Primeiras batalhas escrita por Boneve de Neco


Capítulo 2
Pelo nosso sonho


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Poucos dias depois que o Free-As-A-Bird foi formado, Falco, Katt e Kool comprovaram que as tais missões que Bowsor e Mouser lhe falaram eram atos de vandalismo, pequenos furtos e outros crimes. Mesmo sendo algo desonesto, rapidamente o trio se acostumou ao novo rumo que a vida deles havia tomado, pois eles não perdiam a esperança de se tornarem pilotos após a missão prometida por Mouser.

Em torno de cinco meses depois, a gangue já havia se tornado conhecida em Mecheye, passando a ser um dos maiores alvos da polícia local, que não os prendia por seus crimes serem muito bem executados, além de que não havia um local fixo onde eles ficavam. O que ninguém sabia era que o clima entre os membros não estava bom, tanto pelo prometido roubo das naves que ainda não havia ocorrido como pela forte divisão da gangue em dois grupos, os mesmos que existiam antes deles se unirem.

Tudo começou a mudar no Free-As-A-Bird quando, em uma noite, Bowsor e Mouser trouxeram novidades para a gangue:

— Turma, Bowsor e eu conversamos com um contato de Sargasso e enfim irá acontecer o roubo das naves — disse Mouser. — Hoje, durante a madrugada, virão nos buscar para que fiquemos um tempo em um esconderijo que Sargasso mantém. Lá irão nos ensinar o básico de como atirar e pilotar, que iremos precisar para esta missão, além de recebermos todas as informações do local e como agiremos.

— Espere, você confirmou a nossa presença antes de falar conosco? — estranhou Falco.

— Claro, não é essa a maldita missão que vocês tanto querem fazer? — perguntou o rato, não gostando muito do que Falco havia dito.

— Sim, mas como será a missão? — questionou Kool.

— Faremos parte de um grande grupo que irá invadir uma das fábricas que Andross controla no planeta Macbeth. Tomaremos o controle do local por um tempo e, durante esse período, roubaremos as Invaders III que são fabricadas lá.

Próximo de duas da manhã, uma van com três capangas de Sargasso veio buscar os membros do Free-As-A-Bird. Ao entrarem no veículo, Falco, Katt e Kool foram obrigados a colocar uma venda nos olhos, cabendo a Mouser explicar a eles o motivo desse procedimento:

— Fiquem tranquilos, é um procedimento de rotina deles com estranhos. Bowsor e eu demoramos em torno de seis meses para podermos ir até o local das reuniões sem venda.

Após quase uma hora de viagem, enfim todos chegaram ao esconderijo. Quando o trio pode tirar a venda de seus olhos, eles não conseguiram acreditar que um local tão grande e tão tecnológico poderia ser secreto. Enquanto eles admiravam o recinto, um outro membro de Sargasso se aproximou, e após olhar para os três, ele comentou com Bowsor e Mouser:

— Vocês comentaram que os outros membros da gangue eram mais jovens, mas não disseram que eram apenas três crianças!

— Mais respeito conosco, cara, crianças ou não te garanto que vamos dar conta do recado — retrucou Falco, sério.

Enquanto Bowsor tentava não rir com o ocorrido, o desconhecido, surpreso com a resposta, disse:

— Tudo bem, eu espero que seja assim mesmo. Vocês irão me conhecer apenas como "Professor", e serei eu quem irá coordenar o treinamento de vocês e comandar todo o roubo.

Durante todo o tempo em que ficaram no esconderijo, o Free-As-A-Bird mostrou ser uma gangue diferenciada, destacando-se em vários treinamentos, em especial Falco, que desde a primeira aula de pilotagem chamou a atenção de um membro de Sargasso. Ele, que observava os treinamentos e buscava talentos para a estação espacial, certo dia abordou o falcão em particular e lhe fez a proposta de se tornar um integrante de Sargasso, mas o convite não agradou o líder do Free-As-A-Bird:

— Esta proposta é para minha gangue ou só para mim?

— De fato os dois gatos também aparentam ter futuro em Sargasso, mas por enquanto a proposta é só para você mesmo.

— Então por enquanto eu vou recusar, ainda quero voar com minha gangue por um tempo — respondeu Falco, indo para outro local.

Passadas as quatro semanas de treinamento, enfim chegou o dia do tão aguardado roubo. Enquanto Bowsor e Mouser pareciam estar tranquilos, o resto da gangue tentava se concentrar o máximo possível na missão para esquecer o nervosismo que eles sentiam, afinal era a missão com mais risco de morte que o trio já havia feito. Após uma última revisão do plano, todos foram levados até o espaçoporto de Corneria City, onde apenas a tarefa de embarcar mais de quarenta passageiros clandestinos pelo compartimento de carga do ônibus espacial que iria para Macbeth já era um plano suficientemente difícil.

Passada a decolagem, que também oferecia riscos devido a aceleração do ônibus espacial, todos saíram dos bagageiros onde eles estavam e aproveitaram as dezoito horas de viagem para descansar, conversar e também rever algum detalhe do plano.

