Mais um dia tedioso nessa minha vida patética, hoje é sexta feira e meu turno acaba só de madrugada. Uh! Sinta minha alegria. O pub como é normal em uma noite de sexta, está bem cheio, pessoas dançando, rindo, se divertindo, e eu aqui fazendo o que sei fazer de melhor, só observando. Não posso me dar ao luxo de reclamar do trabalho, visto que é com ele que me sustento, não posso dizer que é dos melhores, mas certamente poderia ser pior, e é esse pensamento que eu mantenho a maior parte do tempo.

     Estava olhando ao redor quando o vi entrando. Ele era lindo, alto, forte, cabelos castanhos que pareciam estar apontando para todos os lugares, olhos verdes, vestia um terno preto e camisa branca sem gravata. Nunca tinha visto um homem mais lindo que ele. O acompanhei com o olhar enquanto ele seguia até uma mesa no canto do pub e pedia uma bebida, vi a hora em que ele se encostou e fechou os olhos desfrutando da música. Sorri com essa cena, ele parecia tão tranquilo e relaxado nessa hora. Me imaginei passando as mãos por aqueles cabelos maravilhosos.

      Eu normalmente evitava contato com os homens, não que eu fosse uma santa, mas pela minha vida ser bem complicada eu evitava envolvimento. Fazia tempo que um homem não me chamava tanto a atenção como esse. Já tinha passado vários minutos admirando sua beleza quando fui tirada dos meus devaneios por um cliente que queria pagar a conta. O atendi com meu sorriso de sempre, um sorriso profissional que já era automático no meu rosto enquanto estava no trabalho. Até porque ninguém tinha nada a ver com os meus problemas e mereciam ser bem tratados.

      Após um tempo atendendo alguns clientes, me virei para olhar novamente para ele e o flagrei me olhando de volta. Meu deus! Que olhar sedutor era esse. Confesso que senti um arrepio após essa troca de olhares.

Ele se levantou e andou em minha direção, parecendo uma pantera como se fosse atacar, senti o meu rosto queimar, geralmente fico nervosa quando estou com alguém do sexo oposto. Me antecipei e puxei a conta dele pelo número da mesa e fingi estar distraída. Olhei novamente, e o vi tropeçar na fiação espalhada pelo chão que um cantor iniciante deixou lá após sua desastrosa apresentação. Segurei a risada ao ver sua cara de atordoado.

— Tudo bem, pode rir a vontade. - Disse ele com uma cara de derrotado.

    Não consegui me controlar e ri da situação. Agora quem ficou vermelho foi ele.

— Desculpe, não foi minha intenção, mas é que foi realmente engraçada a forma que o senhor tropeçou e fez uma cara tão atordoada. - Disse entre risadas, foi realmente muito engraçado.

— É porque eu queria que a terra me tragasse por ter passado essa vergonha na frente da garota mais linda desse lugar.- Meu rosto queimou de vergonha. Esse homem perfeito estava me chamando de linda. Me senti lisonjeada e quase normal.

Eu não sabia como responder, fiquei muda pensando em alguma resposta inteligente, mas ele me poupou de ter que dizer qualquer coisa e continuou falando.

— A propósito, eu acho justo já que você riu da minha cara eu deveria pelo menos saber o seu nome. Prazer, meu nome é Edward e o seu?

— Be-Bella. Quer dizer, Isabella, mas todos me chamam de Bella.- Parabéns Bella, não consegue nem sequer falar seu nome para um homem sem gaguejar, que patética.

— Eu devia ter imaginado que uma garota tão linda também teria um nome lindo. Muito prazer Bella.- Disse esticando a mão para me cumprimentar me deixando ainda mais vermelha. Automaticamente estiquei minha mão para apertar a dele, era como se um imã me puxasse em direção a esse homem.

Fiquei tão envergonhada pelo meu descontrole que me virei para o computador para verificar logo o valor de sua conta e poder respirar quando ele fosse embora.

— Sua conta ficou em R$ 20,00. - Disse evitando olhar em sua direção.

— Mas eu não vim aqui pagar a conta.- O olhei surpresa e o vi levantar a sobrancelha e dar um sorrisinho de lado. Traga-me terra, eu consigo me envergonhar constantemente perto desse homem. Que falta de tato a minha, basicamente mandando o cliente embora. Se meu chefe ver isso me mata.

— Oh! Desculpe-me Sr. Edward, em que posso ajudar? - Disse tentando disfarçar minha vergonha.

— Interessante sua pergunta Bella, na verdade eu saí para beber algo, me distrair, mas jamais pensei que a bebida seria a coadjuvante dessa noite.- Disse ele com olhar distante.

