O dia tinha ocorrido bem.
      Alguns garotos bonitos outros não. Alguns colegas de classe legais outros não. A próxima aula era “Governo dos EUA” e tínhamos cerca de 10 minutos para chegar de uma aula a outra. Eu teria que correr porque era em outro prédio. Quis revirar os olhos por causa disso apenas respirei fundo e fiquei olhando atônita pro meu caderno.

Será que eu conseguia chegar em 7 minutos ou menos? Fiz uma aposta comigo mesma. Se conseguisse eu não faria nada mas se não conseguisse eu teria que arrumar meu guarda-roupa. Espero que eu consiga.
Porque eu nunca fazia apostas legais? Tipo: “se você não conseguir, você terá que comer 7 doces de sua preferência” ou “se você conseguir, você terá que comprar 7 blusas novas”. Mas acho que minha mãe não ia gostar muito da ideia quando eu dissesse o que eu teria que fazer.

A aula foi um saco, é claro. Já estávamos no refeitório. Era meio idiota e infantil trazer lanche de casa na concepção de outros alunos, mas eu preferia comer um sanduiche natural “idiota e infantil” do que aquela gororoba que serviam por dois dólares.
— Qual é sua aula optativa? – perguntou Nina
— Redação.
— Nossa Claire, por que não escolheu algo mais fácil? – Nina perguntou com a boca cheia o que a fazia ficar bochechuda.
— Porque eu gosto de escrever. – eu respondi rindo.
— Mas ai você terá que fazer várias redações nos finais de semanas e não vamos poder ir às festas – ela disse indignada.
— Claro que não. Não vou deixar acumular e que festas Nina? É o primeiro dia e você já está pensando em festas? – eu dei uma mordida no meu sanduíche
— É o “seu primeiro dia”. Você que decidiu vir dia 7 – ela revirou os olhos
— É a primeira semana. – consertei minha frase – Como você já pode ter arranjado festas assim? – dei um gole no meu suco
— Tenho meus contatos.
— Ah okay então Senhora Nina Steinfield. – eu disse levantando para jogar o embrulho e caixinha de suco no lixo.
— Não duvide de mim Claire Howard.
Ficamos mais alguns minutos conversando ate irmos para nossas respectivas aulas.
Física.
Biologia. 
Literatura inglesa. 
As horas passaram se arrastando e mesmo que eu me empenhasse, prestasse atenção nas explicações era simplesmente um saco ficar ali.

Mandei uma mensagem para minha mãe lembrando-a da aula optativa depois do horário para que ela não se desesperasse e achasse que eu fui assaltada, sequestrada ou estuprada igual ela dizia.
Nina estava lendo um livro e eu ouvindo música. Era simples e fácil ter Nina como companhia. A gente não precisava ficar conversando o tempo todo enquanto estávamos juntas. Era apenas simples.
Eu não tinha problema em relação a pessoas, convivência ou até mesmo era antissocial. As vezes só gostava de ficar quieta.
Nina iria fazer música e francês como aulas optativas.
— Qual instrumento você quer tocar? – a cutuquei no cotovelo.
— Piano – ela respondeu fechando o livro.  
— Por que você não começa com algo mais fácil? Tipo triângulo – comecei a rir.
— Nossa você é muito engraçada – ela forçou uma risada – Piano é lindo, dramático e romântico.
— Quando seu irmão vai para a universidade? – ela perguntou. Estranhei. Uau ela interessada em George.
— Amanha ás 6. Por que tá interessada? – a provoquei  
— Não. – ela disse desesperada – só perguntei porque vai ser mais fácil ficar na sua casa sem ter que me esbarrar com ele no corredor.
— Sei. – disse desconfiada dando um sorrisinho – O cordeiro foi ao abate – eu disse e ela fez cara de bunda.
— Você é idiota. Anda, vamos – nos levantamos e fomos para salas.  

A aula de redação foi legal. Era a mesma professora de literatura inglesa.
Tinha 13 alunos na sala. Talvez segunda tivesse mais, era normal ter poucos alunos nas primeiras aulas optativas na primeira semana. Apenas conversamos sobre o que cada um esperava daquele ano, o que iriamos estudar, escrever, como seria feita a distribuição de pontos e alguns livros que ela ia pedir para nós lermos.
— Elliot Smith!” – ela disse em tom firme e um pouco mais alto – “Acorde”.
Estava fazendo um esboço de uma casa no caderno então não fiz questão de olhar para ver quem era.