Com o fim da viagem se aproximando, a tensão em todos, principalmente em Falco, Katt e Kool, começava a ficar evidente. Buscando acalmá-los, um membro de Sargasso foi até onde a gangue estava reunida e passou a conversar com eles:

— É a primeira missão deste tipo que vocês estão fazendo?

— Sim — respondeu Mouser.

— Fiquem tranquilos, eu já participei de algumas missões assim e posso garantir que quase sempre dá tudo certo — disse o integrante de Sargasso, sorrindo. — Todos se lembram de suas posições?

— Sim, Katt e Kool vão ficar na linha de frente, Bowsor e Mouser na linha intermediária e eu fico na retaguarda — explicou Falco.

— Perfeito, se vocês sabem suas posições então vai dar tudo certo com vocês, pois eu ouvi os comentários de que vocês se destacaram nos treinos.

— Todos para os bagageiros, iremos pousar em dez minutos! — gritou o Professor para todos os que estavam no compartimento de carga.

— Boa sorte para vocês e até a missão! — disse o membro de Sargasso enquanto corria para o bagageiro onde ele veio.

— Para você também, colega! — respondeu Bowsor.

Após o quinteto voltar a se espremer no bagageiro onde eles vieram, Kool perguntou:

— Vocês conhecem quem estava conversando conosco?

— Não tenho certeza por ser a primeira vez que falei com ele, mas me parecia ser um cara que já passou por quase todas as áreas de Sargasso, o Panther — respondeu Mouser.

— Tem certeza? — questionou Bowsor. — Ele nem fez algum elogio para a Katt.

— Você não viu a rosa vermelha no bolso da calça dele? E outra, ele não seria louco de xavecar uma garota de catorze anos!

Após sofrerem um pouco por conta da aterrissagem do ônibus espacial e todos saírem do compartimento de carga, o grande grupo se dividiu em oito conjuntos, para que não ficasse suspeito um grupo muito grande se aproximando da fábrica. Ao chegarem no local do roubo, os conjuntos tiveram que dominar todos os seguranças da área externa, tomando cuidado para que nenhuma câmera os flagrassem. Feito isso, sem muitos problemas, todos se encontraram próximos do portão de entrada para iniciarem o roubo.

Um dos que faziam parte do grupo tirou da mochila um explosivo que rapidamente foi aceso e jogado no portão da fábrica, causando uma forte explosão que derrubou além do alvo, parte de um dos muros da fábrica.

— Agora! — gritou o Professor, ordenando para que a invasão se iniciasse.

Tornando a fábrica quase em um campo de batalha, com trocas de tiros entre o grupo e os seguranças e até algumas granadas utilizadas pelo conjunto para conseguir avançar mais facilmente, tudo estava correndo perfeitamente para os invasores. Ao chegarem em uma bifurcação no caminho, um tiro disparado por um segurança acertou a cabeça de quem estava ao lado de Kool, fazendo o gato travar imediatamente e só não levando um tiro graças a garota que estava do outro lado do atingido, que revidou da mesma maneira. Katt, que não viu o acontecido por estar atirando para o outro lado, ao perceber que seu amigo não continuou na linha de frente por estar travado, olhando para quem havia levado o tiro, o puxou pela pata e disse:

— Vamos, Kool, não é hora para lamentar quem morreu.

— Mas poderia ter sido alguém da nossa gangue! — falou Kool, desesperado e voltando para sua posição.

— Mas não foi, isso que importa!

— Olhem para frente, turma, depois vocês discutem isso — repreendeu Bowsor, que vinha logo atrás deles.

Após mais algumas trocas de tiros, enfim o grupo chegou até uma sala onde estava um cartão que abria o portão principal do galpão onde estavam as Invaders III, já que abri-lo com uma explosão poderia danificar algumas naves e atrapalhar as decolagens. Como a porta estava trancada, foi utilizado um explosivo mais fraco do que o utilizado no portão para abri-la, e após a explosão, três da linha de frente já previamente escolhidos, dentre eles Kool, entraram atirando para acabar com qualquer tentativa de uma emboscada.

— Professor, o cartão não está aqui! — gritou um dos três que haviam entrado na sala.

Imediatamente o Professor entrou no local, e ao ver que nenhum segurança estava ali e o gancho onde o cartão ficava pendurado estava vazio, ele ordenou:

— Todos para o galpão, agora! Descobriram nosso plano e estão querendo tirar as Invaders daqui.

De fato o Professor estava certo, pois durante o caminho até o galpão nenhum segurança foi encontrado, até o momento em que todos saíram da fábrica e viram uma Invader III saindo do galpão, com todos os seguranças que sobraram escoltando o local.

— Entrem e peguem o que der! — ordenou o Professor, irritado com a situação atual do plano.

