda! – pediu, praticamente ordenando.

Akira não sabia em que a amiga precisava de ajuda, provavelmente iria se arrepender de estar se envolvendo tanto nos problemas de Hitome e Aya. Mesmo assim, não ia deixar ela na mão. Por mais que brigassem tanto, ele nunca deixou Hitome desamparada, no final eram amigos.

Um pouco mal-humorado, sentou-se ao lado dela, e começaram a organizar toda aquela papelada, e focar no que ela devia prestar atenção. Ajudou em algumas manias de Aya e o modo como ela falava.

— A maior diferença de vocês é o modo de falar e a postura. A Aya é mais animada e não tem esse olhar de peixe morto.

— Eu não tenho olhar de peixe morto! – ficou brava com a comparação.

— Claro que tem! Você tem esse olhar caído, além disso, nem sabe sentar direito, fica toda torta!

Akira foi enumerando as várias diferenças entre elas, inclusive de personalidade.

No final ele a ajudava a se desenvolver como Aya.

— Vamos. Senta direito. – mandou autoritário.

Tentou obedecer, sentando-se mais ereta, só que ainda estava um pouco estranha.

Só para fazer a garota ficar sentada de uma maneira convincente, passaram-se uns dez minutos.

— Você não pode falar em público como faz normalmente. Seja um pouco mais formal, e mais sutil.

— Como assim? – não entendeu.

— Tente imitar sua mãe. – Akira lembrou-se que Akemi sempre falava de uma forma calma e gentil, além de sua formalidade.

A mãe era bem mais fácil de imitar, afinal, viviam juntas. Aquilo ao menos, parecia que não seria problema.

— Bom. Se você conseguir falar assim sempre e não parecer um macaco andando, acho que vai dar tudo certo.

— Você não consegue parar de me ofender, não? – não conseguia acreditar como ele sempre a atacava.

— Só estou dizendo a verdade. – não pareceu se importar.

A garota bufou e resolveu que daria uma pausa, iria cozinhar alguma coisa, já que passava do horário do almoço. Touya havia dito para não comer, mas visto a mudança de cronograma, não viu problemas em furar a suposta dieta, que ela nem sabia o que seria.

— Vou cozinhar alguma coisa. – anunciava ao sair do quarto.

— Faz carne com legumes. – aproveitou e pediu um dos seus pratos favoritos.

— Folgado. Eu nem sei se tem os ingredientes aqui.

— Estou aqui te ajudando. O mínimo que você pode fazer é cozinhar alguma coisa pra mim.

— Tá bom. Tá certo. – suspirou. Realmente ele estava a ajudando, mesmo que entre insultos. – Só que eu preciso ver se tem as coisas que preciso.

Por sorte, na geladeira encontrou tudo o que precisava e logo começou a preparar o almoço.

Akira se sentou no sofá, esperando a comida ficar pronta, depois de alguns minutos sentiu-se entediado e foi ajudar à amiga. Assim poderiam comer mais rápido, também estava morrendo de fome.

— Até que você sabe cozinhar... – Hitome observava Akira cortando a cenoura, era ágil e os cubos estavam uniformes.

— Quando vim pra cá, tive que me virar. Então, lógico que tive que aprender a cozinhar. Além disso, a gente sempre estava na cozinha ajudando seu pai.

— É verdade... – por um momento se sentiu nostálgica. Lembrando-se de alguns momentos de sua infância, onde ela e o Akira estavam juntos na cozinha. Ajudando Makoto a fazer o almoço ou o lanche da tarde. Não fazia nem um dia, porém, sentia saudades de casa. Quando poderia ver a família novamente?

Akira notou o olhar perdido de Hitome, ele conhecia bem aqueles olhos. Aquele olhar distante e triste era sempre o que vinha antes de uma lágrima. E sem pensar, ele levou o polegar ao canto do olho de Hitome, logo surgiu uma lágrima e Hitome surpresa com aquele ato de Akira, deixou as lágrimas escaparem.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E ai! Pessoal, tudo bem?? O capítulo finalmente saiu! Ficou um pouco maior que devia, mas acho que não conseguiria deixar menor!
Notaram que tem capa? A Karina que fez! *u* Ficou divoso! Eu adorei!
Obrigada também a Dona Lica por ter betado pra mim! E a CoStar por sempre me motivar e de ter paciência de conversar comigo sobre essa original.
Fica também meus agradecimentos a Amanda Catarina, DaliaC e a Roxanne Evans por estarem acompanhando e sempre deixado um review pra mim!
Se tiver mais alguém lendo ai nas escondidas, fica o meu oi! :3

Beijos e até o próximo capítulo!