Vi de longe meu chefe me olhando porque já havia uma pequena fila se formando atrás de Edward, e ele iria me chamar a atenção por ficar conversando com clientes.

— Não entendi senhor, em que posso ajudar?- Tentei infringir uma frieza em minha voz, para ver se conseguia fazer com que ele desistisse dessa conversa. Apesar de estar adorando ter toda a atenção desse homem lindo, ainda assim era meu horário de trabalho.

— Em primeiro lugar, me chame de Edward, sem formalidades por favor.- Disse com mais um de seus sorrisos matadores.

— Me desculpe senhor, mas estou em meu ambiente de trabalho, preciso ser formal com todos os nossos clientes.- Disse dando mais uma olhadinha para a direção do meu chefe, que graças a deus tinha se distraído conversando com o segurança que estava na porta.

— Compreendo Bella, por isso que gostaria de chamá-la para sair, a que horas termina seu expediente? - Disse com um sorriso calmo no rosto.

— Infelizmente terei que recusar senhor Edward, existe uma norma do estabelecimento que proíbe funcionário se envolver com o cliente.- Falei a primeira coisa que me veio a cabeça, e me arrependi logo em seguida. Que desculpa mais esfarrapada.

— Então, existem duas possibilidades: a primeira: terei que pedir demissão da empresa onde trabalho e vim trabalhar aqui e a segunda: terei que fazer com que você peça demissão. Qual das duas você prefere? - Disse em tom sério. Confesso que me assustei um pouco, ele era lindo, mas eu não o conhecia. E se ele fosse algum tipo de psicopata insistindo desse jeito. Fiquei realmente nervosa por ele não aceitar uma recusa e continuar insistindo dessa forma.

— Senhor, o senhor não pode fazer isso. - Creio que minha voz saiu em um tom mais desesperado do que eu gostaria.

— Se você continuar me chamando de senhor certamente farei algo parecido. - Ele respondeu em tom de desafio.

— Ok, então senh… quer diz… Edward, como havia lhe explicado, tem uma norma…- tentei continuar naquela história mirabolante, mas fui ignorada novamente.

Eu estava ficando cada vez mais nervosa, porque normalmente eu conseguia escapar de qualquer engraçadinho que dava em cima de mim, mas esse era realmente insistente. E eu não podia me envolver com ele, tantas coisas me impediam, ele não fazia a menor ideia de onde se meteria caso insistisse com isso. E se ele soubesse, não ia querer nada comigo.

— Bella, sou bem experiente em administração de negócios, e nunca ouvi uma norma tão incoerente como esta. Saiba que mesmo você não querendo, não aceitarei não como resposta.- Foi firme em sua resposta.

— Edward, não acho que seria uma boa ideia, o senhor… quer dizer… você não tem ideia.- Disse em uma voz de derrota. Eu sabia que se ele soubesse a verdade sobre mim ele não estaria nem perdendo seu tempo conversando.

— Bella, olha, me desculpa se eu te assustei, eu só queria ter a oportunidade de conversar um pouco com você, te conhecer melhor. Juro que não era minha intenção te deixar tão nervosa assim, eu sei que eu sou um estranho e você não confia em mim ainda, por isso mesmo queria ter a oportunidade de te conhecer e falar um pouco de mim também. Não nego que te achei muito linda, mas eu gostaria que começássemos como amigos, faz um tempo que não tenho ninguém para conversar, e nada melhor do que alguém agradável aos olhos não é mesmo?.

Em meio a tantos sorrisos, olhares e insistência, sem pensar aceitei, não sei se aceitei para me livrar logo daquela situação ou se foi para liberar a fila que estava se formando atrás dele, mas uma coisa de fato percebi, ele era muito persuasivo.

— Tudo bem, você venceu. Amanhã meu turno termina às 23:00h, vamos nos encontrar aqui mesmo, ok?. - disse nervosa e ansiosa.

 Ele abriu o sorriso mais lindo que eu já vi em toda minha vida, pagou sua conta e foi embora contente por sua vitória.

 Eu ri sozinha, ele parecia tão feliz por eu ter aceitado, e seu rosto era tão expressivo. Atendi os outros clientes que estavam aguardando enquanto minha euforia ia diminuindo, quando terminei e tive tempo de pensar comecei a hiperventilar de nervoso. O que eu fiz? Como eu ia me encontrar com esse homem lindo? Se ele soubesse que eu era refém do meu próprio corpo jamais teria se aproximado. Eu tinha estragado tudo, devia ter continuado como sempre e o afastado assim que se aproximou. Olhei para a cadeira de rodas que ficava sempre escondida atrás do balcão e uma lágrima rolou pelo meu rosto.