A partir daí já não havia mais nenhuma organização no grupo, e sim todos atirando e tentando chegar o mais rápido possível no galpão. Alguns do grupo acabaram sendo mortos ou feridos neste duelo, dentre eles Mouser, que levou um tiro na perna, mas mesmo a preparação dos seguranças não foi capaz de vencer o armamento pesado que o grupo possuía.

Enquanto os últimos seguranças eram enfrentados, uma parte do grupo conseguiu chegar até o galpão e render todos os funcionários que, ainda sem entenderem o que estava acontecendo, estavam retirando as naves. Terminada a batalha com os seguranças, o Professor, ainda mais irritado pelo plano ter tido problemas e também por conta de um tiro que ele havia levado no ombro, entrou no galpão com mais alguns membros de Sargasso que o ajudaram e perguntou:

— Alguém chegou a contar quantas Invaders sobraram?

— Vinte e sete sem nenhum dano e contando com vocês que chegaram agora estamos em trinta e dois, ou vinte e três se desconsiderar os feridos — respondeu Panther.

— Pode considerar vinte e quatro, eu piloto até mesmo com meu ombro machucado — disse o Professor. — Cada um que puder pilotar escolha uma nave e vamos embora antes que mais alguma coisa dê errado.

Para o Free-As-A-Bird o fato de Mouser sair ferido do roubo não fez muita diferença, pois por ser muito pequeno ele não iria pilotar, e sim ocupar a mesma nave que Bowsor pilotaria. Durante a viagem para o planeta Zoness, local escolhido desde o começo da missão para devolver as armas emprestadas por Sargasso e verificar com mais calma o estado dos feridos, a gangue abriu um canal de comunicação apenas entre eles para conversarem.

— Bowsor, como o Mouser está? — perguntou Falco.

— Está reclamando de dor e que sujar a nave de sangue logo no primeiro voo não estava nos planos, mas fora isso ele está bem, só vai ter que ficar algumas semanas de repouso.

— Ao menos ele ainda está vivo para contar a história do roubo — comentou Kool, mais calmo.

— E que roubo, hein? Confesso que nunca havia sentido tanto nervosismo como hoje — falou Katt, empolgada.

— Todos nós ficamos assim hoje, Katt — disse Falco, começando a apreciar o fato de estar pilotando após saber que Mouser estava bem.

Poucas horas depois, todos já haviam pousado em Zoness, um local paradisíaco que imediatamente encantou a todos da gangue. Após devolverem suas armas, como Mouser seria levado a Sargasso para tratar do tiro que havia levado, o Free-As-A-Bird fez uma rápida reunião para decidir os próximos passos da gangue:

— Como Mecheye estava ficando perigosa para nós quando saímos de lá, iremos nos mudar para Corneria City? — perguntou Bowsor.

— Talvez não — respondeu Falco. — Somos pilotos agora, podemos começar a pensar em furtos bem maiores do que fazíamos antes e até mesmo em alguns roubos, mas Corneria City tem uma segurança muito boa, não sei se duraríamos muito tempo lá.

— Mas se não formos para lá ficaremos onde? — questionou Katt.

— Por que não aqui? — sugeriu o falcão. — Olhem ao seu redor, isto aqui é o lugar onde qualquer um sonharia em morar, e as casas que existem aqui provavelmente são apenas para os donos passarem férias. Acrescentando os turistas, temos vários serviços para fazer aqui, além do fato de que no dia que quisermos descansar podemos aproveitar o que Zoness possui!

— O único problema é que Sargasso não tem ninguém por aqui pelo que sei, então não temos ninguém para nos passar qual é a melhor missão — disse Mouser.

— Esqueça Sargasso, cara, já somos capazes de decidir qual tarefa é melhor para nós! — cochichou Kool, devido à proximidade de alguns membros de Sargasso. — Eu concordo com Falco, desde que chegamos aqui eu não quero ir embora, Zoness é lindo demais!

— Entre roubar em Corneria e roubar em Zoness eu também prefiro ficar aqui — acrescentou Katt.

Bowsor e Mouser não pareciam muito satisfeitos com a ideia, mas como já estava quase na hora deles partirem para Sargasso com os membros de lá, o crocodilo deu a palavra final:

— Por enquanto está bem, fiquem aqui enquanto eu acompanho o Mouser na recuperação dele em Sargasso. Apenas tentem não aprontar demais e também não sejam presos, pois quando voltarmos veremos com mais calma se ficar aqui é o melhor a se fazer.

— Tudo bem, boa viagem para vocês! — desejou Falco enquanto o trio se despedia não apenas dos dois, mas também de todos os sobreviventes do grande roubo.


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Notas finais do capítulo

Agradeço por terem lido o capítulo e espero que tenham gostado!
Este capítulo foi bem interessante de escrever, pois eu não tinha muitas ideias de como fazer o roubo das Invaders III. Felizmente em uma noite consegui sentar com calma e escrever toda essa parte, e acredito que ficou boa (pelo menos eu gostei!).
No próximo capítulo "começarei" a história de outro personagem (explicarei depois o motivo das aspas), então até lá!



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